terça-feira, 31 de maio de 2011

CAETANO VELOSO - LUA E ESTRELA

No último dia do 5º mês do primeiro ano da 2ª década do século 21, resolvi postar aqui a lindíssima canção de Vinícius Cantuária, imortalizada na voz de Caetano Veloso. Em abril de 1991, depois de conhecer a Juliana numa noite de manifestações dos caras pintadas no campus da Unesp de Assis, fomos para São Paulo para nos unir a tantos outros estudantes e fazer uma passeata e grande manifestação contra o então presidente Collor de Mello. A volta para Assis foi ao som dessa canção, seguidas vezes, meio melancólico, pensando em você e ficando com saudade. Hoje estava com essa canção tilintando na cabeça, acordei com ela no pensamento. ar Essa era uma das minhas canções preferidas que a galera tocava no bar cultural do campus, aquele que ficava no subsolo do prédio de letras, após descer por uma escada em formato de caracol. Bela lembrança... regado a cerveja e maconha... no meu caso, apenas uma coquinha, daqueles tempos de garrafinha de vidro de 290ml.





Lua e Estrela

Menina do anel de lua e estrela
Raios de sol no céu da cidade
Brilho da lua oh oh oh, noite é bem tarde
Penso em você, fico com saudade

Manhã chegando
Luzes morrendo, nesse espelho
Que é nossa cidade
Quem é você, oh oh oh qual o seu nome
Conta pra mim, diz como eu te encontro
Mas deixa o destino, deixe ao acaso
Quem sabe eu te encontro
De noite no Baixo
Brilho da lua oh oh oh, noite é bem tarde
Penso em você, fico com saudade


domingo, 29 de maio de 2011

PASSAGEIROS DO TEMPO - A ENTREVISTA


Dia desses, num desses bate bola de domingo, conversei com o Mateus e o Set sobre fazer uma entrevista para o blog. A idéia é divulgar as bandas de Londrina, que lutam para manter viva a chama do Rock alternativo na cidade, mesmo que os espaços de shows da cidade só abram para bandas cover ou os consagrados no underground nacional.

O resultado dessa idéia é a entrevista abaixo, que rolou entre trocas de e-mails e conversas no twitter. Baixe aqui o CD de estréia (Paz, Poesia & Protesto) e deixe o som da banda de pano de fundo. Boa diversão!

Em tempo, dia 30 de julho na Vila Cultural Cemitério de Automóveis!

Muito Além do Princípio do Prazer: Como surgiu a banda?

Mateus: Nós três vínhamos de varias bandas covers, e estávamos de saco cheio, foi quando tivemos a idéia e a necessidade de montar a banda, eu já tinha tocado com os dois (Set e Montanha) em outras bandas. Eles ainda não se conheciam mas foi química de primeira. A banda surgiu no final de 2008, mas a data que oficializamos como aniversario da Banda é 26 de Janeiro (2009).

M.A.P.P. - Qual a formação atual da banda?

Mateus: a formação é a mesma do início.

Mateus Amanai - Guitarra, Baixo, Violão, Harmonica e Vocal (principal)

Set Jr - Guitarra, Baixo e Vocal

Carlos Montanha - Guitarra, baixo, violão e Vocal

Juntou-se a nós Diego Verme na bateria e João Bob na percussão, mas estes não fazem parte da banda.

M.A.P.P. - Qual a inspiração para o nome da banda?

Set: I don’t know, kkkk. Com a Palavra Mateus.

Mateus: Fui levado por Ets que se diziam Passageiros do Tempo...rsrsrs Essa parte do nome foi bem difícil, mas uma frase que talvez responda o sentido do nome seja “O melhor de tudo isso é a viagem e não a chegada” do Capital Inicial! Ou talvez “É caminhando que se faz o caminho” do Titãs.


M.A.P.P. - Vejo que a formação de vocês passa pelo rock tupiniquim. Além das bandas citadas, que outras vocês escutam desse lado da linha do Equador?

Mateus: Um bando de bandas, rsrsrs. Mas essas que fizeram parte da formação musical de um zilhão de pessoas e também de várias gerações como Legião Urbana, Barão Vermelho, Engenheiros do Hawaii, Capital Inicial, Ira, Titãs, Biquini Cavadão, RPM, Charlie Bronw Jr, Paralamas do Sucesso, Pitty, Vera Loca, Cidadão Quem, Nenhum de Nós, Jota Quest, Rosa de Saron, Roupa Nova, Ultrage a rigor... e por aí vai. Provavelmente esqueci varias! hehe.

