quarta-feira, 30 de setembro de 2015

QUARENTENÁRIO - AS CANÇÕES DA MINHA VIDA - LOS HERMANOS - DE ONDE VEM A CALMA

Los Hermanos é aquela banda que surgiu no final dos '90, cantando Anna Júlia, aquela canção que até o ex-Beatle George gravou antes de subir para o novo plano. Por mais que a crítica torça o rabo para essa canção, o fato de um ex-Beatle ter gravado, é um fato que reverencia a qualquer um. Aliás, não é qualquer um que pode se gabar de que um Beatle gravou uma canção sua.

Pois bem, a brincadeira surgiu a partir de um cara chamado Jim Capaldi, que é casado com uma brasileira e que consta ter uma apê no Brasil. E esse cara não só fez a versão em inglês de Anna Júlia, como também chamou uma constelação para gravar a canção: além do ex-Beatle citado, nada mais nada menos do que gente do calibre do baterista Ian Paice (Deep Purple) e Paul Weller (The Jam). Isso tudo em 2001, pouco tempo depois da canção ser gravada no primeiro disco da Los Hermanos e estourar no Brasil inteiro e como sempre, virar febre abaixo da linha do equador.

Interessante fazer um parênteses aqui. Bons (excelentes) tempos em que canções inteligentes de bandas com algo a ser dito, por mais infame que seja o refrão e cole no cérebro, estouravam a ponto de fazer tanto sucesso no Brasil. Porque hoje, meus caros, só rola lixo e merda. Como se nossos ouvidos fosse uma privada e um monte de gente os utilizasse, porque o que faz sucesso estrondoso no país hoje, são coisas que não dá para ser chamado de música. Infelizmente o brasileiro emburreceu de vez. E, talvez não por coincidência, temos que ouvir uma oposição política corrupta ao extremo, posar de bons moços... mas isso, bem, isso é um outro assunto que não vale a pena gastar saliva e nem pena aqui.

O importante é que a banda mais inteligente surgida no final do século passado no Brasil rodou esse país com suas canções até cansar e pendurar as chuteiras, mesmo que seja momentaneamente. De tempos em tempos se reúnem para matar a saudade dos milhares de fãs órfãos da boa música. E esse ano estão de volta para uma turnê pelo país. Parece que as coisas têm salvação. Sempre há uma pontinha de esperança.

Mas o que importa é a canção. Dizem que quem canta, os males espanta. Velho dito popular! Mas confesso que a música é o segredo da minha felicidade. Respiro música e nos piores momentos as canções me animam. E a canção que ilustro minha alegria dessa manhã chuvosa de quarta feira na pequena londres, nossa querida Londrina, é a abaixo.

Curtam e se não conhecem Los Hermanos, é um bom começo. Pesquise e tenho certeza que não se arrependerão.

Um pós-script: uma banda que conta com Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante estará sempre fadada ao sucesso.



DE ONDE VEM A CALMA

De onde vem a calma daquele cara?
Ele não sabe ser melhor, viu?
Como não entende de ser valente?
Ele não sabe ser mais viril
Ele não sabe não, viu?
Às vezes dá como um frio
É o mundo que anda hostil
O mundo todo é hostil

De onde vem o jeito tão sem defeito?
Que esse rapaz consegue fingir
Olha esse sorriso tão indeciso
Tá se exibindo pra solidão
Não vão embora daqui
Eu sou o que vocês são
Não solta da minha mão
Não solta da minha mão

Eu não vou mudar, não
Eu vou ficar são
Mesmo se for só
Não vou ceder
Deus vai dar aval sim
O mal vai ter fim
E no final, assim, calado
Eu sei que vou ser coroado
Rei de mim

domingo, 16 de agosto de 2015

QUARENTENÁRIO: AS CANÇÕES DA MINHA VIDA - MORRISSEY - FIRST OF THE GANG TO DIE


Quebrar meu período sabático no blog não foi fácil. Muitas coisas passam pela minha cabeça e queria voltar com novidades sobre a Mayday, que pipocam pelo whatsapp, depois que o Zé Renato demonstrou o desejo de voltarmos a tocar e compormos juntos. Com as facilidades de hoje, é certo que a distância de Santos (por vezes Vitória, onde faz Pós Doc) e Londrina, não será impedimento. Ainda mais com as promoções de vôo, tudo se torna como ir à esquina. Estamos amealhando meu irmão Fábio para a bateria e cogitando meus filhos Gui e Victor para compor a banda. E um CD não é um sonho distante. Estamos escrevendo canções e tentando ser mais maduros do que na adolescência. Embora que maturidade não é nosso forte.

Mas o que me fez tirar dessa letargia de meses sem escrever no blog foi o grande e maravilhoso Moz e suas canções definitivas. Desta feita, a canção escolhida é First Of The Gang To Die. Todas as canções de Moz parecem ser definitivas, pela qualidade de seus versos e da sua criatividade, mesmo não compondo mais com seu parceiro de Smiths, Johnny Marr.

Outro motivo de voltar a escrever no blog foi o pedido de um guri, que estuda com o Gui, o Caio. Então, Caio, esse é para ti, especialmente.

Morrissey gravou essa canção no disco You Are The Querry, de 2004. Mas ainda nos anos 80 do século passado eu já pensava em qual de nós seria o primeiro a ‘morrer’. E na verdade o morrer seria figurativo; seria na verdade o primeiro a casar. E jamais poderia pensar que eu seria o cara: First Of The Gang To Die. Fui eu, que saí do convívio dos meus amigos de maneira abrupta com o sonho de liberdade, sem o controle do pais, fora do ninho, de casa e buscar algo diferente na vida, ao invés de continuar vivendo na praiana Santos City dos anos 90, aquela vidinha cômoda mas sem muita emoção, como se desenhava a vida naquele início de década. Mas qual seria a minha grande surpresa, que ao ficar longe de tudo e de todos, da minha namoradinha de adolescência, da minha família e de meus amigos de infância/ adolescência, apresentaria um vazio tão grande traduzido na melancolia da carência oriunda na ausência e distância das pessoas próximas e queridas.

Sempre achei que era imune a essa baboseira. Ledo engano, claro! Queria correr o mundo. E aquele era o primeiro passo. E quando aportei em Assis para estudar, não sabia que sentiria tanta falta dessas pessoas. E foi o que ocorreu. Embora acolhido pela galera que lá encontrei, todos na mesma situação que eu, me apaixonei por uma certa guria e acabei me casando poucos anos depois, antes mesmo de concluir o curso de Psicologia na Unesp. E em seguida veio o Victor ao mundo, meu primeiro filho.

E lá estava eu, sem a liberdade a qual fui ao encontro quando saí de Santos naquele distante fevereiro de 1991. Dei início a minha peregrinação no mundo, quando segui meus instintos nômades, escrito em meu DNA por meus ancestrais que viveram séculos passados, antes de chegarem ao Rio Grande, no Oriente Médio, em tribos nômades.

Esse instinto fez meu pai e meu tio correrem o mundo, para enfim deixarem esse plano perto de onde nasceram (não tão perto assim: meu tio em Porto Belo, no lindo litoral catarinense e meu pai em Livramento, na divisa com o Uruguai e perto de onde o pai deles e o avô tinham terras chamadas Rincão dos Silveiras; o primeiro nasceu em Canoas, região da Grande Porto Alegre; o segundo nasceu em Bagé, se não me engano. Ou seja, cada um nasceu em uma cidade, provando que o sangue dos ancestrais das tribos nômades do Oriente Médio gritava em suas veias.

O sangue desbravador desses ancestrais corre nas veias desses Silveiras. Basta saber que dos 10 filhos do Laudelino filho (meu avô chamava Laudelino também), meu pai, raros são os que moram na mesma cidade. Eu e o Fábio estamos em Londrina e a Fernanda e o César (o primogênito do Laudelino filho) moram na mesma São José, região metropolitana da belíssima Ilha de Florianópolis. O restante, todos espalhados pelo sul e pelo estado de São Paulo. Milhares de quilômetros separando os irmãos de três mães diferentes.

Essa característica dos filhos do Laudelino filho, assim como dele mesmo, filho do velho Laudelino, por conseguinte meu avô, de morarem longe uns dos outros, dificultou fazer o que o Orkut e as redes sociais permitiram: reunir todos os filhos, aproximar toda a galera,  netos e esposas do Laudelino filho, ao menos as três que tiveram filhos dele, porque ao todo foram seis em vida. A idéia era fazer essa reunião antes que o pai fosse embora dessa para melhor. Mas não deu tempo. E ficou somente no desejo de alguns filhos. Isso porque tem dois no estado de São Paulo, um em Santos e outro em Diadema, dois no Rio Grande do Sul (o mais novo em uma cidade perto de Livramento, o único dos dez filhos do Laudelino filho que pôde velá-lo e enterrá-lo e outro que mora na serra, em Bento Gonçalves) os dois que moram no Paraná, os dois de São José em SC e mais um que mora em Navegantes e outro em uma cidadezinha próxima a Criciúma, a qual não me recordo o nome nesse momento.

Como pode ser constatado, Laudelino filho espalhou filhos pelo mundo. E todos com o mesmo sangue nômade. Minha família demonstra essa aparente falta de raiz que temos: nasci em Porto Alegre, Victor em Santos e o Gui em Londrina. Somos cada um de um canto dessa pequena porção de Brasil que é o sul e suldeste. Fora a Juli, que se tornou uma Silveira e que nasceu em Assis. Sendo assim, nenhum de nós somos da mesma cidade, nem mesmo do mesmo estado.

