domingo, 31 de janeiro de 2010

O TUDO DO NADA E O NADA DO TUDO


Faltavam poucos minutos para o relógio dar as sete badaladas da manhã. Me vi naquele guri sentado no canto do sofá da sala, que me fez lembrar dos meus tempos de pré-adolescência, adolescência. O Guilherme tem 11 anos e provavelmente uma cabeça em polvorosa, cheio de dúvidas, meias certezas e tantas outras verdades próprias, que no futuro verá que nem seram tão verdades assim. Mais uma noite acordado. Assistia a qualquer coisa na televisão para ditrari e passar o tempo. Domingo. 31 de janeiro. Último dia do mês. Isso me fez lembrar que todo fim leva a um começo. A noite que se finda e dá início ao dia e vice versa, num ciclo de morte e vida frequente e rotineiro, o final de semana dando lugar a uma semana de trabalho e finalmente mais um final de semana... me veio a mente a morte, o fim de tudo. Será que tem um começo?

Domingo ensolarado. O Gui não dormiu a noite. Televisão ligada e os sonhos acesos; segredos que guarda para si só e seus fantasmas, talvez para uma amigo mais íntimo e com certeza, aqueles todos que pode contar, para o irmão mais velho, além de irmão, amigo e confessor (a recíproca é verdadeira nesse caso), para o bem e para o mal. Uma dor de garganta inesperada foi eleita a culpada pela noite em claro. Sentei pensativo no sofá ao lado, escutando seus comentários sobre o Chaves, que acabara de assistir e sobre a dor de garganta; notebook no colo, ainda com o filme da noite passada fresco na memória... no fome de ouvido uma seleção dos primeiros discos do Kid Abelha do final dos anos 80. Comecei a escrever o post sobre o filme e quando terminei o Gui dormia no sofá, ainda com os óculos no rosto.

Levei para o quarto dele. Fui correr no lago. Domingo ensolarado, como há tempos não vemos nesse janeiro de dois mil e dez. 6 km, 32 minutos: bom tempo, pensei.

Embora pareça, isso não é um diário. É apenas um post sobre o tudo e o nada. O tudo que muitas vezes significa nada e o nada, que forma o tudo. É como o ódio e o amor: um contempla o outro, um é formado pelo outro, não existe sem o outro.

O Zé Renato (http://salatiel-reuniaodepauta.blogspot.com/) meu melhor e mais antigo amigo, dos poucos que sobreviveram ao tempo e às mudanças da vida, me disse dias atrás, no google talk, que eu deveria escrever sobre um assunto especifico, escolher um tema e discorrer sobre o mesmo. Mas eu não funciono assim, como um especialista em um assunto, e sim como o inconsciente freudiano, tudo ao mesmo tempo, sem uma ordem cronológica. Quem não entendeu, pense na linguagem dos sonhos. Um turbilhão de idéias. Quem me conhece sabe do que estou falando. Muitos reclamam que não presto atenção. Às vezes, do nada, solto algo que não tem nada a ver com o assunto. Pensam que estou fugindo do assunto, mas estou pensando em muitas coisas. É ruim, pois muitas vezes não consigo prender a atenção ou me concentrar. Na aula de pós, por exemplo, minha atenção flutua por diversas vezes, até que algo me interessa e volto a atenção para a aula. Escrever sobre apenas um tema, seria como dilacerar, me cortar em tiras minha imaginação e criatividade.

Aqui tenho o prazer de escrever sobre o que der na telha, sem a pretensão de ser o dono da verdade ou de estar certo ou errado; como o texto que dá o nome ao blog, uma eterna busca insana para satisfazer todas as minhas pulsões, um recomeço a cada final de post. Insano, porque é impossível, porque a ausência de pulsões é a morte.

E assim finalizo o último post do mês, para um novo começo, tudo e nada, de novo, no recomeço diário da vida. Fim de janeiro e começo de fevereiro, a vida seguindo o seu rumo.


NO SEU (MEU) LUGAR

Kid Abelha é uma daquelas bandas pop que ninguém tem vergonha de amar. É uma (ou foi, sei lá) fábrica de hits que todo mundo adora. Tem músicas tão bonitinhas que já embalaram casais em diversas épocas. E continuam embalando, pelas belas composições (melosas, sim, mas não perdem a beleza e qualidade por isso), provavelmente pelo carisma, beleza e voz de Paula Toller e o sax de George Israel.

Lembrei da banda (e tome músicas na vitrola) pela coincidência com o filme abaixo, no nome da música que posto aqui. Uma das músicas mais belas da banda e do rock tupiniquim.

Interessante assistir ao clipe para ver como se faziam esses vídeos no Brasil do século passado, pouco tempo atrás, mas sem as maravilhas tecnológicas de hoje. E perceber que a criatividade é tudo, não adianta todo esse aparato. Boas idéias superam a falta de recursos.