M.A.P.P - Já que tocaram no assunto, há algum misticismo no ar? Ou é aquele velho e belo ditado que todo cara incrédulo diz: não acredito em bruxas, mas que elas existem, existe? rsrsrs.
Mateus: Cara, não rola um lado mistico não, mas eu sempre gostei de deixar o ambiente de trabalho numa vibe boa, alem da vibe da banda saca? As vezes pouca luz, uma bebida, um por de sol faz toda a diferença. O clima é outro e a inspiração vem naturalmente.

M.A.P.P. - Como é o processo de criação da banda? Quem é o principal compositor da banda?

Montanha: Todos os três compõem muitas vezes juntos, mas também separados, o principal compositor é Mateus e grande parte do cd "Paz, Poesia e Protesto" é composta e tem os arranjos criados por ele. Mas também é um cd que contém musicas de nós três.

Set: O principal compositor é o Mateus, mas eu e o Montanha temos musicas nossas e algumas participações nas composições, tem musica feita com todos juntos musica feita pela internet, enfim, temos aproveitado bem nossa criatividade.
Mateus: É por aí mesmo.

M.A.P.P. - Mateus, como principal compositor, qual a fonte de inspiração? O lance vem naturalmente ou há um ritual especial para sair uma canção, uma letra?
Mateus: A maior fonte de inspiração para mim é o dia a dia, muita banda nova diz que rock de poesia/protesto é coisa anos 80, que em 2011 não tem ditadura e tal, não tem porque protestar, que o lance é o amor... Aí penso comigo, toda essa violência e corrupção? Não são assuntos para serem discutidos? Gosto de escrever de uma forma que todos possam entender, todas as idades. Gosto de compor sozinho, às vezes peço ajuda aos meus companheiros quando aquela frase não vem por exemplo; todas as musicas são feitas no violão, escrevo a letra primeiro. A composição vem a qualquer hora, não forço, deixo ela me levar, todas as vezes que sentei e pensei "vou escrever uma canção" não rolou, fica muito artificial.

M.A.P.P. - O CD de estréia é bem roqueiro, lembra Barão e Cascavelletes (sem as letras pornográficas, rsrsrs) e porque não, os bons tempos dos Stones (fonte de referência das bandas citadas (como por exemplo as canções O Meu Samba é Assim, Liberdade, Viver, entre outras). Quais as influências da banda como um todo?

Montanha: Dentre muitas influências estão o Barão Vermelho, Foo Fighters, Guns'n'Roses, Capital Inicial, Charlie Brown Jr, entre tantas outras vertentes do rock.

Set: particularmente cresci escutando Legião Urbana, Capital inicial, Guns, Green Day entre outras milhares de bandas.

Mateus: No momento as bandas que mais ouço são Foo Fighters e O Teatro Mágico, o que tem em comum? Música BOA. Mas a banda que talvez mais me influenciou e ainda influencia seja o Engenheiros do Hawaii, quase todo o Rock Nacional dos anos 80, e também, Guns, AC/DC, Velvet Revolver, U2, Stone Temple Pilots, Queens Of The Stone Age, Them Crooked Vultures, Eric Clapton, Jimi Hendrix, Alter Brigde, Chinkenfoot, John Mayer, Red Hot Chili Peppers... essas, claro, são algumas! hehehe


M.A.P.P. - Vejo que Foo Fighters é uma unanimidade na banda, rsrsrs. O rock nacional dos anos 80 também. Antigamente as bandas não citavam o rock nacional como referência... londrina é uma cidade ingrata para quem toca rock e pouco espaço há para bandas que tocam repertório próprio. Por isso está infestada de covers e sertanejos. Estes, por sua vez, não são vistos cantando cover e sim abrem seus espaços com composições próprias. Como vocês vêm isso?
Montanha: vejo isso como falta de oportunidade para musica de qualidade, falta de abrir os olhos e olhar ao redor e ver que Londrina não é apenas chapéu, fivela e bota, que tem muita banda de qualidade com suas próprias musicas. É bem mais fácil colocar dois caras cantando qualquer coisa que não vai mudar a nossa vida em nada.
Set: Aqui em Londrina o sertanejo praticamente monopolizou o mercado musical isso atrapalha e MUITO bandas de rock, principalmente independentes como a gente (sic), mas isso não desanima não é só mais um combustível que faz a gente (sic) ter vontade de ir pra luta e passar por cima desse preconceito idiota que eles têm.
Mateus: Alem de fazer Rock ainda tocamos músicas nossas! Muitos e muitos lugares simplesmente nos ignoram, bares e boates estão preocupados com a venda da cerveja e não com o artista, muito menos com o publico que vai até lá! Por isso estamos nós mesmos produzindo nossos shows! Acho que música mexe com a opinião publica e não podemos deixar que o “Agro Brega UniversOTARIO” e as bandas “teletubies” (por exemplo) deixem os pequenos brasileiros cada vez mais burros! ao menos musicalmente falando, rsrsrs.

