domingo, 18 de novembro de 2012

VANGUART - NESSA CIDADE

A belíssima canção da Vanguart. 
 

Nessa Cidade

Nessa cidade tem uma rua,
Que eu não ouso mais passar.
Nessa cidade tem uma rosa,
De pálida agonia á me esperar.
Nessa cidade tem uma casa,
Que eu não posso mais entrar.
Nessa cidade tem outra casa,
Cheia de flores pra você.
E Eu não vou mais estar do teu lado.
Mesmo assim, sempre eu vou te amar.
E essas coisas do teu namorado,
Em silêncio, hoje eu vou falar
É uma necessidade.
E não vem me dizer que é errado,
Você sabe o que aconteceu.
Boa parte de mim vai embora,
A sua parte que hoje sou eu.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

THE STROKES - LIFE'S A GAS

Para começar (ou continuar) o feriadão em alto astral, uma belíssima versão de Life's a Gas do Ramones. Uma canção de uma das bandas mais importantes do cenário rocker de todos os tempos com todas as características do Strokes. 
 


A VIDA É UM GÁS
 
A vida é um gás, a vida é um gás, a vida é um gás, um gás, oh yeah
A vida é um gás, a vida é um gás, a vida é um gás, um gás, oh yeah

Então não fique triste pois estarei ao seu lado
Não fique triste toda hora (2x)

A vida é um gás, a vida é um gás, a vida é um gás, um gás, oh yeah
A vida é um gás, a vida é um gás, a vida é um gás, um gás, oh yeah

Então não fique triste pois estarei ao seu lado
Não fique triste toda hora

A vida é um gás, oh yeah
A vida é um gás, oh yeah, oh yeah
A vida é um gás, um gás, oh yeah

Oooh não vá

domingo, 11 de novembro de 2012

CARLA BRUNI - QUELQU'UN M'A DIT

 Mais uma do filme 500 dias com ela. A trilha sonora é muito bom, com Smiths e muito mais

Alguém Me Disse

Disseram-me que as nossas vidas não valem grande coisa,
Elas passam em instantes como murcham as rosas.
Disseram-me que o tempo que desliza é um bastardo
Que das nossas tristezas ele faz seus investimentos

No entanto alguém me disse...
Que você ainda me amava,
Foi alguém que me disse que você ainda me amava.
Seria possível então?

Disseram-me que o destino debocha de nós
Que não nos dá nada e nos promete tudo
Faz parecer que a felicidade está ao alcance das mãos,
Então a gente estende a mão e se descobre louco

No entanto alguém me disse...
Que você ainda me amava,
Foi alguém que me disse que você ainda me amava.
Seria possível então?

Mas quem me disse que você ainda me amava?
Eu não recordo mais, já era tarde da noite,
Eu ainda ouço a voz, mas eu não vejo mais seus traços
'ele ama você, isso é segredo, não diga a ele que eu disse a você'

Sabe, alguém me disse...
Que você ainda me amava, disseram-me isso de verdade...
Que você ainda me amava, Seria isto possível então?

Disseram-me que as nossas vidas não valem grande coisa,
Elas passam em instantes como murcham as rosas.
Disseram-me que o tempo que se vai é um bastardo
Que das nossas tristezas ele faz a seus investimentos

No entanto alguém me disse...
Que você ainda me amava,
Foi alguém que me disse que você ainda me amava.
Seria possível então?

REGINA SPECTOR - US

Uma bela voz femina, um piano pulsante e cordas, muitas cordas. A fórmula para uma grande canção. Da trilha sonora do filme 500 Dias Com Ela, mais uma indicação do Victor. Das insônias dele para as minhas. 


