domingo, 26 de junho de 2011

LEGIÃO URBANA - METAL CONTRA AS NUVENS

Já que citei esta canção no última post, aqui vai para os que não conhecem (que planeta que vocês vivem?). Essa canção é um épico do rock nacional, basta dizer que é da Legião, mas também por ter uma letra kilométrica (acredito que nunca tenha sido tocada em nenhuma rádio). Faz parte do 5º álbum da banda, intitulado como V, de 1991, se não me engano. É um dos discos mais tristes do rock nacional, chega a ser depressivo, mas, e diria por isso mesmo, é belíssimo. Renato abrindo-se e mostrando suas entranhas.

A letra, obviamente, por se tratar de Renato Russo, é um caso à parte: "a própria fé o que destrói". É uma canção de desesperança, mas que lá no fundo há uma luz no fim do tunel. Basta acreditar! Basta entender o momento. A letra é dividida em 4 partes, sendo a parte II um heavy metal pesado e a parte IV a mais suave; como sempre, com algumas verdades do próprio Renato, mas que não necessariamente são as nossas. Letra enigmática, depende de quem interpreta e do momento em que está passando.

Na verdade não tem muito o que falar, apenas escutar. De preferência em um momento intimista, com um fone de ouvido e com tempo para refletir. Funciona pra caramba!

Aproveite! "... essa é a terra de ninguém e sei que devo resistir, eu quero a espada em minhas mãos!"




Metal Contra As Nuvens

I

Não sou escravo de ninguém
Ninguém, senhor do meu domínio
Sei o que devo defender
E, por valor eu tenho
E temo o que agora se desfaz.

Viajamos sete léguas
Por entre abismos e florestas
Por Deus nunca me vi tão só
É a própria fé o que destrói
Estes são dias desleais.

Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal, me sabe o sopro do dragão.

Reconheço meu pesar
Quando tudo é traição,
O que venho encontrar
É a virtude em outras mãos.

Minha terra é a terra que é minha
E sempre será
Minha terra tem a lua, tem estrelas
E sempre terá.

II

Quase acreditei na sua promessa
E o que vejo é fome e destruição
Perdi a minha sela e a minha espada
Perdi o meu castelo e minha princesa.

Quase acreditei, quase acreditei

E, por honra, se existir verdade
Existem os tolos e existe o ladrão
E há quem se alimente do que é roubo
Mas vou guardar o meu tesouro
Caso você esteja mentindo.

Olha o sopro do dragão...

III

É a verdade o que assombra
O descaso que condena,
A estupidez, o que destrói

Eu vejo tudo que se foi
E o que não existe mais
Tenho os sentidos já dormentes,
O corpo quer, a alma entende.

Esta é a terra-de-ninguém
Sei que devo resistir
Eu quero a espada em minhas mãos.

Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal, me sabe o sopro do dragão.

Não me entrego sem lutar
Tenho, ainda, coração
Não aprendi a me render
Que caia o inimigo então.

IV

- Tudo passa, tudo passará...

E nossa história não estará pelo avesso
Assim, sem final feliz.
Teremos coisas bonitas pra contar.

E até lá, vamos viver
Temos muito ainda por fazer
Não olhe pra trás
Apenas começamos.
O mundo começa agora
Apenas começamos.


sábado, 25 de junho de 2011

BRAVO MUNDO NOVO


Comentei alguns posts atrás de um novo mundo que vai nascendo a cada década; nos anos 80 não havia celular, internet e tantas outras parafernálias eletrônicas das quais hoje em dia não vivemos sem. Disco, por exemplo, saía uma vez por ano e quando nossas bandas preferidas anunciavam que entrariam em estúdio, ficávamos já na empolgação, até o lançamento do novo disco. Isso, hoje em dia é impensável. Claro, tudo é lançado (quando não vaza) na internet e já era. Não existe mais a expectativa toda que era criada. Dirão que sou um saudosista inveterado... concordo, preferia como era, mais difícil o alcance, mas era legal, não saberia adjetivar isso de outra forma... cool!

O mundo mudou mesmo. Não só nesse aspecto. Antigamente as mães ficavam em casa. Poucas eram as mães que trabalhavam fora, geralmente as que eram separadas ou solteiras (sim haviam algumas mães solteiras e era um escândalo); nos anos 80 a novela das 8hs começava realmente às 8hs; acho que era porque não haviam tantos carros nas ruas, não haviam tantos engarrafamentos; as pessoas saíam no horário do trabalho, não faziam horas extras até tarde da noite.

Segunda feira passada cheguei na academia mais cedo e às 6hs, ao invés de começar a novela desse horário, começou malhação! Acho que no século XXI a novela das seis começa às sete, a das sete começa às oito e esta às nove. As pessoas vão dormir bem mais tarde também. Deve ser para aproveitar melhor a vida, que é curta demais; ou então quanto maior o tempo de vigília, maior a probabilidade de consumir.

