sábado, 1 de outubro de 2011

VERÃO FORA DE ÉPOCA


Ontem tivemos o dia mais quente do ano em Londrina. Os termômetros atingiram absurdos 38ºC e deixaram os londrinenses atônitos. "... calor infernal" foi uma frase muito usada por todos aqui e ouvida a esmo e inúmeras vezes. Entretanto, acredito eu, que a sensação térmica era acima disso, pois o clima seco e o sol reinando no céu, davam a impressão de um caldeirão. Em algum momento do dia pensei que meus órgãos seriam cozinhados por dentro. Exagero, claro, mas me passou pela cabeça.

Mas esse não é um fenômeno londrinense ou brasileiro. Lendo no BBCBrasil as manchetes, percebo que na Inglaterra a temperatura alta bateu recordes e que os ingleses estão invadindo as praias. Já tem gente por lá chamando de "Verão Indiano" esse período de calor intenso. E aqui no Brasil, como poderíamos chamar esse verão fora de época?

Lembro de anos passados que o calor nessa época do ano costuma ser maior que em Janeiro e Fevereiro, meses que fazem parte do verão real aqui pelas bandas debaixo da Linha do Equador. As altas temperaturas assustam nessa época, mas depois vem a temporada de chuvas que ameniza o calor. Que assim seja, mas não quando estivermos de férias na praia!

sábado, 24 de setembro de 2011

BELLE AND SEBASTIAN - ANOTHER SUNNY DAY

Para incrementar a trilha sonora de sábado, uma canção da Belle and Sebastian - Another Sunny Day, como o dia de hoje.


OUTRO DIA ENSOLARADO

Em outro dia ensolarado, encontrei você no jardim
Você estava escavando plantas, eu escavei você, supliquei seu perdão
Eu tirei uma fotografia sua na fronteira herbácea
Partiu o coração de homens e flores e garotas e árvores

Em outro dia de chuva, nós estamos presos dentro de um trem
Chocolate em ebulição, janelas embaçadas quando nos conhecemos
Você tem a janela do sótão com vista para a catedral
E em um domingo à noite sinos tocam no crepúsculo

Outro dia, em junho, nós vamos escolher onze para o futebol
Estamos jogando para nossas vidas o árbitro dá-nos o foda-se
Eu vi você no canto do meu olho à margem
Seu rímel escuro me lança-me a feitos históricos

Todos foram embora, você me pegou para uma longa viagem
Nós tomamos a rota turística, as noites são de luz até a meia-noite
Pegamos a travessia de barco à noite até a península
Encontramos a avenida das árvores, subimos ao monte
Aquela louca avenida de árvores, eu estou morando lá ainda

Há algo no meu olho, um mosquito tão pouco sedutor
Sacrificou sua vida para nos deixar olho no olho
Eu ouvi os esquimós removerem obstruções em línguas, querida
Você errou o meu olho, eu me pergunto porque, eu não reclamei
Você errou o meu olho, eu me pergunto porquê, por favor, erre novamente

O amor é uma confusão, o que aconteceu com todo o sentimento?
Eu pensei que era de verdade; bebês, anéis e tolos ajoelhando-se
E palavras de confiança, promessas e vidas extendendo-se para sempre
Então, o que deu errado? Era mentira, desmoronou
Figuras fantasmagóricas do passado, presente e futuro assombrando o coração

THE STROKES - TAKEN FOR A FOOL

Taken For A Fool é uma das canções mais legais do 4º disco dos Strokes, lançado em meados de março desse ano. O clipe é interessante à medida em que não tem aquela linguagem neurótica de imagens sobre imagens, foi feito em poucos takes e a imagem segue a sequência. Curta aí, vale à pena!



ENGANADA POR UM TOLO

Irmã, parece exatamente como ontem
Irmã, não se esqueça do meu número, na porta.
Você tem algo e é tão bom de ver,
Algo lindo que eu não podia ser.
Todo mundo caindo em suas vidas,
mas você não pode ajudá-las pois você não tem tempo.

Eu sei, todo mundo vai a qualquer merda de lugar que gostam.
Espero que isso termine bem na rádio tóxica. Yeah.

Você é enganada o tempo inteiro por um tolo
Eu não sei porque.
Você é tão crédula, mas eu não me importo.
Esse não é o problema.
E eu não preciso de ninguém comigo agora.
Segunda, terça é meu fim de semana.
Você foi enganada o tempo inteiro por um tolo.
Eu não sei porque.

Não sei suas quatro palavras, pare de colocar isso em mim,
Eu não posso deixar você porque eu vi o que isso significa,
Está tão cedo, eu não quero acordar.
Gostaria de ter te deixado, porque nós nunca crescemos.

Mama, parece exatamente como ontem
Mama, não esqueça meu número
Não quero ser o cara que deixará ir.

Eu sei, todo mundo vai a qualquer merda de lugar que escolherem.
Quero o bem a todos na rádio tóxica.
Turista, no gueto, sem medo de nada.
Exceto a morte, ou qualquer outra coisa, que pode machucar mais ainda. Yeah

Você é enganada o tempo inteiro por um tolo
Não sei por que.
Você é tão crédula, mas eu não me importo.
Esse não é o problema.
E eu não preciso de ninguém comigo agora.
Segunda, terça é meu fim de semana.
Você é enganada o tempo inteiro por um tolo.
Não sei por que.
Você é enganada o tempo inteiro por um tolo.
Não sei por que.
Não sei por que.

THE STROKES - ANGLES


O último disco do The Strokes, para variar, vazou na internet antes do lançamento. No dia que vazou o Tety comentou e conseguimos baixar. O disco tem elementos da Disco, dos anos 1970 (Machu Picchu, que abre o disco), conta com influências fortes dos anos 1980, como na canção Two Kinds Of Happiness, fazendo com que o ouvinte se remeta às boas bandas dessa década, (uma canção que soa demais Sister Of Mercy e quando John Casablancas solta a voz, nos remete a alguma canção de Cindy Lauper), tem muito som eletrônico (como em Games e You're So Right) e claro, regado ao rock característico da banda, que encanta seus fãs desde o início do século.

Talvez essa miscelânia de sons tenham em um primeiro momento desagradado a alguns de seus seguidores e fãs, como o próprio Tety, que não compreendeu essa alternância de sonoridade da banda. Mas a alma da banda está ali, exemplos são Under Cover Of Darkness e a lindíssima Taken For A Fool. Destaco ainda Gratisfaction, que assina o som da banda.


Como não poderia deixar de ser, o 4º disco do Strokes merece estar entre os melhores álbuns de 2011, que já caminha para o seu final.

A VERDADEIRA ARTE DE VIAJAR



Na semana que se finda, a semana Farroupilha, em que todos nós gaúchos comemoramos uma revolução que não deu certo, mas que enche de orgulho nosso povo, citar um poema de um dos maiores poetas do Rio Grande (nossa Pátria) sempre vale à pena. Além disso, os quatro versos dizem tudo sobre a característica dos Silveiras de mudar e de enfrentar o mundo. Tem a ver também com o povo gaúcho, que vai se espalhando pelo Brasil e pelo mundo, sempre levando um pedaço da República consigo. Povo orgulhoso de sua história, cultua suas raízes e tradições. SIRVAM NOSSAS FAÇANHAS DE MODELA À TODA TERRA!


"A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa,
Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo.
Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali...
Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!"

Mário Quintana


LUIZ ALBERTO SILVEIRA


Ontem meu tio morreu. Bem, na realidade não foi ontem, foi na segunda feira dia 12 de setembro. Mas quando comecei a escrever mentalmente esse post, estupefato no caminho de da Uel para casa, no dia que soube de sua morte, na gélida (é um adjetivo que combina muito com a morte) terça feira dia 13, depois de sair da aula, quando encontrei meu irmão, Fábio. Foi um grande choque, porque eu nem sabia que ele estava doente, fiquei sabendo de todo o seu calvário até a morte, da depressão, da pneumonia, da pouca luta que demandou para se salvar, da entrega que teve nesse finalzinho de vida à morte.