Nós

Eles fizeram uma estátua nossa
E a colocaram no topo de uma montanha
Agora turistas vêm e nos encaram
Fazem bolas com seus chicletes
Tiram fotografias por diversão, divertem-se

Eles vão nomear uma cidade em nossa homenagem
E depois dizer que era tudo nossa culpa
Então eles nos darão uma bronca
Então eles nos darão uma bronca
Porque eles têm anos de experiência
Estamos vivendo numa toca de ladrões
Procurando por respostas nas páginas
Estamos vivendo numa toca de ladrões
E é contagioso,
e é contagioso, nós
E é contagioso,
e é contagioso, nós

Nós usamos nossos cachecóis com um nó de forca
Mas não por querermos o sono eterno
E apesar de nossos talentos estarem gastos
Os novos são trabalho escravo que você pode manter

Estamos vivendo numa toca de ladrões
Procurando por respostas nas páginas
Estamos vivendo numa toca de ladrões
E é contagioso,
e é contagioso, nós
E é contagioso,
e é contagioso, nós

Eles fizeram uma estátua nossa
Eles fizeram uma estátua nossa
Os turistas vêm e nos encaram
A mãe do escultor manda lembranças
Eles fizeram uma estátua nossa
Eles fizeram uma estátua nossa
Nossos narizes começaram a enferrujar
Estamos vivendo numa toca de ladrões
Procurando por respostas nas páginas
Estamos vivendo numa toca de ladrões

E é contagioso,
e é contagioso, nós
E é contagioso,
e é contagioso, nós
E é contagioso,
E é contagioso,
E é contagioso,
E é contagioso,

ÉMILIE SIMON - I CALL IT LOVE


Eu Chamo Isso de Amor

Eu chamo isso de amor, eu chamo isso de amor
Meu verdadeiro amor é você
Eu chamo isso de amor, eu chamo isso de amor
Só eu e você

Todos os dias eu canto
Para você esta melodia
Eu chamo isso de amor

Você está em minha mente o tempo todo
Você sabe que é verdade
Eu chamo isso de amor, eu chamo isso de amor
Só eu e você

Baby você não pode ver
O quanto você significa para mim
Eu chamo isso de amor

INSÔNIA


Insonia... emendo um filme no outro. O notebook aqui ao meu lado direito; a Juliana dormindo copiosamente à minha esquerda; nos intervalos de cada filme escuto um som para lavar a alma, purificante. Enquanto escrevo esse post rola na vitrola Émile Simon, trilha sonora do filme A delicadeza do amor; a canção é a baladassa I Call It Love. 

Os pensamentos voam; ora vem coisas boas à cabeça; ora coisas nem tão boas, desafios, dificuldades, enfrentamentos que somente eu poderei fazer. E a criatividade passa longe. Algumas décadas e eu pegaria o violão, abriria a janela da sala, no ap da Campos Mello em Santos (que tinha uma bela vista) e escreveria uma canção. Hoje penso em continuar meus dois projetos que pararam no primeiro semestre. Se fumasse, acenderia um cigarro e faria uma bebida forte; como não bebo, vou até a geladeira pegar um copo de coca cola geladíssima. 

E na vitrola continua a doce voz de Émile: See Emily Play. Sid Barret que o diga!

Levanto novamente; vou ao banheiro; a coca fazendo efeito. 

Daqui a pouco o sol vai aparecer, promovendo e confirmando o novo dia que nasceu desde às zero horas. Tem sido assim as madrugadas de sábado. 

Isônia...
 
Quando o sol nasce
Meu pescoço está apertado
Amarrado por aquela gravata

Quando o sol nasce
Meu corpo está cansado
E não tenho vontade de levantar

Meu celular insiste em tocar
Me chamando para levantar
Não vou mais me importar
Com o tempo que quer me escravizar
Mas não vou mais me importar
Com o tempo que insiste em me escravizar

Quando o sol se vai e a lua aparece
Meu pescoço está apertado
Pela mesma gravata no pescoço

Quando o sol se vai e a lua está no céu
Meu corpo cansado
Me dá a mesma sensação de morte

E Meu celular insiste em tocar
Me chamando para levantar
Não vou mais me importar
Com o tempo que quer me escravizar
Mas não vou mais me importar
Com o tempo que insiste em me escravizar

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Bem, Émile Simon está terminando de rolar na vitrola. Vou voltar para mais um filme. Desta feita um brasileiro, indicado pelo Victor: Histórias de Amor  Duram Apenas 90 Minutos. E, como um vampiro, quando o sol começar a nascer, fecho os olhos e durmo um pouco o merecido sono dos inocentes.

QUARENTENÁRIO VI

Mais uma da dupla Johnny/ Márcio, uma espécie de Lennon/ McCartney, Morrissey/ Marr que acabou não sendo tão produtiva, apesar de toda a capacidade dos dois. Assim como o Mayday, também tivemos nossos sonhos artísticos abortados cedo pela realidade da vida. Mas tínhamos tudo para reviver uma dessas duplas clássicas que trouxeram tantas pérolas para a música mundial.