Esse mundo novo que está surgindo é um mundo que não cabe a tristeza; é a felicidade a qualquer custo e como ela está custando caro atualmente. Acho que deve ser por isso (pela busca pelo prazer desenfreado) que não sabemos mais lidar com as pequenas frustrações do dia a dia. E a superficialidade que o mercado do capital exige para que não nos apeguemos às coisas e assim continuemos a consumir cada vez mais se tornou um modo de vida. Tanto que não nos apegamos àquelas coisas que podem nos dar a sensação de desprazer. Então no primeiro obstáculo, lá vamos nós refazer nossos planos, nos separar, deixar as coisas que nos impedem da felicidade total para trás...

Essa coisa da felicidade sempre vem bater às portas da minha percepção. O que será diabos isso? Nunca consigo chegar à conclusão, mas acredito que não seja algo do qual possamos desfrutar fulltime. Acredito que quanto mais felizes estamos, mais próximo de um período de infelicidade estaremos. E temos que aprender a lidar com isso.

O símbolo yin e yang sempre me fascinou. Li uma vez em algum lugar, antes de entrar na faculdade, que significava exatamente o que falei no parágrafo acima. Para quem não conhece, ele é formado por um círculo com uma grande parte em preto com um pequeno ponto branco e outra parte onde o branco é predominante e tem um pequeno círculo preto e representa a dualidade de tudo o que existe na natureza, o lado positivo e o negativo; o pequeno círculo branco no grande círculo negro seria a possibilidade de mudar da tristeza para a alegria e o círculo negro pequeno dentro do maior branco o contrário; ou seja, nada é eterno; um não vive sem o outro.

Pois bem, esses dias, sem querer me caiu nas mãos Romanos 12:12, que também tem tudo a ver: Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração. Ou seja, como diz a bela canção da Legião, Metal Contra as Nuvens: tudo passa, tudo passará!

Bravo mundo novo está nascendo e pelo visto, vai te surpreender um dia! Já dizia a Plebe Rude em 1987, na canção que dá o título a esta postagem. A cada dia nos surpreendendo, positivamente ou não, a cada dia uma nova surpresa.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

RADIOHEAD - KARMA POLICE

Uma das últimas vezes que falei com o Zé Renato, há mais de um ano (acho que foi em 2009 ainda) conversamos sobre o Radiohead. Ele comentou sobre a música que estou postando agora, como a que mais gostava. Seria uma briga listar a que mais gosto. São inúmeras, que não caberia nos dedos das mãos. Assim como acabei de falar para o Tety, que adora o The Bends, para escutar o Pablo Honey.

Poucas pessoas têm o privilégio de acordar em um dia ensolarado como foi hoje, pegar o carro, ligar o rádio e escutar o dia inteiro Radiohead. E agora à noite que chegou ao Ok Computer e à canção que posto abaixo! Linda canção, belíssimo clipe!




Polícia Cármica

Policia cármica, prendam este homem, ele fala em matemáticas
Ele zune como uma frigideira, ele é como um rádio fora de sintonia

Policia carmica, prendam esta menina, o seu penteado à Hitler me deixa doente
E nós estragamos sua a festa

Isto é o que você ganha, isto é o que ganha
Isto é o que você ganha, Quando você mexe com conosco

Policia carmica, eu dei tudo quanto podia, e não é o suficiente
Eu dei tudo quanto podia, mas ainda estamos na folha de pagamento

Isto é o que você ganha, isto é o que você ganha,
Isto é o que você ganhas ao se meter conosco

Por um minuto lá , eu me perdi, eu me perdi
Ufa, por um minuto lá , eu me perdi, eu me perdi

Por um minuto lá , eu me perdi, eu me perdi
Ufa, por um minuto lá , eu me perdi, eu me perdi

quinta-feira, 23 de junho de 2011

SHOW DA VOLANTES - 04 DE JUNHO DE 2011


Sábado à noite! Lembrei de Os Embalos de Sábado à Noite (que bobeira). Show em Maringá. Estávamos há algumas horas de assistir a banda que mais gostamos atualmente, a Volantes, direto de sua nova casa, São Paulo, para o fechamento da turnê Maçã, com show marcado para esse dia em Maringá e no dia seguinte em Cianorte. Como pode Londrina ter ficado de fora? Isso o Arthur explicou quando chegamos em Maringá, um pouco antes do show.

Chegamos em Maringá por volta de 21hs30min, para sentir o clima da cidade e ainda dar umas voltas pela Cidade Canção. Maringá sempre é divertido de ir e dar umas voltas. Antes fomos até o local do show, o lendário Tribo's Bar, palco underground do rock na cidade. Pela primeira vez estaríamos lá. Algumas voltas a mais pelo centro da cidade, meio perdidos e logo encontramos o local. Entramos e a Volantes estava passando o som. Antes de sair de casa vi a foto nova da banda no twitter: nova formação; ficaram o Arthur e o Bernard, ambos escalados para os teclados e tudo o mais, juntando-se a eles o guri Fabrício na Bateria e o paulista Filipe na guitarra.