Sobre a canção, First of the Gang To Die, que faz parte do disco lançado em 2014, depois de 7 anos sem gravar, faz parte de um movimento que toma conta de mim, que é de voltar a escutar Morrissey depois de alguns meses. Todos os anos tenho uma fase Smiths ou Morrissey. A fase de escutar este foi exacerbada pelo fato d’eu estar me esbaldando na encomenda da Siciliano que fiz recentemente após procurar uma biografia do nosso herói Moz e não ter encontrado em português (o que os editores estão esperando?); mas encontrei esses três livros que citam Moz: Quem Vai Ficar Com Morrissey?, que conta o romance (final de um) cuja personagem Fernando é fissurado nas canções de Moz e recheia as páginas e seus pensamentos com frases e canções da banda que lançou Morrissey ao mundo (ou seria o contrário?); Mozipedia é uma espécie de biografia escrita em forma de dicionário. Sensacional! E finalmente Caro Morrissey, o qual ainda não tive contato com suas páginas, mas que pelo que li na sinopse antes de adquiri-lo, fala sobre um guri que em crise existencial, escreve cartas sempre começando com “caro Morrissey”. Cartas, diário, algo assim, pelo que lembro.

Por fim, saboreemos essa excelente canção pop de Morrissey, que continua compondo e gravando, fazendo shows pelo mundo, com a mesma acidez e critica dos tempos de Smiths. Boa audição, muchachos!


E agora estou definitivamente de volta ao blog. Em breve algumas surpresas da Mayday. Para ti, Caio. Valeu!



O Primeiro da Gangue a Morrer

(Los Angeles, você é quente demais)

Você nunca esteve apaixonado
Até que tenha visto as estrelas
Refletidas nos reservatórios

E você nunca esteve apaixonado
Até que tenha visto o amanhecer
Por trás do asilo de cegos

Nós somos os belos ladrõezinhos baratos
E você está nas nossas ruas
Onde Hector foi
o primeiro da gangue a ter uma arma na mão
E o primeiro a cumprir pena
E o primeiro da gangue a morrer
Oh, Deus
Hector foi o primeiro da gangue
A ter uma arma na mão
E o primeiro a cumprir pena
E o primeiro da gangue a morrer
Oh Deus

Você nunca esteve apaixonado
Até que tenha visto a luz do sol
Refletida nos ossos humanos esmagados

Nós somos os belos ladrõezinhos baratos
E você está nas nossas ruas
Onde Hector foi o
primeiro da gangue a ter uma arma na mão
E o primeiro a cumprir pena
E o primeiro da gangue a morrer
Que garoto bobo
Hector foi o primeiro da gangue
A ter uma arma na mão
E uma bala na garganta
E o primeiro rapaz perdido a ir
Para baixo da terra

E ele roubava dos ricos e dos pobres
E dos não muito ricos e dos muito pobres
E ele roubou nossos corações
Ele roubou nossos corações
Ele roubou nossos corações
Ele roubou nossos corações...

segunda-feira, 20 de abril de 2015

EPOPÉIA DO PEDAL

Esse ano a galera do futebol resolveu inovar com uma idéia genial: criaram um grupo do pedal. Não é exatamente toda a galera do futebol, mas uma pequena parte. A mesma galera do Quinteto do Penta, que foi para Maringá ano passado na final do Paranaense e que festejou o tetra do Tubarão nas terras da cidade canção, na famosa invasão alvi-celeste daquele domingo ensolarado e alegre.

Quinteto do Penta e a invasão azul a Maringá:
Jé, Thaigo, Eu, Ju e Xandy
A idéia da bike foi sensacional. Eu já estava a utilizando para ir ao trabalho, como uma forma de me exercitar nos dias que não ia correr. Começou assim minha historia de biker. Há anos quero comprar uma bike, mas sempre ia adiando e andando com a que esta em casa há tempos e que por muito tempo ficou parada. Pois bem, comprei finalmente. Não ‘aquela bike’, mas uma simplesinha, com minha mania de economia. Aproveitei e comprei capacete e luvas, o que não pode faltar para um autêntico biker. A diferença entre um andador de bicicleta e um biker: o capacete.

Minha mania de economia é confundida com pão-durismo. Intriga da oposição; exagero dos meus detratores. Primeiro que para ser pão duro o caboclo tem que ter grana, o que definitivamente não é meu caso. Segundo porque... sei lá, só tem primeiro mesmo. O fato é que me contenho com arroubos de gastar e também com supérfluos, impulsionados pelo capitalismo e pela mania do consumismo. Compro aquilo que realmente vou utilizar, somente o que me é util. Por muito tempo não tive um celular e por tantos outros anos não tinha esses mais modernos, os tais smartphones. Tudo porque não achava útil. Por causa disso sou extremamente criticado, um pouco pela minha língua afiada. Por achar supérfluo sempre sou mal compreendido.

O fato é que não compro coisas porque os outros falam ou porque os outros têm. Só aquilo que julgo necessário para minha vida atribulada, confusa e enrolada. Seja moda, tendência ou a porra que for, isso não me seduz. Marqueteiros se fodem comigo. Sou punk prá caralho!

Desde que começamos a andar de bike, o grupo ainda não conseguimos reunir o quinteto do penta, que ficou para o ano que vem (o penta do Tubarão), com a derrota ontem na capital. Mas logo teremos esse prazer, com, quem sabe, o reforço do Mathias que entrou para o grupo, por enquanto só do whatsaap. O prazer de reunir todos e de ser penta estadual.


Dentre os percursos que fizemos destaco a recente ida até o pedágio mais caro do mundo, que fica na cidade de Jataizinho, que ida e volta da minha casa deu 64 km. Foram quase 5 horas de pedalada constante, entre subidas, descidas, muitos acidentes geográficos. Não foi exatamente uma trilha rural, mas foi bem divertido, principalmente por testarmos nossos limites.

Nossos encontros têm ocorrido sempre aos sábados, ora de manhã, ora na parte da tarde. E, neste sábado, com desfalques do Ju , do Thiago e do Xandy, combinei com o Jé de darmos um role. Ficou combinado de nos encontrarmos na rotatória da Rio Branco com a Leste/ Oeste, região central de Londrina, uns 6 km de casa e uns 4 km da casa do Jé. Nosso destino? A vizinha cidade de Cambé, a Oeste de Londrina.

Já fizemos trilhas pelo sul e pelo Leste da cidade. Faltava irmos em direção ao Oeste. Uma incursão pelo velho Oeste? Sim, só que ao invés dos cavalos, as bikes e ao invés do cantil de água, uma parada no supermercado mais próximo para nos abastecermos do isotônico mais famoso do mercado.

Chamei o Gui para ir comigo. Ele, para minha surpresa, topou. Isso significava duas coisas: nossa velocidade média cairia consideravelmente; nas subidas mais acentuadas ouviria um tanto assim de reclamação. Mas é muito gostoso dar umas voltas com o Gui, mesmo ele sendo de poucas palavras e resmungão. E toda vez olho para trás e vejo ele vindo, na maior tranqüilidade. Andar com o Gui tem mais: não suar. Andar naquele ritmo tranqüilo, parecendo que temos todo o tempo do mundo. E não temos?

Tracei o melhor caminho na cabeça para chegarmos ao local combinado com o Jé, sem pegarmos muitas subidas. E lá fomos nós. Não sem antes nosso herói de plantão, Gui, fazer das suas e se recusar a ir de capacete. Aquele pequeno stress, que se não tiver, não é o Gui.

E lá fomos nós. Antes uma pequena explicação: Londrina é uma cidade nova, de 80 anos e cujo maior problema (ou um dos maiores) é a mobilidade urbana. E parece que nossos engenheiros de trânsito fizeram o curso por correspondência, porque só fazem merda. Cito dois exemplos ridículos de cagada: a tal “ciclovia” em volta ao lago Igapó e o aterro. Primeiro que a pista de bicicleta não pode ser chamada de ciclovia. Uma via deve levar de um lugar para o outro e a pista citada, apenas contorna o lago. Isso fudeu todo o transito da região. Se antes tínhamos duas ruas com pistas de ida e volta, agora só temos uma opção de saída. Os congestionamentos são constantes nos horários de rush; outro exemplo da idiotice desses “profissionais” é a saída o Catuaí, pela Madre Leônia. Simplesmente eles fecharam todos os retornos para quem vai para o Leste e tudo desemboca na rotatória da Airton Senna com a Madre. E o resultado? Mais congestionamentos.


Em suma, não temos ciclovias. Uma promessa de campanha do atual prefeito, que para variar, não cumpriu e nem se ouve qualquer menção sobre o fato, o que nos leva a crer que era só mais uma promessa de campanha, como de tantos políticos profissionais (no sentido pejorativo) que ouvimos Brasil afora.

Pelo fato de não termos ciclovias, temos que nos arriscar e dividir o espaço com os carros e os motoristas estressados e mal educados. E quem está de bike, ao menos eu faço muito isso, sempre entra na contramão para facilitar.

Pois aqui está a primeira lição da epopéia do pedal: ao andar na contramão, o cuidado deve ser quadriplicado. Evite entrar na contramão... e, melhor, nunca entre na contramão.

Estávamos subindo uma rua que não sei o nome, mas que sairia no final da Pio XII, uma quadra para baixo da avenida JK, quando na virada, eu fechado, para evitar os carros que desciam, vem um senhor educado (sarcasmo) e faz uma curva fechadíssima, jogando seu carro para cima de mim; tive tempo de desviar, evitando o pior, mas não o suficiente para evitar de bater meu guidão no retrovisor do carro. E foi só. Eu, nervoso, questionei o cara, pois deveria ter mais cuidado, já que estou de bike e poderia ter me machucado. Pois o raivoso gritava que eu estava na contramão, que eu era um babaca, que eu havia quebrado o retrovisor dele. E eu dizia que ele quase tinha me matado. Um baita stress. O Gui, na sua calma característica (d’onde esses guris tiram tanta calma nessas horas? Ou será que eu é quem sou estourado demais?) disse para eu sair fora, o que fiz, sábias palavras do Gui. Esses imbecis se enervam e se estão armados, saem atirando e depois pagam uma fiança e se safam de tudo. Essas leis brasileiras...

O susto foi grande e de traumatizar. Porque além de cuidar de mim, tinha o Gui. Entre mortos e ferido, seguimos nosso rumo. Encontramos o Jé adiante e fomos traçando o percurso conversando, sem rumo, mas com destino: Cambé. Melhor assim. E, para fugir do trânsito, fomos por dentro, ao invés de pegar a Tiradentes, que vira BR 369. E podamos por um trecho que não conhecíamos. Pegamos Estrada de chão, linha do trem, cruzamos terras nunca d’antes cruzadas.