O ano era de 1987. Naquela época buscávamos todos por uma liberdade que nunca viria, uma liberdade utópica que todo adolescente acredita que possamos ter, mas que a dura realidade da vida adulta demonstra que isso não passa de sonho da idade e da própria imaturidade. Então queríamos ler o que dava na telha, assistir o que tínhamos vontade, fazer o que nossos desejos pulsavam e odíavamos ter que ler algo por obrigação. E numa dessas obrigações da vida acadêmica o Zé Renato (Johnny Alienado) foi obrigado a ler Lucíola, obra de José de Alencar e, claro, ficou revoltado, mas acabou lendo.

Não sei qual era a fase de leituras do Zé Renato. Eu estava numa fase muito romance policial, Agatha Christie e John Le Carré eram os meus prediletos. Havia passado pela fase bolsilivro das histórias do Mac Bolan e da deliciosa Brigite Montifort e da coleção ZZ7. Também já tinha passado pelos Westerns. Mas a minha 'idade avançada' indicava que essas leituras juvenis deveriam ficar para trás, precisava ler algo mais 'adulto', compatível com meus 15 anos.

Naquela época tudo virava motivo para aguçar nossa criatividade artística; uma das primeiras canções que escrevi, com uns 12 anos, foi Alessandra, nome de uma guria por quem me apaixonara; Andre Doria, canção do disco Dois, da Legião Urbana, era uma personagem de um livro que escrevi em 1986 (e não conclui). E Lucíola, como não poderia deixar de ser, virou uma letra revoltada de Johnny Alienado, que musiquei logo que ele me mostrou e se transformou em uma bela canção do Mayday. Dias atrás recitei a letra para o Victor e para o Gui. O primeiro disse que lembrava Jupiter Maçã, Cascavelletes; não sei descrever o que esse comentário fez sentir. Ser comparado com o Man é algo impensado e impossível de ser descrito. 

Abaixo a poesia de Johnny Alienado:

Lucíola

Lucíola era uma puta
Gostosa prá caralho,
se prostituia, pra comprar cocaína

Ela não prestava, 
ela não valia nada, 
mas fazia a alegria da molecada

Lucíola lá lá lá
Luciola lá lá lá
Lucíola lá lá lá lá lá 


sábado, 3 de novembro de 2012

QUARENTENÁRIO V


O ano era de 1988. Estava no 2º ano do colegial, o que hoje se chama ensino médio. O cenário era a Escola Estadual Professor Primo Ferreira, ou apenas 'Primo' para os que ali estudavam ou no meio acadêmico santista daquela década. Era uma das escolas mais conceituadas da época, um desafio para quem estudava lá e por isso a escolhi para fazer o colegial. Era um desafio. Amigos dos meus irmãos mais velhos estudavam há anos e não conseguiam sair, diziam que eu seria mais um dos que nunca mais sairiam. Não conheciam a minha fama de CDF. O Quinho, que foi dessa para melhor há alguns anos atrás após se levantar da cadeira em um assalto no boteco que ele se encontrava em São Vicente, cidade vizinha de Santos e assustar os assaltantes que deram tiros direcionados a ele e que infelizmente o acertaram fatalmente (cara, tu sempre farás muita falta nesse plano aqui) sempre me dizia que me arrependeria, porque lá era foda. Eles acho que nem conseguiram terminar o colegial lá, depois fizeram um supletivão, no tempo em que supletivo tinha regra e era bem estruturado. Eu fiz em 3 anos, sem nem ao menos levar alguma recuperação. Sempre fui bom aluno.

Mas em 1988 estava no segundo grau, era do 2º C1 e o Marcelo Marmita, amigo do Fábio, cujo apelido eu e meu irmão Renato demos carinhosamente de Marcelo Orelha, porque tinha uma orelha mais para fora do que a outra, que estudava no Primo, fazia parte do Grêmio Estudantil e resolveram fazer uma gincana, que tinha xadrez, futsal, vôlei, com uma competição para ver qual estudante sabia mais de conhecimentos gerais. Tinha ainda uma competição de karaokê e uma paródia de uma música. Me inscrevi no xadrez, participei do time que deu vexame no futsal, fiz a paródia e cantei "Eu Não Matei Joana Dar'c" do Camisa de Vênus. Queriam que eu participasse da competição de conhecimentos gerais "Quem Sabe, Sabe", mas tinha uma guria que queria muito participar e deixei, já que estava em quase todas as demais competições. Tinha uns malucos nazistas na sala, que nos batizou de Nazifacistas do 2C1. Idiotice, mas tudo bem.