Logo conversamos com o Fabrício para saber das novas, a formação e tal. Ele foi bem simpático, pareceu bastante empolgado. Depois vim a saber que ele era batera da Gulivers. Logo veio o Bernard e o Arthur, que nos reconheceu e fez um comentário engraçado: - dessa vez te arrumei uma viagem curta... respondi com um sorriso que sim, pois da outra vez fomos até Curitiba para o show da banda.

Formação nova, novo show, a noite prometia. Mas não foi fácil apreciar o show. Começou tarde (perto de 3 e meia) e antes teve show da banda local Diving Bell & The Papillon, uma banda com uma levada Joy Division, conforme o vocalista nos informou em uma conversa informal, enquanto comprávamos os ingressos. Hum, Joy Division, New Order, o bicho vai pegar hoje, pensei com meus bottons.

E foi realmente lindo ver a banda tocar Love Will Tear Us Apart e fechar o show com Ceremony. Depois entrou a atração da noite: Volantes.


Como o Bernard havia prometido pelo twitter, começaram por As Ruas, uma versão um pouco diferente da que estamos acostumados a ouvir, mas esquentando os ânimos. E decibéis de puro rock! Valeu à pena esperar tanto: um ano e pouco depois do primeiro show em Curitiba, no James. A banda redondinha, apesar da nova formação e dos guris novos (guris mesmo, não mais do que 20 anos). As Ruas é uma das canções mais lindas do EP Sobre Gostar e Esperar, que impulsionou a banda de uma vez. Notei também que os guris estavam em enturmados e soltos. Também achei o Bernard mais leve, do que quando assisti ao show em Curitiba.

Em seguida veio Meu Samba, que continua sendo a minha preferida, desde que conheci a banda, no verão de 2008 para 2009. Uma letra inteligente e uma canção que funciona seja no mp3 ou no palco, no segundo caso, melhor ainda. Desta feita Bernard começou na percussão. Arthur continua com um quê de Chris Martin, do Couldplay, infelizmente, para ele, sem a Gwineth Paltrow, bem carísmatico no palco. Fora dele idem. A galera cantava meu samba junto com Arthur e o palco pegava fogo.

A banda continuou arregaçando em cima do palco com Vitória, com um teclado temático e uma guitarra marcante ditando o ritmo romântico/ dançante da noite. Curiosidade, Vitória já se chamou O Vestido, que com o mesmo refrão mas uma introdução da letra diferente ganhou novo nome.

No Corredor, Ali, que viemos saber posteriormente ao show, em um bate papo bem legal e longo com o Bernard, é o clipe novo da banda, com lançamento marcado para o show de algumas semanas depois em Porto Alegre, no Opinião, palco de show como Echo And The Bunyman, Morrissey, entre outros monstros consagrados, foi a canção seguinte, reforçando o clima dançante e romântico da banda.

Com a galera em delírio e cantando com Arthur os versos de cada canção, veio a nova Meias. Muito romantismo e porrada sonora. Decibéis de belas canções e letras românticas. Arthur se confirmando como um poeta da nova geração da música brasileira. Veio então 126, um pouco mais leve e intimista, mas sem perder a força e deixar a platéia cansar ou desanimar. Maçã, o maior hit da banda e Última. Não foi a última do show, mas trouxe a novidade que já havia lido no twitter, que havia novidades.

Como falei anteriormente, Última é a Love Will Tear Us Apart da Volantes. Alguns dias depois, conforme prometido pelos guris, foi Link disponibilizada uma versão acústica da canção. No show, um petardo! E a novidade foram alguns versos a mais. Pura diversão e mais romantismo.

Fecharam o show com a mais dançante do EP Um Pouco Disso. Outra curiosidade: é mais uma canção que o Arthur deu nova roupagem acrescentando versos à original: "Eu tô aqui perto, na quadra de baixo, em 5 munutos te vejo no quarto 312, hotel da paulista, não posso explicar mas te dou uma pista" é o que entrou na canção para o EP.

Uma noite de muito romantismo em ritmo dançante. O release da banda fala em: Romantismo, sarcasmo e reverb. Banda de Pós punk e indie dance. É isso. Não é à toa! Quem não conhece não sabe o que está perdendo.

Em tempo, a formação atual da banda é Arthur nos vocais, guitarras e teclado, Bernard no baixo e dividindo os teclados, Filipe na guitarra e Fabrício na bateria.

VOLANTES - ÚLTIMA

Última é a canção mais Joy division da Volantes, desde o início eu achei isso, inclusive um dia escrevi acho que no orkut, há muito tempo atrás, que era a Love Will Tear Us Apart da Volantes. No dia 04 de junho, portanto há uns pares de dias atrás, fui ao show da banda e eles agraciaram o público com uma nova versão da música, agora com versos novos. Conversando com o Bernard, ele disse que em breve disponibilizariam a nova versão, gravada no quarto dele. É uma versão acústica e bem bonitinha, mas a versão ao vivo é muito mais empolgante. Sobre o show, escrevo mais tarde. Sobre a canção Última, aqui cantada no Opinião no dia 19 de junho, em show de lançamento do clipe de No Corredor, Ali (como é que os reles mortais conseguem ver como ficou? Já está em alguma programação da TV?) e o site Senhor F disponibilizou um vídeo. Eu ouvi a versão em Maringá e curti. Agora curtam também. O som não ficou muito bom, ao vivo funciona prá caralho e é muito pesada e rock'n'roll.