NO SEU LUGAR

Desde que estamos aqui
Eu não quero saber
Quanto tempo se passou
Quem sou eu e onde estou

Será que fomos apressados
Ou foi o tempo que parou
Será que estamos parados
Congelados no espaço

Desde que estamos aqui
Eu não quero saber
Quem está por cima
Quem está por baixo

Com você o tempo pára
Sem você o tempo voa
Sem você eu perco tempo
Com você me sinto imortal

Eu quero ver você
Ficar no meu lugar
Eu quero ser você
Ficar no seu lugar

Será que fomos apressados
Ou foi o tempo que parou
Será que estamos parados
Congelados no espaço

NO MEU LUGAR

No meu lugar é um filme que conta a estória de três famílias que mudam a partir de um ato violento. Isso é lugar comum, está escrito por aí, na crítica do filme, ou mesmo na sinopse, é só ler a mídia impressa ou virtual. Vencedor de diversos prêmios tanto nacionais quanto internacionais, inclusive com exibição na seleção oficial de Cannes 2009, só por isso já merece ser assistido, para saber o que tem de tão especial, para receber a premiação e críticas positivas.

O filme começa no final, e passa a desenrolar um quebra cabeças dando um nó no espectador menos atento (até nos mais atentos). Aos poucos percebe-se que as estórias dos três núcleos não ocorrem no mesmo tempo cronológico. O casal Beto (Raphael Sil) e Sandra (Luciana Bezerra) ele entregador em um mercadinho e ela doméstica na casa de um bacana. Essa estória ocorre antes do crime; como e porque tudo desemboca no crime do final (ou do começo). Roberto é um guri carinhoso com a mãe e a irmã mais nova. Ao conhecer Sandra passa ser mais reflexivo e introspectivo. Ao conhecer Sandra, instigado pela mesma, passa a pensar mais no futuro, a tal ponto que a mãe nota a mudança. Sandra não é uma guria ambiciosa ou interesseira, apenas tem o seu minuto de bobeira ao ter a idéia.

A segunda família, do tenente da polícia Zé Maria (Márcio Vito) - que participa da cena do crime inicial - e de sua filha adolescente Janaína (Lívia Magno); um relacionamento edipiano, confuso, que no início se confunde com marido e mulher. A estória parece ocorrer no presente, logo após o crime, quando ocorre uma sindicância policial interna a respeito do ocorrido na cena e no momento do ato.

A família de Elisa (Dedina Bernadelli) e Fernando (Licurgo Spinola) está no futuro, quando vão à casa do assassinado (ex-marido de Elisa), que está fechada a algum tempo, para, aparentemente, tomar providências quanto aos bens do espólio.

As três estórias estão amarradas de forma que uma complementa a outra, muitas vezes o que ocorre em uma (como por exemplo o toque de campainha da casa) é um gancho para voltar a contar estória de outro núcleo. Entretanto, eles não se encontram em momento algum, mesmo porque não estão em tempos diferentes. Esse é o charme do filme, de contar as estórias, a partir de um acontecimento envolvendo as três famílias, mas sem terem qualquer relacionamento.

As relações familiares são permeadas por um édipo muitas vezes pouco sutil, como Beto e sua mãe, Zé Maria e Janaina (já citado aqui) e Fernando e a filha mais velha Lili (Letícia Tavares), talvez este o mais tênue. Provavelmente por não ser filha deste e sim do ex-marido de Elisa, o assassinado que amarra as estórias.

A estória demonstra que a violência está dentro de todos nós, faltando um fator motivante para o seu aparecimento. É nosso instinto animal. Na realidade não é a violência, mas um ato violento isolado; como dezenas que ocorrem em nosso dia a dia, no trânsito ou em situações estressantes da nossa rotina. Aquela velha máxima de que a
ocasião faz o ladrão é a moral que passa. Que mesmo um cara pacato e trabalhador, carinhoso com a família, pode malsinar o caráter. Em um momento de bobeira e pronto, está feito. E o arrependimento vem em seguida, como no caso, quando Sandra se desespera e vai para a rua pedir socorro à polícia. Sutil, o filme passa por uma linguagem monótonona e confusa, necessitando que o espectador permaneça atento aos acontecimentos para entendê-lo.

