sábado, 24 de setembro de 2011

BELLE AND SEBASTIAN - ANOTHER SUNNY DAY

Para incrementar a trilha sonora de sábado, uma canção da Belle and Sebastian - Another Sunny Day, como o dia de hoje.


OUTRO DIA ENSOLARADO

Em outro dia ensolarado, encontrei você no jardim
Você estava escavando plantas, eu escavei você, supliquei seu perdão
Eu tirei uma fotografia sua na fronteira herbácea
Partiu o coração de homens e flores e garotas e árvores

Em outro dia de chuva, nós estamos presos dentro de um trem
Chocolate em ebulição, janelas embaçadas quando nos conhecemos
Você tem a janela do sótão com vista para a catedral
E em um domingo à noite sinos tocam no crepúsculo

Outro dia, em junho, nós vamos escolher onze para o futebol
Estamos jogando para nossas vidas o árbitro dá-nos o foda-se
Eu vi você no canto do meu olho à margem
Seu rímel escuro me lança-me a feitos históricos

Todos foram embora, você me pegou para uma longa viagem
Nós tomamos a rota turística, as noites são de luz até a meia-noite
Pegamos a travessia de barco à noite até a península
Encontramos a avenida das árvores, subimos ao monte
Aquela louca avenida de árvores, eu estou morando lá ainda

Há algo no meu olho, um mosquito tão pouco sedutor
Sacrificou sua vida para nos deixar olho no olho
Eu ouvi os esquimós removerem obstruções em línguas, querida
Você errou o meu olho, eu me pergunto porque, eu não reclamei
Você errou o meu olho, eu me pergunto porquê, por favor, erre novamente

O amor é uma confusão, o que aconteceu com todo o sentimento?
Eu pensei que era de verdade; bebês, anéis e tolos ajoelhando-se
E palavras de confiança, promessas e vidas extendendo-se para sempre
Então, o que deu errado? Era mentira, desmoronou
Figuras fantasmagóricas do passado, presente e futuro assombrando o coração

THE STROKES - TAKEN FOR A FOOL

Taken For A Fool é uma das canções mais legais do 4º disco dos Strokes, lançado em meados de março desse ano. O clipe é interessante à medida em que não tem aquela linguagem neurótica de imagens sobre imagens, foi feito em poucos takes e a imagem segue a sequência. Curta aí, vale à pena!



ENGANADA POR UM TOLO

Irmã, parece exatamente como ontem
Irmã, não se esqueça do meu número, na porta.
Você tem algo e é tão bom de ver,
Algo lindo que eu não podia ser.
Todo mundo caindo em suas vidas,
mas você não pode ajudá-las pois você não tem tempo.

Eu sei, todo mundo vai a qualquer merda de lugar que gostam.
Espero que isso termine bem na rádio tóxica. Yeah.

Você é enganada o tempo inteiro por um tolo
Eu não sei porque.
Você é tão crédula, mas eu não me importo.
Esse não é o problema.
E eu não preciso de ninguém comigo agora.
Segunda, terça é meu fim de semana.
Você foi enganada o tempo inteiro por um tolo.
Eu não sei porque.

Não sei suas quatro palavras, pare de colocar isso em mim,
Eu não posso deixar você porque eu vi o que isso significa,
Está tão cedo, eu não quero acordar.
Gostaria de ter te deixado, porque nós nunca crescemos.

Mama, parece exatamente como ontem
Mama, não esqueça meu número
Não quero ser o cara que deixará ir.

Eu sei, todo mundo vai a qualquer merda de lugar que escolherem.
Quero o bem a todos na rádio tóxica.
Turista, no gueto, sem medo de nada.
Exceto a morte, ou qualquer outra coisa, que pode machucar mais ainda. Yeah

Você é enganada o tempo inteiro por um tolo
Não sei por que.
Você é tão crédula, mas eu não me importo.
Esse não é o problema.
E eu não preciso de ninguém comigo agora.
Segunda, terça é meu fim de semana.
Você é enganada o tempo inteiro por um tolo.
Não sei por que.
Você é enganada o tempo inteiro por um tolo.
Não sei por que.
Não sei por que.

THE STROKES - ANGLES


O último disco do The Strokes, para variar, vazou na internet antes do lançamento. No dia que vazou o Tety comentou e conseguimos baixar. O disco tem elementos da Disco, dos anos 1970 (Machu Picchu, que abre o disco), conta com influências fortes dos anos 1980, como na canção Two Kinds Of Happiness, fazendo com que o ouvinte se remeta às boas bandas dessa década, (uma canção que soa demais Sister Of Mercy e quando John Casablancas solta a voz, nos remete a alguma canção de Cindy Lauper), tem muito som eletrônico (como em Games e You're So Right) e claro, regado ao rock característico da banda, que encanta seus fãs desde o início do século.

Talvez essa miscelânia de sons tenham em um primeiro momento desagradado a alguns de seus seguidores e fãs, como o próprio Tety, que não compreendeu essa alternância de sonoridade da banda. Mas a alma da banda está ali, exemplos são Under Cover Of Darkness e a lindíssima Taken For A Fool. Destaco ainda Gratisfaction, que assina o som da banda.


Como não poderia deixar de ser, o 4º disco do Strokes merece estar entre os melhores álbuns de 2011, que já caminha para o seu final.