ÚLTIMA

Você que empresta forma às minhas tardes
Ávidas por esbarrar sem intenção
Perdida decorando as próprias frases
Dos cadernos que esperam pra cair das tuas mãos

Pra esperar eu pego a paz das árvores
Quando é possível desviar a atenção
De cada nova possibilidade
Que levemente ri enquanto olha para o chão

E se essa for a nossa última chance?
E se eu virar o rosto antes de você?
Eu vou levar pra sempre a dúvida de não saber
Se você também sentiu
Tem que haver alguma coisa que eu possa fazer
Pra achar você

Quando eu te imagino dizer as coisas que eu quero ouvir
Sorrindo sem jeito a esconder o frio na barriga
Ao sentir que houve algo novo ali
Me explica pra onde é que vai o amor
Quando é só um olhar
Te devora e sai

Pra esperar eu pego a paz das árvores
Quando é possível desviar a atenção
De cada nova possibilidade
Que levemente ri enquanto olha para o chão

E se essa for a nossa última chance?
E se eu virar o rosto antes de você?
Eu vou levar pra sempre a dúvida de não saber
Se você também sentiu
Tem que haver alguma coisa que eu possa fazer
Pra achar você


sábado, 11 de junho de 2011

OASIS - WHATEVER

Ontem estava assistindo TV com o Gui, na hora do almoço e começou a passar uma propaganda, acho que da Coca Cola e tocava uma bela canção, não muito estranha, embora tivesse um arranjo diferente (ao menos vocal). Perguntei ao Gui que me confirmou ser uma canção do Oasis, Whatever. Há muito tempo não escutava tal canção. Ela faz parte de um EP de 1994, que contém 4 canções, sendo Whatever a única que não foi gravada em um disco posterior, apenas no MTV Unplugged, de 1996. Fiquei ela na cabeça e de ontem para hoje escutei inúmeras vezes.

Os irmãos Gallagher, núcleo principal da banda, têm uma fixação pelos Beatles. Tanto que o filho do vocalista Liam se chama John Lennon. A banda anunciou seu final em 2010, logo após Noel (o cabeça da banda) sair. Ficaram muito conhecidos por seu ego inflado, se achando os melhores em tudo e pelas brigas dos irmãos, quase sempre em público. É considerada uma das principais bandas dos anos 90. Para quem não conhece a banda (onde que tu estiveste todo esse tempo menino? No mundo da lua?) basta ouvir os primeiros acordes do violão de Noel em Wonderwall e logo saberá que em algum momento já escutou a banda.

A canção Whatever, da mesma época de Wonderwall, que faz parte do disco mais conhecido da banda, (What's the Story) Morning Glory, de 1995, tem acordes semelhantes no início, chegando a confundir. Também há uma grande semelhança com o psicodelismo dos Beatles, sendo esta uma marca registrada da banda dos irmãos Liam e Noel. À Whatever então e bom início de sábado!



Tanto Faz

Eu sou livre para ser tudo que eu
Tudo que eu escolho
E eu cantarei o Blues se eu quiser
Eu sou livre para dizer tudo que eu

Tudo que eu gosto
Se está errado ou certo está tudo bem
Sempre me pareceu que
Você só vê o que pessoas querem que você veja
Por quanto tempo vai ser assim

Antes de nós entravamos o ônibus
E não causavamos confusão
Conseguir um apoio em você mesma
Isto não custava muito

Livre para ser o que você
o que você disser
Para mim tudo bem
Você é livre para estar onde você

Onde você quiser
Você pode atirar na brisa se quiser
Sempre me pareceu que
Você só vê o que pessoas querem que você veja

Por quanto tempo vai ser assim
Antes de nós entravamos o ônibus
E não causavamos confusão
Conseguir um apoio em você mesma

Isto não custava muito
Eu sou livre para ser tudo que eu
Tudo que eu escolho
E eu cantarei o Blues se eu quiser

Aqui na minha mente
Você sabe o que poderá encontrar
Alguma coisa que você
Você pensou que um dia conheceu

Mas agora tudo está perdido
E você sabe que isto não é divertido
Sim, eu sei que isto não é divertido
Oh eu sei que isto não é divertido

Eu sou livre para ser tudo que eu
Tudo que eu escolho
E eu cantarei o Blues se eu quiser
Eu sou livre para ser tudo que eu

Tudo que eu escolho
E eu cantarei o Blues se eu quiser
Faça o que fizer
Diga o que disser

Sim, eu sei que está tudo bem
Faça o que fizer
Diga o que disser
Sim, eu sei que está tudo bem



quinta-feira, 9 de junho de 2011

EDUARDO E MÔNICA - O FILME

Quando a Legião Urbana lançou o disco Dois, em 1986, Eduardo e Mônica, a história do jovem casal que tinha tudo para não dar certo mas que por isso mesmo tudo levou para um final feliz, fez um grande sucesso. Muitas pessoas que acompanharam a Legião em vida desde o começo e que acompanha até hoje, como eu, acredita ser esse o melhor disco da banda. É um disco recheado de hits, como Tempo Perdido, Quase Sem Querer, Eduardo e Mônica, Fábrica, Índios, Andrea Doria. Eu curtia pra caramba uma cançãozinha (rsrs) instrumental, chamada Central do Brasil. Na época até fiz uma letra para ela; meu irmão Renato gostava da letra que fiz. É claro que, por razões óbivas nunca revelarei a letra (afinal de contas tinha 14 anos).