M.A.P.P. - E quais são os planos futuros da banda?
Montanha: Atingir o maior número de pessoas com nossos protestos, nossas poesias. Queremos e vamos divulgar esse CD de estréia com força total e também nossa agenda de shows. Como todo músico sonha em viver somente de música, conosco não é diferente.
Set: Os planos são crescer cada vez mais, tentar de qualquer forma entrar no mercado, porem sem se vender como muitas bandas fazem hoje, viver de musica é o sonho de todo musico então é mais um desafio difícil pra gente, porem não é impossível e vamos que vamos fazendo e espalhando nosso som.
Mateus: É isso ai! Tentar levar nossa mensagem para o Maximo de pessoas possíveis, levar também adiante a idéia da música livre! Do NÃO ao jabá que prejudica e muito as bandas independentes de tocar no radio ou aparecer na TV! Como os caras disseram queremos sim viver da música! Sabemos que é difícil, mas se fosse fácil qual seria a graça?

M.A.P.P. - Para terminar, o que está rolando no MP3 de vocês hoje?
Set: Agora to ouvindo bastante Primos da Cida, Legião Urbana, Capital Inicial e Guns n Roses.
Mateus:
Muito Foo Fighters, Vera Loca, Fernando Anitelli Trio, Jimi Hendrix e Eric Clapton.
Montanha: No meu mp3 tem Charlie Brown, Foo fighters, Pedro Mariano, John Mayer, Guns, Legiao... acho que é isso...

PASSAGEIROS DO TEMPO


O cenário: a cidade de Londrina, norte do Paraná. Os personagens: 3 guris cansados de tocar em bandinhas de duplas sertanejas da região, apesar da grana que rolava, das viagens e todo o barato da vida na estrada. Mateus Amanai que já havia tocado com Set Jr e com Carlos Montanha em bandas cover e fez a ponte dos dois e asLinksim surgiu a banda Passageiros do Tempo; do tédio das tardes londrinenses, dos sonhos de uma recém saída adolescência e da afinidade musical, além do saco cheio. A reunião dos três rapazes ocorreu em janeiro de 2008 e depois da escolha do nome começaram os ensaios.

Amanai assume as guitarras, baixo, violão, harmônica e o vocal principal, além de ser o principal compositor da banda; Set guitarrista, também faz às vezes com o baixo e o vocal, os mesmos instrumentos de Montanha, que também assume por vezes o violão, sendo esta a formação atual da banda.

A dura realidade de uma banda em início de carreira em uma cidade que só abre espaço para bandas cover e para a música sertaneja não desanimou os três, que chamaram Diego Verme na Bateria e João Bob na percussão para lançar em 2011 o primeiro CD Paz, Poesia & Protesto, com lançamento marcado em show dia 30 de julho na Vila Cultural Cemitério de Automóveis, com valor de entrada a R$ 5,oo, valendo ainda o CD de estréia, às 21 horas.

Para baixar o CD completo, clique aqui, e curta do bom e velho rock and roll feito pelos garotos pé vermelho, direto do Norte do Paraná.

sábado, 21 de maio de 2011

QUEEN - WE ARE THE CHAMPIONS

Queen é afudê! Todos somos batalhadores e vencedores, apesar de continuarmos lutando e pagando com nosso suor a cada amanhecer a nossa sobrevivência. Bela canção e letra.

Momento auto-ajuda, rsrsrs.

Escolhi o clipe ao vivo dessa canção porque tem mais vigor, funciona melhor ao vivo. Aliás, ao vivo todas as bandas parecem funcionar melhor, mesmo que não seja tão boa assim, o que não é o caso do Queen, muito pelo contrário! Pena o Freddy ter morrido tão cedo. Mas melhor assim, pois poderia estar como o Mick Jagger e o Rolling Stones, queimando o filme e o passado sagrado e glorioso. Afinal, Renato Russo já dizia há muito tempo: os bons morrem jovens! Como diria uma velha canção do Who, chamada My Generation, que me marcou muito e que é meu hino, quero morrer antes de ficar velho!





