terça-feira, 31 de agosto de 2010

A NOITE PASSADA EU SONHEI QUE ALGUÉM ME AMAVA


Com 18 anos, em 1991, fui morar em Assis, estado de São Paulo, juntei meus poucos trapos e rumei para uma cidade que sequer eu sabia que existia. Quando fiz o vestibular da Unesp em São Paulo, na av. Paulista, perto do Masp, não tinha noção do que aconteceria na minha vida, mas estava eufórico, afinal de contas a expectativa era grande. Escolhi Psicologia principalmente porque, em uma dessas noites de insônia, estava sem nada para ler e comecei a ler o Aurélio, o pai dos burritos. Daí, aleatóriamente (o acaso, sempre nos direcionando para o nosso destino) fui parar no significado de esquizofrenia. Quando li, com meus 15, 16 anos, descobri que eu era esquizofrênico! Pensei que aquelas características eram as mesmas que eu tinha.

Sempre fui um cara melancólico, nostálgico, triste. Era tímido à beça e fechadão. Zoei muito na adolescência, mas por dentro me sentia angustiado. Porém, essa bobagem que interpretrei nessa idade, direcionou toda a minha vida.

Naquela época eu era muito bom em Matemática e Física. Então a única coisa que pensava era Engenharia, mas de jeito nenhum eu queria fazer esse curso. Não queria ser professor, por isso não queria fazer Matemática. Física era coisa de maluco. Então, minha orientação vocacional foi o dicionário Aurélio. No primeiro vestibular da vida, sem estudar nada e sem me preocupar com lhufas, passei em Psico. E lá ía eu, uma mochila nas costas que cabia todos os meus pertences, algumas fitas para rolar no walkman e um boné para cobrir a careca de bicho.

Lembro que naquela primeira viagem rumo ao desconhecido, coloquei a fita do Smiths (isso é pré histórico) e a noite inteira, as 7, 8 horas e os 600 km que separavam Santos de Assis, foi escutando o disco Strangeways, Here We Come, aquele que seria o último disco da banda, (de estúdio o derradeiro. Houve em seguida o lançamento póstumo de Rank, ao vivo. A música que eu mais escutei naquela noite foi Last Night I Dreamt That Somebody Loved Me, que aliás, era a que eu mais escutava. E era o meu disco de cabeceira, que eu tinha ganhado do meu primo Pico, que por sua vez tinha ganho de alguém e como sabia que eu curtia pra caramba, fez a boa ação.

Outra música que eu escutava insistentemente nesse disco, que para os integrantes da banda foi considerado o melhor deles, era I Wont Share You; também tinha Paint a Vulgar Picture, Girlfriend In A Coma, entre outras.

Um disco memorável de uma banda que jamais será esquecida e que mesmo da cena independente britânica, conquistou o mundo.

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