E finalmente saímos em algum lugar conhecido. Conhecido? Mais ou menos conhecido: a PR 445, sentido Warta. Lugar que só passei de carro quando ia para Assis SP. E seguimos até a entrada da cidade de Cambé. Finalmente chegamos até um trecho que permitia a entrada no conhecido Jardim Ana Rosa. E então, depois de tantos lugares desconhecidos (e o Ana Rosa só é conhecido de nome) fizemos nossa parada para abastecer de isotônico. Nossos camelos (bikes) puderam ter um descanso. Nossa tração animal também, as pernas.

Parada no golfinho, foto da ‘esquerda gatorade’. E seguir adiante. Qual o enlouquecido cavaleiro andante Dom Quixote, a procura de sua Ducinéia de Toboso, fomos em direção ao centro da cidade, já noite adentro, para iniciarmos nosso retorno. Como era uma subida tremenda, nosso herói Gui desceu da bike e foi empurrando. Eu, como bom pai, esperei o guri subir ladeira acima, andando devagarzinho ao seu lado, até alcançarmos o Jé, que estava em um trecho mais plano.

Esquerda Gatorade: Gui, eu e Jé
Diferente do (anti) herói de Cervantes, mesmo tendo passado pelo Moinhos Dona Benta, não entramos em luta corporal contra o moinho, achando se tratar de dragões. E nem encontramos donzelas em perigo para defendermos sua honra.  

Eis que ocorre o que pode ser previsto, mas que é imprevisto e que jamais tinha ocorrido em nossos roles de bike: furou o pneu dianteiro da bike do Jé. E eu, que estava com a bike com os pneus totalmente carecas, me safei dessa. Tínhamos rodado, segundo o Jé, 15 km, ou seja, metade do percurso.

Segunda lição da epopéia do pedal: andar sempre com uma camâra de ar avulsa, a estepe. E com uma bomba para encher até o próximo posto.

No meio do caminho, alguns borracheiros me fez lembrar como é fácil encontrar esse profissional em Cambé, e que em Londrina não é tão comum. Mas, para nosso azar, todos fechados. Até que chegamos num, que tinha casa nos fundos. Resolvi tentar a sorte. Bati palmas, um cachorro estressado nos atendeu e seu dono, da porta. Deu para ver que era deficiente físico e gritou perguntando o que queríamos, visivelmente assustado e desconfiado. Ao pedir ajuda, ele titubeou, resmungou algumas coisas, até vociferar um “sem chances” desanimador para nós.

Demos meia volta e continuamos nossa epopéia, Jé empurrando a bike até o posto mais próximo, talvez 1 km à frente. E ao chegarmos ao posto do Super Muffato de Cambé, que por capricho do destino, não tinha calibrador. Mais 1 km do Jé empurrando a bike até chegarmos ao próximo posto e torcendo para que fosse possível encher o pneu e rodar ate minha casa, 15 km a frente.

Para calibrar colocamos no modo vazio e quase estourou a câmara de ar. Outras tentativas e ajuda do frentista e lá fomos nós. Como conheço o trecho de volta, expliquei para o Jé o próximo posto para o caso de esvaziar o pneu. E foi o que aconteceu, a cada trecho o pneu esvaziava.

No meio de tanto azar, a sorte foi que a PR 445 sentido Cambé - Londrina é recheada de postos; paramos em todos. Quando chegamos em frente à Uel vimos, de longe, uma cena inusitada: um cara correndo como louco e outro subindo em uma moto. O cara correndo em ritmo alucinado. Como dali 100 metros encontrei uma carteira jogada no chão, entendi o ocorrido minutos antes: mais um assalto para as estatísticas. Provavelmente sob a mira de uma arma o motoqueiro entregou seu veículo e saiu em disparada. Só não entendi qual artifício o assaltante utilizou para fazer o motoqueiro parar.


Então chegamos em casa, guardei a bike do Jé para arrumar na segunda e o levei de carro em casa. E isso já passavam das 20 horas. E ainda tinha combinado de ir ao cinema assistir com o Gui ao filme Um Corpo que Cai, na programação dos clássicos. Mas isso, meus caros, fica para outra historia. 

sábado, 11 de abril de 2015

DE PROFUNDIS - REFLEXÕES SOBRE O CAOS


“Às vezes acho que te amo, às vezes acho que é só sexo...”

Pensamentos contraditórios, confusão mental, frases confusas, soltas no ar, ao próprio gosto ou desgosto, sem sentido...

“Às vezes nada parece ter sentido,
Escuto choro aos cantos,
Me sinto perdido...”

Perdido ao leu, tudo confuso e sem sentido. Confusão mental. Palavras soltas no ar, pensamentos contraditórios e palavras sem sentido.

 “Às vezes acho que te amo, às vezes acho que é só sexo...”

Os dias estão cada vez mais loucos e contraditórios. A temperatura oscila entre 17º no inicio da manhã e 30º durante o dia e volta a baixar no final da noite. Vento e frio. Calor e sol. Tudo no mesmo dia. Caótico, contraditório, confuso. Confusão na natureza. Apenas característica da estação e da época do ano.

Frases perdidas, soltas no ar, desconexas. Não é assim no inconsciente? Tudo ao mesmo tempo e aparentemente sem uma lógica? Mas juntando os ‘cacos’ o caótico se torna bem compreensível e com bastante sentido.

A loucura não seria apenas a desordem do caos que saiu do controle? Dejours, quando estudou a organização do trabalho achava que encontraria um monte de malucos babando e rasgando notas de R$ 100,00. Reais não, Euros! Ou a moeda da França naquela época. Qual a moeda da França? Mas enfim, ele se assustou ao se deparar com trabalhadores aparentemente normais, em situação de penúria psíquica. Não seria esse o ‘normal’, ou seja, o louco, o desajustado social que deveria ser considerado dentro da normalidade? Sim, porque nessa sociedade sem valores, ou melhor, com valores monetários, em que as pessoas quase vendem a própria mãe, o normal seria surto psicológico ou psiquiátrico coletivo?

Mas pensemos e reflitamos um pouco: não estamos vivendo esse surto psicológico coletivo? As pessoas não estão saindo e matando sem nenhum motivo? Não vemos nas manchetes de jornal quase que diariamente pessoas matando a seus pares sem aparente motivo, por causas banais? Banalizando a violência?

“Às vezes, nada parece ter sentido
Escuto gritos, me sinto perdido
E vejo as pessoas perdidas, sofridas, sentidas...”

Palavras ao vento... frases soltas no ar... o caos!

Será que algum dia as coisas não serão mais tão confusas? Por que não posso ter o que quero ter? Por que não posso ter tudo ao mesmo tempo? Por que tem que ser assim? Toda essa confusão mental, todas essas dúvidas sobre tudo, sobretudo essas dúvidas.

“Às vezes acho que te amo, às vezes acho que é só sexo...
Violência e paixão!”

Palavras contraditórias, sentimentos contraditórios. Contraditorios? O caos. Continuidade. Uma coisa é uma coisa... e a outra coisa? Pode ser a mesma coisa, depende do ponto de vista. Depende?

“Você não tem forças para fugir da minha loucura!”

Ninguém parecer ter mais forças para fugir da loucura do mundo. As pessoas do bem são as pessoas mais filhas da puta que existem. Só o fato de se rotularem do bem já significa que não são porra nenhuma. Contradições. Ações contraditórias. Idéias contraditórias. Querer ser alguém sem o ser ou pregar uma coisa e fazer exatamente o contrario não seria uma característica dessa loucura social, uma conseqüência da doença social instaurada na pós modernidade? O que não é a pós modernidade senão essa contradição de idéias, sentimentos, valores? Essa loucura social?

Por que não posso ter o que eu quero ter?

“... eu quero quem eu não posso ter
E isso esta me deixando louco,
Está estampado na minha cara!”

A ordem do caos. Estampada na minha cara. E lanço defesas para manter a minha sanidade ou a minha loucura controlada. Piro a cada dia mais, mas meu remédio de tarja preta mantém meu equilíbrio. Que remédio? Lembro que não tomo remédios. Sou completamente contra as drogas, esse câncer social. Não! Não, não, não! O câncer social é a exigência de ser feliz completamente, 100%. A completude da vida. Viver uma vida procurando algo que te complete. Te vendem a idéia de que ter isso ou aquilo te trará a felicidade completa, te encherá todos os vazios da tua vida. Podem encher os vazios de qualquer vida consumista. Preenchem a alma? Oh meu Deus, não, isso podem prometer que não cumprirão.

Mas não

“... é assim que eles fazem e fazem muito bem?
Estranha coisa pra se dizer antes de
Vender mais mercadoria...”

A droga promete isso. Felicidade completa. O tempo todo. Mentira! Mentem um pouco... o tempo todo. A droga e a fuga da vida e não traz felicidade. Sensação de bem estar pode ser, mas felicidade? Quem é feliz em viver aprisionado num mundo que poderia ter o livre arbítrio?

“Mentir um pouco, o tempo todo...”

Idéias desencontradas, contraditórias. Sentimentos perdidos, sentimentos confusos. E o sono pesando nas pálbebras. O sono  rondando e embaçando a vista já cansada pelos dias, pela semana, meses e principalmente pelos anos a fio. A vista cansada, o corpo padecendo os excessos da vida, o presente cobrando o passado de excessos.

“Ofegando, morrendo, mas de alguma forma ainda vivo
Essa é a última resistência de tudo o que sou
Por favor, lembre-se de mim...”

Existe alguma ordem no caos? Não acredito. E na rotina? Na fuga da rotina? A fuga da rotina não seria uma rotina? O caos organizado. O caos instituído. O caos... nada mais caótico que o caos. Caos regrado e constante. O caos pode ser rotina. E se é rotina, existe uma constância e essa constância gera alguma ordem. Na estatística tudo e uma constante. E na ciência, que não explica muita coisa a não ser uma constância. Testes psicológicos são baseados em estatísticas e na constância de pessoas que respondem de determinada maneira e têm a tendência a terem um determinado comportamento. Ora, se a subjetividade pode ser matemática, então o que não será controlado por uma variável?