Internado desde o dia 30 de agosto, devido a uma pneumonia, ele foi transferido para o Hospital Universitário de Florianópolis, onde ficou sedado todos esses dias, inconsciente. A tia Noemi e o Guga (meu primo) indo todos os dias visitá-lo, pegando 70 km de estrada diariamente, para ver como a quantas o tio ía.

Tio Luiz, irmão do Flamarion, meu pai, foi o que mais perto chegou de pai em mim. Convivi muito com ele na década de 80, quando ele morava na Fabiano Alves, na Vila Prudente em São Paulo. A partir de 1991, quando fui para Assis estudar Psicologia, criamos um hiato de quase 20 anos sem nos vermos, com contato apenas através do telefone ou pela internet. Era um cara duro e rígido com os filhos, mas sempre foi uma excelente pessoa, alegre, brincalhona, de quem estes se orgulham. Um cara inteligente e sempre de bem com a vida, um sábio, como muitas histórias para contar. Essa dele ter desisitido da vida me pegou de surpresa. Por dois motivos: um porque na minha mente guardo a imagem de um cara que sempre me encontrava proferindo o bordão "eu quero ouvir, eu quero ouvir, eu quero ouvir" de 1979, que, ao escutar o relato de minha mãe relatando como contou a história do relacionamento dela com meu pai a um vizinho nosso; eu, que já ouvira a história, queria ouvir o relato de algo que para eu, com meus 7 anos, não acreditava na veracidade. Curioso e incrédulo, precisava ouvir novamente, mas eles me tiraram a força da sala... foi quando repeti seguidas vezes, contrariado o "eu quero ouvir!"; segundo porque a impressão que tive na última vez que o encontrei na páscoa de 2010, quando o visitei em Porto Belo SC, não era de uma pessoa cansada da vida, muito pelo contrário, mas de um cara forte e saudável no alto dos seus 73 anos. O Tety e o Gui, que não o conheceram pessoalmente nesta oportunidade, adoraram o tio avô.


No verão de 2011 fomos para as paradisíacas praias de SC e infelizmente não conseguimos passar na casa dele, o que estamos programando para o próximo verão, mas não o encontraremos em matéria e sim em espírito.

No primeiro post que escrevi desse blog, o entrance foi um post em que o citei, sobre as mudanças que fiz ao longo da vida e que ele conseguiu esclarecer um pouco sobre esse ímpeto nosso, dos Silveiras, de mudar tanto (é uma constante entre todos, desde o velho Laudelino, meu avô, passando pelos filhos, netos e bisnetos).

Fiquei baqueado a semana inteira. Sonhei com ele na noite que soube de sua morte. Acho que ele veio me visitar e se despedir de vez; sei que isso é delírio, mas é uma forma de amenizar a dor da perda e conforta pra caramba acreditar nisso. Também foi o mais perto que cheguei da morte, um ente querido meu. Anteriormente só tinha vivido a morte, experienciado-a morte, através de familiares da Juliana. Agora foi a minha vez. A sensação de que nunca mais o verei ou conversarei com ele é desoladora.

Esse clichê de que ele não morreu, vive na nossa lembrança, nos dias que convivemos, nas sábias palavras que nos proferia, nos ensinamentos nos faz ter forças para continuar seguindo o caminho da vida, é mais um artifício utilizado para confortar...

Nunca mais vou ouvir "eu quero ouvir, eu quero ouvir, eu quero ouvir".

Não chorei! Não externamente. Mas minha alma se derreteu em prantos. No sonho que citei acima, chorei copiosamente. Nosso último encontro antes de sua partida definitiva. O céu fica mais alegre e inteligente com a sua chegada.

P.S.: na foto com o velho Laudelino, ele é o primeiro da esquerda e meu pai, o Laudelino Flamarion, é o guri menor.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

DA PRIMEIRA VEZ QUE ME ASSASSINARAM



Mario Quintana está no rol dos melhores poetas brasileiros do século passado e de todos os que virão. Essa coisa de morrer mexe com todos, pois o desconhecido nos assusta, desde os mais ateus até os crentes (não no sentido pejorativo, mas no sentido de acreditarem em Deus), passando por ideologias religiosas (ou não), filosofias etcs. E a morte não é apenas a física, mas cada perda e luto que vivemos diariamente. Por exemplo as pessoas que passaram por nossas vidas e que nunca mais encontramos, que ficaram no passado, as coisas que perdemos por escolher os caminhos que nos trouxeram para onde nos encontramos hoje, as cidades e coisas que deixamos para trás, são pequenos lutos que elaboramos diariamente.



Fiz esse prólogo apenas para deixar abaixo o belíssimo poema do meu conterrâneo (apesar de ser de Alegrete, viveu em Porto Alegre).

Da primeira vez que me assasinaram

Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.

Depois, a cada vez que me mataram,

foram levando qualquer coisa minha.

Hoje, dos meus cadáveres eu sou

O mais desnudo, o que não tem mais nada.

Arde um toco de Vela amarelada,

Como único bem que me ficou.



Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!

Pois dessa mão avarenta adunca

Não haverão de arrancar a luz sagrada!

Aves da noite! Asas do horror! Voejai!

Que a luz trêmula e triste como um ai,

A luz de um morto não se apaga nunca!

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

STAY (FARAWAY, SO CLOSE)

Imagina estar em um busão e de repente chegar Bono Vox, Larry Mullen, The Edge e Adam Clayton? Pois é, esse é o enredo inicial do clipe de Stay (Far Away So Close), a linda canção dos 4 rapazes irlandeses. O U2 é chamada a maior banda de rock do mundo, atualmente. E, curioso, mantém a mesma formação inicial, ainda nos anos 70, para ser mais exato 1976. Mas voltando ao clipe, rodar em Berlim ao som do U2 já é uma coisa maravilhosa, em uma madrugada qualquer (isso seria legal em qualquer cidade, na realidade); já pensou então com a banda dentro do busão espalhada e dando atenção aos poucos usuários do transporte coletivo no horário e na linha específica?

Nos anos 80 eu era um fã incondicional do U2, achava (como acho) o som deles muito legal. Mas aos poucos o Bono se tornou um cara enfadonho e chato, com essa história de achar que pode mudar o mundo. Acho importante que as celebridades e abracem uma causa, mas não sinto sinceridade no Bono, me parece um tremendo demagogo. É muito fácil defender suas causas de um apartamento luxuoso na Grã Bretanha ou de uma casa também luxuosa, cobrar uma nota preta em seus shows pelo mundo e depois visitar o chefe de estado dos países onde se apresenta, com um discurso qualquer de igualdade social ou contra a forme. Assim é o Bono.

Isso não diminui a qualidade de sua obra. E a banda foi a trilha sonora do meu dia. Principalmente a canção que posto abaixo.

Infelizmente não consegui incorporar aqui, mas é possível assistir ao clipe através desse link; clipe aliás, tão lindo quanto a música.

Abaixo a letra traduzida:

Ficar (Tão longe, tão perto)

Luz verde... Seven Eleven
Você pára pra comprar um pacote de cigarros
Você não fuma, e nem mesmo quer fumar
Ei, confira o seu troco
Vestida como um acidente de carro
As rodas estão girando mas você está de cabeça para baixo
Você diz que quando ele lhe bate, você não se importa
Porque quando ele te machuca, você se sente viva
Ei,querida, o que é isto afinal?