Como no começo (assim como no fim), ouve-se o tiro do assassinato, tudo fica escuro e o que aconteceu fica na imaginação de cada um, de quem partiu o tiro mortal, do policial (exímio atirador) ou do rapaz pouco afeito ao crime. Novamente a atenção do espectador a pequenos detalhes desvendam o mistério. Isso não esclareço, vai perder a graça e o suspense... assista o filme, mas preste atenção aos detalhes. Está tudo lá, não precisa interpretar. E bom filme!


domingo, 24 de janeiro de 2010

SOBRE SERTANEJO, VIADOS, PUTAS E MACONHEIROS

Frequento a picina do Sinpro (Sindicato dos Professores de Escolas Particulares de Londrina e Norte do Paraná) que fica ao lado da Uel e na cidade universitária, conjunto de prédios onde se concentram os estudantes de fora da cidade que vêm fazer graduação na Universidade citada. Aquilo é uma festa a céu aberto aos finais de semana. O pessoal aproveitando estes que são os melhores momentos da vida. É o vácuo entre a liberdade de ter saído de casa e a responsabilidade que logo a vida adulta trará... uma coisa me intriga já a algum tempo: por que será que o estudante universitário perdeu aquela pecha de revolucionário? Por que ao invés de escutar músicas inteligentes, em suas festas só rola sertanejo? Onde está o espírito explorador para garimpar na internet a vastidão de estilos musicais? Por que são tão facilmente manipuláveis pela mídia, como diz os versos da música do Garotos Podres: "... essa massificação me diz o que devo fazer, o que devo comprar, o que devo vestir, o que devo falar, o que devo comprar...;" versos estes presentes na música Eu Não Sei o Que Quero, do primeiro disco da banda, dos anos 80, mas atualíssima.


Digo isso porque no meu tempo de universitário, os estudantes tinham o estereótipo de revolucionários, de malucos, de drogados, enfim, eram tidos como pessoas que incomodavam a elite dominante, formadora de opinião. Não que isso fosse a realidade, mas era assim que nos apresentavam e era assim que gostávamos de aparecer. Assis, no interior de São Paulo, no início dos anos 90 via os estudantes da Unesp, onde fui estudar Psicologia em 1991, como a escória do mundo. Para a sociedade Assisense, quem estudava naquele campus da Unesp era viado, puta ou maconheiro. Um exagero, obviamente, pois embora encontrassem essa galera aos montes (alguns alunos conseguiam ser os três), tembém estudavam uns caretas, como era o meu caso e de tantos outros. Mas um campus onde os cursos eram de Psico, Letras e História, depois Biologia (este onde se concentravam o maior número de alunos normais) não era de se esperar coisa diferente: os alunos malucos que vinham de fora e o preconceito de uma cidade pequena do interior paulista.


Nas festas da Unesp daquela época, o que rolava era um banquinho e um violão, muita MPB e Bossa Nova, além de muito Rock and Roll - e aquele nefasto cigarro de maconha que passava de mão em mão. Ou seja, havia a galera da MPB e a galera do Rock. Símbolos da intelectualidade e da rebeldia, respectivamente. Todos queriam festa, sim, como hoje, mas havia um resquício de ideologia, mesmo que vazia (apesar das passeatas do fora Collor, das quais participei).


O que vejo atualmente é algo tão desanimador: a galera não tem mais aquele ímpeto revolucionário e nem os mesmos gostos musicais. Se a pouco tempo atrás se impressionava uma guria com um papo cabeça e a rebeldia aparente de um roqueiro revolucionário, hoje, para levar para a cama alguém, é necessário ficar em festas e churrascos curtindo sertanejo... nada contra... mentira, tudo contra, odeio esse tipo de música, tenho asco, acho escrota demais... chega!!! Bom, é nojento perceber a elite (que deveria ser) pensante sendo tão facilmente manipulada pela mídia. Cadê os roqueiros, os zens, os maconheiros (e quando digo maconheiros não são os drogados, que por exemplo hoje usam drogas sintéticas ou mais pesadas, mas a inocência de um cigarro de maconha, que se mal fazia, ao mesmo tempo era algo que aproximava os mais tímidos e reservados dos descolados)?


Depos de muito pensar cheguei a conclusão que o mundo deu tantas voltas e que a sociedade hoje é tão individualista e superficial que os ideais revolucionários se perderam no tempo, pois agora é cada um por si, não há tempo a perder com coisas que não serão resolvidas. Por um lado eles estão certos, pois não conheço nenhum movimento estudantil que tenha resolvido algum problema (pelo menos da minha época) ou que tenha mudado o status quo. Provavelmente essa desilusão fez mudar a cabeça dessa juventude alienada e desinteressada. Entretanto e os ideais de mudança? Não foi passado de geração por geração. E creio, isso (a falta de resultados) não é motivo para perder as esperanças e o espirito rebelde. É uma volta ao tempo dos yupies, que só pensavam em amealhar os seus milhões de dólares o mais rápido possível, não importando os meios.


Meu objetivo não é fazer um estudo sociológico desse fenômeno (obviamente), mas apenas constatar um fato. Pode ser que o redor do lugar que eu frequente seja o local da galera que tem grana e que os alunos mais proletários estejam espalhados pela cidade, com seus ideias revolucionários e rebeldes. Espero que assim seja, porque encontrar aqueles malucos hippongas, roqueiros, maconheiros, zens que foram meus contemporâneos universitários, enfim, os sonhadores, é sempre um alento, saber que ainda existem pessoas inconformadas com as barbáries de nossa organização social.


