domingo, 15 de março de 2015

QUERENTENÁRIO - SOBRE INSPIRAÇÃO E ESCOVA DE DENTES


Minha inspiração vem do nada. Ou de tudo. Mas não é uma companheira fiel, que tem hora marcada. Quando ela vem, se não estou preparado, ela passa e me deixa na mão. E me deixa com ar de que poderia escrever minha obra prima e deixei passar a oportunidade. Tento estar sempre preparado, mas nem sempre consigo.

Muitas das minhas grandes idéias se perderam assim; outras se perderam por não compreender bem a inspiração que veio. Muitas vezes ela não flui com facilidade, tem que haver investimento de energia. É uma luta que se trava no meu cérebro. E tento não esquecer, não perder a emoção do momento; mesmo quando estou despreparado procuro tentar amenizar e buscar o ambiente para fazer com que se prolongue. Ainda não sou tão adepto às tecnologias para gravar a idéia e transcrever.

Mas se estou caminhando, no mercado, ou em algum lugar com acesso a uma caneta e papel, vou logo pedindo para alguém me socorrer e não perder a idéia. Geralmente, se demoro, não consigo recriar o ambiente. Aí escrevo e as palavras não têm a mesma beleza de outrora. A idéia se foi.
Às vezes teimosa, a inspiração persiste; sem muita intensidade, as letras ficam desconexas e as palavras parecem não ter a mesma conotação; quando não têm a mesma intensidade, se perdem no papel. Mas se permanece na cabeça, insiste, persiste, me tira do marasmo, da mesmice, da rotina. Me dá vida!

Quando era adolescente escrevia canções para expressar minhas angústias da idade. Tocava violão (mal e porcamente, como diria a d. Sirlei) e conseguia amenizar meu sofrimento. Queria ser um rock star. Não virei. Mas em algum lugar esse sonho ficou guardado.  

Ouço a voz da d.Sirlei dizendo que fazíamos algo “mal e porcamente!” reclamando  de algo mal feito. Era a forma dela incentivar-nos a fazer as coisas da melhor forma possível. Se deu certo, não sei. Sei que eu queria fazer tudo diferente com meus filhos, quando pensava em tê-los. Quando os tive, todos os ensinamentos da d. Sirlei serviram para criar meus filhos da melhor forma que pude. Por mais que tenha errado na educação e criação deles, o aprendizado com a d. Srilei e também do Flamarion (pois com sua ausência aprendi que tinha que ter responsabilidade e não fazer algumas coisas) foram de grande valia. Para a vida.

Escuto a voz da d. Sirlei dizendo que eu ou meus irmãos não sabíamos nem limpar o rabo quando queríamos fazer algo que ela era contra ou não tínhamos maturidade para fazer. Aquilo era uma ducha nos planos; estragava qualquer romantismo que pudesse ter naquele sonho. Era a realidade batendo à porta. É cômico lembrar disso agora. Mas na época era frustrante... muito frustrante.
Muitas vezes persistia. Insistia. De algumas coisas desisti. Claro, alguns delírios seriam frustrantes não alcançar por falta de capacidade.

Quando comecei a aprender a tocar violão, mais ou menos, aos 13 anos, mais ou menos quando comecei a romancear meus pensamentos e sentimentos em versos que chamava de canções, fui estudar música no Teatro Municipal de Santos. Fiz um ano, gostava pra caramba, lia partitura. Eu fazia com afinco, não queria fazer mal e porcamente. Porém, se o Punk Rock foi uma das melhores coisas que me apareceu, também me atrapalhou. Queria tocar aquilo que escutava. E aquilo era tosco, pobre, pesado e cru, com 3 acordes apenas. Mas apaixonante. No meu imediatismo próprio da adolescência aquilo que estava estudando e aprendendo não servia para nada. Com alguns acordes e suas combinações era possível musicar meus versos delirantes. Era mais do que suficiente. Logo abandonei as aulas e fui trilhar uma carreira não promissora de rock star. Durou alguns anos esse delírio. Mas boa diversão.

Talvez minha primeira frustração e o primeiro arrependimento na vida. Não tinha ilusões com o futebol, apesar de jogar bem. E naquela época, todos queríamos ser jogadores de futebol. Mas eu preferia impressionar as gurias com uma guitarra na mão e alguns versos de efeito de uma canção.
Meu primeiro emprego foi na loja de sapatos do velho seo Jorge, na praça da República, centro de Santos. E com meu primeiro salário (ele pagava quinzenal) não fui comprar uma bola ou uma camisa do Grêmio, como o Fábio, mas um violão nas Casas Bahia, que já vinha namorando a dias. E comprei à vista, coisa que assombrou meu primeiro chefe turco. E sempre andava com um papelzinho, revistas de cifras musicais e uma caneta a tiracolo. Queria fazer música e rodar o mundo.