Luzes vermelhas, manhã cinzenta
Você desvia de um buraco no chão
Um vampiro ou uma vítima?
Isso depende de quem está ao redor
Você costumava ficar para assistir as propagandas
Você poderia dublar num talk show

E se você olhar, você olha através de mim
E se você fala, você fala para mim
E quando eu lhe toco, você não sente nada!

Se eu pudesse ficar
Então a noite se renderia a você
Fique, e o dia manteria sua confiança
Fique, e a noite seria suficiente

Tão longe, tão perto
Com a estática e o rádio
Com televisão via satélite
Você pode ir a qualquer lugar
Miami, Nova Orleans,
Londres, Belfast e Berlim

E se você escutasse eu não poderia chamar
E se você pulasse, você apenas cairia
E se você gritasse, eu só te escutarei

Se pudesse ficar
Então a noite poderia te levantar
Fique... Então o dia manteria a sua confiança
Fique... Com os demônios que você afogou
Fique... Com o espírito que eu encontrei
Fique... E a noite seria suficiente

Três horas da manhã
Está quieto e não há ninguém por perto
Apenas o estrondo e a explosão
Como se um anjo caísse ao chão

Apenas o estrondo
E a explosão
Como se um anjo
Atingisse o chão

domingo, 31 de julho de 2011

DISCOGRAFIA DO SMITHS SERÁ RELANÇADA


Smithsmaníacos de todo o mundo, alegrai-vos. Não, eles não voltarão, infelizmente nada é perfeito, mas serão relançados todos os discos da banda, inclusive o ao vivo Rank e compilações como o Harfull of Hollow.

Será lançada uma edição de luxo numerada com três mil edições (só isso?) É muito pouco para matar as saudades dos órfãos (como é o meu caso) da banda que revolucionou o rock nos anos 80, com canções simples e que falavam à alma.

O pacote incluirá 8 álbuns em CD e vinil, os singles lançados pela banda, um DVD com videoclipes e reproduções fiéis das capas dos discos em alta qualidade, além de um pôster gigante. Será um presentão para os fãs.

Johnny Marr acompanhou todo o trabalho para garantir a qualidade do material e de que seria fiel à sonoridade do tempo em que foram gravados os materiais.

Vou garantir o meu, apesar de ter todos os discos em Vinil e em CD.

domingo, 3 de julho de 2011

GUI

Hoje é o 13º aniversário do Gui. Lembro de quando a Juliana anunciou a gravidez do Gui. Me preocupei com mais um membro na família. Infelizmente essa minha fixação na fase anal faz eu me preocupar demais com esse lance de grana. E isso atrapalha pra caralho a minha vida. Mas enfim, ele nasceu às 5hs36min de uma quinta feira, depois de dar trabalho à noite inteira e de fazer a mãe dele sofrer e eu por tabela. Engraçado como é a dor do parto; engraçado, claro, porque não foi comigo, mas de repente a tal da raque (acho que era esse o nome da anestesia) pegou e daí parece que tudo ficou mais tranquilo. Só que demorou um monte para o anestesista acertar. Foi parto normal, como devem ser os partos de todos os bebês que vêm ao mundo.


Ter um filho é uma sensação indescritível, somente quem o tem pode imaginar tamanho sentimento. Ter dois e vê-los crescer, se ver nos gestos, nas feições, nas birras, nas brigas, nas revoltas é algo que te faz reviver momentos da própria vida.

Treze anos é uma idade legal. Treze é meu número predileto. Sempre foi. Talvez isso explique muitas coisas inexplicáveis. Como sempre falo, não acredito na numerologia, mas "Existem mais coisas entre o céu e a terra do que pode supor nossa vã filosofia..." e isso deve explicar muitas coisas inexplicáveis.


Dito isto, o Gui não é mais um bebê (faz tempo), mas é o nosso bebê e isso ele não poderá nunca deixar de ser. Assim como o Tety, nosso primogênito (também neto primogênito de ambas as famílias), continua sendo nosso bebezão. Dizia eu, que o Gui não é mais nosso bebezão, que ficava mamando no sofá e soltando grunhidos e que quando a temperatura do leite não estava a gosto dele ele simplesmente jogava a mamadeira no chão e não dizia mais nada; aquele bebê que acordava de madrugada (TODAS as madrugadas) e chorava porque queria a pepê, justamente aquela que sumia no berço, sabe Deus como, e eu não consegui encontrar e ele não aceitava outra, somente aquela e eu tinha que, no meio do meu estado de torpor causado pelo sono, encontrar, enquanto ele esgoelava no berço e somente isso o fazia voltar a ser um anjinho. Aquele bebezinho, que com o olfato aguçado dizia: hum, chelo - quando sentia um odor diferente, fosse bom ou ruim, e que desde pequeninho (pequenino carequinha) sempre foi muito comilão.

Quando ele nasceu, o Tety tinha medo que ele nascesse careca, pois o tio Fábio dizia para ele que caso isso ocorresse, também ficaria careca. Hoje ele nega, mas no fundo, acho que ele tinha um medinho de que isso acontecesse. Ele nasceu cabeludo, um cabelo escuro, bem diferente do que ele tem hoje. E até moreninho, depois a pele também clareou, assim como seus olhos azuis.

Esse guri que está crescendo, que adora um bom filme, que gosta de ficar fuçando na televisão (sabe todos os comandos do controle remoto), que curte uma sonzeira, já é um adolescente. Lembro de quando íamos ao cineteatro assistir a uns filmes não comerciais. Cineteatro era como nós chamávamos a sala de projeção da Associação Médica, que passava todo sábado à tarde um filme comentado e que ele me acompanhava, com um salgadinho na mão e uma coca cola na outra. Era o que o seduzia para ser meu companheiro daqueles programas. Certa vez, assistindo a um filme iraniano, o Gui deveria ter pouco mais de 3 anos, a senhora que estava comentando sobre o filme, disse que não era um filme para criança. Mas depois do filme, como era de praxe do Gui, ele ficou comentando o filme comigo, lembrando de algumas cenas que o marcara naquele dia, ora perguntando algo, ora refletindo. Isso quando ele mal falava direito.


Ainda somos companheiros de filmes, às vezes me pede para comprar algum filme, ou então vamos ao cinema juntos, como no caso do último Harry Potter, de Tropa de Elite 2... e ele continua gostando de comentar os filmes, com uma memória invejável, consegue lembrar das falas inteiras de algumas passagens.

É um guri lindo, com aqueles cabelos revoltos, o rosto redondo envolto por umas bochechas levemente rosadas, principalmente após algum esforço físico, que são apetitosas de morder, os olhos sonhadores azuis e um sorriso fácil de brotar no rosto; o choro também, mais sensível impossível. Fofinho...

E neste domingo, 3 de julho, completa 13 anos de vida. Parabéns, te amo lindão!


sexta-feira, 1 de julho de 2011

EN GROS


Na primeira metade dos anos 1980 eu decidi que queria ser um rock star. Comecei a me produzir como um roqueiro, com camisas pretas ou brancas, lisas, ou com camisas de bandas, calça jeans surrada, coturno, jaqueta de couro. Meu interesse pelo mundo da música foi exacerbado e comecei a escutar discos das prateleiras lá de casa, dos meus irmãos. Tive sorte na minha formação musical, porque tinha o Rogério que nasceu em sixty six e era fissurado pelos Beatles, uma vez que nascera cabeludo bem no auge dos fab fours. Engraçado como é essa coisa do destino. (Poucos) Anos mais tarde, ao saber da história do seu nascimento, começou a consumir Beatles com voracidade. Aliás, graças a esse irmão, que é o mais velho, acredito que as canções dos Beatles tenham sido as primeiras que escutei na vida, em uma era que tinha o rádio como o maior comunicador e a televisão transmitia imagens em preto e branco na maioria das casas, ele tinha um gravador e umas fitas cassetes recheadas de canções dos 4 garotos de Liverpool. Os discos do Beto íam de Led Zeppelin à Dio, tinha uns discos do Vulcano, que era uma banda de Heavy Metal de Santos, que a gente curtia pra caramba. O Fábio consumia rock nacional e começou a curtir umas bandas punks, como Cólera, Olho Seco, Ratos de Porão, Lobotomia, Inocentes, Garotos Podres e outras tantas que faziam a cena underground paulista se movimentar; tudo issi ele conheceu através dos amigos punks dele, o China, o Branquinho e outros, que estudavam com ele no Dino Bueno. E essa salada começou a fazer parte da minha formação musical. No começo estranhei aquelas canções gritadas e quase sem melodia, ou melhor, com uma melodia escondida nas distorcidas guitarras e nos berros dos vocalistas.