Ainda sob o efeito de minhas reflexões, acredito que é um fenômeno semelhante ao que ocorreu com o futebol no Brasil. Assim como aquela seleção de Telê Santana da Copa do Mundo de 1982, com craques como Zico, Sócrates, Falcão, Éder e tantos outros, onde até a dupla de zaga formada por Oscar e Luizinho era elegante e jogava bonito, com o talento que Deus lhes deu, mas que não conseguiu nada além de encantar o mundo com seu toque de bola envolvente e concretamente não chegou ao título mundial, não entrou para os anais futebolísticos como campeão do mundo e caiu no esquecimento dos mais pragmátcos. Como o que se valoriza são as conquistas efetivas, o troféu, o carro, a casa, enfim, coisas palpáveis, não atingir um resultado concreto é sinônimo de fracasso e isso significa ter que mudar para atingir os resultados, as metas. Portanto, assim como a seleção brasileira passou a jogar feio, mas um jogo de resultados, os universitários deixaram essa bobagem de mudar o mundo para trás. Preocupações como essas não valem à pena, é perda de tempo. Carpe Dien!


Na verdade esse post é apenas um protesto contra a nojenta música sertaneja, que agora com o chamado sertanejo universitário, conseguiu atingir o espaço acadêmico. Uma pena que as coisas tenham chegado a esse ponto. Meus pêsames! Malucos universitários, uni-vos contra esse absurdo.



PEGGY SUE, SEU PASSADO A ESPERA


A primeira vez que assisti a esse filme foi na década de 90 do século passado, numa dessas madrugadas de insônia que me tomavam com frequência e hoje em dia poucas vezes acontecem. Quando liguei a tv estava passando na Globo, nesse programas da madrugada, para insônes. Geralmente é o melhor horário para assistir filmes na tv aberta. Lembro que peguei o filme pelo meio e mesmo assim comecei a gravar no vídeo cassete, pois sabia que dali a alguns minutos estaria dormindo no sofá, uma vez que sempre ligo a tv para dormir. No dia seguinte, ou no final de semana seguinte, assisti ao filme. Fiquei apaixonado.


Embora a estória pareça um tanto piegas, da mulher de meia idade que está se divorciando e que durante uma festa de confraternização da sua turma de escola, (25 anos depois) desmaia e volta ao passado (1960) e tem a possibilidade de mudar a sua vida. Em certo momento ela fala: "... se soubesse o que sei hoje, teria feito muita coisa diferente." Ora, muitos de nós, senão todos, gostaríamos de ter essa oportunidade. Isso por si só já torna o filme fascinante. E quando ela volta à adolescência, descobre que por mais que fugisse do seu destino, mais perto deste estava. A interpretração de Kathleen merece destaque.


Voltar ao passado e poder, com a experiência adquirida com a maturidade, com a possibilidade de fazer as coisas diferente, como Peggy Sue comenta com uma amiga, é deslumbrante.

O belo filme não teve o destaque que merece e poucas pessoas conhecem esse grande filme do premiado diretor de entre outros a trilogia de O Poderoso Chefão e Apocalise Now. No elenco do filme estão Kathleen Turner, Nicolas Cage, Jim Carrey, entre outros e a direção é de Francis Ford Coppola, o mesmo que estudou cinema com Jim Morrisson no início dos anos 60.


Desde a primeira vez em que assisti ao filme, que demorou para chegar em DVD ao Brasil ou mesmo para ser lançado nesse formato (se não me engano chegou apenas em 2008), demonstrando um certo descaso com a bela estória, algo me chamou a atenção: a metáfora do espelho. Ele começa com Peggy Sue se arrumando para o baile, em frente ao espelho e termina com a mesma sendo filmada pelo reflexo do espelho. Como em ALice no País das Maravilhas o espelho mostra a existência de outra dimensão, porém, como mostrou no filme, mesmo que possamos entrar na outra dimensão, não podemos interferir, pois isso faria uma reviravolta em todas a história do presente.


Outra lenda diz que através do espelho podemos ver o que fomos em outra encarnação; há o mito de Narciso, que era muito bonito, mas tinha a maldição de não poder se olhar no espelho e ao tomar água em um rio viu sua imagem refletida e se apaixonou, tendo se jogado na água para abraçar sua imagem e se afogado.