Nós somos campeões

Eu paguei minhas dívidas
Vez por vez
Eu completei minha sentença
Mas não cometi nenhum crime
E erros sérios
Fiz poucos
Eu tive meu pouco de areia
Chutado sobre a minha face
Mas eu sobrevivi

Nós somos os campeões - Meus amigos
E nós continuaremos lutando
Até o fim
Nós somos os campeões
Nós somos os campeões
Não tem vez pra perdedores
Pois nós somos os campeões do mundo

Eu tenho feito minhas reverências
E atendido as chamadas do palco
Vocês me trouxeram fama e fortuna
E tudo que vem com isso
Eu agradeço à todos vocês
Mas isto não tem sido nenhum canteiro de rosas
Nenhuma viagem de prazeres
Eu considero isso um desafio
Diante de toda raça humana
E eu não irei fracassar

Nós somos os campeões - meus amigos
E nós continuaremos lutando
Até o fim
Nós somos os campeões
Nós somos os campeões
Não tem vez pra perdedores
Pois nós somos os campeões do mundo

Nós somos os campeões - meus amigos
E nós continuaremos lutando
Até o fim
Nós somos os campeões
Nós somos os campeões
Não tem vez pra perdedores
Pois nós somos os campeões do mundo

domingo, 8 de maio de 2011

BELLE & SEBASTIAN - WRONG GIRL

Wrong Gril é a canção mais Belle and Sebastian do último disco da banda, intitulado Write About Love. Uma canção para relaxar e para terminar um domingo que foi emocionante e desgastante por isso. Depois de ter acordado tarde e por isso perder a corrida do circuito popular, ir jogar bola com o Tety, acho que foi a primeira vez que isso aconteceu, esse ano com certeza e nos últimos também; quando joguei bola com o Tety a última vez acho que ele ainda era menor que eu... depois o desgaste emocional que foi o GREnal.

Bem, boa semana a todos. O que uma vírgula (nesse caso) impede de confusão, he he he.




A Garota Errada

Eu saí procurando minha querida,
Eu saí procurando por um sinal.
E eu a encontrei numa manhã,
Em algum lugar remoto da minha mente.

Eu não sou o que eu poderia ser,
Eu preciso de um amor verdadeiro,
Eu saí procurando e encontrei uma garota errada.

A garota errada
O tipo errado
A mão errada para se segurar
Os olhos errados para buscar algo atrás
O sonho errado para ter na minha cabeça

GRENAL 386


Inebriado! Dopado! Tomado! por uma substância bioquímica produzida (e liberada) pelas minhas entranhas, após assistir ao GREnal de número 386, grandioso, disputadíssimo, como há tempos não era visto.

A eliminação da Libertadores fez bem para o maior clássico do mundo. O jogo foi aberto, bonito, com os dois times jogando bola, indo para cima e sem violência. Foi assim que desci após assistir ao IMORTAL destruir o inter em pleno Beira Rio, para fazer o meu treino. E fiz os 8.000 metros voando. Mas não baixei o tempo, que ontem fiz em 40 minutos cravados e agora à tarde fiz em 40minutos e 23 segundos.

Só para desabafo, um certo apresentador da televisão aberta, que ao final da partida que eliminou o GRÊMIO da Libertadores, disse que o GRÊMIO não era IMORTAL coisa nenhuma. Bem, para um leigo, que não conhece a rivalidade de um Estado dividido entre o AZUL do GRÊMIO e o vermelho (minoria) do inter. E também, aos incautos, que dirão, um jogo do Gauchão, um campeonato regional. Mas aqueles que vivem esse clássico com todos os sentimentos envolvidos sabem do que estou falando.

Isso que é o sentimento de IMORTALIDADE, de um time que cai em uma competição importantíssima e quando menos se espera, dá a volta por cima, contra todos os prognósticos, contra o favoritismo, contra todos e contra tudo. Esse sentimento, que o velho Lupicínio Rodrigues tão bem soube expressar ao escrever o belo hino do GRÊMIO.

Esse é o GRÊMIO! GIGANTESCO, GRANDIOSO, no gigante da Beira Rio.

IMORTAL TRICOLOR!

sábado, 7 de maio de 2011

GAROTOS PODRES - JOHNNY

Um certo dia, em meados dos anos 80, o Fábio chegou em casa (na época morávamos no 446 da Júlio Conceição, no bairro com nome esdrúxulo Encruzilhada, no fundo do Dino Bueno, escola que fiz o 1º grau - saudoso Dino "maloca", como chámavamos nossa escola) com o disco dos Garotos Podres: "Mais Podres do que Nunca". E era uma porrada atrás da outra, canções de pouco mais de minuto, pesadas, com um grito rouco do vocalista Mau, guitarra rápida, baixo e bateria pesados, no mesmo rítmo acelerado.

Muitos amigos daquela época tiveram formação musical em casa, ouvindo os nossos discos. Bons tempos, que não voltam mais, mas que revivem na memória com frequência.