Aprendi que na vida tudo está relacionado a uma variável e a uma constância. A matemática da subjetividade e dos comportamentos. A matemática dos sentimentos. A ordem no caos. Como pode ser isso?

Freud explica. O caótico coelho caolho. A questão está posta na mesa. Desligue a TV, desligue o PC, se afaste do celular, do whatsapp e viva intensamente. Sonhe e realize o que seu desejo lhe permitir. Viva o caos dos sentimentos perdidos pelo tempo porque esse e implacável, curto e não volta jamais.

“Às vezes, nada parece ter sentido
Escuto gritos, me sinto perdido
E vejo as pessoas perdidas, sofridas, sentidas

Quando a vida se torna algo previsível
Onde fica a sensibilidade? Como posso ser sensível
Se sou tratado como mais um numero?
Sem sentido, perdido

Escuto choro aos cantos, sofrido
Gemidos sofridos, repetidos
Ordem no caos que se torna constante
Caos constante, ordem deprimente, sorrisos escassos

Abraços escassos, sorrisos escassos
Passos silenciosos ao longo
O silêncio dos gritos sofridos
O silêncio do caos instituído

Às vezes nada parece ter sentido,
Escuto choro aos cantos,
Me sinto perdido, sofrido, traído.”


Eu quero ter aquilo que eu não posso ter. 

domingo, 5 de abril de 2015

QUARENTENÁRIO - UMA TEMPORADA NO INFERNO - 43 ANOS

Márcio, Beto, Renato, Rogério e Fábio em meados dos anos 1970
 “... Seus beijos e abraços eram um céu, um sombro céu no qual eu entrava, e no qual desejaria que me abandonasse... Eu começava a habituar-me. Considerava que éramos duas crianças boas; livres para passear no Paraíso da tristeza...”

Dizem que a tristeza e a melancolia é o maior combustível para as grandes histórias, as grandes poesias, as grandes obras de arte, enfim, as grandes obras criadas pelos maiores artistas da humanidade. O que os psicanalistas chamam de sublimação. Mas e quando se está alegre demais, podemos sublimar? Transformar a alegria em mais alegria? Não sei. Com a palavra os especialistas.

Não sei porquê escrevo isso neste momento. Hoje é meu aniversário. 43 anos. São 43 outonos, que em alguns momentos foram bem vividos, de muita alegria e cheios de vida; mas também de muitos momentos da mais pura tristeza e melancolia. Já me disseram que sou melancólico. Lembro dos meus anos adolescentes em que eu realmente era melancólico e que escrevia canções para espantar aquele sentimento que tanto me incomodava. Principalmente quando estava sozinho, entre quatro paredes, no escuro do meu quarto. E, apesar de que éramos seis em casa, me sentia tão solitário quanto se morasse em uma montanha isolado do mundo. E me trancava no meu silêncio, no escuro da minha alma, sonhando com o dia em que tudo mudaria e que minha vida seria finalmente feliz.

Sempre lembro que esse meu humor que me levou a fazer psicologia.

Por que as coisas têm que ter um sentido? Por que as palavras devem seguir sequências, uma lógica, surgindo frases e parágrafos que fazem algum sentido? Arte não deveria ser apenas a essência, a alma do artista? Não deveria ser o âmago e que cada um descobrisse o seu ao ver, ler, sentir, ouvir?

É engraçado que depois de quase 30 anos ter vivido toda essa explosão de sentimentos dúbios, de tristeza e alegria, de euforia e melancolia, de sentimentos que não se complementam, mas são contraditórios e que não só rivalizam, como se conflitam, isso venha à tona nesse dia. No dia 29 de março de 2015. Muito tempo realmente se passou daqueles loucos anos ’80 do século passado. Mas o sentimento permaneceu. Os cabelos já com fios brancos, o rosto com as marcas do tempo, implacável me dizendo que não sou mais aquele guri dos anos ’80 e que preciso olhar para a frente e pensar no que fazer dessa vida que insiste em pulsar dentro de mim. Mas a minha alma, esta meus caros, minha alma permanece igual à daquele guri incerto, com suas dúvidas e paixões inquietantes e melancólicas.

E a barba, com diversos fios brancos, que nasceu nesses 43 anos completos, de dias atrás que não a faço e que cresce de forma desordenada e incomoda, não só a mim, mas principalmente às pessoas que se relacionam comigo, dando palpites em vão, para o gosto da minha teimosia. Como é difícil querer ser diferente do que se é. As pessoas traçam explicações e principalmente críticas. E como gostam de palpitar e de dar conselhos.

Mas o que vejo além dessas paredes brancas e sem vida? O silencio e a solidão que sempre me incomodaram tanto e que me fizeram tomar atitudes muitas vezes impulsivas para fugir daquilo que mais me deu medo nesta vida. Sim, talvez este o motivo de todos os meus atos que me trouxeram aqui hoje e que o destino, com sua mão invisível, com um falso ar de imprevisibilidade, me trouxe, me carregou no colo e me entregou a esse 29 de março de 2015.

... diga o que disserem, o mal do século é a solidão!” Diria que o mal dos séculos, da vida.

Em pé: Beto e Rogério.
Sentados: Fábio, Renato e Márcio
Os sentimentos mais antigos da vida? Talvez seja essa melancolia que se apodera de mim e que é fruto de uma incerteza do futuro e do que está me aguardando ali na frente, quando virar a esquina. Coisas boas, nem tão boas, ruins, muito ruins? E o que fazer quando o sentimento é tão forte que dilacera a alma? E o que fazer quando o sentimento é tão forte que edifica a alma?

O destino sempre me fascinou. Como pode ser tão inconsequente e imprevisível e ao mesmo tempo se mostrar tão regular em seus passos? Tão sistemático e disciplinado, brincando com nossas vidas a ponto de nos mostrar suas garras e ser frio e calculista, sem se importar com o que vamos fazer ou como vamos reagir a cada novidade que ele nos trás?

Sempre escrevi assim, dessa maneira, do inconsciente. As palavras vêm à mente, sem nem ao menos saber sobre o que estou escrevendo. Do fundo da alma. E sempre foi assim. Pegava o papel, a caneta e as palavras fluíam. Quando terminava, tentava entender o que estava escrito. Muitas vezes era incompreensível e então eu simplesmente rasgava e jogava o papel fora. Mas hoje me arrependo dessa atitude impensada e impulsiva. Talvez aquilo fosse incompreensível para aquele momento, mas para hoje poderia explicar muita coisa. E sempre, quase sempre, tinha dificuldade até para colocar nome nas canções que eu fazia, pois as letras falavam sobre nada e ao mesmo tempo sobre tudo. Sobretudo quem eu era naquele momento ou mesmo quem eu sou na minha essência.

Vago, solto, nu
A brisa me traz teu perfume
Caminho, descalço, sobre o asfalto quente...

Um sábado, no final dos anos ’80, recém chegado da praia, com aquele misto de tristeza e vazio que era característico daquela época da vida, após jogar bola com meus amigos, me tranquei no quarto, sem acender a luz e rabisquei alguns versos dos quais só lembro os que escrevi acima. E no final, por estar em um quarto escuro, esse foi o nome da canção que em seguida musiquei no violão.

Se o sentimento mais tenro da lembrança é esse vazio e melancolia, qual a lembrança mais antiga? Lembro de uma noite, ainda em Porto Alegre, eu com 4, 5 anos, no quarto, que ficava o lado da sala daquele casarão da Clemente Pinto 1073, quando a vó ainda era viva, escutava na sala os sons que vinham da televisão, com imagens em preto e branco, enquanto os “adultos” assistiam ao filme O Fantasma da Ópera. E nós, os pequenos, não tínhamos permissão para assistir a esse filme. Como os tempos mudaram...

Lembro em 1977 quando o Grêmio de Telê Santana quebrou o tabu e finalmente voltou a vencer um Gauchão. A festa que todos fizeram na cidade era enorme. Minha vizinha, dona Osmira, Gremista daquelas fanáticas, queimou um cobertor vermelho, na euforia louca de uma vitória com um gol seguido de um mortal na comemoração de André, o Catimba, autor do gol que deu o título ao Grêmio e finalizou o tabu de 8 anos sem ganhar o título regional.

Lembro da Lili e da Marisa, vizinhas com a nossa idade; lembro de brincar naquele quintal enorme de nave espacial; lembro de jogar bola e ser goleiro, entre as duas árvores do quintal; lembro do Drácula e da Draculina sua namorada, que no desvario daqueles anos da ditadura e de muito (falso) pudor, que
As gurias devem ser a Lili e a Marisa. Não acredito que essa
foto seja de '75. Sendo assim, teria 3 anos e pareço ter mais aí.
 provavelmente eram jovens adultos hippies, e que eram discriminados por serem diferentes e que levavam a fama de serem pessoas más.

E lembro da Vó. Quando quebrou a perna em 1976 ao descer uma escada. Foi o começo de sua morte. Não sei se quebrou a perna em ’76, mas lembro que foi esse ano que ela morreu. Lembro de tê-la visto descer as escadas em uma roupa branca e esvoaçante, depois que tinha morrido. Delírio ou não, essa é uma lembrança que tenho.

Lembro de churrasquear e de tomar mate. Com açúcar, porque éramos muito criança. Lembro de jogar botão em casa, em Porto Alegre. Lembro de jogar bola na rua. Lembro de que tudo era tão grande naquela época! Mas quando voltei à rua Clemente Pinto anos mais tarde, muitos anos mais tarde, vi que as coisas não eram tão grandes assim. O casarão do 1073 e o quintal enorme eram na verdade bem menores do que eu tinha em mente.