O filme foi indicado ao Oscar de melhor atriz (Kathleen Turner), melhor fotografia e melhor figurino. Outras curiosidades: Nicolas Cage é sobrinho do diretor Coppola; Sofia Coppola, filha do diretor e também cineasta, faz uma ponta como a irmão mais nova de Peggy Sue, Nancy Kelcher; nome original do filme: Peggy Sue Got Married.

domingo, 17 de janeiro de 2010

"TODA DOR VEM DO DESEJO DE NÃO SENTIRMOS DOR"


Terminei nesse momento de ler O Trovador Solitário. Lá fora o sol fraco de final de domingo que iniciou chuvoso; na televisão imagens tristes do terremoto que assolou o Haiti, caminhões jogando caixas de mantimentos para os sobreviventes; no fone de ouvido rola a versão de A Cruz e a Espada, do RPM, com participação especial de Renato Russo, presente no disco póstumo Presente do segundo, de 2003 "Havia um tempo em que eu vivia um sentimento quase infantil... agora eu vejo, aquele beijo era mesmo o fim... e agora é tarde, acordo tarde, do meu lado alguém que eu não conhecia..." nos versos de Paulo Ricardo o vazio que a vida muitas vezes nos proporciona e que nos dá aquela sensação de tristeza que algumas pessoas (como Russo e Morrisson, entre tantos outros) não conseguem sair.

Porém, para nós, que continuamos nosso percurso, a vida continua. E com ela, muitos momentos de altos e baixos dessa gangorra rotineira. Eles outros que se foram jovens demais, deixaram seu legado e viveram loucamente a vida, predestinados a uma vida produtiva e fulgaz. Viveram em pouco tempo aquilo que em nossas vidas (que para eles pode parecer modorrenta) levaremos anos e não teremos a mesma produtividades (seja nas artes ou mesmo em nossas atividades). Mas de qualquer forma, vivemos essa vida regrada para que outros gênios loucos incompreedidos surjam.

Renato escreveu em uma de suas canções Tudo é dor e toda dor vem do desejo de não sentirmos dor (Quando o Sol Bater na Janela do Seu Quarto - Quatro Estações) e basta refletir um pouco sobre esses versos para saber que em vida, alguns dos grandes astros da música pop heróis, como Sid Vicous, Kurt Cobain, Jim Morrisson, Jimi Hendrix, Cazuza, Ian Curtis, Renato Russo e outros, atraiam o sofrimento na mesma proporção em que tentavam fugir dele.

À nós, simples mortais, resta seguir uma outra letra do imortal Renato:

SEMPRE EM FRENTE, NÃO TEMOS TEMPO A PERDER!
NOSSO SUOR SAGRADO É BEM MAIS BELO QUE ESSE SANGUE AMARGO!

MANHÃS DE DOMINGO II

Música do Ira!, que representa tão bem as (famigeradas) manhãs dominicais. Rock and roll, porra!





Manhãs De Domingo

Nas manhâs de domindo
Parece que todos olham para você
Atravessando as ruas
Sem olhar pro farol
Nas manhâs de domingo
Parece que a noite valeu a pena!

Nas manhâs de domingo
Conversando com os amigos invisá­veis
Seu rosto ainda reflete
A noite que passou
Você chega em casa
Com a cabeça em outro lugar
Seu rosto ainda reflete
Uma grande felicidade

Sua famá­lia o esperava
Já é hora do almoço
Todos lhe olham
Mas você não ve ninguém
Sua cabaça esta em outro lugar
Parece que realmente a noite valeu a pena

Nas manhâs de domingo
Parece que todos se esquecem da segunda feira
E as horas se passam...
Você não mudou!
Você chega em casa com a cabeça em outro lugar
seu rosto ainda reflete uma grande felicidade

E agora o que te espera?
E agora o que te espera?

MANHÃS DE DOMINGO

Hoje o dia não só amanheceu cinzento, como chuvoso; uma chuva torrencial que cobria a minha vista do centro de Londrina, recheado de prédios, de uma névoa capaz de deixar a vista embaçada. Levantei, escutando os pingos da chuva na janela do quarto, a Juliana dormindo profundamente, fui para a sala, liguei o notebook para escutar música e peguei o livro Jim Morrisson Por Ele Mesmo (Martin Claret editora) para terminar de ler, pois comecei a ler no início da semana, em doses homeopáticas e peguei para finalizá-lo e em seguida começar, pelo notebook, que baixei num desses sites de domínio público, a ler O Trovador Solitário, uma espécie de biografia de Renato Russo, frontman da Legião Urbana, a banda que está para o rock nacional como Beatles estão para a música mundial.

Comprei o livro na semana passada (sobre Morrisson), na rodoviária, pois o Victor Hugo, meu filho mais velho, mais conhecido como Tety, após ler o livro O Que é Punk, da coleção Primeiros Passos, me pediu um livro sobre o punk e sobre o vocalista, poeta, letrista dos The Doors. Após uma corrida aos sebos da cidade à procura (em vão) de uma biografia de Jim Morrisson e do clássico livro Mate-me Por Favor, que conta a história do Punk Rock, fui até a Porto do Catuaí e, como não tinha nenhum dos dois, fiz o pedido do segundo e o primeiro encontrei domingo passado em uma banca na rodoviária de Londrina (tem que aproveitar que o guri resolveu fazer alguma coisa que preste, ler).