Então comecei a criar os meus próprios interesses. Desde cedo meu interesse pela cena roqueira de Porto Alegre foi grande e eu consumia o que chegava nas minhas mãos em uma época que era necessário garimpar muito e camelar em dobro para conseguir algo raro e, por incrível que pareça, morando em Santos, Replicantes, Defalla, Engenheiros, TNT, Cascavelletes, Nenhum de Nós, tudo isso chegava ao meu alcance. Pensando e relembrando hoje, nem sei como isso ocorria. Primeiro foram os discos de coletânea, que vinha com diversas bandas e depois, quando saía o disco da banda que curtia, era um dos primeiros a comprar.

Nessa época, perto dos 14 anos, comprei um violão; engraçado como eram as coisas, vendo o Tety e o Gui, que não dão um passo sem a nossa ajuda, tinha que me virar sozinho e o fazia com desenvoltura, então fui atrás de um curso de violão e me matriculei em um curso no complexo onde se encontra a biblioteca municipal, o teatro municipal de Santos, acho que deve ser uma espécie de Casa da Cultura de Santos, onde se aglomeram diversas atividades voltadas à produção de cultura da cidade. Era um curso de violão clássico, tentei arrastar outros amigos que queriam formar a banda comigo, que já relatei em algum lugar nesse blog, que originou no Mayday.

Alguns fatores nos fizeram voltar os olhos para o punk rock nessa época: claro que a rebeldia da juventude era a maior mola propulsora para nosso interesse pela cultura punk; mas tinha o fato de pouco sabermos tocar (o lema Do it yourself caiu como uma luva), a falta de grana para ter instrumentos decentes, em uma época que não se falava de globalização e de inflação maluca (todos os dias as coisas aumentavam de preço) o dólar era um absurdo, não existia essa cultura de ir comprar bugigangas no Paraguai e a China ainda era comunista; o fato de sermos garotos do subúrbio também contribua. Era nosso jeito de chamarmos a atenção das gurias.

Nessa mesma época duas coisas me interessavam muito: ser um rock star ou ser jogador de futebol. Tanto que fiz teste na Portuguesa Santista e joguei lá um ano, mas deixei de lado esse desejo quando a música parecia engrenar na minha vida. Acho que não tinha tanto talento para isso e também meu físico franzino me impediam de seguir com esse sonho. Tínhamos uma banda, fazíamos músicas próprias, nossos instrumentos eram ruins mas éramos realmente talentosos. Acho que faltou um empurrãozinho, talvez da família, mas isso jamais aconteceria, para nossos pais éramos todos uma espécie de escória adolescente. Afinal, quem com essa idade, naquela época, saía saturday night com roupas rasgadas, com umas fitas e discos debaixo dos braços, de coturno, ao invés de ir para o Gonzaga (o bairro onde tudo acontece em Santos) ver as gurias, ía para a Caneleira ficar escutando um som, depois voltava lá daquela lonjura, passava na General Câmara (famosa rua de Santos recheada de boates de streep tease e puteiros) para se deliciar com os olhos e depois passava o domingo enfurnado na casa de alguém para escutar as novidades musicais da época? Se tivessemos algum apoio, possivelmente teríamos ido em frente.

Como estávamos interessados mais no punk, tocar 3, 4 acordes e fazer nossas canções, o interesse em estudar música era mínimo. Ao contrário do Johnny Marr, que em entrevistas dizia que não escutara punk na adolescência porque estava mais interessado e aprender a tocar, no momento em que queria aprender a tocar eu escutava muito punk rock e o pouco que sabia me bastava para isso. Aliás, Johnny Marr (e o Morrissey, claro) sempre foi um ícone. Eu queria me vestir como ele e tinha o mesmo pensamento dele pré Smiths: utilizava vestimentas para que as pessoas me vissem e achassem que eu tinha uma banda de rock. Certa feita, um carinha que conhecemos nem me recordo onde, que era músico, nos informou que deveríamos escutar muito jazz moderno. Demos de ombros, pois achávamos aquilo enfadonho demais. E na verdade nunca escutei jazz na vida.

Os anos se passaram, o Mayday não vingou e quando fui para a faculdade, pensei que montaria uma banda. Porém não encontrei ninguém interessado em tocar com um cara como eu, que pouco sabia além daqueles três acordes e que fazia as próprias canções por não saber tocar nenhuma outra. Tinha o André, que tocava pra caramba, mas sem interesse, tinhas os caras que curtiam MPB, o que não era o meu caso e assim meu sonho de banda foi ficando cada vez mais distante. Além disso, na faculdade os interesses foram mudando e as responsabilidades aumentando. E isso já era o começo dos anos 1990.

A vida me distanciou dos meus amigos da década de 1980. Casei cedo, logo tivemos o Tety e alguns anos mais tarde o Gui. E daí a vida foi seguindo o seu rumo. E assim passaram os anos 1990 e logo a primeira década do novo século. Com o advento da internet consegui o contato com velhos amigos, mas daquela galerinha punk dos tempos de caneleira; o Zé Renato, que anda sumidão, provavelmente na fortaleza das quatro paredes do quarto, recluso nas suas piras e produzindo seus escritos, com aquele desejo maluco de ser João Gilberto e jamais sair de casa para ver a luz do sol. Sei lá, cada maluco com as suas maluquices. Os demais pouco sei, como fazem alguns anos que não vou para Santos, não tenho novidades quanto a eles. Mas, obviamente, seguem suas vidas, o Branco casado e seus três ou quatro filhos, o Ronaldo em Sampa, como chefe de cozinha, casado e sei lá com quantos filhos, o Fernando, o Barriguinha, o Fábio HC, o Pipa, o Zé do Kiss, e tantos outros que agora a memória me trai, estão por aí nesse mundão que Deus permite crescer mais e mais.

E a vida segue! Sempre nos encontramos nos nossos pensamentos e nas nossas lembranças daqueles loucos tempos.

domingo, 26 de junho de 2011

LEGIÃO URBANA - METAL CONTRA AS NUVENS

Já que citei esta canção no última post, aqui vai para os que não conhecem (que planeta que vocês vivem?). Essa canção é um épico do rock nacional, basta dizer que é da Legião, mas também por ter uma letra kilométrica (acredito que nunca tenha sido tocada em nenhuma rádio). Faz parte do 5º álbum da banda, intitulado como V, de 1991, se não me engano. É um dos discos mais tristes do rock nacional, chega a ser depressivo, mas, e diria por isso mesmo, é belíssimo. Renato abrindo-se e mostrando suas entranhas.

A letra, obviamente, por se tratar de Renato Russo, é um caso à parte: "a própria fé o que destrói". É uma canção de desesperança, mas que lá no fundo há uma luz no fim do tunel. Basta acreditar! Basta entender o momento. A letra é dividida em 4 partes, sendo a parte II um heavy metal pesado e a parte IV a mais suave; como sempre, com algumas verdades do próprio Renato, mas que não necessariamente são as nossas. Letra enigmática, depende de quem interpreta e do momento em que está passando.