A VERDADEIRA ARTE DE VIAJAR



Na semana que se finda, a semana Farroupilha, em que todos nós gaúchos comemoramos uma revolução que não deu certo, mas que enche de orgulho nosso povo, citar um poema de um dos maiores poetas do Rio Grande (nossa Pátria) sempre vale à pena. Além disso, os quatro versos dizem tudo sobre a característica dos Silveiras de mudar e de enfrentar o mundo. Tem a ver também com o povo gaúcho, que vai se espalhando pelo Brasil e pelo mundo, sempre levando um pedaço da República consigo. Povo orgulhoso de sua história, cultua suas raízes e tradições. SIRVAM NOSSAS FAÇANHAS DE MODELA À TODA TERRA!


"A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa,
Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo.
Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali...
Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!"

Mário Quintana


LUIZ ALBERTO SILVEIRA


Ontem meu tio morreu. Bem, na realidade não foi ontem, foi na segunda feira dia 12 de setembro. Mas quando comecei a escrever mentalmente esse post, estupefato no caminho de da Uel para casa, no dia que soube de sua morte, na gélida (é um adjetivo que combina muito com a morte) terça feira dia 13, depois de sair da aula, quando encontrei meu irmão, Fábio. Foi um grande choque, porque eu nem sabia que ele estava doente, fiquei sabendo de todo o seu calvário até a morte, da depressão, da pneumonia, da pouca luta que demandou para se salvar, da entrega que teve nesse finalzinho de vida à morte.

Internado desde o dia 30 de agosto, devido a uma pneumonia, ele foi transferido para o Hospital Universitário de Florianópolis, onde ficou sedado todos esses dias, inconsciente. A tia Noemi e o Guga (meu primo) indo todos os dias visitá-lo, pegando 70 km de estrada diariamente, para ver como a quantas o tio ía.

Tio Luiz, irmão do Flamarion, meu pai, foi o que mais perto chegou de pai em mim. Convivi muito com ele na década de 80, quando ele morava na Fabiano Alves, na Vila Prudente em São Paulo. A partir de 1991, quando fui para Assis estudar Psicologia, criamos um hiato de quase 20 anos sem nos vermos, com contato apenas através do telefone ou pela internet. Era um cara duro e rígido com os filhos, mas sempre foi uma excelente pessoa, alegre, brincalhona, de quem estes se orgulham. Um cara inteligente e sempre de bem com a vida, um sábio, como muitas histórias para contar. Essa dele ter desisitido da vida me pegou de surpresa. Por dois motivos: um porque na minha mente guardo a imagem de um cara que sempre me encontrava proferindo o bordão "eu quero ouvir, eu quero ouvir, eu quero ouvir" de 1979, que, ao escutar o relato de minha mãe relatando como contou a história do relacionamento dela com meu pai a um vizinho nosso; eu, que já ouvira a história, queria ouvir o relato de algo que para eu, com meus 7 anos, não acreditava na veracidade. Curioso e incrédulo, precisava ouvir novamente, mas eles me tiraram a força da sala... foi quando repeti seguidas vezes, contrariado o "eu quero ouvir!"; segundo porque a impressão que tive na última vez que o encontrei na páscoa de 2010, quando o visitei em Porto Belo SC, não era de uma pessoa cansada da vida, muito pelo contrário, mas de um cara forte e saudável no alto dos seus 73 anos. O Tety e o Gui, que não o conheceram pessoalmente nesta oportunidade, adoraram o tio avô.


No verão de 2011 fomos para as paradisíacas praias de SC e infelizmente não conseguimos passar na casa dele, o que estamos programando para o próximo verão, mas não o encontraremos em matéria e sim em espírito.

No primeiro post que escrevi desse blog, o entrance foi um post em que o citei, sobre as mudanças que fiz ao longo da vida e que ele conseguiu esclarecer um pouco sobre esse ímpeto nosso, dos Silveiras, de mudar tanto (é uma constante entre todos, desde o velho Laudelino, meu avô, passando pelos filhos, netos e bisnetos).

Fiquei baqueado a semana inteira. Sonhei com ele na noite que soube de sua morte. Acho que ele veio me visitar e se despedir de vez; sei que isso é delírio, mas é uma forma de amenizar a dor da perda e conforta pra caramba acreditar nisso. Também foi o mais perto que cheguei da morte, um ente querido meu. Anteriormente só tinha vivido a morte, experienciado-a morte, através de familiares da Juliana. Agora foi a minha vez. A sensação de que nunca mais o verei ou conversarei com ele é desoladora.

Esse clichê de que ele não morreu, vive na nossa lembrança, nos dias que convivemos, nas sábias palavras que nos proferia, nos ensinamentos nos faz ter forças para continuar seguindo o caminho da vida, é mais um artifício utilizado para confortar...

Nunca mais vou ouvir "eu quero ouvir, eu quero ouvir, eu quero ouvir".

Não chorei! Não externamente. Mas minha alma se derreteu em prantos. No sonho que citei acima, chorei copiosamente. Nosso último encontro antes de sua partida definitiva. O céu fica mais alegre e inteligente com a sua chegada.

P.S.: na foto com o velho Laudelino, ele é o primeiro da esquerda e meu pai, o Laudelino Flamarion, é o guri menor.