Ao ler a biografia de Morrisson, primeiro ao som da própria banda e depois de escutar a discografia completa escolhi Thon Yorke e seu Radiohead, também discografia completa, fiquei me perguntando quão louco foi a vida desse ícone do rock, que buscava a morte como o motivo para viver. Como não vivi a época, minha imaginação ficou em polvorosa, ao pensar em passagens famosas, que estão inclusive no filme The Doors, de Oliver Stone (1991), como a de estar com uma guria nos camarins antes de um show e um guarda chegar e jogar um spray contendo uma substância momentaneamente cegante, ou mesmo o famoso show em que foi preso em cima do palco, após simular masturbação e, conforme a lenda (isso não é comprovado), ter aberto o zíper de sua calça preta de couro e mostrar o pinto para a platéia de milhares de fãs ensandecidos. E como o poeta Augusto dos Anjos já dizia "a mão que afaga é a mesma que apedreja", condenaram a atitude do ídolo.

Porém, a sensação de ler a biografia de Renato Russo, por ter vivido essa época e conhecer as passagens, por ter lido na época que haviam ocorrido e mesmo vivido alguns momentos, aguardando sair nas lojas o disco para ser comprado em seguida, lendo as publicações especializadas em música, é algo diferente e ao mesmo tempo é reviver a própria vida...

Logo cedo ao terminar de ler o Jim Morrisson Por Ele Mesmo, peguei o notebook, deitei no sofá, a vista da janela a chuva que insistiu em cair a manhã inteira, fone no ouvido e rolando a discografia completa da Legião. Sim, esse livro deve ser lido escutando o som da banda, a sensação é outra, é emocionante, principalmente para um fã que foi contemporâneo dos acontecimentos.

O livro começa do começo. Desde a fase Aborto Elétrico e para isso baixei algumas gravações (bem ruins em qualidade) da banda. Muitas das músicas que depois fizeram sucesso em discos da própria Legião Urbana e também do Capita Inicial. Mas para quem, como eu, nos anos 80, escutava música oriunda de fita cassete, que gravava diversas vezes em cima de outras músicas, que pegava fita antiga dos pais ou mesmo dos avós e colocava um esparadrapo no buraquinho para permitir a gravação em cima da fita original, ía em show e fazia gracações caseiras com walkman, a qualidade não tem importância. Para essa gurizada, da geração mp 11, 12, 13, etc, Ipod, isso é algo impensado. Imagina, quando eu saía com um walkman enorme, tendo que ficar mudando a fita de lado quando este terminava... pré-jurássico...

Conta passagens interessantes e que para os fãs são um deleite. Os bastidores da banda, os problemas profissionais e mesmo pessoais, as drogas., as preparações para as gravações, a tensão. No final, percebe-se, em ambos os livros, uma tentativa de mitificar os protagonistas. Como ambos estão mortos e viveram pouco, mas o suficiente para construirem uma obra inigualável e e deixarem suas marcas na cultura pop. Dois ícones do pop se autodestruindo em praça pública, para deleite da mídia e dos urubus de plantão.

E viva os domingos chuvosos!

domingo, 10 de janeiro de 2010

CINEMA NACIONAL: SALAS TÊM COTAS MÍNIMAS


Saiu em dezembro último decreto presidencial afixando a cota mínima de exibição de filmes brasileiros nas salas de cinema de todo o país. Cada sala deverá exibir 28 dias de 2010 de filmes nacionais. O decreto foi assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 30 de dezembro, sob o número 7061/2009.

A cota é a mesma de 2009 e foi elaborada através de estudo realizado pela Agência Nacional do Cinema - Ancine. Maiores detalhes sobre os números e a quantidade que complexos de salas de cinema deverão exibir, no site http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D7061.htm

É uma boa oportunidade para aproveitarmos o crescimento (em qualidade e quantidade) do Cinema Nacional, que a cada ano vem apresentando filmes com qualidades e orçamentos cada vez maiores.

O ano que se findou recentemente teve um desempenho recorde no quesito bilheteria de filmes brasileiros, com crescimento de 76% do público. Isso elevou a renda de bilheteria para R$ 130 milhões, pouco abaixo dos R$ 150 milhões de verba de captação para o cinema brasileiro. Isso demonstra o grande desempenho e o que vem por aí é animador, uma vez que o filme "Lula, O Filho do Brasil" promete grande bilheteria.

LULA, O FILHO DO BRASIL

Fui assistir ao filme que tanta discussão deu (sem motivo) por ser acusado de ser eleitoreiro Lula, o Filho do Brasil, de Fábio Barreto. Em primeiro lugar, gostaria de perguntar às pessoas se votariam no Lula porque assistiram ao filme sobre a vida dele. Acredito que não. Eu não votaria só por isso.