Lembro do Grupo Escolar Ceará e do Douglas, um guri encapetado que eu tinha medo. Lembro da professora Darci Veríssimo e de quando ela tirou licença quando o Érico, um parente seu, havia morrido. Érico Veríssimo, um dos maiores escritores do Brasil e do mundo. Lembro de anos mais tarde, em Santos, ler suas obras completas, uma que a dona Sirlei tinha, autografada pelo famoso escritor. Coleção esta que a Sirloka doou a um sebo quando mudou, sem saber o tesouro emocional que nos fez perder.

Lembro de alguns aniversários. Poucos, mas marcantes. Presentes sempre foram poucos, mas sempre gostei de fazer aniversários. Só tinha medo de envelhecer. E sempre pensei que morreria aos 45, sem estar muito velho. E faltam apenas 2 anos. Será que está mesmo na hora?
E lembro de escutar música. Horas e mais horas a fio. E ter esse mesmo sentimento de vazio, de que o dia não terminará nunca e que nunca essa angústia passará.

Quando quero lembrar de alguma coisa da vida, lembro de qual canção estava curtindo na época. E quando escuto alguma canção, logo me remete a algum momento da vida.

São lembranças que me ocorrem neste momento. Como quando nos filmes alguém morrerá e vê a vida passando pela frente em alguns minutos. E a música continua tocando, insistentemente, horas a fio. Até os olhos se fecharem e um novo dia começar. E então não será mais 29 de março de 2015. E não será mais meu aniversário; e não terei mais 43 anos exatos, completados às 15 horas desse domingo.

E tudo será diferente!

“...E agora o Pinhal
Não tem mais a gente lá
Eu volto pra lembrar
Que a gente cresceu
Na beira do mar

... Quando tenho tempo
Dou uma passada lá pra ver como estão
Se estou na zona norte
Pego a estrada do forte pro meu irmão.”

“Oh, dar-me-ás a vida de aventuras que existe nos livros infantis a fim de me recompensar do quanto tenho sofrido?”

PS.: escrevi esse post em 29 de março de 2015, postado uma semana a posteriori.

domingo, 15 de março de 2015

QUERENTENÁRIO - SOBRE INSPIRAÇÃO E ESCOVA DE DENTES


Minha inspiração vem do nada. Ou de tudo. Mas não é uma companheira fiel, que tem hora marcada. Quando ela vem, se não estou preparado, ela passa e me deixa na mão. E me deixa com ar de que poderia escrever minha obra prima e deixei passar a oportunidade. Tento estar sempre preparado, mas nem sempre consigo.

Muitas das minhas grandes idéias se perderam assim; outras se perderam por não compreender bem a inspiração que veio. Muitas vezes ela não flui com facilidade, tem que haver investimento de energia. É uma luta que se trava no meu cérebro. E tento não esquecer, não perder a emoção do momento; mesmo quando estou despreparado procuro tentar amenizar e buscar o ambiente para fazer com que se prolongue. Ainda não sou tão adepto às tecnologias para gravar a idéia e transcrever.

Mas se estou caminhando, no mercado, ou em algum lugar com acesso a uma caneta e papel, vou logo pedindo para alguém me socorrer e não perder a idéia. Geralmente, se demoro, não consigo recriar o ambiente. Aí escrevo e as palavras não têm a mesma beleza de outrora. A idéia se foi.
Às vezes teimosa, a inspiração persiste; sem muita intensidade, as letras ficam desconexas e as palavras parecem não ter a mesma conotação; quando não têm a mesma intensidade, se perdem no papel. Mas se permanece na cabeça, insiste, persiste, me tira do marasmo, da mesmice, da rotina. Me dá vida!

Quando era adolescente escrevia canções para expressar minhas angústias da idade. Tocava violão (mal e porcamente, como diria a d. Sirlei) e conseguia amenizar meu sofrimento. Queria ser um rock star. Não virei. Mas em algum lugar esse sonho ficou guardado.  

Ouço a voz da d.Sirlei dizendo que fazíamos algo “mal e porcamente!” reclamando  de algo mal feito. Era a forma dela incentivar-nos a fazer as coisas da melhor forma possível. Se deu certo, não sei. Sei que eu queria fazer tudo diferente com meus filhos, quando pensava em tê-los. Quando os tive, todos os ensinamentos da d. Sirlei serviram para criar meus filhos da melhor forma que pude. Por mais que tenha errado na educação e criação deles, o aprendizado com a d. Srilei e também do Flamarion (pois com sua ausência aprendi que tinha que ter responsabilidade e não fazer algumas coisas) foram de grande valia. Para a vida.

Escuto a voz da d. Sirlei dizendo que eu ou meus irmãos não sabíamos nem limpar o rabo quando queríamos fazer algo que ela era contra ou não tínhamos maturidade para fazer. Aquilo era uma ducha nos planos; estragava qualquer romantismo que pudesse ter naquele sonho. Era a realidade batendo à porta. É cômico lembrar disso agora. Mas na época era frustrante... muito frustrante.
Muitas vezes persistia. Insistia. De algumas coisas desisti. Claro, alguns delírios seriam frustrantes não alcançar por falta de capacidade.

Quando comecei a aprender a tocar violão, mais ou menos, aos 13 anos, mais ou menos quando comecei a romancear meus pensamentos e sentimentos em versos que chamava de canções, fui estudar música no Teatro Municipal de Santos. Fiz um ano, gostava pra caramba, lia partitura. Eu fazia com afinco, não queria fazer mal e porcamente. Porém, se o Punk Rock foi uma das melhores coisas que me apareceu, também me atrapalhou. Queria tocar aquilo que escutava. E aquilo era tosco, pobre, pesado e cru, com 3 acordes apenas. Mas apaixonante. No meu imediatismo próprio da adolescência aquilo que estava estudando e aprendendo não servia para nada. Com alguns acordes e suas combinações era possível musicar meus versos delirantes. Era mais do que suficiente. Logo abandonei as aulas e fui trilhar uma carreira não promissora de rock star. Durou alguns anos esse delírio. Mas boa diversão.

Talvez minha primeira frustração e o primeiro arrependimento na vida. Não tinha ilusões com o futebol, apesar de jogar bem. E naquela época, todos queríamos ser jogadores de futebol. Mas eu preferia impressionar as gurias com uma guitarra na mão e alguns versos de efeito de uma canção.
Meu primeiro emprego foi na loja de sapatos do velho seo Jorge, na praça da República, centro de Santos. E com meu primeiro salário (ele pagava quinzenal) não fui comprar uma bola ou uma camisa do Grêmio, como o Fábio, mas um violão nas Casas Bahia, que já vinha namorando a dias. E comprei à vista, coisa que assombrou meu primeiro chefe turco. E sempre andava com um papelzinho, revistas de cifras musicais e uma caneta a tiracolo. Queria fazer música e rodar o mundo.

E naquela época estava sempre preparado para a inspiração. Ela era mais freqüente que hoje. Mente inquieta, vivia pulsando. E escrevia, escrevia. Depois lia e, critico, jogava no lixo. Hoje, quando escrevo e não gosto, aperto Control T e Delete. Ou guardo para melhorar a idéia. Geralmente não volto a ela. Mas quando volto, lapido.

Hoje a tal inspiração bate menos à porta. Vida atribulada meus caros! Mas ela teima em aparecer. Geralmente quando estou impossibilitado de passar para o computador ou para o papel. E mesmo lançando mão de muitos artifícios para criar o mesmo clima, escuto uma canção apaixonante, me sento a frente do note book, olho paisagens delirantes, vou cagar e tantas outras coisas que não dão o mesmo resultado e demonstram ser ações em vão, porque, teimosa, ela insiste em não retornar. Sim, porque ela é insistente e persistente, tanto para vir quanto para ir. Para o bem e para o mal. E a idéia se perde. Para sempre.

Fruto de uma manhã de sexta feira (as sextas feiras são propícias para a inspiração chegar. Mas dias tristes também), quando fui escovar os dentes e notei algo estranho, escrevi os versos abaixo. Ela veio. A tal inspiração batendo à porta enquanto escovava os dentes. E fui correndo abrir o note book, que deixei aberto o dia todo e a madrugada toda de sábado, para fluir, para não perder a idéia. E deu no que deu.



MINHA ESCOVA DE DENTES DESCARTÁVEL

Hoje o dia amanheceu mais cedo
Me olhei no espelho e tudo estava estranho
Eu não parecia o mesmo
Apesar daquelas mesmas marcas no rosto
Denotando o tempo que passou sem piedade
Foi hoje, ontem, talvez amanhã?
Não importa, mas as coisas não encaixam mais como antes.

Escovei os dentes e minha escova estava estranha
O peso da minha idade?
Ou minha escova ultrapassada?
Não tinha mais o formato dos meus de dentes
Da minha boca
Ela não parece ser a minha velha escova de dentes
Minha companheira de todas as refeições
Minha companheira tão freqüente.

Algo mudou em tudo ao meu redor
Eu me apaixonei pela garota mais apaixonante
Mesmo que pareça algo delirante
Sempre estive apaixonado por ela
Apenas adormecido pelo tempo e levado pelo vento pra longe de mim
Sempre estive apaixonado pela garota mais apaixonante
Em meio a tantos delírios... delirante
Fui um tolo por não perceber
Apenas mais uma tolice ao não perceber

Mas minha escova de dentes já não se adapta à minha boca
Ou sou eu que não me adapto a ela?
Minha escova de dentes desajustada
Meus dentes tão sensíveis e acostumados
A ela. E agora, o que fazer?
Basta trocar
 Mas eu vou me acostumar?
É tudo tão estranho esta manhã, mas enfim, não serei eu o desajustado?
Mudo eu, troco eu?
Ela não é flexível.
Eu sou?

O que essa paixão fez comigo? Estou desajustado no meio de tudo
Ao mesmo tempo parece que nada mudou
Eu mudei.
Minha escova de dentes continua a mesma
Continua?