E naquela época estava sempre preparado para a inspiração. Ela era mais freqüente que hoje. Mente inquieta, vivia pulsando. E escrevia, escrevia. Depois lia e, critico, jogava no lixo. Hoje, quando escrevo e não gosto, aperto Control T e Delete. Ou guardo para melhorar a idéia. Geralmente não volto a ela. Mas quando volto, lapido.

Hoje a tal inspiração bate menos à porta. Vida atribulada meus caros! Mas ela teima em aparecer. Geralmente quando estou impossibilitado de passar para o computador ou para o papel. E mesmo lançando mão de muitos artifícios para criar o mesmo clima, escuto uma canção apaixonante, me sento a frente do note book, olho paisagens delirantes, vou cagar e tantas outras coisas que não dão o mesmo resultado e demonstram ser ações em vão, porque, teimosa, ela insiste em não retornar. Sim, porque ela é insistente e persistente, tanto para vir quanto para ir. Para o bem e para o mal. E a idéia se perde. Para sempre.

Fruto de uma manhã de sexta feira (as sextas feiras são propícias para a inspiração chegar. Mas dias tristes também), quando fui escovar os dentes e notei algo estranho, escrevi os versos abaixo. Ela veio. A tal inspiração batendo à porta enquanto escovava os dentes. E fui correndo abrir o note book, que deixei aberto o dia todo e a madrugada toda de sábado, para fluir, para não perder a idéia. E deu no que deu.



MINHA ESCOVA DE DENTES DESCARTÁVEL

Hoje o dia amanheceu mais cedo
Me olhei no espelho e tudo estava estranho
Eu não parecia o mesmo
Apesar daquelas mesmas marcas no rosto
Denotando o tempo que passou sem piedade
Foi hoje, ontem, talvez amanhã?
Não importa, mas as coisas não encaixam mais como antes.

Escovei os dentes e minha escova estava estranha
O peso da minha idade?
Ou minha escova ultrapassada?
Não tinha mais o formato dos meus de dentes
Da minha boca
Ela não parece ser a minha velha escova de dentes
Minha companheira de todas as refeições
Minha companheira tão freqüente.

Algo mudou em tudo ao meu redor
Eu me apaixonei pela garota mais apaixonante
Mesmo que pareça algo delirante
Sempre estive apaixonado por ela
Apenas adormecido pelo tempo e levado pelo vento pra longe de mim
Sempre estive apaixonado pela garota mais apaixonante
Em meio a tantos delírios... delirante
Fui um tolo por não perceber
Apenas mais uma tolice ao não perceber

Mas minha escova de dentes já não se adapta à minha boca
Ou sou eu que não me adapto a ela?
Minha escova de dentes desajustada
Meus dentes tão sensíveis e acostumados
A ela. E agora, o que fazer?
Basta trocar
 Mas eu vou me acostumar?
É tudo tão estranho esta manhã, mas enfim, não serei eu o desajustado?
Mudo eu, troco eu?
Ela não é flexível.
Eu sou?

O que essa paixão fez comigo? Estou desajustado no meio de tudo
Ao mesmo tempo parece que nada mudou
Eu mudei.
Minha escova de dentes continua a mesma
Continua?

Se um objeto não se adapta, jogamos fora e trocamos
Porque são objetos descartáveis
Mas e as pessoas que não se adaptam? E as pessoas que se tornam desajustadas
E que não conseguem mais seguir o convencionado?
São trocadas por outras e mais outras
Então são descartáveis?
Puro silogismo
Mas é assim que funciona
É assim que funciona?
Tem que funcionar assim?
Somos todos descartáveis e
Quando não servimos mais, somos trocados
Então somos descartáveis?
Então somos objetos e não humanos?

Vou jogar minha escova de dentes fora
E comprar uma nova
Ela é um objeto descartável
Mas se eu acordei diferente é por que estou apaixonado por você?
E isso me torna mais importante na tua vida?
O que me torna o cara ideal para ti?
Estou apaixonado por você
E isso me torna diferente? Me faz diferente?
Eu posso ser o cara ideal para ti?

Minha velha escovas de dentes
Vai deixar saudade
Tudo nessa idade se transforma em luto a elaborar
Toda perda se torna um fardo a me preocupar
As marcas no rosto denotam a minha idade avançada
A minha escova antiga, ultrapassada
Esquecida
No fundo da lata de lixo
Isolada e perdida
Já que suas cerdas desgastadas são sinais de que está ultrapassada

Como as marcas no meu rosto demonstram minha idade avançada.

domingo, 8 de março de 2015

QUARENTENÁRIO - AS CANÇÕES DA MINHA VIDA - VOLANTES - GOETHE COM MOSTARDEIRO

Volantes é uma banda que durou pouco, mas que mexeu muito com minha vida musical. Como oficialmente não houve um final e eles estavam gravando um disco pela DeckDisc há uns dois anos atrás, três talvez, a esperança é de que um dia voltem. Isso tudo depois de mudarem de Porto Alegre para São Paulo e mudarem a formação original, que já havia sido mudada com a saída do baixista Guilherme Nunes e a entrada de Bernard Simon. Quem sabe não nos surpreendam com um disco e uma volta triunfal um dia?