No xadrez, como ninguém me conhecia, supreendi a todos por vencer na primeira rodada o cara que era tido como o grande favorito. Depois da vitória, todos na sala ficaram estupefatos e quiseram jogar comigo. Ganhei de todos, um a um, amistosamente. Ainda tive que ouvir um presunçoso "só ganhou essa, te encontro na final". Mas fui ganhando jogo a jogo até chegar na final e pegar aquele primeiro adversário. Com platéia e tudo, contra eu, venci novamente o meu convencido oponente. Medalha de ouro para o 2C1. 

No futsal a galera era ruim demais e fomos humilhados jogo atrás de jogo. Logo eu, que tinha vencido na 8ª série o último campeonato no Dino Bueno, de futebol de praia, o primeiro organizado pelo professor Júlio, de educação física (nos outros anos nós quem organizávamos). Mas perdemos os três jogos da fase de classificação e ficamos em último no grupo, sem chances de classificação.

Quando cantei "Eu Não Matei Joana Dar'c" foi um escândalo e quase fui desclassificado, porque cantei a estrofe "eu nunca tive PORRA nenhuma, com Joana Dar'c". Imagina, falar porra era contra a moral e os bons costumes... quem diria, que mundo era aquele que vivíamos. Mas sim, não podia ser dito palavrão em público. Gurizada do século XXI, vocês estariam fudidos!

Por fim, cantamos em coro, a canção Panacas, uma paródia para a canção Psicopata, do Capital Inicial. Algumas particularidades são importantes de serem ditas antes de deixar a letra da paródia. A diretora, cujo nome nesse momento não me recordo, sempre buscava os alunos que queriam matar a primeira aula na porta da escola (o nome dela era Mari alguma coisa); havia um professor de desenho geométrico chamado Vandevaldo, que era o bicho, a galera tremia de medo dele. E muitos não saíam do primeiro ano por causa dele; era uma época que os alunos tinham mania de soltar rojões nos banheiros das escolas e já havia acontecido isso nos banheiros masculinos do Primo. Dito isto, aí vai a paródia:

"A chuva caiu na segunda feira
não vou entrar, 
vou perder a primeira

Primo Ferreira me maltrata, 
Estou virando um panaca

A diretora, vai nos buscar, 
não tenho escolha 
sou obrigado a entrar

Primo Ferreira me maltrata, 
Estou virando um panaca

Quero soltar bombas no banheiro
Pichar o muro do colégio inteiro, 
Não quero mais entrar na aula
Tô de saco cheio de biologia
Se aparece o Vandevaldo, 
Adeus toda orgia."

Nunca gostei de biologia, por isso o verso de saco cheio. E o professor de biologia dava aula olhando para o teto.

Muitos ficaram com medo de cantar a parte que falava do Vandevaldo, com medo de represálias, mas não deu em nada, menos do que o porra citado acima. Eles (tanto a diretoria quanto o professor citado) deram risadas no final das contas.

O Primo Ferreira fica no bairro da Vila Belmiro, alguns poucos metros do estádio Urbano Caldeira, mais conhecido como Vila Belmiro, do Santos e sempre que tinha jogo nós saíamos mais cedo para dar uma secada no time da casa. A maioria das vezes tínhamos êxito. Depois, quando o França, da nossa sala, foi profissionalizado, íamos torcer por ele. Ele andou pelo Vasco naquela época, mas depois sumiu de vez, não sei por onde anda ou andou.

Lembrei dessas histórias agora à pouco, pois a Juliana estava escutando algumas canções nacionais e uma delas era Eu Não Matei Joana Dar'c. Camisa de Vênus foi uma das bandas mais punks do cenário baiano de todos os tempos, mais na atitude do que no som, que era puro rock and roll, da melhor qualidade. Pena que tudo um dia chega ao fim e que tudo que é bom dure tão pouco.