Se um objeto não se adapta, jogamos fora e trocamos
Porque são objetos descartáveis
Mas e as pessoas que não se adaptam? E as pessoas que se tornam desajustadas
E que não conseguem mais seguir o convencionado?
São trocadas por outras e mais outras
Então são descartáveis?
Puro silogismo
Mas é assim que funciona
É assim que funciona?
Tem que funcionar assim?
Somos todos descartáveis e
Quando não servimos mais, somos trocados
Então somos descartáveis?
Então somos objetos e não humanos?

Vou jogar minha escova de dentes fora
E comprar uma nova
Ela é um objeto descartável
Mas se eu acordei diferente é por que estou apaixonado por você?
E isso me torna mais importante na tua vida?
O que me torna o cara ideal para ti?
Estou apaixonado por você
E isso me torna diferente? Me faz diferente?
Eu posso ser o cara ideal para ti?

Minha velha escovas de dentes
Vai deixar saudade
Tudo nessa idade se transforma em luto a elaborar
Toda perda se torna um fardo a me preocupar
As marcas no rosto denotam a minha idade avançada
A minha escova antiga, ultrapassada
Esquecida
No fundo da lata de lixo
Isolada e perdida
Já que suas cerdas desgastadas são sinais de que está ultrapassada

Como as marcas no meu rosto demonstram minha idade avançada.

domingo, 8 de março de 2015

QUARENTENÁRIO - AS CANÇÕES DA MINHA VIDA - VOLANTES - GOETHE COM MOSTARDEIRO

Volantes é uma banda que durou pouco, mas que mexeu muito com minha vida musical. Como oficialmente não houve um final e eles estavam gravando um disco pela DeckDisc há uns dois anos atrás, três talvez, a esperança é de que um dia voltem. Isso tudo depois de mudarem de Porto Alegre para São Paulo e mudarem a formação original, que já havia sido mudada com a saída do baixista Guilherme Nunes e a entrada de Bernard Simon. Quem sabe não nos surpreendam com um disco e uma volta triunfal um dia?

Conheci de forma inusitada a banda. Primeiro que sou seguidor do rock portoalegrense desde os anos 1980, quando escutava as promissoras bandas Os Replicantes, TNT, DeFalla, Os Cascavelletes e algumas que fizeram grande sucesso no âmbito nacional, Engenheiros do Hawai e Nenhum de Nós.

Dizia que conheci a banda de forma inusitada. Foi através do Orkut. Até aí tudo bem, muitas bandas divulgam seus trabalhos nas redes sociais, principalmente facebook e twitter. Mas o Orkut (lembram dele?) tinha umas comunidades que a galera participava para trocar idéias, dar opiniões, brigar ou até mesmo se fazer de entendido daquilo que não entendia birosca nenhuma.

Uma das comunidades que eu participava e era um assíduo “comentador” (e eu participava de todas as comunidades que fazia parte, dando meus pitacos balizados, inúteis e totalmente leigos na maioria das vezes) era uma chamada Futebol Arte é Coisa de Viado (?). Na verdade uma sátira dos, como eu, defensores do futebol feio e de chutão para a frente, dos volantes de contensão, dos carrinhos na bola e principalmente das maravilhosas retrancas. Sem essa de chutes de efeito, firulas e frescuras de jogadores cai, cai como Neymar e tantos outros brasileiros frescos que vemos nos campos deste país. E daqueles que defendem que 1 a 0 é goleada e que depois de tomar um sufoco do caralho a partida toda, faz um gol de falta ou de contra ataque. Que se foda, o que vale não são os três pontos? Então, prefiro um jogo horroroso e ganhar o título, do que ficar com frescura e perder. Acontece que há anos o Grêmio joga feio e perde, dirão meus críticos. Infelizmente, tem isso.

E nessas discussões tinham os defensores do futebol arte. O que faz um cara, que gosta do chamado futebol bonito, participar de uma comunidade com esse nome? P R O V O C A Ç Ã O com certeza! Mas esse é o barato, discussões calorentas, sem nenhuma razão, somente com o sentimento, um xingamento só e uma puta terapia cibernética.

Numa dessas discussões, um defensor do futebol arte, ou seja, um bico na comunidade, que só queria satisfazer seu desejo de “criar caso”, deixa um link zoando com um cara chamado Guilherme Nunes. Provavelmente (não lembro) por causa de algum tópico de muita batalha (às vezes baixa) verbal. Curioso, entrei no link, que tirava um sarro do cara e vi que era uma foto dele com uma guria, na certa sua namorada, com a legenda: “próxima capa da caras”. Mais curioso ainda, fucei no perfil do cara e vi que tinha uma banda. Além disso, o cara era gremista. Isso fez eu me identificar mais ainda com ele. Mas não acreditava que poderia gostar de uma banda que conhecesse dessa forma. Entrei no perfil do cara e consegui uns links para escutar suas canções. Puta merda! Os caras eram geniais! Eu tava escutando uma junção de Joy Division com New Order, cantado em português? Era isso mesmo? Era! E com letras românticas de pura poesia. Um vocalista sensível, uma voz afinada, um som que lembrava o melhor do tecnopop dos 1980.
Show em Curitiba, na James

Daí para a frente foi uma adoração pela banda, que me fez bandear (com o perdão do que poderia ser um trocadilho infame) para Curitiba no início do inverno de 2011, para assistir a um show dos caras. Lá no James, uma boate GLS no chique bairro do Batel, região central da bela capital paranaense. E foi mesmo afudê o show dos caras.


Arthur - vocal e letrista - na James em Curitiba
Em seguida os caras gravaram um EP maravilhoso (Sobre Gostar e Esperar), gravaram um clipe de Maçã e de No Corredor, Ali.

Em 2012, novamente nos reencontramos com a banda. Desta feita em um show em Maringá, no Tribus Bar, um bar underground na Cidade Canção. E novamente era um inverno rigoroso.

Volantes é a banda mais legal que surgiu neste século no cenário nacional. A chamada cena indie onde já despontou bandas como Ludov (que assisti ao vivo em Assis em 2008), Mop Top, Columbia, Vanguart, Pullovers, Gram, que voltou recentemente depois de uma separação de alguns anos, Los Porangas, Cambriana, Móveis Coloniais de Acaju, Viana Moog e tantas outras que demonstram que o rock não morreu; e que no Brasil, de norte a sul os caras mandam bem pra caralho! Basta dizer que a Vanguart é de Campo Grande (sim meus caros, Campo Grande também tem rock, porra!) e Los Porangas do Acre... do Acre, caralho! E Viana Moog de Novo Hamburgo... Roquenroll, porra!

Mas Volantes é diferente. E não (só) por ser de Porto Alegre, de onde vêm Sabonetes, Cartolas, Apanhador Só, Reverso Revolver (a banda do Guilherme Nunes, quando saiu da Volantes), Viana Moog (que na verdade são de Novo Hamburgo, no pé da serra gaúcha), Nacional Riviera, Gullivers, Pública e tantas outras que agora não me ocorrem. Mas sim pelo som totalmente diferente de tudo o que está rolando no momento. Difícil de descrever para um leigo. Mas muito teclado, mistura eletrônica e toda essa salada, com guitarras marcantes e baixo e bateria em uma sintonia joydivioniana, efeitos. Em seus releases se apresentam como influenciados pelo pós-punk e indie dance dos anos 1980. E fazem muito bem! Na minha opinião, nada do que qualquer um fez no rock brazuca até hoje. Essa originalidade, embora influenciada fortemente pela música dançante inglesa, é que os tornam especiais.


Volantes é a melhor banda que surgiu depois de Los Hermanos. Esta no final do século passado; aquela no novo século.

Foi difícil escolher uma das suas poucas canções gravadas. Meu Samba sempre foi minha predileta. Mas depois do EP passei a curtir Nas Ruas. Maçã é sensacional. Mas Goethe com Mostardeiro é especial. Totalmente Porto Alegre. Quem não conhece minha terra natal, a capital dos gaúchos, a melhor cidade do mundo, que tem o por do sol mais bonito do mundo (no rio Guaíba), a rua mais bonita do mundo (ops, estou sendo sentimental demais. Deixa eu voltar), jamais entenderá o nome dessa canção. Goethe é uma avenida que corta o centro da cidade e chega até o Parcão, como é vulgarmente chamado o Parque Moinhos de Vento, em uma das regiões mais nobres da cidade. E Mostardeiro é uma das ruas que cortam a Goethe, pelo mesmo bairro. Uma região de encontros em bares da noite portoalegrense, geralmente dos jovens mais abastados. A Mostardeiro é também um dos primeiros endereços do Grêmio.

Só para esclarecimento, na Mostardeiro fica o Hospital Femina, onde nasceu meu irmão mais novo Renato. Isso foi fruto de muita gozação na nossa infância. Imagina, nascer em um hospital chamado Femina. Porém esse hospital é especializado na saúde da mulher.

Bem, mas chega de blá,blá, blá e vamos à canção. Quem tiver curiosidade e gosta de garimpar as bandas de rock do Brasil, deve se aprofundar e procurar pelo youtube pelas canções da Volantes. Sugiro começar pelas citadas Maçã, As Ruas, Meu Samba, 126 e Meias. E Última, a Love Will Tear Us Apart dos caras. E vale a pena buscar mais sobre as bandas nacionais citadas. Os saudosistas vivem dizendo que hoje em dia não se faz música boa. Se faz sim, só que não toca no rádio. Esqueçam das rádios comerciais, eles jamais tocarão o que é de bom. Eduquem seus ouvidos com música boa. Rádio emburrece os ouvidos.

Espero que curtam o som. E ouçam no volume máximo. Façam o vizinho que gosta de sertanejo ou de funk escutar um pouco de música de qualidade.


Goethe com Mostardeiro

Como faz pra ter alguém tipo você?
Como é lá dentro da casa em que eu não entro?
Quando você pega um táxi na esquina
E some em meio aos outros carros na avenida
Como é pra você olhar para o espelho?
Logo de manhã
Me dê algum conselho
Qualquer livro besta
Que você tenha lido
E faça diferença se eu encontrar contigo

Vou errar todas as palavras pra você me corrigir
Na hora mesmo lhe roubo um beijo
E acordo no mesmo lugar

domingo, 1 de março de 2015

ÁLBUM DE FÉRIAS III - THIS IS THE END

“... há quanto tempo desejo seu beijo
molhado de maracujá
tô me guardando pra quando o carnaval chegar...”