Na verdade não tem muito o que falar, apenas escutar. De preferência em um momento intimista, com um fone de ouvido e com tempo para refletir. Funciona pra caramba!

Aproveite! "... essa é a terra de ninguém e sei que devo resistir, eu quero a espada em minhas mãos!"




Metal Contra As Nuvens

I

Não sou escravo de ninguém
Ninguém, senhor do meu domínio
Sei o que devo defender
E, por valor eu tenho
E temo o que agora se desfaz.

Viajamos sete léguas
Por entre abismos e florestas
Por Deus nunca me vi tão só
É a própria fé o que destrói
Estes são dias desleais.

Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal, me sabe o sopro do dragão.

Reconheço meu pesar
Quando tudo é traição,
O que venho encontrar
É a virtude em outras mãos.

Minha terra é a terra que é minha
E sempre será
Minha terra tem a lua, tem estrelas
E sempre terá.

II

Quase acreditei na sua promessa
E o que vejo é fome e destruição
Perdi a minha sela e a minha espada
Perdi o meu castelo e minha princesa.

Quase acreditei, quase acreditei

E, por honra, se existir verdade
Existem os tolos e existe o ladrão
E há quem se alimente do que é roubo
Mas vou guardar o meu tesouro
Caso você esteja mentindo.

Olha o sopro do dragão...

III

É a verdade o que assombra
O descaso que condena,
A estupidez, o que destrói

Eu vejo tudo que se foi
E o que não existe mais
Tenho os sentidos já dormentes,
O corpo quer, a alma entende.

Esta é a terra-de-ninguém
Sei que devo resistir
Eu quero a espada em minhas mãos.

Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal, me sabe o sopro do dragão.

Não me entrego sem lutar
Tenho, ainda, coração
Não aprendi a me render
Que caia o inimigo então.

IV

- Tudo passa, tudo passará...

E nossa história não estará pelo avesso
Assim, sem final feliz.
Teremos coisas bonitas pra contar.

E até lá, vamos viver
Temos muito ainda por fazer
Não olhe pra trás
Apenas começamos.
O mundo começa agora
Apenas começamos.


sábado, 25 de junho de 2011

BRAVO MUNDO NOVO


Comentei alguns posts atrás de um novo mundo que vai nascendo a cada década; nos anos 80 não havia celular, internet e tantas outras parafernálias eletrônicas das quais hoje em dia não vivemos sem. Disco, por exemplo, saía uma vez por ano e quando nossas bandas preferidas anunciavam que entrariam em estúdio, ficávamos já na empolgação, até o lançamento do novo disco. Isso, hoje em dia é impensável. Claro, tudo é lançado (quando não vaza) na internet e já era. Não existe mais a expectativa toda que era criada. Dirão que sou um saudosista inveterado... concordo, preferia como era, mais difícil o alcance, mas era legal, não saberia adjetivar isso de outra forma... cool!

O mundo mudou mesmo. Não só nesse aspecto. Antigamente as mães ficavam em casa. Poucas eram as mães que trabalhavam fora, geralmente as que eram separadas ou solteiras (sim haviam algumas mães solteiras e era um escândalo); nos anos 80 a novela das 8hs começava realmente às 8hs; acho que era porque não haviam tantos carros nas ruas, não haviam tantos engarrafamentos; as pessoas saíam no horário do trabalho, não faziam horas extras até tarde da noite.

Segunda feira passada cheguei na academia mais cedo e às 6hs, ao invés de começar a novela desse horário, começou malhação! Acho que no século XXI a novela das seis começa às sete, a das sete começa às oito e esta às nove. As pessoas vão dormir bem mais tarde também. Deve ser para aproveitar melhor a vida, que é curta demais; ou então quanto maior o tempo de vigília, maior a probabilidade de consumir.

Esse mundo novo que está surgindo é um mundo que não cabe a tristeza; é a felicidade a qualquer custo e como ela está custando caro atualmente. Acho que deve ser por isso (pela busca pelo prazer desenfreado) que não sabemos mais lidar com as pequenas frustrações do dia a dia. E a superficialidade que o mercado do capital exige para que não nos apeguemos às coisas e assim continuemos a consumir cada vez mais se tornou um modo de vida. Tanto que não nos apegamos àquelas coisas que podem nos dar a sensação de desprazer. Então no primeiro obstáculo, lá vamos nós refazer nossos planos, nos separar, deixar as coisas que nos impedem da felicidade total para trás...

Essa coisa da felicidade sempre vem bater às portas da minha percepção. O que será diabos isso? Nunca consigo chegar à conclusão, mas acredito que não seja algo do qual possamos desfrutar fulltime. Acredito que quanto mais felizes estamos, mais próximo de um período de infelicidade estaremos. E temos que aprender a lidar com isso.

O símbolo yin e yang sempre me fascinou. Li uma vez em algum lugar, antes de entrar na faculdade, que significava exatamente o que falei no parágrafo acima. Para quem não conhece, ele é formado por um círculo com uma grande parte em preto com um pequeno ponto branco e outra parte onde o branco é predominante e tem um pequeno círculo preto e representa a dualidade de tudo o que existe na natureza, o lado positivo e o negativo; o pequeno círculo branco no grande círculo negro seria a possibilidade de mudar da tristeza para a alegria e o círculo negro pequeno dentro do maior branco o contrário; ou seja, nada é eterno; um não vive sem o outro.

Pois bem, esses dias, sem querer me caiu nas mãos Romanos 12:12, que também tem tudo a ver: Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração. Ou seja, como diz a bela canção da Legião, Metal Contra as Nuvens: tudo passa, tudo passará!

Bravo mundo novo está nascendo e pelo visto, vai te surpreender um dia! Já dizia a Plebe Rude em 1987, na canção que dá o título a esta postagem. A cada dia nos surpreendendo, positivamente ou não, a cada dia uma nova surpresa.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

RADIOHEAD - KARMA POLICE

Uma das últimas vezes que falei com o Zé Renato, há mais de um ano (acho que foi em 2009 ainda) conversamos sobre o Radiohead. Ele comentou sobre a música que estou postando agora, como a que mais gostava. Seria uma briga listar a que mais gosto. São inúmeras, que não caberia nos dedos das mãos. Assim como acabei de falar para o Tety, que adora o The Bends, para escutar o Pablo Honey.

Poucas pessoas têm o privilégio de acordar em um dia ensolarado como foi hoje, pegar o carro, ligar o rádio e escutar o dia inteiro Radiohead. E agora à noite que chegou ao Ok Computer e à canção que posto abaixo! Linda canção, belíssimo clipe!




Polícia Cármica

Policia cármica, prendam este homem, ele fala em matemáticas
Ele zune como uma frigideira, ele é como um rádio fora de sintonia

Policia carmica, prendam esta menina, o seu penteado à Hitler me deixa doente
E nós estragamos sua a festa

Isto é o que você ganha, isto é o que ganha
Isto é o que você ganha, Quando você mexe com conosco

Policia carmica, eu dei tudo quanto podia, e não é o suficiente
Eu dei tudo quanto podia, mas ainda estamos na folha de pagamento

Isto é o que você ganha, isto é o que você ganha,
Isto é o que você ganhas ao se meter conosco

Por um minuto lá , eu me perdi, eu me perdi
Ufa, por um minuto lá , eu me perdi, eu me perdi

Por um minuto lá , eu me perdi, eu me perdi
Ufa, por um minuto lá , eu me perdi, eu me perdi

quinta-feira, 23 de junho de 2011

SHOW DA VOLANTES - 04 DE JUNHO DE 2011


Sábado à noite! Lembrei de Os Embalos de Sábado à Noite (que bobeira). Show em Maringá. Estávamos há algumas horas de assistir a banda que mais gostamos atualmente, a Volantes, direto de sua nova casa, São Paulo, para o fechamento da turnê Maçã, com show marcado para esse dia em Maringá e no dia seguinte em Cianorte. Como pode Londrina ter ficado de fora? Isso o Arthur explicou quando chegamos em Maringá, um pouco antes do show.