Eduardo e Mônica, além de contar essa história de uma casal completamente diferente, tinha uma letra quilométrica e sem refrão, algo inusitado para aqueles tempos. Porém, contra todos os prognósticos foi uma das músicas mais tocadas na época.

Para falar a verdade, nunca simpaizei muito com esta canção. Achava ela entediante e repetitiva, sempre foi uma das mais preteridas por mim nesse disco. Por um tempo enjoei da música e pulava ela na vitrola. Tempos mais tarde des-enjoei e voltei a escutá-la.

Pois bem, esta semana o Tety me mostrou uma peça publicitária de uma empresa de telefonia celular, com a canção de fundo; na verdade, um clipe muito bonitinho e bem moderno; até emocionante, para quem conheceu há tanto tempo esse casal inusitado. Provavelmente foi feita para o dia dos namorados, que está por aí, mas ainda não vi na televisão, apenas no youtube.

Posto abaixo o filme, para deleite de todos.



Eduardo e Mônica

Quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?

Eduardo abriu os olhos, mas não quis se levantar
Ficou deitado e viu que horas eram
Enquanto Mônica tomava um conhaque
No outro canto da cidade, como eles disseram

Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer
E conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer
Um carinha do cursinho do Eduardo que disse
"Tem uma festa legal, e a gente quer se divertir"

Festa estranha, com gente esquisita
"Eu não tô legal", não agüento mais birita"
E a Mônica riu, e quis saber um pouco mais
Sobre o boyzinho que tentava impressionar
E o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa
"É quase duas, eu vou me ferrar"

Eduardo e Mônica trocaram telefone
Depois telefonaram e decidiram se encontrar
O Eduardo sugeriu uma lanchonete
Mas a Mônica queria ver o filme do Godard

Se encontraram então no parque da cidade
A Mônica de moto e o Eduardo de "camelo"
O Eduardo achou estranho, e melhor não comentar
Mas a menina tinha tinta no cabelo

Eduardo e Mônica eram nada parecidos
Ela era de Leão e ele tinha dezesseis
Ela fazia Medicina e falava alemão
E ele ainda nas aulinhas de inglês

Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus
Van Gogh e dos Mutantes, de Caetano e de Rimbaud
E o Eduardo gostava de novela
E jogava futebol-de-botão com seu avô

Ela falava coisas sobre o Planalto Central
Também magia e meditação
E o Eduardo ainda tava no esquema
Escola, cinema, clube, televisão

E mesmo com tudo diferente, veio mesmo, de repente
Uma vontade de se ver
E os dois se encontravam todo dia
E a vontade crescia, como tinha de ser

Eduardo e Mônica fizeram natação, fotografia
Teatro, artesanato, e foram viajar
A Mônica explicava pro Eduardo
Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar

Ele aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer
E decidiu trabalhar (não!)
E ela se formou no mesmo mês
Que ele passou no vestibular

E os dois comemoraram juntos
E também brigaram juntos, muitas vezes depois
E todo mundo diz que ele completa ela
E vice-versa, que nem feijão com arroz

Construíram uma casa há uns dois anos atrás
Mais ou menos quando os gêmeos vieram
Batalharam grana, seguraram legal
A barra mais pesada que tiveram

Eduardo e Mônica voltaram pra Brasília
E a nossa amizade dá saudade no verão
Só que nessas férias, não vão viajar
Porque o filhinho do Eduardo tá de recuperação

E quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?


terça-feira, 7 de junho de 2011

THE CURE - BOYS DON'T CRY

Terça feira chuvosa em Londrina, frio (nem tanto, mas as pessoas estão agasalhadas. Eu coloco um casaco e passo calor), aquela vontade de acender a lareira (se a tivesse em casa) e esquentar os pés em algum cobertor e assistir a um bom filme. Tanto que havia combinado com a Juliana de irmos agora à tarde assistir ao drama "Reencontrando a Felicidade", mas no Cine Com Tour não tem sessão á tarde. Então ficará para um outro momento, porque sai de cartaz na 5ª feira. O filme parece bem interessante, uma história extremamente triste, de um casal que tenta voltar a viver após a perda do filho em um acidente de trânsito. Acho que a Juliana está afim de chorar, porque pela crítica que li, esse final é inevitável.

Por que essa introdução? Sei lá, mas o tempo está propício para não fazer nada ou praticar o ócio criativo.