Conheci de forma inusitada a banda. Primeiro que sou seguidor do rock portoalegrense desde os anos 1980, quando escutava as promissoras bandas Os Replicantes, TNT, DeFalla, Os Cascavelletes e algumas que fizeram grande sucesso no âmbito nacional, Engenheiros do Hawai e Nenhum de Nós.

Dizia que conheci a banda de forma inusitada. Foi através do Orkut. Até aí tudo bem, muitas bandas divulgam seus trabalhos nas redes sociais, principalmente facebook e twitter. Mas o Orkut (lembram dele?) tinha umas comunidades que a galera participava para trocar idéias, dar opiniões, brigar ou até mesmo se fazer de entendido daquilo que não entendia birosca nenhuma.

Uma das comunidades que eu participava e era um assíduo “comentador” (e eu participava de todas as comunidades que fazia parte, dando meus pitacos balizados, inúteis e totalmente leigos na maioria das vezes) era uma chamada Futebol Arte é Coisa de Viado (?). Na verdade uma sátira dos, como eu, defensores do futebol feio e de chutão para a frente, dos volantes de contensão, dos carrinhos na bola e principalmente das maravilhosas retrancas. Sem essa de chutes de efeito, firulas e frescuras de jogadores cai, cai como Neymar e tantos outros brasileiros frescos que vemos nos campos deste país. E daqueles que defendem que 1 a 0 é goleada e que depois de tomar um sufoco do caralho a partida toda, faz um gol de falta ou de contra ataque. Que se foda, o que vale não são os três pontos? Então, prefiro um jogo horroroso e ganhar o título, do que ficar com frescura e perder. Acontece que há anos o Grêmio joga feio e perde, dirão meus críticos. Infelizmente, tem isso.

E nessas discussões tinham os defensores do futebol arte. O que faz um cara, que gosta do chamado futebol bonito, participar de uma comunidade com esse nome? P R O V O C A Ç Ã O com certeza! Mas esse é o barato, discussões calorentas, sem nenhuma razão, somente com o sentimento, um xingamento só e uma puta terapia cibernética.

Numa dessas discussões, um defensor do futebol arte, ou seja, um bico na comunidade, que só queria satisfazer seu desejo de “criar caso”, deixa um link zoando com um cara chamado Guilherme Nunes. Provavelmente (não lembro) por causa de algum tópico de muita batalha (às vezes baixa) verbal. Curioso, entrei no link, que tirava um sarro do cara e vi que era uma foto dele com uma guria, na certa sua namorada, com a legenda: “próxima capa da caras”. Mais curioso ainda, fucei no perfil do cara e vi que tinha uma banda. Além disso, o cara era gremista. Isso fez eu me identificar mais ainda com ele. Mas não acreditava que poderia gostar de uma banda que conhecesse dessa forma. Entrei no perfil do cara e consegui uns links para escutar suas canções. Puta merda! Os caras eram geniais! Eu tava escutando uma junção de Joy Division com New Order, cantado em português? Era isso mesmo? Era! E com letras românticas de pura poesia. Um vocalista sensível, uma voz afinada, um som que lembrava o melhor do tecnopop dos 1980.
Show em Curitiba, na James

Daí para a frente foi uma adoração pela banda, que me fez bandear (com o perdão do que poderia ser um trocadilho infame) para Curitiba no início do inverno de 2011, para assistir a um show dos caras. Lá no James, uma boate GLS no chique bairro do Batel, região central da bela capital paranaense. E foi mesmo afudê o show dos caras.


Arthur - vocal e letrista - na James em Curitiba
Em seguida os caras gravaram um EP maravilhoso (Sobre Gostar e Esperar), gravaram um clipe de Maçã e de No Corredor, Ali.

Em 2012, novamente nos reencontramos com a banda. Desta feita em um show em Maringá, no Tribus Bar, um bar underground na Cidade Canção. E novamente era um inverno rigoroso.

Volantes é a banda mais legal que surgiu neste século no cenário nacional. A chamada cena indie onde já despontou bandas como Ludov (que assisti ao vivo em Assis em 2008), Mop Top, Columbia, Vanguart, Pullovers, Gram, que voltou recentemente depois de uma separação de alguns anos, Los Porangas, Cambriana, Móveis Coloniais de Acaju, Viana Moog e tantas outras que demonstram que o rock não morreu; e que no Brasil, de norte a sul os caras mandam bem pra caralho! Basta dizer que a Vanguart é de Campo Grande (sim meus caros, Campo Grande também tem rock, porra!) e Los Porangas do Acre... do Acre, caralho! E Viana Moog de Novo Hamburgo... Roquenroll, porra!