A música Johnny inspirou o Zé Renato e ele utilizou o pseudônimo de Johnny Alienado em nossa época de Mayday. Lembro de um fatídico dia, em que estávamos indo para a rua São Paulo, nosso reduto, nosso point, e o amalucado Johnny, drogado pela adrenalina de um sábado à noite (nós nunca usamos drogas) em um surto rápido, saiu correndo enlouquecidamente, uma corrente em punhos, destriu uma 'macumba' (como chamávamos os despachos para os santos) de uma esquina, jogou farofa, frango e vinho para todos os cantos, velas se apagaram e, ensandecido, tomado por alguma força sobrenatural, subiu em vários carros, pela frente, em cima e por fim pela traseira dos veículos, urrando. Ouvimos alguns gritos saídos dos prédios do BNH (rua Guedes Coelho) e corremos como nunca, dando risadas altas e nervosas.

Bem, vamos à canção! Perceba que no início do clipe Mau faz menção à época da ditadura, citada no texto abaixo.



JOHNNY

Eu conheci Johnny
Johnny o desordeiro
Ele anarquizava o mundo inteiro
Era o cara mais punk
Que eu já conheci
Ele agitava como eu nunca vi
Toda a polícia de Londres
Dele estava atrás
Pelo espancamento
De um pobre rapaz
Todo mundo queria
Por seu pescoço num laço
Pelo estupro de uma mina cabaço

Mas um dia tudo terminou
Johnny foi preso
Extraditado pro Brasil
Aquele país que está na corda bamba
Que só tem carnaval, futebol e samba
Um país idiota
Cheio de moleque
Onde ainda se toca discoteque
Isso para Johnny foi uma praga forte
Ele preferiu uma sentença de morte
O navio não deixou o porto
Johnny já esta pra lá de morto

Johnny, Johhhnnnnnnyyyyyy...

UM POUCO DE HISTÓRIA


No final dos anos 80 eu morava no 498 (não me recordo exatamente) da Campos Mello, em Santos, esquina com a avenida Afonso Pena, ao lado da linha do trem, que naquela época passavam vagões que íam do Porto para algum lugar. O barulho era ensurdecedor e perturbava o descanso merecido de todos em casa. Era uma apartamento pequeno em que morávamos eu, o Fábio, o Renato e a Dona Sirlei. O Beto fazia Engenharia na Fei e morava em São Bernardo, descia para encher o saco aos finais de semana e o Rogério ainda era solteiro e morava em Rio Grande, onde servia para a Marinha do Brasil.

Nessa época, ainda adolescente, sonhador, office boy de uma adminstradora de bens, Consorte, que depois virou Gonçalves de Oliveira Adm de Bens, administrávamos condomínios. Ficava (ou fica ainda) no canal 3, avenida Washingtom Luiz, esquina com rua Goiás. Rodava Santos inteira à pé e quando encontrava o Wagner, que também era boy de uma dental no Gonzaga, na Ana Costa, aí era loucura, pois nunca mais voltávamos para o trabalho, ficávamos rodando horas a fio, mexendo com todas as gurias que passavam por nós e zoando de montão. Muitas vezes andávamos da ponta da praia até a Ana Costa, no trote. E isso é uma caminhada e tanto.

José Sarney era o presidente do Brasil. Ay Carámba, esse mesmo que está até hoje aí, Senador da República Federativa do Brasil. Parece que tem certas coisas que não mudam mesmo. Como é que a gente aguenta isso? O cara já tinha uma carreira de político biônica, com mandatos nomeados pela ditadura militar.

Sarney fora eleito na chapa em que Tancredo Neves era o candidato à Presidente; com a morte deste, e tendo a sua chapa vencido a eleição indireta contra a outra candidatura que era encabeçada por Paulo Maluf (pois é, eles ainda estão aí, para ver como estamos atrasados em questões políticas), que também tinha uma carreira política desenvolvida à sombra de nomeações dos ditadores, Sarney assmiu o cargo mais alto de uma República.


Tudo isso ocorreu em meados de 1985, um ano depois do movimento conhecido como Diretas Já, que fora vencido pela força da ditadura, ainda que enfraquecida depois de décadas no poder. Aliás, a ditadura militar no Brasil, financiada pelos EUA para impedir que os 'comunistas' tomassem o poder, assim como em toda a América Latina, foi das mais longas, violentas e sanguinolentas do nosso continente. Depois, espertamente, veio a anistia e tudo acabou em pizza. Que é como termina tudo no Brasil, esse "... país idiota, que está na corda bamba, que só tem carnaval, futebol e samba...". Os Garotos podres, nessa mesma época, escreveu a belíssima e revoltada canção punk Johnny. E como vêm, nada mudou, nada! Realmente não somos um país sério. Tanto que uma música dos anos 80 é atualíssima em pleno século XXI.

