domingo, 25 de janeiro de 2015

ÁLBUM DE FÉRIAS I

Os craques no Gonzaga, distribuindo autógrafos e sendo
assediados pelos fãs
O primeiro post do ano sempre deveria ser um álbum de férias. Com poucas palavras e recheado de fotos. Como nunca fiz isso, seguirei essa premissa recém inventada em 2015. Depois de trabalhar o ano inteiro, um ano madrasta, porque não teve quase feriado, ao menos no segundo semestre, quando
Descendo a serra
 quase todos caíram aos sábados ou domingos, o corpo e principalmente a mente, pedem, imploram por descanso. E esse ano, diferente dos outros, ainda não tínhamos programado nada até perto da viagem. 

A primeira parte estava programada desde algum tempo, pois iríamos para Santos, passar ano novo com minha mãe, meus irmãos Renato, que mora lá, com o Beto, que mora em Diadema, o Rogério, que se desacambaria de Navegantes, em Santa Catarina, para Santos, a princesinha da família, minha sobrinha Luizita e meus sobrinhos Renatinho e Jão. Com possibilidades do Fábio, daqui de Londrina, aparecer de maneira relâmpago, na passagem de ano. Assim, com o Rogério levando o Dinoboy, seu filho, conseguiríamos reunir todo o clã Alves Silveira, os 5 filhos da dona Sirlei, os 5 netos e a netinha linda, pela primeira vez em mais de 10 anos poderíamos churrasquear e fazer o desafio dos Silveiras: pais contra filhos, numa versão ampliada, já que houvera a primeira partida em Londrina, no começo em 2014, quando jogamos eu, Rogério e o Fábio contra Victor, Gui e Biel e vencemos a peleja por 3 a 2.

Já havíamos, no ano novo passado (que estranho ler isso em voz alta 'ano novo passado') tentado reunir ao menos os 10 filhos do Flamarion, em São José, Grande Florianópolis, na casa da única filha dele. Contatos feitos, apelações, só apareceram eu, o Rogério, o César de passagem, que inclusive mora na mesma cidade, e claro, a anfitriã Fernanda. Fracasso total... bem, ao menos na empreitada, porque não conseguimos nem 50% do clã. De resto, histórias hilariantes para contar, que ilustraram as conversas o ano todo e no nosso novo ano novo ainda foi assunto nas 'rodinhas'.

Vista da cidade do morro da Nova Cintra
Esse ano, mudamos a estratégia e nos bandeamos para Santos. Novamente não tivemos sucesso em reunir essa galera citada. Mais uma vez, eu e o Rogerio estávamos metidos na empreitada. Infelizmente, Beto e filhos não apareceram,por birra deste, que proibiu os filhos também de descerem a serra. Nem ao menos no churrasco ele apareceu, ou os filhos. Se sente meio órfão, não sei do quê, talvez da vida. O Fábio também não foi por estar trabalhando e ter plantão no dia 1. Dinoboy não pôde aparecer, por problemas com a "alfândega". Restou os filhos Rogério, Márcio e Renato e os netos Victor, Gui e Luiza. Divertido? Pra caramba! O melhor ano novo da minha vida, apesar do calor infernal. Renato também verbalizou isso. O Rogério inventou até uma religião... mas isso é outro assunto,mais para frente contarei.

Na segunda parte das férias a ideia era seguir para o norte ou para o sul, sempre pelo litoral e parando onde desse na telha de conhecer. Mas a Juliana achou que isso seria uma furada. A primeira e única vez que fizemos isso, eu e a Juliana, chegamos em Curitiba e não tinha hotel para ficar por conta de um grande concurso federal; fomos para Joinville e estava acontecendo o festival de dança na cidade, um evento super importante por aquelas plagas, onde inclusive tem uma escola do Balett Bolshoi. 
Ao fundo, com um pouco de esforço, é possível perceber a
Vila Belmiro, estádio do Santos FC
Acompanhamos alguns espetáculos do evento no Shopping Muller e ficamos encantados com tanta beleza e leveza das bailarinas. Como não tínhamos onde ficar, fomos parar em São Francisco do Sul. E lá, naquele inverno de 2011 ou 12, passamos aqueles dias de feriadão prolongado. 