Mas Volantes é diferente. E não (só) por ser de Porto Alegre, de onde vêm Sabonetes, Cartolas, Apanhador Só, Reverso Revolver (a banda do Guilherme Nunes, quando saiu da Volantes), Viana Moog (que na verdade são de Novo Hamburgo, no pé da serra gaúcha), Nacional Riviera, Gullivers, Pública e tantas outras que agora não me ocorrem. Mas sim pelo som totalmente diferente de tudo o que está rolando no momento. Difícil de descrever para um leigo. Mas muito teclado, mistura eletrônica e toda essa salada, com guitarras marcantes e baixo e bateria em uma sintonia joydivioniana, efeitos. Em seus releases se apresentam como influenciados pelo pós-punk e indie dance dos anos 1980. E fazem muito bem! Na minha opinião, nada do que qualquer um fez no rock brazuca até hoje. Essa originalidade, embora influenciada fortemente pela música dançante inglesa, é que os tornam especiais.


Volantes é a melhor banda que surgiu depois de Los Hermanos. Esta no final do século passado; aquela no novo século.

Foi difícil escolher uma das suas poucas canções gravadas. Meu Samba sempre foi minha predileta. Mas depois do EP passei a curtir Nas Ruas. Maçã é sensacional. Mas Goethe com Mostardeiro é especial. Totalmente Porto Alegre. Quem não conhece minha terra natal, a capital dos gaúchos, a melhor cidade do mundo, que tem o por do sol mais bonito do mundo (no rio Guaíba), a rua mais bonita do mundo (ops, estou sendo sentimental demais. Deixa eu voltar), jamais entenderá o nome dessa canção. Goethe é uma avenida que corta o centro da cidade e chega até o Parcão, como é vulgarmente chamado o Parque Moinhos de Vento, em uma das regiões mais nobres da cidade. E Mostardeiro é uma das ruas que cortam a Goethe, pelo mesmo bairro. Uma região de encontros em bares da noite portoalegrense, geralmente dos jovens mais abastados. A Mostardeiro é também um dos primeiros endereços do Grêmio.

Só para esclarecimento, na Mostardeiro fica o Hospital Femina, onde nasceu meu irmão mais novo Renato. Isso foi fruto de muita gozação na nossa infância. Imagina, nascer em um hospital chamado Femina. Porém esse hospital é especializado na saúde da mulher.

Bem, mas chega de blá,blá, blá e vamos à canção. Quem tiver curiosidade e gosta de garimpar as bandas de rock do Brasil, deve se aprofundar e procurar pelo youtube pelas canções da Volantes. Sugiro começar pelas citadas Maçã, As Ruas, Meu Samba, 126 e Meias. E Última, a Love Will Tear Us Apart dos caras. E vale a pena buscar mais sobre as bandas nacionais citadas. Os saudosistas vivem dizendo que hoje em dia não se faz música boa. Se faz sim, só que não toca no rádio. Esqueçam das rádios comerciais, eles jamais tocarão o que é de bom. Eduquem seus ouvidos com música boa. Rádio emburrece os ouvidos.

Espero que curtam o som. E ouçam no volume máximo. Façam o vizinho que gosta de sertanejo ou de funk escutar um pouco de música de qualidade.


Goethe com Mostardeiro

Como faz pra ter alguém tipo você?
Como é lá dentro da casa em que eu não entro?
Quando você pega um táxi na esquina
E some em meio aos outros carros na avenida
Como é pra você olhar para o espelho?
Logo de manhã
Me dê algum conselho
Qualquer livro besta
Que você tenha lido
E faça diferença se eu encontrar contigo

Vou errar todas as palavras pra você me corrigir
Na hora mesmo lhe roubo um beijo
E acordo no mesmo lugar

domingo, 1 de março de 2015

ÁLBUM DE FÉRIAS III - THIS IS THE END

“... há quanto tempo desejo seu beijo
molhado de maracujá
tô me guardando pra quando o carnaval chegar...”

O carnaval chegou, o carnaval passou, o ano finalmente começou (aquele velho ranço dos mau humorados e pessimistas, da turma do quanto pior, melhor de que o ano só começa com a quarta-feira de cinzas) e aqui estou ainda falando de férias. Mas agora as férias das férias e finalmente a praia, o paraíso, a vida vagabunda, o gozo, o nirvana. Porque para nós, férias sem praia, não é praia. De preferência que seja no litoral catarinense.