Chegamos em Maringá por volta de 21hs30min, para sentir o clima da cidade e ainda dar umas voltas pela Cidade Canção. Maringá sempre é divertido de ir e dar umas voltas. Antes fomos até o local do show, o lendário Tribo's Bar, palco underground do rock na cidade. Pela primeira vez estaríamos lá. Algumas voltas a mais pelo centro da cidade, meio perdidos e logo encontramos o local. Entramos e a Volantes estava passando o som. Antes de sair de casa vi a foto nova da banda no twitter: nova formação; ficaram o Arthur e o Bernard, ambos escalados para os teclados e tudo o mais, juntando-se a eles o guri Fabrício na Bateria e o paulista Filipe na guitarra.


Logo conversamos com o Fabrício para saber das novas, a formação e tal. Ele foi bem simpático, pareceu bastante empolgado. Depois vim a saber que ele era batera da Gulivers. Logo veio o Bernard e o Arthur, que nos reconheceu e fez um comentário engraçado: - dessa vez te arrumei uma viagem curta... respondi com um sorriso que sim, pois da outra vez fomos até Curitiba para o show da banda.

Formação nova, novo show, a noite prometia. Mas não foi fácil apreciar o show. Começou tarde (perto de 3 e meia) e antes teve show da banda local Diving Bell & The Papillon, uma banda com uma levada Joy Division, conforme o vocalista nos informou em uma conversa informal, enquanto comprávamos os ingressos. Hum, Joy Division, New Order, o bicho vai pegar hoje, pensei com meus bottons.

E foi realmente lindo ver a banda tocar Love Will Tear Us Apart e fechar o show com Ceremony. Depois entrou a atração da noite: Volantes.


Como o Bernard havia prometido pelo twitter, começaram por As Ruas, uma versão um pouco diferente da que estamos acostumados a ouvir, mas esquentando os ânimos. E decibéis de puro rock! Valeu à pena esperar tanto: um ano e pouco depois do primeiro show em Curitiba, no James. A banda redondinha, apesar da nova formação e dos guris novos (guris mesmo, não mais do que 20 anos). As Ruas é uma das canções mais lindas do EP Sobre Gostar e Esperar, que impulsionou a banda de uma vez. Notei também que os guris estavam em enturmados e soltos. Também achei o Bernard mais leve, do que quando assisti ao show em Curitiba.

Em seguida veio Meu Samba, que continua sendo a minha preferida, desde que conheci a banda, no verão de 2008 para 2009. Uma letra inteligente e uma canção que funciona seja no mp3 ou no palco, no segundo caso, melhor ainda. Desta feita Bernard começou na percussão. Arthur continua com um quê de Chris Martin, do Couldplay, infelizmente, para ele, sem a Gwineth Paltrow, bem carísmatico no palco. Fora dele idem. A galera cantava meu samba junto com Arthur e o palco pegava fogo.

A banda continuou arregaçando em cima do palco com Vitória, com um teclado temático e uma guitarra marcante ditando o ritmo romântico/ dançante da noite. Curiosidade, Vitória já se chamou O Vestido, que com o mesmo refrão mas uma introdução da letra diferente ganhou novo nome.

No Corredor, Ali, que viemos saber posteriormente ao show, em um bate papo bem legal e longo com o Bernard, é o clipe novo da banda, com lançamento marcado para o show de algumas semanas depois em Porto Alegre, no Opinião, palco de show como Echo And The Bunyman, Morrissey, entre outros monstros consagrados, foi a canção seguinte, reforçando o clima dançante e romântico da banda.

Com a galera em delírio e cantando com Arthur os versos de cada canção, veio a nova Meias. Muito romantismo e porrada sonora. Decibéis de belas canções e letras românticas. Arthur se confirmando como um poeta da nova geração da música brasileira. Veio então 126, um pouco mais leve e intimista, mas sem perder a força e deixar a platéia cansar ou desanimar. Maçã, o maior hit da banda e Última. Não foi a última do show, mas trouxe a novidade que já havia lido no twitter, que havia novidades.

Como falei anteriormente, Última é a Love Will Tear Us Apart da Volantes. Alguns dias depois, conforme prometido pelos guris, foi Link disponibilizada uma versão acústica da canção. No show, um petardo! E a novidade foram alguns versos a mais. Pura diversão e mais romantismo.

Fecharam o show com a mais dançante do EP Um Pouco Disso. Outra curiosidade: é mais uma canção que o Arthur deu nova roupagem acrescentando versos à original: "Eu tô aqui perto, na quadra de baixo, em 5 munutos te vejo no quarto 312, hotel da paulista, não posso explicar mas te dou uma pista" é o que entrou na canção para o EP.

Uma noite de muito romantismo em ritmo dançante. O release da banda fala em: Romantismo, sarcasmo e reverb. Banda de Pós punk e indie dance. É isso. Não é à toa! Quem não conhece não sabe o que está perdendo.

Em tempo, a formação atual da banda é Arthur nos vocais, guitarras e teclado, Bernard no baixo e dividindo os teclados, Filipe na guitarra e Fabrício na bateria.

VOLANTES - ÚLTIMA

Última é a canção mais Joy division da Volantes, desde o início eu achei isso, inclusive um dia escrevi acho que no orkut, há muito tempo atrás, que era a Love Will Tear Us Apart da Volantes. No dia 04 de junho, portanto há uns pares de dias atrás, fui ao show da banda e eles agraciaram o público com uma nova versão da música, agora com versos novos. Conversando com o Bernard, ele disse que em breve disponibilizariam a nova versão, gravada no quarto dele. É uma versão acústica e bem bonitinha, mas a versão ao vivo é muito mais empolgante. Sobre o show, escrevo mais tarde. Sobre a canção Última, aqui cantada no Opinião no dia 19 de junho, em show de lançamento do clipe de No Corredor, Ali (como é que os reles mortais conseguem ver como ficou? Já está em alguma programação da TV?) e o site Senhor F disponibilizou um vídeo. Eu ouvi a versão em Maringá e curti. Agora curtam também. O som não ficou muito bom, ao vivo funciona prá caralho e é muito pesada e rock'n'roll.




ÚLTIMA

Você que empresta forma às minhas tardes
Ávidas por esbarrar sem intenção
Perdida decorando as próprias frases
Dos cadernos que esperam pra cair das tuas mãos

Pra esperar eu pego a paz das árvores
Quando é possível desviar a atenção
De cada nova possibilidade
Que levemente ri enquanto olha para o chão

E se essa for a nossa última chance?
E se eu virar o rosto antes de você?
Eu vou levar pra sempre a dúvida de não saber
Se você também sentiu
Tem que haver alguma coisa que eu possa fazer
Pra achar você

Quando eu te imagino dizer as coisas que eu quero ouvir
Sorrindo sem jeito a esconder o frio na barriga
Ao sentir que houve algo novo ali
Me explica pra onde é que vai o amor
Quando é só um olhar
Te devora e sai

Pra esperar eu pego a paz das árvores
Quando é possível desviar a atenção
De cada nova possibilidade
Que levemente ri enquanto olha para o chão

E se essa for a nossa última chance?
E se eu virar o rosto antes de você?
Eu vou levar pra sempre a dúvida de não saber
Se você também sentiu
Tem que haver alguma coisa que eu possa fazer
Pra achar você


sábado, 11 de junho de 2011

OASIS - WHATEVER

Ontem estava assistindo TV com o Gui, na hora do almoço e começou a passar uma propaganda, acho que da Coca Cola e tocava uma bela canção, não muito estranha, embora tivesse um arranjo diferente (ao menos vocal). Perguntei ao Gui que me confirmou ser uma canção do Oasis, Whatever. Há muito tempo não escutava tal canção. Ela faz parte de um EP de 1994, que contém 4 canções, sendo Whatever a única que não foi gravada em um disco posterior, apenas no MTV Unplugged, de 1996. Fiquei ela na cabeça e de ontem para hoje escutei inúmeras vezes.