Diante dessa experiência, um pouco traumática, dias antes a Juliana (ser superior Rogério, concordo contigo plenamente) começou a buscar na internet e encontrou finalmente nossa casa na praia: Residencial Sol e Lua, um pequeno apartamento a 30 metros da praia da Ponta do Papagaio, em Palhoça, região metropolitana da maravilhosa Florianópolis. Estava programada nossa segunda parte das férias.

Saímos de Londrina atrasados, pois o plano era partir às 7 horas, mas problemas de ordem 'oníricas' nos atrasou em uma hora. Também tivemos que passar no posto para encher o tanque e voltar em casa para ter certeza de que havíamos trancado a porta. Desencargo de consciência, estava fechada. E então seguimos viagem, rumo ao litoral, o nosso chão, literalmente a nossa praia. 

Avenida da praia em frente à igreja do Embaré após corrida
na praia
Às 8 horas da manhã do domingo 29 de dezembro de 2014, último domingo do ano, o clima era ameno; nossos receios eram passar muito calor na estrada, muito trânsito e passar no meio da cidade de São Paulo. Os sol forte dos dias que antecederam a viagem era um indício de que não seria fácil evitar o calor e o sol forte. Mas quanto mais adiar o sol, mais agradável seria; ainda por cima, uma chuva no meio do caminho amenizaria o calor; viajar no domingo rumo ao litoral, enquanto a maioria estaria voltando, uma boa estratégia. Também o começo da viagem é sempre tranquilo, até Ourinhos e depois até a Castelo Branco. Mesmo na CB, geralmente o trânsito engrossa quanto mais perto de Sampa. Por fim, passar por São Paulo, no meio da cidade, sempre foi uma dificuldade, superada com uma boa dose de atenção, não sem stress.

Outro fator de preocupação era descer a serra. Nessa época do ano, todos os caminhos que levam à praia são dolorosos, prejudicados mais ainda por motoristas insconsequentes que causam acidentes e prejudicam a viagem de todos, criando enormes congestionamentos e engarragamentos. E isso é uma 
Sirlei e netos reunidos
característica do Brasil, seja no litoral de SC, no RS, no PR ou em SP. Não tem jeito de fugir de um engarrafamento básico. Escolhemos o domingo, pensando que poucas pessoas descem a serra e vão para Santos num dia como esses, apesar da época do ano. Ledo engano. Conto mais adelante.

Como relatei, o clima era ameno, preparamos a trilha sonora, que já havíamos escolhido e que no dia anterior salvamos no cartão de memória. Cada um teria direito a cinco álbuns. O Gui escolheu Teme Impala, Pink Floyd, Bob Dylan; a Juliana escolheu apenas Banda do Mar; eu fui de Jesus And Mary Chain, Beirut, T-Rex, Sister of Mercy e Smashing Pumpkins, o Victor de Novos Baianos, Eddie Vedder, Pink Floyd e Mutantes. E assim estava nossa trilha sonora para as férias preparada. Escutamos tanto que enjoamos...

A viagem foi tranquila, apesar do movimento nas estradas, que se não era intenso, também não era nulo. As estradas do Norte do Paraná aos domingos costumam não apresentar movimento muito grande. Mas mesmo assim, sempre tem algum nó cego, sono, dormindo ao volante, distraído. E essa estupidez de um motorista nos custou caro e poderia ter sido pior. Ao passarmos por Cambará, no perímetro urbano da cidade, paramos em uma sinaleira, que estava fechada. Um pouco antes da fila de carros que se criou, para não fechar o cruzamento e deixar algumas pessoas atravessarem. O carro atrás do meu acompanhou e parou, mas o que vinha imediatamente atrás estava em uma velocidade acima do permitido, com o mané do motorista distraído e não conseguiu frear, batendo com tanta força que sobrou para mim. O estrondo da batida deu a entender que tinha acabado com a traseira do meu carro. E assim, nossa viagem, que mal havia começado, tinha ido por água abaixo. Desci nervoso e percebi que o estrago, no meu carro, tinha sido pouco. O carro do meio teve grande prejuízo e o que bateu, mais ainda. Sem vítima, sem seguro do culpado, deixei os dois discutindo seus prejuízos e arquei com o meu, seguindo viagem. Mas esse acidente marcou toda a viagem, pois dirigi sempre com a preocupação de quem vinha atrás.