Agora no almoço entrei no quarto do Tety e vi que ele estava escutando Boys Don't Cry, do The Cure, uma versão remix. Nunca gostei de versões remix, acho uma masturbação mental aquele instrumental que não termina nunca. Apesar que a loucura lisergica do Pink Floyd é afudê, mas não dá para comparar, claro.

Comentei com o Tety que essa música eu escuta a pelo menos 25 anos. E me deu vontade de escutar essa bela canção dos anos 80 de uma das bandas mais importantes de todos os tempos. Então vamos à ela, no clipe oficial, muito inteligente, com pouca tecnologia, mas muita criatividade.



Garotos Não Choram

Eu diria que estou arrependido
Se achasse que isto faria você mudar de ideia
Mas eu sei que desta vez
Eu falei demais, fui indelicado demais

Eu tento rir disso tudo
Cobrindo com mentiras
Eu tento rir disso tudo
Escondendo as lágrimas em meus olhos
Pois garotos não choram
Garotos não choram

Eu me desmancharia aos seus pés
Mendigaria seu perdão, imploraria a você
Mas eu sei que é tarde demais
E agora não há nada que eu possa fazer

Por isso eu tento rir disso tudo
Cobrindo com mentiras
Eu tento rir disso tudo
Escondendo as lágrimas em meus olhos
Pois garotos não choram
Garotos não choram

Eu diria a você que te amava
Se achasse que você ficaria
Mas eu sei que é inútil
E você foi embora

Julguei mal o seu limite
Fiz você ir longe demais
Te subestimei, não te dei valor
Pensei que você precisasse mais de mim

Agora eu faria qualquer coisa
Para ter você de volta ao meu lado
Mas eu só fico rindo
Escondendo as lágrimas em meus olhos
Pois garotos não choram garotos
Garotos não choram

sábado, 4 de junho de 2011

XADREZ


Em 1986 eu estava na 8ª série. Fazia parte daquela porra toda, aquela maluquice toda, Zé Renato, Flávio (meus companheirões desde a 5ª), Quinda, Cleber, Raimundo, Sílvio (foi da minha sala desde a 3ª, nussa), os manos (numa época em que ser mano era ser irmão de alguém - eles eram gêmeos - Adriano e Alexandro), Marcus Wander, Erik, porra, quem mais?

Resolvemos montar uma equipe de xadrez para disputar os jogos intesescolares (não sei como se chamavam esses jogos). Acho que houve uma preliminar e a equipe ficou formada entre eu, Marcus Wander e Alexandro. Na boa, eu era o melhor dos 3. Fomos então para os jogos, na ponta da praia, no ginásio lá que não me recordo o nome, mas gigantesco, um grande complexo esportivo.

As primeiras partidas foram baba, o cara sentava na minha frente e levantava em seguida. Eu era foda mesmo nessa de xadrez. Aprendi na infância com meu irmão Rogério. Esse cara era fera. Ganhava tudo que jogava: botão - ele tinha um time do GRÊMIO que havia trazido de Porto Alegre, os últimos sobreviventes, War, cartas, xadrez... e foi o melhor dos 5 no futebol. Naquela época, eu franzino, magrelinho, jogava muito também, na rua era o melhor de todos, mas não deu muito certo a minha investida no futebol, faltou força física mesmo. Depois parei de jogar porque fui fazer faculdade. Mesmo assim me embrenhei em fazer testes, primeiro no Brasil lá do Jabaquara, sei lá, perto do BNH do canal 5; depois na Portuguesa Santista, que joguei uma temporada e não dei continuidade por dois motivos: na época, com uns 13 anos, ainda não tinha documentos e também porque meu lance era a música, nessa época, queria fazer música para comer as meninhas.

Voltando ao xadrez, todas as partidas foram fáceis demais. Cheguei na final e sentou um gordinho na minha frente. Era uma manhã dessas ensolaradas de Santos, com a praia vazia, por ser dia de semana e em período de aula. Lembro de termos saído do Dino logo cedo, o professor Júlio dando força para nós (pela primeira vez o Dino estava na final do xadrez). Saímos todos juntos, pegamos o ônibus na Ana Costa, quase em frente ao Dino Bueno, acho que era o 42, que ía até a ponta da praia. E lá fomos nós, confiantes, certos de uma medalha de ouro no xadrez, inédito para a escola.

E o gordinho com cara de poucos amigos na minha frente. Eu confiante (até demais)! No xadrez, existe um tempo para cada um jogar e se o caboclo toca na peça, tem que mexer aquela peça. O gordinho tocou em uma peça, sem perceber que a rainha dele estava encurralada. Quando notou, quis voltar atrás. Eu, bobo, cheio de confiança, pensei comigo mesmo - eu recupero. No final, não deu para recuperar; perdi o jogo. Quando levantei, meus companheiros levaram um susto. Decepcionado, falei para o Alexandro ficar tranquilo, jogar o jogo dele. Naquela época, ganhava a equipe que fizesse dois pontos, ou seja, mesmo eu perdendo, poderíamos ficar com o ouro, desde que meus dois companheiros vencessem.