Certo que já havíamos passado a primeira parte das férias em Santos. Mas o calor intenso e a (má) balneabilidade das praias da cidade, nos impediram de qualquer relaxamento na praia. E o que queríamos em Santos era curtir a família, a mãe, os irmãos, a sobrinha fofolona, as cunhadas. Sem compromissos ou horários. A praia no máximo para uma corrida e fazer algumas atividades físicas logo no início da noite. Isso quando não caíam as tempestades carregadas de energia que faziam o céu ser rasgado por relâmpagos, tão belos quanto perigosos. Ah, e claro, propício para o nosso futebol anual. Para o futebol, as areias das praias santistas são das melhores. Até hoje não conheço nenhuma praia com a extensão grande que permita a pratica do esporte mais popular no país. Até o football americano a galera estava praticando naquela tarde de sábado.

Porém, agora era a hora de curtirmos as praias da Bela&Santa Catarina, como vive dizendo o Rogério, que mora em Navegantes e sabe o que está dizendo. O paraíso! Quem conhece as areias praianas de Santa Catarina não deseja outra praia para ser o seu cantinho da preguiça nas férias. Pode ter a sua praia predileta, mas qualquer delas é um pedaço do paraíso.

Para o verão 2015 não tínhamos programado nada. De certo era o ano novo em Santos, o que não ocorria desde 2009. Mas tradição virou passarmos o ano novo com o Rogério e a Terê. 2014 o inesquecível réveillon na casa da Fernanda e o amanhecer em Bombinhas, Canto Grande para ser mais exato, já que Floripa estava com a entrada principal fechada, devido à queima de fogos. Agora 2015, como não rolou a casa de praia dos Silveiras na Guarda do Embaú, em Palhoça, como havíamos tentado nos organizar e ir todos os irmãos, cunhados e sobrinhas, combinamos Santos e como vimos anteriormente, não foi possível ir todos.

A idéia era sair de Santos no dia 4 de janeiro rumo ao norte, sem lenço e sem documento, sem rumo qualquer. Certa feita fizemos isso, eu e a Juliana. Inverno de 2011, 12, alguns dias de feriado e folga, fomos rumo ao sul; chegamos em Curitiba e não tinha hotel pois tinha um concurso grandioso; fomos para Joinville e tinha o Festival de Dança de Joinville, um evento que movimenta a cidade e a região. Fomos parar em São Francisco do Sul. Ao menos conhecemos a cidade histórica e as praias de São Chico. Um dia em Curitiba fazendo alguns passeios programados e um dia em Joinville assistindo a alguns (belos) espetáculos do Festival de Dança e por fim as areias gélidas de um inverno rigoroso em São Chico.

Escaldada com as minhas maluquices e desta feita com os guris juntos, apesar de ambos terem o mesmo espírito aventureiro do pai, pudera, na flor da adolescência, a Juliana começou a procurar algumas posadas. Até que encontrou nossa casa de praia: um residencial na Ponta do Papagaio, uma das praias de Palhoça, cidade na região metropolitana de Florianópolis, a 7 km da capital. Uma viagem que de Santos daria pouco mais de 700 km e um valor de pedágio de R$ 14,00, bem diferente dos 600 km que separam Londrina de Santos e seus mais R$ 150,00 para exercer o direito de ir e vir. A voracidade dos pedágios paulistas e paranaenses, que pesam vergonhosamente sobre o bolso do usuário. Só pode ser uma campanha patrocinada pelas companhias aéreas; ou pela vergonha descarada dos empresários dessa área e dos políticos. Mais certa esta última hipótese.

A viagem Santos – Palhoça começou assustadora. Pegamos as estradas do litoral sul paulista. Mas para sair de Santos fomos por São Vicente e Praia Grande. Nunca havíamos passado por tais lugares anteriormente. Essa estrada era nova para nós, os desbravadores do litoral. A periferia de São Vicente e da Praia Grande é feia demais. Não pela simplicidade das casas ou até mesmo pela pobreza. A tempos isso mudou e a urbanização das favelas nas cidades melhorou esse aspecto. Meu irmão Renato, que mora em Santos, nos pediu cuidado e atenção, esclarecendo alguns trechos os marginais costumam ficar na espreita, principalmente em locais com redução de velocidade ou engarrafamentos (algo muito comum em qualquer estrada que leve ao litoral do Brasil nessa época) e agir na primeira bobeira dos motoristas. Mas isso não ocorreu, apenas a paisagem triste. Não pela pobreza, que se assemelha a qualquer outra periferia das grandes (e pequenas) cidades, mas pela sujeira nas ruas e o descaso com o meio ambiente tanto do poder público quanto da população.

E haja bananal! Até Curitiba era só o que tinha na estrada. Deve ser o maior bananal do Brasil e foi isso que os portugueses encontraram quando chegaram ao Brasil, além das belas índias nuas: muita banana. Aos que têm a mente poluída e que pensaram em algo que não seja a fruta banana, fiquem tranqüilos que não tem duplo sentido no que escrevi.