O carnaval chegou, o carnaval passou, o ano finalmente começou (aquele velho ranço dos mau humorados e pessimistas, da turma do quanto pior, melhor de que o ano só começa com a quarta-feira de cinzas) e aqui estou ainda falando de férias. Mas agora as férias das férias e finalmente a praia, o paraíso, a vida vagabunda, o gozo, o nirvana. Porque para nós, férias sem praia, não é praia. De preferência que seja no litoral catarinense.

Certo que já havíamos passado a primeira parte das férias em Santos. Mas o calor intenso e a (má) balneabilidade das praias da cidade, nos impediram de qualquer relaxamento na praia. E o que queríamos em Santos era curtir a família, a mãe, os irmãos, a sobrinha fofolona, as cunhadas. Sem compromissos ou horários. A praia no máximo para uma corrida e fazer algumas atividades físicas logo no início da noite. Isso quando não caíam as tempestades carregadas de energia que faziam o céu ser rasgado por relâmpagos, tão belos quanto perigosos. Ah, e claro, propício para o nosso futebol anual. Para o futebol, as areias das praias santistas são das melhores. Até hoje não conheço nenhuma praia com a extensão grande que permita a pratica do esporte mais popular no país. Até o football americano a galera estava praticando naquela tarde de sábado.

Porém, agora era a hora de curtirmos as praias da Bela&Santa Catarina, como vive dizendo o Rogério, que mora em Navegantes e sabe o que está dizendo. O paraíso! Quem conhece as areias praianas de Santa Catarina não deseja outra praia para ser o seu cantinho da preguiça nas férias. Pode ter a sua praia predileta, mas qualquer delas é um pedaço do paraíso.

Para o verão 2015 não tínhamos programado nada. De certo era o ano novo em Santos, o que não ocorria desde 2009. Mas tradição virou passarmos o ano novo com o Rogério e a Terê. 2014 o inesquecível réveillon na casa da Fernanda e o amanhecer em Bombinhas, Canto Grande para ser mais exato, já que Floripa estava com a entrada principal fechada, devido à queima de fogos. Agora 2015, como não rolou a casa de praia dos Silveiras na Guarda do Embaú, em Palhoça, como havíamos tentado nos organizar e ir todos os irmãos, cunhados e sobrinhas, combinamos Santos e como vimos anteriormente, não foi possível ir todos.

A idéia era sair de Santos no dia 4 de janeiro rumo ao norte, sem lenço e sem documento, sem rumo qualquer. Certa feita fizemos isso, eu e a Juliana. Inverno de 2011, 12, alguns dias de feriado e folga, fomos rumo ao sul; chegamos em Curitiba e não tinha hotel pois tinha um concurso grandioso; fomos para Joinville e tinha o Festival de Dança de Joinville, um evento que movimenta a cidade e a região. Fomos parar em São Francisco do Sul. Ao menos conhecemos a cidade histórica e as praias de São Chico. Um dia em Curitiba fazendo alguns passeios programados e um dia em Joinville assistindo a alguns (belos) espetáculos do Festival de Dança e por fim as areias gélidas de um inverno rigoroso em São Chico.

Escaldada com as minhas maluquices e desta feita com os guris juntos, apesar de ambos terem o mesmo espírito aventureiro do pai, pudera, na flor da adolescência, a Juliana começou a procurar algumas posadas. Até que encontrou nossa casa de praia: um residencial na Ponta do Papagaio, uma das praias de Palhoça, cidade na região metropolitana de Florianópolis, a 7 km da capital. Uma viagem que de Santos daria pouco mais de 700 km e um valor de pedágio de R$ 14,00, bem diferente dos 600 km que separam Londrina de Santos e seus mais R$ 150,00 para exercer o direito de ir e vir. A voracidade dos pedágios paulistas e paranaenses, que pesam vergonhosamente sobre o bolso do usuário. Só pode ser uma campanha patrocinada pelas companhias aéreas; ou pela vergonha descarada dos empresários dessa área e dos políticos. Mais certa esta última hipótese.

A viagem Santos – Palhoça começou assustadora. Pegamos as estradas do litoral sul paulista. Mas para sair de Santos fomos por São Vicente e Praia Grande. Nunca havíamos passado por tais lugares anteriormente. Essa estrada era nova para nós, os desbravadores do litoral. A periferia de São Vicente e da Praia Grande é feia demais. Não pela simplicidade das casas ou até mesmo pela pobreza. A tempos isso mudou e a urbanização das favelas nas cidades melhorou esse aspecto. Meu irmão Renato, que mora em Santos, nos pediu cuidado e atenção, esclarecendo alguns trechos os marginais costumam ficar na espreita, principalmente em locais com redução de velocidade ou engarrafamentos (algo muito comum em qualquer estrada que leve ao litoral do Brasil nessa época) e agir na primeira bobeira dos motoristas. Mas isso não ocorreu, apenas a paisagem triste. Não pela pobreza, que se assemelha a qualquer outra periferia das grandes (e pequenas) cidades, mas pela sujeira nas ruas e o descaso com o meio ambiente tanto do poder público quanto da população.

E haja bananal! Até Curitiba era só o que tinha na estrada. Deve ser o maior bananal do Brasil e foi isso que os portugueses encontraram quando chegaram ao Brasil, além das belas índias nuas: muita banana. Aos que têm a mente poluída e que pensaram em algo que não seja a fruta banana, fiquem tranqüilos que não tem duplo sentido no que escrevi.

O domingo inteiro dirigindo, fazendo algumas paradas estratégicas, falando ao celular com o Rogério, que também havia pegado a estrada para Navegantes, apenas algumas horas depois de nós, que saímos com o nascer do sol. Almoço em Joinville, umas das nossas cidades prediletas. Sempre passamos e paramos em Joinville e suas ruas que lembram muito nossa querida Londrina, apesar da colonização alemã. Em nossa breve passagem por Caiobá, quando moramos por alguns meses no litoral paranaense, Joinville era o nosso porto querido, a nossa civilização.

Depois de Joinville, fomos direto, sem parar, até chegar em Palhoça, ainda de dia, bater cabeça para achar a Ponta do Papagaio, que fica há mais de 20 km do centro da cidade, depois procurar o endereço do residencial, que estava errado no site, ruas com nome de número (rua 100 a primeira quadra, 200 a segunda e assim por diante) com travessas (eles chamam travessas de Servidão) 101, 203, etc. Isso confundiu nossas mentes cansadas da viagem e os poucos neurônios em funcionamento.

Para atrapalhar um pouco mais, no meio do caminho recebemos uma ligação do dono do residencial, que preocupado com nosso atraso, nos informou que estava saindo para o enterro de um parente e nos orientando como fazer na chegada. Enfim chegamos, nos instalamos e mesmo com o cair da noite, fomos dar uma volta na praia, pisar na areia e conhecer a “nossa praia”. O residencial ficava a trinta passos da praia, praticamente descíamos as escadas do apartamento e pisávamos na areia da praia da Ponta do Papagaio. Melhor que isso? Não conheço e nem quero, porque não deve ser coisa de Deus, meus caros, não deve ser!

Foram oito dias de verdadeira vagabundagem, acordar, ir para a praia, voltar, comer, dormir, ir para a praia, voltar para casa, dormir, acordar, repetir o que fez no dia anterior e depois de novo e de novo. E coçar o saco, baby, coçar o saco o tempo todo! Fazer o que melhor tem na vida: aproveitar a vida sem fazer nada, sem relógio e calendário. Que dia é hoje, que horas são? Isso não existia em nosso vocabulário desde Santos, desde o dia em que pegamos nossa bagagem e rumamos para Santos.

Quando fomos para a Guarda do Embaú, local que o Rogério escolheu para morar daqui uns anos, por amar aquele pedaço do paraíso, ficamos encantados com tanta beleza. A peculiaridade de atravessar o rio da Madre para chegar na praia, ainda mais bela, com fortes ondas, propícia para a prática do surf, é um dos encantos daquele local.Tudo isso a 7 km da nossa ‘casa’.

O Victor encontrou seus amigos de Londrina, uns guris metidos a hippie e foram acampar no Vale da Utopia. Passou dois dias e uma noite e não curtiu muito a vida rústica dos ripongas do século XXI. Muita barba, pêlo, piolho, sujeira e maconha; pouco conforto e higiene. Mas uma aventura, sem dúvida, mas da qual não tenho mais pique, mas o Victor, com seus 20 aninhos, tem muita lenha para queimar.

Mas trouxe consigo histórias e um desejo de trilharmos o caminho que leva ao vale da utopia, a partir da Guarda do Embaú. Mas antes dessa trilha, havíamos combinado de pegarmos a estrada e mais 70 km ao sul (como aparece o número sete aqui) com destino a Garopaba e suas conhecidas praias paradisíacas, embora falar de paraíso no litoral catarinense seja uma redundância tremenda.

Queríamos conhecer a famosa Praia do Rosa. E lá fomos nós logo cedo para a estrada rumo à Garopaba. Lá se confunde um pouco Garopaba com Imbituba, já que é tudo junto e misturado. Chegamos com a praia vazia, o que aos poucos mudou a paisagem, com a chegada dos banhistas e a turistada mais preguiçosa, que acorda tarde, trazidos pelo andar do relógio e pelo sol que se firmava no céu.

Como em todas as praias, fomos explorar o extremo norte da Praia do Rosa, já que estávamos no lado sul. No meio da praia, que tem uma correnteza forte e ondas perigosas, em seu gélido mar, um riacho, lago, sei lá, de água doce, levemente quente, onde as famílias com crianças pequenas se banham, por ser água tranqüila e rasa, sem a braveza da Rosa. E assim manter a tranqüilidade de pais e mães com seus pequerruchos. Paramos um pouco, fui até o centro da lagoa nadando, pensei em atravessar para o outro lado nadando, mas desisti para não demorar muito.