Meu fracasso mexeu com o lado psicológico do Alexandro. Ele perdeu em seguida. O Marcus ainda lutou, mas fracassou. Com isso, ficamos com a medalha de prata. Me senti totalmente decepcionado. Foi uma das piores derrotas que tive na época, não porque eu não poderia perder, mas porque fui idiota e agi com excesso de confiança. Um jogo fácil. Isso que me indignou. Lembro de que no pódium estávamos completamente desolados e o professor Júlio veio nos abraçar e dar uma força. Pela primeira vez o Dino tinha ganho uma medalha no xadrez. Era um feito.

Alguns anos depois, me inscrevi nos jogos internos do Primo Ferreira. Estava no 2º ano, com 16 anos. Era do 2C1, noturno. Quando começou o campeonato, joguei com um carinha do 3º da manhã, que vim a saber depois, era o melhor de todos, imbatível. Cheguei humildemente e ganhei dele. Foi uma surpresa geral. Todos quiseram me desafiar, não valendo pelo campeonato, mas como eu tinha batido o grande favorito, fizeram fila. Joguei contra todos. Venci todos. O que venci valendo o campeonato, o favoritíssimo, comentou: te pego na final e será diferente!

Um a um fomos vencendo nossos oponentes e dias depois nos encontramos na final, como havia previsto. E novamente ganhei dele, tendo dessa forma, coroado minha vitória com a medalha de ouro. Depois do jogo, indgnado e vencido, mas não tendo se dado por, quis jogar mais partidas. Queria ganhar de qualquer jeito. Jogamos diversas partidas e depois de muito perder, ele conseguiu vencer. Se deu por satisfeito.

Acho que aprendi a lição da 8ª série, quando fui prepotente e achei que ganharia fácil. Hoje jogo pouco xadrez, acho que o Tety e o Gui nem sabem jogar. Mas gosto de lembrar desses episódios, pois fazem parte de um período da vida em que eu tinha tempo para me divertir na frente de um tabuleiro. Hoje nem xadrez em casa eu tenho. Bons tempos!

TÃO CURTO O AMOR E TÃO LONGO O ESQUECIMENTO


"Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros lá ao longe".
O vento da noite gira no céu e canta.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a e por vezes ela também me amou.
Em noites como esta tive-a em meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.
Ela amou-me, por vezes eu também a amava.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi.
Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.
Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo. Isso é tudo.
Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se contenta com havê-la perdido.
Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a.
O meu coração procura-a, ela não está comigo.
A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores.
Nós dois, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei.
Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.
De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos.
Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.
Porque em noites como esta tive-a em meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido.
Embora seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo."

(pablo neruda)

SOBRE O TEMPO


Sobre o tempo é uma canção da banda Nenhum de Nós, que ficou conhecida nos anos 80 pela canção Camila, Camila. Naqueles tempos quando ninguém conhecia a banda em Santos eu já estava com o primeiro disco deles em casa (que tenho até hoje, uma bela capa); a vida também era outra, não existia internet e nem computador, eu mesmo compunha em uma velha Lettera 22, que apareceu em casa, uma máquina de escrever (uma o quê? - diria o Tety). Outro dia, voltando da academia com o Tety, estávamos falando sobre isso. Tenho trocado muitas idéias com o Tety, são conversas meio loucas, ele escutando um som no celular dele (nos anos 80 não existia celular e nós sobreviviamos - e muito bem, obrigado) e eu escutando outras músicas no meu, mas falando sobre o que vem à cabeça, ora reclamando do cansaço que a musculação nos proporciona, ora lembrando de algumas coisas da infância dele, intercalado por histórias hilárias dele e dos amigos, enfim, jogando conversa fora, uma delícia de conversa entre pai e filho, coisa que nada pode comprar, o prazer e a felicidade que esses momentos podem trazer. Não há comparação na vida para descrever isso. Nem a melhor relação sexual, nem o IMORTAL sendo campeão mundial.

Muitas vezes estou contando para ele os meus "causos" de quando eu tinha a idade dele e junto com Zé Renato, Branco, Ronaldo e a galera da Rua São Paulo (os meninos da Rua Paulo) o que (tentavávamos) fazíamos para nos divertir naquela época.

Como é de conhecimento de muita gente, praticar exercícios libera serotonina, um hormônio que causa sensação de prazer. Eu amo a serotonina, rsrsr. Por isso pratico muito exercício, a semana inteira, 7 dias na semana. Muita gente deprimida toma fluoxetina para liberar serotonina, mas deveriam praticar exercícios, mais barato e saudável, além de ser uma forma de conviver com mais pessoas. Uma solução inteligente, sair do casulo que o deprimido se coloca e se cercar de pessoas. Sei lá, cada um com sua neura. Acho que por isso sou um cara alto astral, devo ter níveis altos de serotonina no meu cérebro. Descobri nessa paixão pela serotonina, tempos atrás, que alguns alimentos como banana, tomate, chocolate e até o vinho são ricos num troço chamado triptofano (e olha que eu odiava as aulas de psicofarmacologia) que auxilia na produção da serotonina. Acho que é isso, rsrs. Como eu sou de comer muita banana e tomate, acho que tudo isso ajuda a manter o meu bom humor. Chocolate e vinho, de vez em quando.