A primeira polêmica em torno do filme foi ter sido acusado de ser o mais caro da história do cinema brasileiro, tendo custado em torno de R$ 12 milhões. Outra polêmica seria a de que o filme foi financiado por empresas que têm interesses financeiros no governo, principalmente empreiteiras. Os produtores do filme dizem que o filme não tem nenhum vínculo político e que estão fazendo um filme para ganhar dinheiro.


Fazer um filme sobre o presidente Lula é uma grande possibilidade de ganhar dinheiro. Segundo pesquisa feita em dezembro último, pelo Instituto Datafolha, nosso presidente tem 72% de avaliação ótimo ou bom. Para fim de governo isso é simplesmente espetacular. O instituto ainda esclareceu que esse não só é o maior patamar de avaliação do atual presidente como também de todos os tempos (o Instituto Datafolha começou a pesquisar a popularidade dos presidentes a partir de 1990). Ou seja, em final de mandato, de segundo mandato, a avaliação é extraordinária e mostra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é popular e querido pelo povo. No sul, onde sua avaliação é a pior, ele tem 61% de avaliação ótimo ou bom. O presidente da Venezuela Hugo Chavez quer se envolver na distribuição do filme em seu país. Barack Obama quer que a estréia internacional ocorra em seu país, mais precisamente na capital Washington.


Mesmo que seus principais críticos torçam o nariz ou mesmo os que não gostem nem de Lula nem de seu governo façam o mesmo, temos que admitir que nosso presidente é hoje a pessoa mais
importante da América Latina, não só por ser o presidente do maior país da região, mas também porque acaba se envolvendo em problemas que atingem o mundo todo, como foi o caso de da Conferência de Copenhagem, a COP 15, não como mero coadjuvante, mas como protagonista. Foi eleito pelo jornal francês 'Le Monde' a personalidade do ano de 2009. Claro que, ao meu ver, tem coisa por trás, uma vez que a França quer vender os caças para o Brasil. E nada melhor do que massagear o ego do presidente/ cliente.

Bom, dito isso, um prólogo extenso para essas considerações, gostaria de falar um pouco sobre o filme. Ele começa esclarecendo que não utilizou de nenhum incentivo do governo para ser financiado, mas sim pelas empresas patrocinadoras e passa o logotipo de todas elas. Nesse momento me passou pela cabeça que sim, essas empresas devem ter segundas intenções. Nós, brasileiros, estamos acostumados e condicionados a ver podridão em tudo, o que é natural em um país corrupto e com políticos sem vergonha na cara.


O filme conta a história de Lula do nascimento até a morte da mãe, o que deixa no ar uma provável continuação. É a vida sofrida do cara que saiu do sertão nordestino, veio para o sul maravilha tentar a vida e que nunca desisitiu. Mostra um Lula inteligente, estudioso, trabalhador e que teve na vida pessoal uma sequência de desgraças, viúvo aos 25 anos, tendo a esposa morta em trabalho de parto. Ao mesmo tempo mostra uma pessoa predestinada a vencer.
A malícia política que o fêz ser eleito presidente por duas vezes se mostra quando entra para a diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, cujo presidente é um 'pelego', expressão para sindicalistas interesseiros e politiqueiros. Ou seja, para atingir seus objetivos Lula utilizou de algumas artimanhas. Para ser eleito presidente fez o mesmo.

As cenas do filme mesclam imagens reais e narrativas originais da época, mas nunca mostra cenas reais de Lula, apenas do ator que o interpretrou, Rui Ricardo Dias, que em sua estréia no cinema tirou a sorte grande de beijar Cléo Pires (bah, que vida boa essa de ator, heimhô Batista). Como falei, termina o filme com o enterro da m
ãe. De forma abrupta o filme termina, deixando a parte que conhecemos da história de Lula. Apenas cita, tendo ao fundo o discurso de posse do presidente eleito pela primeira vez. Mas não na voz do próprio. Mas o final é emocionante, feito para chorar.
Como muitos críticos apontam, o filme mostra apenas o lado bom de Lula, mesmo porque o lado ruim nós já sabemos, a imprensa e a mídia em geral não deixa de mostrar e enfatizar cada 'mancada' que ele dá.


Nas palavras do cineasta Fábio Barreto, que sofreu um acidente grave e que estava
até recentemente em coma induzido, o filme "é uma obra de arte para mostrar como o povo brasileiro é lutador, perseverante", ao rebater críticas de que o filme era eleitoreiro. Não deixa de ser verdade. As duas coisas.

Em suma, vale à pena assistir, mesmo porque, não acredito que quem assista vote na Dilma porque é a candidata do Lula. É só mais um filme, com uma boa estória e em tempos de receitas para o sucesso, aí está uma, ser perseverante.

sábado, 9 de janeiro de 2010

AMOR E PAIXÃO


Qual a diferença entre amor e paixão? Amor de verão sobe a serra? É amor ou paixão de verão? O que é amor? O que é paixão?

