sábado, 28 de agosto de 2010

OS FILHOS DA REVOLUÇÃO

O que aconteceu com os filhos da revolução? Aqueles que lutavam contra os enlatados dos USA? O futuro da nação... será que todos viraram yupies e ficaram milionários e com isso esqueceram de seus ideais? Ou será que foram engolidos pela globalização? Se bem que isso é a mesma coisa.

Nos anos 80, quando a Legião lançou seu primeiro disco homônimo, com a música Geração Coca-Cola, que é o símbolo do imperialismo americano (como dizia um amigo - seria ele mesmo um yupie socialista?) falava sobre a colonização e massificação de nossa cultura, uma americanização do que víamos na tv, no cinema e na música. Era o fim da ditadura militar e havia uma cultura de que tudo que vinha de fora, principalmente dos EUA, era melhor do que o que era feito aqui. Não mudou muito, mas hoje se valoriza um pouco mais o que é daqui.

Naqueles anos haviam seriados americanos que passavam na tv, muitos eram legais pra caramba, tipo Super Vic, Caras e Caretas e outros que agora não lembro, que passavam no final da tarde na Globo. Mas assistir àqueles programas era vestir uma carapuça de alienado. Mas não só de tv e cinema que eramos massificados, na música, os rádios não passavam outra coisa senão as porcarias que eram lançadas por lá (bem, isso não mudou nada).

Muitos dos caras que se diziam revolucionários provaram de alguns benesses do capitalismo e simplesmente esquecerem os seus ideais e passaram a viver uma vida burguesa, usufruindo desses prazeres. Ou apenas perceberam que não adiantaria gastar energia remando contra a maré. Onde eu me encaixo? Isso me angustia, pensar que eu sou apenas um alienado, pequeno burguês, metudo a besta...

Aliás, esses pequenos prazeres que as mutações do capitalismo proporcionaram ao trabalhador, principalmente no pós 2ª guerra, refletido principalmente no Estado de Bem Estar Social dos estados europeus, que nem chegou aqui e que nunca chegará, uma infinidade de possibilidades e ganhos ao proletariado. Isso fez com que os movimentos revolucionários se enfraquecessem mais e então a via parlamentar passou a ser o canal para conquistas sociais. A consequência disso é uma organização social reformista e não mais em busca de mudanças estruturais no sistema, ou seja, a revolução.


Em um determinado momento escrevi um post confrontando os universitários de outrora e seus ideais e os de hoje, que me parecem cada vez mais interessados no próprio umbigo, intitulado "Sobre Sertanejo, Viados, Putas e Maconheiros" (leia aqui). Nesse post escrevi sobre algo que me deixou de certa forma nostálgico pelos bons tempos da minha época de universitário. Porém, tudo o que queríamos era curtir de montão aquela época, festar e comer a mulherada; nada muito diferente dos de hoje. A diferença é que ainda havia algo de ideologia em nossas relações, discutíamos sobre um mundo melhor, fazíamos passeatas (eu sou um dos caras pintadas do fora Collor). Mas olhado bem, aqueles mesmos adolescentes que queriam um mundo melhor são hoje os pequenos burgueses. E me incluo nessa porra toda.

Hoje nós curtimos pra caramba seriados americanos como CSI e tantos outros, bastante inteligentes e os mais engraçados, como Todo Mundo Odeia o Chris (puta, de longe o melhor) - para citar os dois que mais gosto. Nunca deixei de escutar música oriunda da Europa, principalmente o rock britânico, nunca deixei de assistir aos blockbusters hollywoodianos (embora prefira o cinema alternativo). O que percebo é que a globalização nos fez mais cidadãos do mundo, não no sentido completo da palavra, mas participantes dessa aldéia global, apenas como consumidores descartáveis, que ao parar de ter esse comportamento, seremos jogados em algum manicômio para não atrapalharmos o rumo que a vida leva naturalmente.

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