Nos anos 80, quando era office boy e jogava o meu bate bola na praia aos sábados, além de correr na mesma algumas vezes na semana, a minha amiga serotonina estava lá, sendo liberada nas sinapses. Isso fazia fluir o pensamento e reflexões, na verdade eu vivia (vivo) dopado de serotonina. E minhas reflexões ocorriam a todo momento, tudo ao mesmo tempo, condensado, como na linguagem dos sonhos. E às vezes, no meio de uma caminhada no calçadão da praia, no meio do expediente de trabalho, vinha a inspiração. Carregava entre as contas para pagar e os documentos para entregar nos locais que visitava, um bloco de notas, caneta e papel. E lá ía eu, sentar em um dos bancos da praia, escrever sobre o que vinha à cabeça, coisas tolas de adolescente, que me fizeram ser o que e quem sou hoje.

Muitos anos se passaram. Hoje passo a minha experiência para esse guri lindo que é o Tety e alguma coisa para o Gui (vai chegar a hora dele voltar comigo da academia - eu sempre estarei lá, eles seguindo a vida deles). Penso que daqui a 10 anos estaremos em outro mundo, outra vida. Quem estará nos acompanhando? Com quem nos relacionaremos? O pessoal da academia, Luizinho, Fernando, Allan, Antônio, Rafa, será que estaremos no mesmo universo? O pessoal dos anos 80 estão em outro universo, o universo paralelo dos anos 80. Zé Renato, que mora próximo à casa da minha mãe em Santos, ainda tenho algum contato; Branco há tempos que não encontro e o Ronaldo se perdeu no mundão; o Dentinho sei notícias dele, mas a última vez em que estive em Santos não o encontrei; os meninos da rua Paulo... na rua São Paulo o progresso destruiu o muro em que ficávamos (foi triste e dolorido quando passei pela rua e não vi mais nosso muro), ou seja, apagaram um pedaço da nossa história; aqueles guris da rua São Paulo também se perderam no mundão. Estão em um desses universos paralelos.

Quantos universos paralelos existem um uma vida de 39 anos? Onde estaremos daqui a (será esse'a' craseado ou do verbo haver?) 10 anos? Com quem estaremos convivendo? Como fazer para voltarmos a um desses universos paralelos que vivemos? E as pessoas que estão neles, nunca mais encontraremos? E se encontrarmos serão as mesmas pessoas ou já serão outras, com outros valores, desejos e objetivos? Vai ver elas ficaram no universo paralelo e hoje são outras pessoas. Eu devo ser outra pessoa. Aquele eu deve estar num desses universos paralelos. Quem me encontrar hoje, a galera do Dino Bueno (Cleber, Quinda, Flávio, Márcio Ateu, Raimundo, Alexandre, Marcus Wander) me achará diferente, não mais velho, mas outra pessoa. O Márcio Crânio do Dino Bueno ficou no universo paralelo dos anos 80.

Fecho os olhos. Vejo o mundo nú, desnudo, crú... a violência, a estupidez... o passado vem à tona, revive, se torna presente. Talvez essa seja a única forma de fazer uma viagem no tempo, lembrando daquilo que vivemos e com quem vivemos. Que em algum lugar do universo ficou guardado, em uma caixinha de histórias para contar para nossos filhos... histórias para desfrutar com o Tety (e com o Gui), quando estivermos voltando da academia. Na ponta dos olhos algumas lágrimas que insistem em não cair (- homem não chora meu netinho) denotam a emoção de cada momento, do passado, do presente e do futuro. Onde estaremos? Com quem estaremos?

quinta-feira, 2 de junho de 2011

CAETANO VELOSO - O LEÃOZINHO

Continuando a sessão nostálgica do bar cultural, na Unesp de Assis, do início dos anos 90, outra música que estava sempre entre as mais tocadas estava O Leãozinho, também de Caetano Veloso. Aliás, quando entrei na faculdade, em 1991, que comecei a escutar algumas coisas diferentes, fora do eixo Punk Rock e Rock'n'Roll; MPB passou a frequentar o meu walkman, algumas coisas do pós punk, sem preconceito.

Um fato triste, a última vez em que estive no campus de Assis da Unesp notei que o tal bar cultural não existia mais, ou seja, a história de muitas vidas estava apagada com o fim desse espaço de diversão e de encontro de uns malucos da psico, história e letras, pois na época poucos da biologia se misturavam aos doidos desses três cursos. Puro preconceito... ou realidade... sei lá, mas havia essa divisão.

Abaixo a bela canção de Caetano. Perceba no início do clipe, na entrevista, um Brasil completamente diferente desse em que vivemos. Pensando bem, era outro mundo, o final dos anos 70; quanta coisa mudou, para o bem e para o mal.