O domingo inteiro dirigindo, fazendo algumas paradas estratégicas, falando ao celular com o Rogério, que também havia pegado a estrada para Navegantes, apenas algumas horas depois de nós, que saímos com o nascer do sol. Almoço em Joinville, umas das nossas cidades prediletas. Sempre passamos e paramos em Joinville e suas ruas que lembram muito nossa querida Londrina, apesar da colonização alemã. Em nossa breve passagem por Caiobá, quando moramos por alguns meses no litoral paranaense, Joinville era o nosso porto querido, a nossa civilização.

Depois de Joinville, fomos direto, sem parar, até chegar em Palhoça, ainda de dia, bater cabeça para achar a Ponta do Papagaio, que fica há mais de 20 km do centro da cidade, depois procurar o endereço do residencial, que estava errado no site, ruas com nome de número (rua 100 a primeira quadra, 200 a segunda e assim por diante) com travessas (eles chamam travessas de Servidão) 101, 203, etc. Isso confundiu nossas mentes cansadas da viagem e os poucos neurônios em funcionamento.

Para atrapalhar um pouco mais, no meio do caminho recebemos uma ligação do dono do residencial, que preocupado com nosso atraso, nos informou que estava saindo para o enterro de um parente e nos orientando como fazer na chegada. Enfim chegamos, nos instalamos e mesmo com o cair da noite, fomos dar uma volta na praia, pisar na areia e conhecer a “nossa praia”. O residencial ficava a trinta passos da praia, praticamente descíamos as escadas do apartamento e pisávamos na areia da praia da Ponta do Papagaio. Melhor que isso? Não conheço e nem quero, porque não deve ser coisa de Deus, meus caros, não deve ser!

Foram oito dias de verdadeira vagabundagem, acordar, ir para a praia, voltar, comer, dormir, ir para a praia, voltar para casa, dormir, acordar, repetir o que fez no dia anterior e depois de novo e de novo. E coçar o saco, baby, coçar o saco o tempo todo! Fazer o que melhor tem na vida: aproveitar a vida sem fazer nada, sem relógio e calendário. Que dia é hoje, que horas são? Isso não existia em nosso vocabulário desde Santos, desde o dia em que pegamos nossa bagagem e rumamos para Santos.

Quando fomos para a Guarda do Embaú, local que o Rogério escolheu para morar daqui uns anos, por amar aquele pedaço do paraíso, ficamos encantados com tanta beleza. A peculiaridade de atravessar o rio da Madre para chegar na praia, ainda mais bela, com fortes ondas, propícia para a prática do surf, é um dos encantos daquele local.Tudo isso a 7 km da nossa ‘casa’.

O Victor encontrou seus amigos de Londrina, uns guris metidos a hippie e foram acampar no Vale da Utopia. Passou dois dias e uma noite e não curtiu muito a vida rústica dos ripongas do século XXI. Muita barba, pêlo, piolho, sujeira e maconha; pouco conforto e higiene. Mas uma aventura, sem dúvida, mas da qual não tenho mais pique, mas o Victor, com seus 20 aninhos, tem muita lenha para queimar.

Mas trouxe consigo histórias e um desejo de trilharmos o caminho que leva ao vale da utopia, a partir da Guarda do Embaú. Mas antes dessa trilha, havíamos combinado de pegarmos a estrada e mais 70 km ao sul (como aparece o número sete aqui) com destino a Garopaba e suas conhecidas praias paradisíacas, embora falar de paraíso no litoral catarinense seja uma redundância tremenda.

Queríamos conhecer a famosa Praia do Rosa. E lá fomos nós logo cedo para a estrada rumo à Garopaba. Lá se confunde um pouco Garopaba com Imbituba, já que é tudo junto e misturado. Chegamos com a praia vazia, o que aos poucos mudou a paisagem, com a chegada dos banhistas e a turistada mais preguiçosa, que acorda tarde, trazidos pelo andar do relógio e pelo sol que se firmava no céu.

Como em todas as praias, fomos explorar o extremo norte da Praia do Rosa, já que estávamos no lado sul. No meio da praia, que tem uma correnteza forte e ondas perigosas, em seu gélido mar, um riacho, lago, sei lá, de água doce, levemente quente, onde as famílias com crianças pequenas se banham, por ser água tranqüila e rasa, sem a braveza da Rosa. E assim manter a tranqüilidade de pais e mães com seus pequerruchos. Paramos um pouco, fui até o centro da lagoa nadando, pensei em atravessar para o outro lado nadando, mas desisti para não demorar muito.

Chegando ao extremo norte da praia do Rosa, nos deparamos com o morro e uma trilha que levava ao destino de mais um paraíso: a praia Vermelha. Trilha esta maravilhosa, com paisagens ainda mais belas. O caminho verde, rochoso, o sol a pino, nas nossas costas a Praia do Rosa se distanciava e a todo momento pausa para uma foto. Adiante nos deparamos com um maluco atravessando de um penhasco a outro, praticando slackline. Provavelmente gravando algum programa do canal Off.