P.S.: lembrei do nome da diretora que era o terror nos anos 80: dona Maricleia.

THE CURE - IN BETWEEN DAYS

Já que citei a canção, então para deleite de todos, uma das obras primas de Bob Smith e seu Cure.


Dias Intermediários

Ontem eu fiquei tão velho,
Eu me sentia como se pudesse morrer.
Ontem eu fiquei tão velho,
Isso me fez querer chorar

Siga em frente, Siga em frente,
Apenas vá embora.
Siga em frente, siga em frente
Sua escolha está feita.
Siga em frente, siga em frente
E desapareça,
Siga em frente, siga em frente
Para longe daqui

E eu sei [que] eu estava errado
Quando eu disse que era verdade,
Que poderia não ser eu
E ser ela no meio

Sem você
Sem você

Ontem eu fiquei tão assustado,
Eu tremi como uma criança.
Ontem, longe de você,
Isso me gelou profundamente por dentro...

Retorne, retorne,
Não vá embora.
Retorne, retorne,
Retorne hoje.
Retorne, retorne,
Por quê você não consegue perceber?
Retorne, retorne,
Retorne para mim...

E eu sei [que] eu estava errado
Quando eu disse que era verdade,
Que poderia não ser eu e ser ela
No meio, sem você.

Sem você,
Sem você.

QUARENTENÁRIO IV





"Hoje acordei cansado demais pra pensar em você
Olhei no espelho e parecia mais velho
Parecia mais velho

A barba que há muito tempo eu não fazia
Crescia a cada dia mais
A cada da mais"

Escrevi essa cação há uns 20 e tantos anos atrás, devia ter uns 15 anos, mais ou menos. Estava estupefato, totalmente tomado pela canção In Between Days, do Cure. Na verdade, foi logo depois da minha primeira noitada fora, a primeira vez que passei a noite fora de casa. Como sempre fazíamos aos sábados à noite, íamos até a Caneleira, um bairro de Santos na região Noroeste, próximo ao morro do Jabaquara, encontrar o Zé do Kiss e ficar escutando um som ao pé do morro, com um gravadorzinho e algumas fitas, muitas delas raríssimas, gravadas de forma precária de alguns shows de bandas punks que curtíamos. Tomando uns gorós, escutando um som e essa era nossa diversão. Eu não bebia, nunca bebi, ía de guraná (na época tinha uma guaraná Brahma com garrafinha marron, a melhor de todas). Em determinado momento resolvemos que iríamos para Cubatão, sei lá porque cargas d'águas. E fomos! Perambulamos pelas ruas desertas de Cubatão, em uma madrugada fria, na maior barca furada de todos os tempos (até então). Até que, altas horas, dia já amanhecendo, fomos para uma igreja que estava aberta e nos abrigamos do frio lá. Alguns cochilaram. Tudo isso porque não tinha como voltar de busão, não havia ônibus de madrugada naquela época. Quando o dia amanheceu fomos tomar café em uma padaria e então fomos para o ponto de ônibus voltar, para Santos.   

Quando cheguei em casa já eram 9 hs da manhã. A Sirloka preocupadíssima comigo, começou o interrogatório. E eu cansado, com sono e deprimido, sabe Deus o motivo. Como sempre, dormi pouco e quando acordei, um domingo ensolarado. Peguei o disco Standig On A Beach, emprestado do Zé Renato, que era fã incondicional do Cure e escutei insistentemente, principalmente as 3 últimas (The Caterpillar, In Between Days e Close To Me).

Lembro de ter sido uma das minhas piores fossas, dor de cotovelo, ou como quer que chame um dia em que estamos deprimidos, saudosistas ou coisa que o valha. Até que levantei, peguei meu bloco de notas, que andava sempre na época para não perder uma idéia e escrevi os versos acima. Baseado na letra de In Bettween Days:

"Ontem eu fiquei tão velho,
Eu me sentia como se pudesse morrer.
Ontem eu fiquei tão velho,
Isso me fez querer chorar"
Depois fui para o violão e musiquei a letra que acabara de escrever.
E era assim que funcionava, quanto mais triste me encontrava, mais inspirado ficava. Lembrei disso quando li um tweet da Superinteressante dizendo algo como as pessoas que sofrem têm mais criatividade. E assim era comigo.