Os irmãos Gallagher, núcleo principal da banda, têm uma fixação pelos Beatles. Tanto que o filho do vocalista Liam se chama John Lennon. A banda anunciou seu final em 2010, logo após Noel (o cabeça da banda) sair. Ficaram muito conhecidos por seu ego inflado, se achando os melhores em tudo e pelas brigas dos irmãos, quase sempre em público. É considerada uma das principais bandas dos anos 90. Para quem não conhece a banda (onde que tu estiveste todo esse tempo menino? No mundo da lua?) basta ouvir os primeiros acordes do violão de Noel em Wonderwall e logo saberá que em algum momento já escutou a banda.

A canção Whatever, da mesma época de Wonderwall, que faz parte do disco mais conhecido da banda, (What's the Story) Morning Glory, de 1995, tem acordes semelhantes no início, chegando a confundir. Também há uma grande semelhança com o psicodelismo dos Beatles, sendo esta uma marca registrada da banda dos irmãos Liam e Noel. À Whatever então e bom início de sábado!



Tanto Faz

Eu sou livre para ser tudo que eu
Tudo que eu escolho
E eu cantarei o Blues se eu quiser
Eu sou livre para dizer tudo que eu

Tudo que eu gosto
Se está errado ou certo está tudo bem
Sempre me pareceu que
Você só vê o que pessoas querem que você veja
Por quanto tempo vai ser assim

Antes de nós entravamos o ônibus
E não causavamos confusão
Conseguir um apoio em você mesma
Isto não custava muito

Livre para ser o que você
o que você disser
Para mim tudo bem
Você é livre para estar onde você

Onde você quiser
Você pode atirar na brisa se quiser
Sempre me pareceu que
Você só vê o que pessoas querem que você veja

Por quanto tempo vai ser assim
Antes de nós entravamos o ônibus
E não causavamos confusão
Conseguir um apoio em você mesma

Isto não custava muito
Eu sou livre para ser tudo que eu
Tudo que eu escolho
E eu cantarei o Blues se eu quiser

Aqui na minha mente
Você sabe o que poderá encontrar
Alguma coisa que você
Você pensou que um dia conheceu

Mas agora tudo está perdido
E você sabe que isto não é divertido
Sim, eu sei que isto não é divertido
Oh eu sei que isto não é divertido

Eu sou livre para ser tudo que eu
Tudo que eu escolho
E eu cantarei o Blues se eu quiser
Eu sou livre para ser tudo que eu

Tudo que eu escolho
E eu cantarei o Blues se eu quiser
Faça o que fizer
Diga o que disser

Sim, eu sei que está tudo bem
Faça o que fizer
Diga o que disser
Sim, eu sei que está tudo bem



quinta-feira, 9 de junho de 2011

EDUARDO E MÔNICA - O FILME

Quando a Legião Urbana lançou o disco Dois, em 1986, Eduardo e Mônica, a história do jovem casal que tinha tudo para não dar certo mas que por isso mesmo tudo levou para um final feliz, fez um grande sucesso. Muitas pessoas que acompanharam a Legião em vida desde o começo e que acompanha até hoje, como eu, acredita ser esse o melhor disco da banda. É um disco recheado de hits, como Tempo Perdido, Quase Sem Querer, Eduardo e Mônica, Fábrica, Índios, Andrea Doria. Eu curtia pra caramba uma cançãozinha (rsrs) instrumental, chamada Central do Brasil. Na época até fiz uma letra para ela; meu irmão Renato gostava da letra que fiz. É claro que, por razões óbivas nunca revelarei a letra (afinal de contas tinha 14 anos).

Eduardo e Mônica, além de contar essa história de uma casal completamente diferente, tinha uma letra quilométrica e sem refrão, algo inusitado para aqueles tempos. Porém, contra todos os prognósticos foi uma das músicas mais tocadas na época.

Para falar a verdade, nunca simpaizei muito com esta canção. Achava ela entediante e repetitiva, sempre foi uma das mais preteridas por mim nesse disco. Por um tempo enjoei da música e pulava ela na vitrola. Tempos mais tarde des-enjoei e voltei a escutá-la.

Pois bem, esta semana o Tety me mostrou uma peça publicitária de uma empresa de telefonia celular, com a canção de fundo; na verdade, um clipe muito bonitinho e bem moderno; até emocionante, para quem conheceu há tanto tempo esse casal inusitado. Provavelmente foi feita para o dia dos namorados, que está por aí, mas ainda não vi na televisão, apenas no youtube.

Posto abaixo o filme, para deleite de todos.



Eduardo e Mônica

Quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?

Eduardo abriu os olhos, mas não quis se levantar
Ficou deitado e viu que horas eram
Enquanto Mônica tomava um conhaque
No outro canto da cidade, como eles disseram

Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer
E conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer
Um carinha do cursinho do Eduardo que disse
"Tem uma festa legal, e a gente quer se divertir"

Festa estranha, com gente esquisita
"Eu não tô legal", não agüento mais birita"
E a Mônica riu, e quis saber um pouco mais
Sobre o boyzinho que tentava impressionar
E o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa
"É quase duas, eu vou me ferrar"

Eduardo e Mônica trocaram telefone
Depois telefonaram e decidiram se encontrar
O Eduardo sugeriu uma lanchonete
Mas a Mônica queria ver o filme do Godard

Se encontraram então no parque da cidade
A Mônica de moto e o Eduardo de "camelo"
O Eduardo achou estranho, e melhor não comentar
Mas a menina tinha tinta no cabelo

Eduardo e Mônica eram nada parecidos
Ela era de Leão e ele tinha dezesseis
Ela fazia Medicina e falava alemão
E ele ainda nas aulinhas de inglês

Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus
Van Gogh e dos Mutantes, de Caetano e de Rimbaud
E o Eduardo gostava de novela
E jogava futebol-de-botão com seu avô

Ela falava coisas sobre o Planalto Central
Também magia e meditação
E o Eduardo ainda tava no esquema
Escola, cinema, clube, televisão

E mesmo com tudo diferente, veio mesmo, de repente
Uma vontade de se ver
E os dois se encontravam todo dia
E a vontade crescia, como tinha de ser

Eduardo e Mônica fizeram natação, fotografia
Teatro, artesanato, e foram viajar
A Mônica explicava pro Eduardo
Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar

Ele aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer
E decidiu trabalhar (não!)
E ela se formou no mesmo mês
Que ele passou no vestibular

E os dois comemoraram juntos
E também brigaram juntos, muitas vezes depois
E todo mundo diz que ele completa ela
E vice-versa, que nem feijão com arroz

Construíram uma casa há uns dois anos atrás
Mais ou menos quando os gêmeos vieram
Batalharam grana, seguraram legal
A barra mais pesada que tiveram

Eduardo e Mônica voltaram pra Brasília
E a nossa amizade dá saudade no verão
Só que nessas férias, não vão viajar
Porque o filhinho do Eduardo tá de recuperação

E quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?


terça-feira, 7 de junho de 2011

THE CURE - BOYS DON'T CRY

Terça feira chuvosa em Londrina, frio (nem tanto, mas as pessoas estão agasalhadas. Eu coloco um casaco e passo calor), aquela vontade de acender a lareira (se a tivesse em casa) e esquentar os pés em algum cobertor e assistir a um bom filme. Tanto que havia combinado com a Juliana de irmos agora à tarde assistir ao drama "Reencontrando a Felicidade", mas no Cine Com Tour não tem sessão á tarde. Então ficará para um outro momento, porque sai de cartaz na 5ª feira. O filme parece bem interessante, uma história extremamente triste, de um casal que tenta voltar a viver após a perda do filho em um acidente de trânsito. Acho que a Juliana está afim de chorar, porque pela crítica que li, esse final é inevitável.