Entretanto, após andarmos por mais de hora, não encontramos a praia prometida e voltamos, pois não estávamos preparados para uma trilha tão grande, sem água e até descalços. Ao chegarmos, cansados e extremamente encalourados, com fome e principalmente sede, pegamos nossas tralhas de praia e rumamos à praia mais importante que soubemos na redondeza: a Praia do Silveira, em Garopaba. Depois do almoço, embora cansados e suados e com vontade de sombra e água fresca, literalmente, não podíamos deixar de conhecer essa praia. Os Silveiras desbravadores do litoral conheceriam a praia que levava o seu nome.

Roda daqui, roda de lá, pergunta daqui, pergunta de lá (não tenho GPS) e finalmente nos deparamos com um enorme supermercado com o nome Silveira. Sinal de que estávamos perto, embora tudo em Garopaba leve o nome de Silveira. Parada estratégica para abastecer de água, banheiro limpo e etc. E lá fomos nós de encontro à praia dos sonhos dos Silveiras.

As placas indicavam a praia; parada para foto na placa, foto da paisagem... Até que descobrimos a origem de nome tão familiar a nós para a praia. Uma das placas trazia os seguintes dizeres:

SILVEIRA – é uma das mais lindas praias de Santa Catarina e destaque entre as praias brasileiras. É considerada uma das melhores do mundo para a prática do surf. É chamada de Silveira por existir em sua lagoa um capim chamado silvado ou capim silva, utilizada na época para cobertura das casas.

Aos poucos, ganhando asfalto no meio do morro, deixando para trás, a cidade de Garopaba, à esquerda a praia Central e à frente o morro, uma vista encantadora para qualquer dos lados. Se à esquerda estava a praia Central de Garopaba, ao fundo as dunas de Siriú; à frente o morro que escondia a Praia do Silveira. Vira daqui e dali e finalmente a primeira vista da praia: ao fundo uma areia branca e o mar azul. Influenciado por nossa emoção, empolgação e alegria, a vista mais linda do mundo. E haja foto de todos os lados para registrar a descoberta de mais um paraíso catarinense. Decidimos ir para o sul da praia uma vez que a descida era menos íngreme e aparentemente mais tranqüila para voltar. Apesar do asfalto, muita areia se misturava e já tínhamos passado por isso em uma das praias da Penha no verão anterior, com o carro derrapando na subida.

Descemos e procuramos uma entrada para a praia, com dificuldade, pois aparentemente há apenas uma na parte sul: a praia é cercada por vegetação. Nem lugar para estacionar o carro tem; é uma estradinha com algumas construções ao longo. E a entrada para a praia. É necessário deixar o carro no único lugar possível: um estacionamento há alguns metros da praia. E para chegar finalmente nas areias da praia do Silveira um caminho estreito entre a vegetação e uma areia de queimar os pés. Uma gringa passou por nós de meia, se gabando de sua inteligência. Ano que vem, meia nos pés galera!

Chegamos na praia, já com os pés queimando e a areia densa quente demais esquentava nossos pés já sofridos pelo caminho até ali. Poucos banhistas aproveitavam a beleza daquela praia. Pouco ficamos, mas deu tempo de tomarmos um caldo no límpido mar revolto enquanto tirávamos umas das intermináveis fotos.

Estafados mas extasiados, não exploramos a praia, o que ficou para o próximo verão, planejamos ser a primeira praia de 2016. Possivelmente passar o ano nas suas areias. Mas ainda tivemos ânimo de ir até o mirante de Garopaba e ter a visão de cima das suas praias; menos a do Silveira, que fica realmente isolada atrás dos morros, o que dificulta a presença do homem, talvez esse o segredo de sua beleza, quando mais a esmo, menos exploração do homem e menos destruição.

Ao voltarmos para ‘casa’, combinamos de fazer a trilha que leva ao Vale da Utopia. Os quatro aventureiros. Desta vez preparados, com água em abundância, de tênis e roupa para nos proteger do sol escaldante. A trilha é grande, com muitos trechos difíceis. Mas a vista meus caros, vale qualquer esforço. Era como estar nas montanhas e na praia ao mesmo tempo. Se por um lado trafegávamos no meio do mato e desviando de bois e vacas no caminho, até cavalos, do outro lado o mar a perder de vista. Até chegarmos, extenuados com o forte calor que o sol exacerbava, numa prainha de água gelada e algumas ondas: a chamada Prainha do Vale da Utopia. Com direito a chuveirinho para um banho refrescante e o mar para relaxar; com árvores e sombra para um cochilo revigorante até a volta ou continuar a trilha.

E foi o que fizemos, deitamos na sombra após algumas guloseimas, um mergulho no mar e um banho no chuveirinho, em meio a campistas que almoçavam e descansavam em suas barracas e o velho e bom violão e o gado que passava ao nosso lado a procura de comida, numa proximidade só imaginável na fazenda ou no campo, não na praia.