No final da década, morando ao lado da linha do trem, chegava em casa sempre por volta das 16hs, do trabalho, pegava o meu violão e sentava no encosto do sofá, que formava um corredor com a entrada da sala e dava uma vista maravilhosa para a rua, pois ficava próximo da janela da sala. Pegava o violão e ficava sonhando, tocando, compondo, tendo ao fundo uma visão urbana, prédios ao longe, a avenida Afonso Pena cheia de carros, trânsito já louco naquele final de década.

Essa era a minha hora. Sempre estava sozinho em casa. O Fábio ficava naquelas doideiras dele de UJS, comendo as menininhas comunistas, o Renato na escola, minha mãe trabalhando. Embora meu sossego durasse pouco, porque logo o Renato chegava ou eu tinha que começar a me preparar para ir para a escola, no caso o Primo Ferreira, onde estudei o 2º grau, tinha a casa só para eu durante algum tempo. Uma canção marcou muito a minha vida nessa época. Tarde Vazia do Ira! Eu sempre pensava naquela letra, que parecia ter sido escrita para eu:

"Você me ligou
naquela tarde vazia
e me valeu o dia..."

Mas não era só esse verso... eu tinha a janela como pano de fundo para meus sonhos adolescentes,

"Pela janela vejo fumaça
vejo pessoas
Nas tuas os carros,
No céu o sol e a chuva..."

E era exatamente o que eu via pela janela. Sonhos e fantasias de um guri de 16, 17 anos. Por vezes eu me encontro com esse mesmo guri dos anos 80 e ele me mostra coisas que eu não esperava aprender com alguém tão jovem... mas é o que acontece. Parodiando o segundo disco do mesmo Ira!: vivendo e (não) aprendendo.


GLOSSÁRIO:

FEI - Faculdade de Engenharia Industrial, em São Bernardo;

Ditadura Militar: golpe de estado dado pelos militares em 1964, tomando o poder com a força armada, interrompendo o mandato do presidente João Goulart e que aterrorizou com proibições, torturas e outros métodos escusos, os oposicionistas do regime;

Rio Grande - cidade portuária do Rio Grande do Sul, no litoral sul do estado;

Gonzaga - um dos bairros mais nobres de Santos, próximo à praia, entre o canal 2 e o canal 3, cujo comércio conta com 2 shoppings e inúmeras lojas, que se divide em uma grande região comercial mas também residencial. O coração do gonzaga é a praça da Independência;

Avenida Ana Costa - principal avenida de Santos, uma das que ligam a praia ao centro da cidade;

Garotos Podres - banda de punk rock da São Paulo dos anos 80, capitaneada pelo vocalista Mau, também professor de história;

Eleições indiretas - não havia voto do povo e sim o colégio eleitoral escolhia o vencedor.

Mandato biônico - políticos que eram escolhidos pelos ditadores para um mandato. Claro que eram os coniventes e puxa sacos do regime;

UJS - União da Juventude Socialista, braço jovem do PCdoB.

P.S.: a última foto é da prefeitura de Santos, na Praça Mauá, centro de Santos. O 'penetra' é o Chaves, que não deveria ter saído na foto e de costas está o Gui.

domingo, 1 de maio de 2011

BELLE SEBASTIAN - MAYFLAY

Depois de um final de semana repleto de emoções, primeiro com o filme Incêndios, depois com o GREnal, recolho-me aos meus aposentos para o repouso merecido. Amanhã é segunda feira, o dia mais odiado pelo Garfield. E por todos os humanos, só não é mais chato do que as noites domincais de nossas vidas.

Termino o dia com a belíssima canção de uma banda que prima pela qualidade e pela delicadeza e sensibilidade em suas composições, não pensando na quantidade e sim como único fim a qualidade. Para escolher uma apenas fica difícil, então escolhi a que escuto nesse momento. Fica a alegrinha Mayfly. Linda canção para terminar o domingo! Boa semana para todos.

Só para constar o esclarecimento, designa-se efemérida insetos oriundos da europa, que ficam na cadeia alimentar de muitos peixes de água doce.