Por que essa introdução? Sei lá, mas o tempo está propício para não fazer nada ou praticar o ócio criativo.

Agora no almoço entrei no quarto do Tety e vi que ele estava escutando Boys Don't Cry, do The Cure, uma versão remix. Nunca gostei de versões remix, acho uma masturbação mental aquele instrumental que não termina nunca. Apesar que a loucura lisergica do Pink Floyd é afudê, mas não dá para comparar, claro.

Comentei com o Tety que essa música eu escuta a pelo menos 25 anos. E me deu vontade de escutar essa bela canção dos anos 80 de uma das bandas mais importantes de todos os tempos. Então vamos à ela, no clipe oficial, muito inteligente, com pouca tecnologia, mas muita criatividade.



Garotos Não Choram

Eu diria que estou arrependido
Se achasse que isto faria você mudar de ideia
Mas eu sei que desta vez
Eu falei demais, fui indelicado demais

Eu tento rir disso tudo
Cobrindo com mentiras
Eu tento rir disso tudo
Escondendo as lágrimas em meus olhos
Pois garotos não choram
Garotos não choram

Eu me desmancharia aos seus pés
Mendigaria seu perdão, imploraria a você
Mas eu sei que é tarde demais
E agora não há nada que eu possa fazer

Por isso eu tento rir disso tudo
Cobrindo com mentiras
Eu tento rir disso tudo
Escondendo as lágrimas em meus olhos
Pois garotos não choram
Garotos não choram

Eu diria a você que te amava
Se achasse que você ficaria
Mas eu sei que é inútil
E você foi embora

Julguei mal o seu limite
Fiz você ir longe demais
Te subestimei, não te dei valor
Pensei que você precisasse mais de mim

Agora eu faria qualquer coisa
Para ter você de volta ao meu lado
Mas eu só fico rindo
Escondendo as lágrimas em meus olhos
Pois garotos não choram garotos
Garotos não choram

sábado, 4 de junho de 2011

XADREZ


Em 1986 eu estava na 8ª série. Fazia parte daquela porra toda, aquela maluquice toda, Zé Renato, Flávio (meus companheirões desde a 5ª), Quinda, Cleber, Raimundo, Sílvio (foi da minha sala desde a 3ª, nussa), os manos (numa época em que ser mano era ser irmão de alguém - eles eram gêmeos - Adriano e Alexandro), Marcus Wander, Erik, porra, quem mais?

Resolvemos montar uma equipe de xadrez para disputar os jogos intesescolares (não sei como se chamavam esses jogos). Acho que houve uma preliminar e a equipe ficou formada entre eu, Marcus Wander e Alexandro. Na boa, eu era o melhor dos 3. Fomos então para os jogos, na ponta da praia, no ginásio lá que não me recordo o nome, mas gigantesco, um grande complexo esportivo.

As primeiras partidas foram baba, o cara sentava na minha frente e levantava em seguida. Eu era foda mesmo nessa de xadrez. Aprendi na infância com meu irmão Rogério. Esse cara era fera. Ganhava tudo que jogava: botão - ele tinha um time do GRÊMIO que havia trazido de Porto Alegre, os últimos sobreviventes, War, cartas, xadrez... e foi o melhor dos 5 no futebol. Naquela época, eu franzino, magrelinho, jogava muito também, na rua era o melhor de todos, mas não deu muito certo a minha investida no futebol, faltou força física mesmo. Depois parei de jogar porque fui fazer faculdade. Mesmo assim me embrenhei em fazer testes, primeiro no Brasil lá do Jabaquara, sei lá, perto do BNH do canal 5; depois na Portuguesa Santista, que joguei uma temporada e não dei continuidade por dois motivos: na época, com uns 13 anos, ainda não tinha documentos e também porque meu lance era a música, nessa época, queria fazer música para comer as meninhas.

Voltando ao xadrez, todas as partidas foram fáceis demais. Cheguei na final e sentou um gordinho na minha frente. Era uma manhã dessas ensolaradas de Santos, com a praia vazia, por ser dia de semana e em período de aula. Lembro de termos saído do Dino logo cedo, o professor Júlio dando força para nós (pela primeira vez o Dino estava na final do xadrez). Saímos todos juntos, pegamos o ônibus na Ana Costa, quase em frente ao Dino Bueno, acho que era o 42, que ía até a ponta da praia. E lá fomos nós, confiantes, certos de uma medalha de ouro no xadrez, inédito para a escola.

E o gordinho com cara de poucos amigos na minha frente. Eu confiante (até demais)! No xadrez, existe um tempo para cada um jogar e se o caboclo toca na peça, tem que mexer aquela peça. O gordinho tocou em uma peça, sem perceber que a rainha dele estava encurralada. Quando notou, quis voltar atrás. Eu, bobo, cheio de confiança, pensei comigo mesmo - eu recupero. No final, não deu para recuperar; perdi o jogo. Quando levantei, meus companheiros levaram um susto. Decepcionado, falei para o Alexandro ficar tranquilo, jogar o jogo dele. Naquela época, ganhava a equipe que fizesse dois pontos, ou seja, mesmo eu perdendo, poderíamos ficar com o ouro, desde que meus dois companheiros vencessem.

Meu fracasso mexeu com o lado psicológico do Alexandro. Ele perdeu em seguida. O Marcus ainda lutou, mas fracassou. Com isso, ficamos com a medalha de prata. Me senti totalmente decepcionado. Foi uma das piores derrotas que tive na época, não porque eu não poderia perder, mas porque fui idiota e agi com excesso de confiança. Um jogo fácil. Isso que me indignou. Lembro de que no pódium estávamos completamente desolados e o professor Júlio veio nos abraçar e dar uma força. Pela primeira vez o Dino tinha ganho uma medalha no xadrez. Era um feito.

Alguns anos depois, me inscrevi nos jogos internos do Primo Ferreira. Estava no 2º ano, com 16 anos. Era do 2C1, noturno. Quando começou o campeonato, joguei com um carinha do 3º da manhã, que vim a saber depois, era o melhor de todos, imbatível. Cheguei humildemente e ganhei dele. Foi uma surpresa geral. Todos quiseram me desafiar, não valendo pelo campeonato, mas como eu tinha batido o grande favorito, fizeram fila. Joguei contra todos. Venci todos. O que venci valendo o campeonato, o favoritíssimo, comentou: te pego na final e será diferente!

Um a um fomos vencendo nossos oponentes e dias depois nos encontramos na final, como havia previsto. E novamente ganhei dele, tendo dessa forma, coroado minha vitória com a medalha de ouro. Depois do jogo, indgnado e vencido, mas não tendo se dado por, quis jogar mais partidas. Queria ganhar de qualquer jeito. Jogamos diversas partidas e depois de muito perder, ele conseguiu vencer. Se deu por satisfeito.

Acho que aprendi a lição da 8ª série, quando fui prepotente e achei que ganharia fácil. Hoje jogo pouco xadrez, acho que o Tety e o Gui nem sabem jogar. Mas gosto de lembrar desses episódios, pois fazem parte de um período da vida em que eu tinha tempo para me divertir na frente de um tabuleiro. Hoje nem xadrez em casa eu tenho. Bons tempos!