No retorno, após descansarmos e esperarmos o sol amenizar, já perto das 4 horas, a mesma paisagem; decidimos pegar outro caminho, pelo lado que vai margeando a praia da Guarda.

Nesses poucos dias de Ponta do Papagaio e Guarda do Embaú, ainda deu tempo de fazermos nossos exercícios diários, correr na praia, barra e flexão no posto de bombeiro e um futebolzinho bem em frente de ‘casa’, que rolava todos os dias com o cair do sol. A vida que pedimos a Deus! Nem que seja por somente 8 dias.

A volta para casa foi mais difícil do que esperávamos, apesar de termos escolhido uma segunda feira. Muito engarrafamento, causado pela imprudência de motoristas que se envolviam em acidentes ao longo de uma rodovia já prejudicada pelo volume excessivo de veículos. Lentidão e engarrafamento até Brusque, onde entramos para gastar uma grana com a famosa indústria do vestuário conhecida por todo o Brasil e parada obrigatória de quem vai para o litoral catarinense e que conhecemos o ano passado quando a minha cunhada Terê nos levou.

Depois de duas horas nos poucos km’s de Brusque à Balneário (Camboriú) e depois até Navegantes, parada para reabastecimento das energias na casa do Rogério, antes de pegar viagem definitiva. Entretanto, fizemos mais uma parada estratégica em Joinville, pois não quisemos pegar a serra até Curitiba à noite e com a tempestade que se fazia presente em breve, tanto que em Joinville as ruas estavam totalmente às escuras, sem qualquer iluminação que não fossem dos carros.

E no dia seguinte, enfim o retorno para casa, com saudade da praia, da mãe, dos irmãos (os três patetas – eu, Rogério e Renato, a Luizita - o Fábio mora em Londrina e o Beto não se deu ao trabalho de aparecer) e muitas histórias na cabeça, menos do que fotos, pois estas não caem no esquecimento.

"This is the end
Beautiful friend
This is the end
My only friend, the end
Of our elaborate plans, the end
Of everything that stands, the end
No safety or surprise, the end
I'll never look into your eyes again
Can you picture what will be
So limitless and free
Desperately in need of some stranger's hand
In a desperate land?"

E no rádio aquela velha canção apocalíptica do Doors. Jim Morrisson, o rei lagarto vive eternamente em seus delírios, imortal em sua obra.

Ponta do Papagaio
Conhecendo a Ponta do Papagaio na chegada
Vista da sacada do ap.

O campinho em primeiro plano, onde jogaremos
Silveira x Silveira em 2016. Quem se habilita?

Entre a praia dos Sonhos e
Ponta do Papagaio
Entrada Costa Sul da Praia do Rosa
São Chico inverno de 2010

São Chico no inverno de 2010


São Chico no inverno de 2010
Praia do Rosa ficando para trás: início da trilha


Entre os penhascos: slackline

Adrenalina no slackline até para quem apenas assiste

Marsão ao fundo e esses três dedos: o que significa?
Porra nenhuma!

Ao fundo a Praia do Rosa: longo caminho percorrido

Depois de quase uma hora de trilha e a praia Vermelha
ainda longe

Hora do alívio no Silveira

Supermercado Silveira




Ao longe a Praia do Silveira

Praia do Silveira
Tentativa de foto e caldo no mar do Silveira
Divisória: à direita Costão Sul; à esquerda Costão Norte

Praia do Silveira

Praia do Silveira: sol escaldante e areia queimando

Gui na entrada do Costão Norte
do Silveira
Os três chegando no mirante e à frente a praia Central:
Garopaba
Na Praia do Silveira



Dunas do Siriú

Rio da Madre vista da praia Guarda do Embaú

Centrinho da Guarda

Centrinho da Guarda

Chegando na primeira prainha, sol rachando

Caminhando (e cantando) debaixo do sol quente da prainha

Ao fundo a prainha: haja água para aguentar a trilha

Gado pelo caminho e os guris se protegendo do sol (tentando)
Antes da trilha: preparados
Começo do fim da trilha: ao fundo
prainha do Vale da Utopia

Enfim a recompensa: bela vista do paraíso, não a cidade
do PR, mas do prainha do Vale da Utopia

Vaquinha passando ao nosso lado

Juliana na praia da trilha da Guarda

Guarda do Embaú

Centrinho da Guarda

No calçadão da famosa Beira Mar Norte em Floripa,
a Ilha da Magia: cidade mágica

No heliporto da Beira Mar Norte

Debi e Loide... ou seria o Victor e o Gui? ou as duas coisas?


Pós Travessia da Guarda
no rio da Madre

Ano que completo 43, o Victor
nasceu dia 4 de novembro e o
Gui 3 de julho

Foto da sacada antes de pegar estrada de volta

Chegando a Balneário - até aí tranquila a estrada