Chegando ao extremo norte da praia do Rosa, nos deparamos com o morro e uma trilha que levava ao destino de mais um paraíso: a praia Vermelha. Trilha esta maravilhosa, com paisagens ainda mais belas. O caminho verde, rochoso, o sol a pino, nas nossas costas a Praia do Rosa se distanciava e a todo momento pausa para uma foto. Adiante nos deparamos com um maluco atravessando de um penhasco a outro, praticando slackline. Provavelmente gravando algum programa do canal Off.

Entretanto, após andarmos por mais de hora, não encontramos a praia prometida e voltamos, pois não estávamos preparados para uma trilha tão grande, sem água e até descalços. Ao chegarmos, cansados e extremamente encalourados, com fome e principalmente sede, pegamos nossas tralhas de praia e rumamos à praia mais importante que soubemos na redondeza: a Praia do Silveira, em Garopaba. Depois do almoço, embora cansados e suados e com vontade de sombra e água fresca, literalmente, não podíamos deixar de conhecer essa praia. Os Silveiras desbravadores do litoral conheceriam a praia que levava o seu nome.

Roda daqui, roda de lá, pergunta daqui, pergunta de lá (não tenho GPS) e finalmente nos deparamos com um enorme supermercado com o nome Silveira. Sinal de que estávamos perto, embora tudo em Garopaba leve o nome de Silveira. Parada estratégica para abastecer de água, banheiro limpo e etc. E lá fomos nós de encontro à praia dos sonhos dos Silveiras.

As placas indicavam a praia; parada para foto na placa, foto da paisagem... Até que descobrimos a origem de nome tão familiar a nós para a praia. Uma das placas trazia os seguintes dizeres:

SILVEIRA – é uma das mais lindas praias de Santa Catarina e destaque entre as praias brasileiras. É considerada uma das melhores do mundo para a prática do surf. É chamada de Silveira por existir em sua lagoa um capim chamado silvado ou capim silva, utilizada na época para cobertura das casas.

Aos poucos, ganhando asfalto no meio do morro, deixando para trás, a cidade de Garopaba, à esquerda a praia Central e à frente o morro, uma vista encantadora para qualquer dos lados. Se à esquerda estava a praia Central de Garopaba, ao fundo as dunas de Siriú; à frente o morro que escondia a Praia do Silveira. Vira daqui e dali e finalmente a primeira vista da praia: ao fundo uma areia branca e o mar azul. Influenciado por nossa emoção, empolgação e alegria, a vista mais linda do mundo. E haja foto de todos os lados para registrar a descoberta de mais um paraíso catarinense. Decidimos ir para o sul da praia uma vez que a descida era menos íngreme e aparentemente mais tranqüila para voltar. Apesar do asfalto, muita areia se misturava e já tínhamos passado por isso em uma das praias da Penha no verão anterior, com o carro derrapando na subida.

Descemos e procuramos uma entrada para a praia, com dificuldade, pois aparentemente há apenas uma na parte sul: a praia é cercada por vegetação. Nem lugar para estacionar o carro tem; é uma estradinha com algumas construções ao longo. E a entrada para a praia. É necessário deixar o carro no único lugar possível: um estacionamento há alguns metros da praia. E para chegar finalmente nas areias da praia do Silveira um caminho estreito entre a vegetação e uma areia de queimar os pés. Uma gringa passou por nós de meia, se gabando de sua inteligência. Ano que vem, meia nos pés galera!

Chegamos na praia, já com os pés queimando e a areia densa quente demais esquentava nossos pés já sofridos pelo caminho até ali. Poucos banhistas aproveitavam a beleza daquela praia. Pouco ficamos, mas deu tempo de tomarmos um caldo no límpido mar revolto enquanto tirávamos umas das intermináveis fotos.

Estafados mas extasiados, não exploramos a praia, o que ficou para o próximo verão, planejamos ser a primeira praia de 2016. Possivelmente passar o ano nas suas areias. Mas ainda tivemos ânimo de ir até o mirante de Garopaba e ter a visão de cima das suas praias; menos a do Silveira, que fica realmente isolada atrás dos morros, o que dificulta a presença do homem, talvez esse o segredo de sua beleza, quando mais a esmo, menos exploração do homem e menos destruição.

Ao voltarmos para ‘casa’, combinamos de fazer a trilha que leva ao Vale da Utopia. Os quatro aventureiros. Desta vez preparados, com água em abundância, de tênis e roupa para nos proteger do sol escaldante. A trilha é grande, com muitos trechos difíceis. Mas a vista meus caros, vale qualquer esforço. Era como estar nas montanhas e na praia ao mesmo tempo. Se por um lado trafegávamos no meio do mato e desviando de bois e vacas no caminho, até cavalos, do outro lado o mar a perder de vista. Até chegarmos, extenuados com o forte calor que o sol exacerbava, numa prainha de água gelada e algumas ondas: a chamada Prainha do Vale da Utopia. Com direito a chuveirinho para um banho refrescante e o mar para relaxar; com árvores e sombra para um cochilo revigorante até a volta ou continuar a trilha.

E foi o que fizemos, deitamos na sombra após algumas guloseimas, um mergulho no mar e um banho no chuveirinho, em meio a campistas que almoçavam e descansavam em suas barracas e o velho e bom violão e o gado que passava ao nosso lado a procura de comida, numa proximidade só imaginável na fazenda ou no campo, não na praia.

No retorno, após descansarmos e esperarmos o sol amenizar, já perto das 4 horas, a mesma paisagem; decidimos pegar outro caminho, pelo lado que vai margeando a praia da Guarda.

Nesses poucos dias de Ponta do Papagaio e Guarda do Embaú, ainda deu tempo de fazermos nossos exercícios diários, correr na praia, barra e flexão no posto de bombeiro e um futebolzinho bem em frente de ‘casa’, que rolava todos os dias com o cair do sol. A vida que pedimos a Deus! Nem que seja por somente 8 dias.

A volta para casa foi mais difícil do que esperávamos, apesar de termos escolhido uma segunda feira. Muito engarrafamento, causado pela imprudência de motoristas que se envolviam em acidentes ao longo de uma rodovia já prejudicada pelo volume excessivo de veículos. Lentidão e engarrafamento até Brusque, onde entramos para gastar uma grana com a famosa indústria do vestuário conhecida por todo o Brasil e parada obrigatória de quem vai para o litoral catarinense e que conhecemos o ano passado quando a minha cunhada Terê nos levou.

Depois de duas horas nos poucos km’s de Brusque à Balneário (Camboriú) e depois até Navegantes, parada para reabastecimento das energias na casa do Rogério, antes de pegar viagem definitiva. Entretanto, fizemos mais uma parada estratégica em Joinville, pois não quisemos pegar a serra até Curitiba à noite e com a tempestade que se fazia presente em breve, tanto que em Joinville as ruas estavam totalmente às escuras, sem qualquer iluminação que não fossem dos carros.

E no dia seguinte, enfim o retorno para casa, com saudade da praia, da mãe, dos irmãos (os três patetas – eu, Rogério e Renato, a Luizita - o Fábio mora em Londrina e o Beto não se deu ao trabalho de aparecer) e muitas histórias na cabeça, menos do que fotos, pois estas não caem no esquecimento.

"This is the end
Beautiful friend
This is the end
My only friend, the end
Of our elaborate plans, the end
Of everything that stands, the end
No safety or surprise, the end
I'll never look into your eyes again
Can you picture what will be
So limitless and free
Desperately in need of some stranger's hand
In a desperate land?"

E no rádio aquela velha canção apocalíptica do Doors. Jim Morrisson, o rei lagarto vive eternamente em seus delírios, imortal em sua obra.

Ponta do Papagaio
Conhecendo a Ponta do Papagaio na chegada
Vista da sacada do ap.

O campinho em primeiro plano, onde jogaremos
Silveira x Silveira em 2016. Quem se habilita?

Entre a praia dos Sonhos e
Ponta do Papagaio
Entrada Costa Sul da Praia do Rosa
São Chico inverno de 2010

São Chico no inverno de 2010


São Chico no inverno de 2010
Praia do Rosa ficando para trás: início da trilha


Entre os penhascos: slackline

Adrenalina no slackline até para quem apenas assiste

Marsão ao fundo e esses três dedos: o que significa?
Porra nenhuma!

Ao fundo a Praia do Rosa: longo caminho percorrido

Depois de quase uma hora de trilha e a praia Vermelha
ainda longe

Hora do alívio no Silveira

Supermercado Silveira




Ao longe a Praia do Silveira

Praia do Silveira
Tentativa de foto e caldo no mar do Silveira
Divisória: à direita Costão Sul; à esquerda Costão Norte

Praia do Silveira

Praia do Silveira: sol escaldante e areia queimando

Gui na entrada do Costão Norte
do Silveira
Os três chegando no mirante e à frente a praia Central:
Garopaba
Na Praia do Silveira



Dunas do Siriú

Rio da Madre vista da praia Guarda do Embaú

Centrinho da Guarda

Centrinho da Guarda

Chegando na primeira prainha, sol rachando

Caminhando (e cantando) debaixo do sol quente da prainha

Ao fundo a prainha: haja água para aguentar a trilha

Gado pelo caminho e os guris se protegendo do sol (tentando)
Antes da trilha: preparados
Começo do fim da trilha: ao fundo
prainha do Vale da Utopia

Enfim a recompensa: bela vista do paraíso, não a cidade
do PR, mas do prainha do Vale da Utopia

Vaquinha passando ao nosso lado

Juliana na praia da trilha da Guarda

Guarda do Embaú

Centrinho da Guarda

No calçadão da famosa Beira Mar Norte em Floripa,
a Ilha da Magia: cidade mágica

No heliporto da Beira Mar Norte

Debi e Loide... ou seria o Victor e o Gui? ou as duas coisas?


Pós Travessia da Guarda
no rio da Madre

Ano que completo 43, o Victor
nasceu dia 4 de novembro e o
Gui 3 de julho

Foto da sacada antes de pegar estrada de volta

Chegando a Balneário - até aí tranquila a estrada