Primeira madrugada de ano novo
Como não tenho GPS, sempre antes de qualquer viagem preparo o meu roteiro, o meu caminho. Antigamente comprava o guia 4 Rodas. Hoje procuro e preparo as rotas, vejo onde terá pedágio e os preços que vou pagar e traço meu percurso pelo Google Maps, imprimindo o mapa. Foi assim que descobri que o anel rodoviário de São Paulo está concluído e funcionando. Passar por dentro da cidade de São Paulo não seria problema desta feita. Quem já dirigiu na entrada dessa cidade sabe que estar a 90 km/h é correr o risco de ser atropelado por outro carro e é fonte do desconforto que as pessoas chamam de stress. Na verdade um excesso de preocupação e atenção que gera um mal estar emocional. Para quem não conhece um local, a velocidade deve ser reduzida para não errar o caminho. Com essa construção, além de passarmos ao lado da cidade, o trânsito fluiria com maior rapidez, sem o perigo de se enganar e errar o caminho, cair numa favela e levar um tiro, ser assaltado. Neura de caipira de cidade do interior.

Chegamos até aí sem dificuldades, mesmo com o acidente de trânsito citado. Mas aí veio a surpresa. Como era domingo, havia a operação subida, sendo que todas as pistas da Imigrantes eram exclusivas para o pessoal subir a serra e consequentemente deveríamos utilizar a Anchieta para chegar à Baixada Santista. O fato é que mais adiante uma mensagem na estrada informava que havia lentidão no trânsito
Nova geração
 no km tal. Meu amigo, se tem uma coisa que eu aprendi dirigindo na estrada é que quando aparece esse tipo de mensagem, significa que tá tudo parado e fodeu tudo. O que estávamos fugindo, tinha nos alcançado. E tudo isso no calor infernal das 15 horas. O que era para ser feito em 30 minutos, fizemos mais de 3 horas. Isso porque pagamos um pedágio absurdo de R$ 22,00, o que somou, após uma viagem de pouco mais de 600 km, estratosféricos R$ 150,00. Só para ir, meus caros, sem contar a volta. E encontramos estradas em situação regular. Por esse preço, deveriam ser perfeitas. Muitos remendos e obras intermináveis, que prejudicaram consideravelmente o fluxo. 

 
Uniforme preparado para o jogo do ano 
Depois do sangue, suor e lágrimas... bem, só suor, vai, mas um boa dose de suor e esforço, principalmente na serra, conseguimos chegar, com 3 horas de atraso, ao nosso primeiro porto: Santos. Não o porto em si, o maior da América Latina, mas à cidade, nossa primeira parada. E nossa casa em Santos não poderia ser outra a não a ser a dona Sirlei, no morro da Nova Cintra. Um lugar calmo e silencioso, mais fresquinho, bem diferente da Avenida Afonso Pena, no canal 4, uma barulheira que impedia até defunto de relaxar no descanso eterno, onde ela morava a última vez em que estivemos de férias em Santos, nos idos de 2009.

A ideia dessa primeira parte das férias e da viagem era relaxar, descansar, curtir a Sirlei, curtir a Luiza, Luizita fofolona do tio, os irmãos Rogério e Renato, junto com o Victor e o Gui, sem esquecer dos irmãos que o tempo fez surgir, que se não são de sangue, são de amor: Zé Renato e Dentiho. Os caras que nos acompanham há ao menos 30 e poucos anos. Passar o ano novo com a galera, comer muito, se divertir um bocado, ter histórias para contar e rir, rir muito de tudo. Eu sabia, sempre falei para o Rogério e para o Renato, que quando nos reuníssimos os três, mais o Victor e o Gui, iria sair só merda e juntando a mentalidade de todos, dava uns 12 anos, no máximo. 
Foto de Ano Novo
Além disso, churrasquear com toda essa galera seria sensacional e foi o que fizemos no dia 2, com ida a São Vicente para comprar as bagaças e uma chuva daquelas no meio do caminho. Os três gaúchos e o churrasqueiro foi o santista Luis, sogro do Renato. Claro que isso sempre foi é alvo de piada, porque onde já se viu gaúcho não pilotar a churrasqueira?  

Nós cinco pouco dormimos. Ficávamos até altas horas na praça do prédio ou em cima da garagem, batendo papo, falando besteiras e lembrando momentos da vida. E dando gargalhada. Até que alguém pedia água e todos subiam para dormir. Tentei, sem sucesso, fazer com que amanhecessemos na rua no ano novo. Mas pelas 4 da manhã o Renato e o Rogério pediram água e fomos dormir. Depois de muito vinho, muita risada e pouca coisa que prestasse, deu sono na galera. Mas no dia seguinte, antes das 9 horas já estávamos todos acordados para mais um dia à toa deitados no chão da sala da Sirlei ou do Renato, reclamando do calor e jogando conversa fora. Enfim, férias são para isso.