EFEMÉRIDA

Apaixonado em uma tarde de sol
Você está cansado de ficar em casa
Você está esperando por um sinal
Efemérida, acordando quando o céu está clareando
Eu não me importo que você chegue perto
Me faça companhia até que ela venha de novo
Você é que está fazendo acontecer
Sou eu quem está interessado
Porque você o viu no parque
Porque você o viu sob as pontes com as pessoas no parque

"Posso" foi o começo de algo grande
Você estava lá no começo
Você estava lá o vendo brincar
Efemérida, acordando quando o céu está azul
Eu não me importo de te olhar
Me faça companhia até que ela venha de novo
Você é quem está fazendo acontecer
Eu sou aquele que está interessado
Porque você o viu nas celebrações parado no lado
Ele teve os os movimentos para salvar o dia
Mas você o ama de qualquer jeito

Apaixonado, voltou a si mesmo
Você foi deixado de lado
Você é incapaz de bancar o tolo
Desejo... então o que está diferente hoje?
Você mandou os garotos e as garotas embora
Você está preocupado com assuntos grandiosos
Mas o esforço te deixou doente
Seu diário parece com a bíblia, com versos perdidos no tempo
E perdeu em significado para as pessoas que o cercam
É uma vergonha
Você sabe que é uma vergonha

RADIOHEAD - FAKE PLASTIC TREES

E para finalizar esse momento musical, segue o clipe e a tradução de Fake Plastic Trees.



Falsas Árvores de Plásticos

O seu regador verde de plástico
Para a sua falsa planta artificial
Na terra artificial de plástico
Que ela comprou a um homem de borracha
Numa cidade cheia de planos de borracha
Para se livrar de si mesma

Isso a desgasta, isso a desgasta
Isso a desgasta, isso a desgasta

Ela mora com um homem quebrado
Um homem de polistireno lascado
Que apenas se destrói e se queima
Ele costumava fazer cirurgias
Para garotas nos anos 80
Mas a gravidade sempre vence

Isso o desgasta, isso o desgasta
Isso o desgasta, isso o desgasta

Ela parece a real coisa
Ela tem o gosto real
Meu amor artificial de plástico
Mas não posso evitar o sentimento
Eu poderia explodir através do teto
Se eu simplesmente me virar e correr

Isso me desgasta, isso me desgasta
Isso me desgasta, isso me desgasta

Se eu pudesse ser quem você deseja
Se eu pudesse ser quem você deseja o tempo todo

O tempo todo...



CURIOSIDADE SOBRE TRILHA SONORA DE INCÊNDIOS


A canção Like Spinning Plates é do disco Amnesiac de 2001, sendo uma canção meio experimental, bem aos moldes da banda Radiohead, que mescla pop, indie e experimentalismo.

A canção You And Whose Army? que é mais pop e poderia tocar em qualquer rádio inteligente do país - como não temos rádios inteligentes, dificilmente Radiohead e tantas outras bandas que tocam um som decente aparecem na programação diária das rádios populares ou para um grande público, impedindo que muitas pessoas deixem de escutar merdas e escutem músicas de qualidade - também faz parte do mesmo disco. Portanto, corra para baixar esse disco, conheça a banda e curta o som de montão.

Assim como no filme Bruna Surfistinha, que tem a canção mais conhecida e pop do Radiohead (Fake Plastic Trees), para Incêndios a banda assistiu antes o filme para liberar as canções na trilha sonora.

Fake Plastic Trees é do álbum The Bends, de 1995, período muito pop da banda, por isso, vale à pena escutar o disco, como uma forma de conhecer o som.

Em tempo, a melhor parte do filme Bruna Surfistinha é no momento que toca a canção aqui citada.

RADIOHEAD - LIKE SPINNIG PLATES


Como Pratos Rodando

Enquanto você faz lindos Discursos
Eu fui reduzido a tiras
Você me da de comida aos leões
Um delicado balanço

Quando isto parece com pratos rodando
Eu estou vivendo na terra dos sonhos
Quando isto parece com pratos rodando
Nossos corpos flutuando pelo rio lamacento

RADIOHEAD - YOU AND WHOSE ARMY?


VOCÊ E QUE EXÉRCITO?

Vamos, vamos
Você acha que vai me deixar louco
Vamos, vamos
Você e que exército?
Você e seus coleguinhas
Vamos, vamos
Santo Império Romano
Venha se você acha
Venha se você acha
Que pode conosco
Que pode conosco

Você e que exército?
Você e seus coleguinhas

Você esquece tão fácil
Que esta noite nós cavalgamos
Cavalos fantasmas

INCÊNDIOS

Ainda sob a influência do filme, a trilha sonora conta com duas lindas canções da banda Radiohead: You And Whose Army e a experimental Like Spinning Plates. A música fala por si só, enquanto mostra o sofrimento da protagonista ou dos filhos a cada passo descobrirem a verdadeira história, a história oculta de sua mãe; ou ainda enquanto mostrava a paisagem empoeirada e quase desértica do local de origem da protagonista, vivida pela atriz Lubna Azabal.

Como disse, ainda estou sob o efeito do filme.

No próximo post as músicas citadas.

INCÊNDIOS


Atordoado! Durante o percurso do cinema até em casa e antes de dormir, deitado olhando a tv sem interesse, enquanto o sono não vinha ou o barulho lá fora findasse (há um boteco desgraçado do outro lago do Igapó 2 que ficou tocando pagode - eca - até 2 da manhã! E ao ligar para a polícia, além de quase ser xingado, tive que ouvir que aquilo não era função deles. De quem será, meu Deus? Pensei em jogar uma bomba lá, será que isso viraria caso de polícia?), pensei no adjetivo que pudesse sintetizar e traduzir o mais próximo possível do que senti ou qualquer expectador sentiu enquanto assistíamos ao filme Incêndios, uma produção canadense e francesa de 2010, do diretor Denis Villeneuve - será este parente do piloto de fórmula 1 Gilles Villeneuve, o canadense voador, que morreu na pista nos anos 80? - difícil de sintetizar a explosão de sentimentos em uma só palavra, mas o exercício é apenas para que possam ao menos ter uma idéia do que o filme pode passar.

Atônito! Esse é o adjetivo mais próximo que encontrei para traduzir qual o sentimento ao subir o letreiro no final do filme. Gosto de ficar olhando a tela no final, lendo os créditos, remoendo os sentimentos, principalmente em um bom filme, que mexe com meus sentimentos.

Catatônico! Sim, ao sair do cinema notei os diálogos entre os expectadores, tentando exprimir a sua perplexidade diante da película que acabara de assistir. Saímos todos com uma mistura de sentimentos impossíveis de serem expressados, apesar de todo o esforço para tal.

Inusitado! Por fim, é o que penso ao relembrar a história do filme incêndios. E candidatíssimo ao melhor filme da minha vida. Sim, posso dizer que se não é melhor que O Poderoso Chefão, Peggy Sue, A Sociedade dos Poetas Mortos, Clube da Luta, Efeito Borboleta, Em Nome do Pai e tantos outros que não me recordo agora, está no mesmo patamar.

Não se pode esperar menos de um filme em que a protagonista está morta e que a sua narrativa se mescla ora no presente, ora no passado, em flashback. Está certo, não é muito original, mas o diretor Villenuve conseguiu amarrar as duas histórias, que na verdade era uma só, da mulher que foi esmagada em uma guerra entre a minoria cristã, da qual fazia parte, e a maioria muçulmana em um país do Oriente Médio - que a minha ignorância leva a crer que seja a Palestina.

No meio de uma guerra maluca, onde bastava ter outro pensamento para que o indivíduo tivesse sua vida ceifada, sem qualquer pergunta, sem compaixão, sem a tolerância do diferente, a destruição das famílias e seus lares, o ódio em nome de uma guerra santa. Sendo assim, toda a tortura e maldade pode ser justificada; os fins justificam os meios... e no meio a protagonista, apenas querendo encontrar o filho perdido nessa loucura toda, enfrentando o mundo para ter a tal paz de espírito.

E não senti um viés político, já que embora os muçulmanos apareçam como inimigos da protagonista, esta se volta contra a direita extremista cristã, que na sua avaliação é culpada pela morte do homem que ama e da perda de seu filho.

O filme ainda é dividido entre os momentos, primeiro intitulado Gêmeos e posteriormente a cidade ou ocasião de cada descoberta, ora no passado, ora no presente, no que um expectador desatento não entenderia, ou mesmo alguém acostumado com a linguagem fácil e emburrecedora hollywoodiana, não conseguiria acompanhar.

Uma volta ao passado para entender o presente. Uma verdadeira sessão de psicanálise, com um resultado que nos leva a entender nossos comportamentos ou atitudes e decisões, valores que temos atualmente. O passado explicando o presente. Na realidade diversas sessões, porque para chegar ao resultado do final do filme seriam necessários encontros seguidos.

Uma morte nunca é o final de uma história!

Um filme bom, na opinião leiga de um apaixonado pela 7ª arte, deve ter uma bela narrativa, uma boa história, um roteiro bem escrito e amarrado, ser inusitado, fazer transbordar sentimentos, sem ser piegas e sem ser mirabolante, como alguns filmes que assisti o ano passado, cheio de amarrações que no final se tornavam o filme chato e meio nonsense. Ah, e claro, o principal, com um final inesperado. E tudo isso tem no filme Incêndios. Consegue juntar tudo em uma história atordoante.

O filme foi candidato ao Oscar 2011, mas não obteve sucesso. Deveria, assim como o diretor.

E citando Renato Russo: nenhuma guerra pode ser santa!

Magnifique!