Uma desfocada, foto de Ano Novo
Pouco fomos à praia, na verdade só para fazermos exercícios, correr, umas barras, flexões. E claro, o bate bola de início de ano, o jogo mais importante da temporada para os Silveiras, em sua segunda edição. Jogo este que já está no calendário da Fifa. Final de Copa do Mundo? Mundial de Clubes? Libertadores? Claro que não, mas a segunda edição do bate bola pais contra filhos. Se na primeira jogaram o Fábio e o Biel, desta feita Dentinho e Lucas, filho do Zé Renato, fortaleceram o time dos filhos. E o Renato junto com o Zé Renato, completaram o time dos pais, comigo e com o Rogério. Os únicos que poderiam ser bi-campeões. Mas isso, minha gente, bem essa é uma outra estória, que em outro momento será contada. 

As tempestades de verão em Santos, cujos raios mataram uma família inteira na Praia Grande, a violência nas praias da baixada, onde ocorreram arrastões em Santos, Praia Grande e até no Guarujá, nos impediram de ir à praia para outras atividades que não as esportivas, apenas desfrutar a praia e o sol. Também o forte calor era um agravante.  E como havia tanta coisa legal para fazer, não fez falta. Todo dia, acordar, coçar o saco, ir do apartamento da Sirlei até o do Renato, descer, ficar na "pracinha" do prédio, coçar o saco, deitar no chão da sala da Sirlei, da sala do Renato, coçar o saco, 
A progenitora e os filhos no churrasco
reclamar do calor, beber água, refrigerante, suco de soja zero, fanta uva, coçar o saco, coçar o saco... e esquecer da vida, esquecer que existia vida lá fora. Que dia é hoje? Que horas são? A liberdade da vagabundagem. Direito à preguiça, já dizia Paul Lafargue. Dentre tantas coisas legais, na praia podes entrar no mercado sem camisa, ir a qualquer lugar sem camisa. Sem nenhuma formalidade.

Todos os percalços citados não nos impediu de ir no Centro de Santos comprar um TV nova para a Sirloka e ir no Gonzaga. E supermercado, quase todos os dias. E ai se esquecesse algo, descer o morro e rumar ao mercado mais próximo da cara cidade de Santos. O custo de vida em Santos é muito alto, tudo é muito caro. O fator turismo pesa muito e quem paga é o morador, que mantém a cidade fora da temporada, mas não tem vez quando ocorre a invasão dos turistas. O mesmo não acontece nas praias de Santa Catarina, onde o comerciante é menos ganancioso, porque sabe que precisa cativar o turista para ele voltar e quem sabe até indicar outros turistas.

O Renato, em nosso primeiro dia de Santos, nos levou em um lugar assustador da cidade, barra pesada, com gente muito esquisita na rua, sujeira e muita pobreza. Para ele, talvez comum, mas para nós, que não estamos acostumados, foi muito preocupante. Isso tudo para levar uma peça da moto dele no mecânico. Até uma 'casa' feita de papelão e plástico, no meio da calçada, vimos, com as moradoras varrendo a 'frente' da casa. Parecia um acampamento na calçada, em meio ao comércio e das pessoas que seguiam o seu rumo, sua vida. Isso que chamam de Cidadão Invisível. Ninguém se importa ou se incomoda mais com a sua presença marginalizada, que nem é notada. Na verdade, se não perturbar, fica ali totalmente à margem de tudo, mesmo estando presente e convivendo. A cegueira coletiva.

Um pouco antes do ano novo chegar
Faltou gente, sim, mas o propósito foi atingido. Diversão, curtição com a galera toda. Se faltou os pulos nas ondas no ano novo, que estavam ali perto de nós, 'a um pulo de nós' sobrou alegria e saudações. E algumas histórias que ilustrarão a pequena série do álbum de férias. As fotos ilustram nossa alegria, satisfação de confraternizar com os manos e a nossa vida vagabunda.







Outra Foto de Ano Novo


Todos mundos no churrasco

Confraternizando com a galera logo após a grande vitória


Vovó e os netinhos


    
Um achado: Renato bebê e a princesinha Silveira Luizita -
a mesma expressão. Apesar de ser a cara do pai, a Luiza é
linda