Esses questionamentos são muito comuns, principalmente no verão, quando a possibilidade de conhecer alguém na praia e nos apaixonarmos e como em toda paixão, agirmos de forma inconsequente. E a primeira coisa que vem à cabeça (ou ao coração) é se aquele amor todo, todas aquelas juras eternas, vão continuar quando a temporada de praia acabar.


Tive dois amores de verão na vida. Um foi aos 12 anos, com uma guria chamada Andreia e que logo que acabou o verão, mesmo morando na mesma cidade (em Santos, no caso), assim como a temperatura, nosso relacionamento esfriou. Então nos vimos algumas vezes e depois nunca mais, nem sei do paradeiro dela, não lembro nem o nome completo para procurar no orkut. Mas no verão nos encontramos todos os dias na praia, mesmo que ninguém na rua queria ir para praia, ía sozinho, somente para encontrá-la.

Outro amor de verão foi a Ana, já tinha então uns 15, 16 anos. Ela morava em São Paulo e passava as férias na casa da avó, ao lado da casa do Branco, um amigo de infância. Esse amor de verão durou 2 anos, só esfriou mesmo quando fui para a faculdade e a distância foi maior.

Mas não era sobre as minhas experiências que queria contar. Era sobre a diferença entre amor e paixão. Tomamos muitas decisões movidos pela segunda, ou seja, 'afetados' pela paixão, casamos, brigamos em jogos de futebol, entre outras atitudes que tomamos. Geralmente, ao decidirmos nossas vidas de forma apaixonada, a probabilidade de errarmos nas análises que temos que fazer é muito grande. Mesmo porque, a maioria das vezes, não analisamos a situação (ou analisamos de forma apaixonada), não medimos as consequências.

Já ouvi falar que a paixão dura 2 anos. Outros dizem que dura 3. O que se sabe é que a paixão termina.
Cindy Hazan, da Universidade Cornell de Nova Iorque afirma, baseada em seus estudos que somos programados biologicamente para nos apaixonarmos por um período compreendido entre 18 e 30 meses. Em sua pesquisa entrevistou 5.000 pessoas de 37 culturas diferentes. Assim, o tempo que dura a paixão é longo o suficiente para cometermos coisas que podemos nos arrepender, tempo para que um casal se conheça, case e até tenha filhos.

Estudos demonstram que a paixão libera dopamina, ocitocina e feniletilamina. A dopamina é um neurotransmissor que estimula o sistema nervoso central. Como ela está asso
ciada a alguns comportamentos de dependência, como jogos, sexo, ao consumo de drogas, a sua liberação causa sensação de bem estar e de prazer; a ocitocina e a feniletilamina também estão ligados à sensação de prazer. Ou seja, a paixão libera substâncias em nosso cérebro que nos causam uma grande sensação de prazer. Se a liberação de uma das substâncias citadas são fonte de prazer, o conjunto delas, todos sabem que pode ser uma bomba, afinal, todos se apaixonaram em algum momento da vida.

Mas se a paixão termina, como saber quando começa o amor? Ou melhor, como transformar a paixão em amor? Essa é a arca do tesouro, talvez o segredo da felicidade, pelo menos da vida conjugal, claro. Parece ser algo natural transformar (ou não) a paixão em amor. É o que acontece, muitas paixões se transformam com o tempo em amor e tantas outras simplesmente esfriam.

Segundo o psicanalista Gabriel Rolón, existem 3 momentos para o amor maduro: a paixão, quando somos cegos o suficiente para não percebermos que a pessoa que está cono
sco não é perfeita. Nessa fase o ciúme é grande, porque ficamos inseguros ao pensarmos como uma pessoa tão perfeita pode gostar de nós? O segundo momento é quando a ficha cai. Percebemos que a pessoa nem é tão perfeita assim, ao contrário, é um poço de defeitos. É um momento de dor e desilusão. É o fim da paixão. E finalmente, no terceiro momento, do amor propriamente dito, o momento em que o outro não é nem tão idealizado e nem degradado. Percebemos as qualidades e os defeitos e podemos desfrutar das virtudes e aceitar as falhas.

É sem dúvida, um longo caminho a ser percorrido. Com certeza, não é fácil e nem existe uma fórmula mágica, mesmo que a mídia nos bombeie com essas (possíveis) fórmulas do amor. Se encontrar algo do tipo, desconfie, pode estar sendo enganado por um picareta.

Quanto aos questionamentos que fiz no início, ficam para reflexão. Cada um sabe a sua resposta. Ouça a tua voz interna. Não a do coração e nem só a da razão, porque a vida ficaria muito chata se fôssemos 100 racional e muito maluca se agíssemos movidos pela emoção. O equilíbrio entre essas duas forças é o que devemos ter. Algumas vezes agirmos com a emoção é muito positivo, assim como quando agimos de forma racional.

E como diz o poeta, seja eterno enquanto dure, ou lembrando que tudo que é para sempre, sempre acaba.

TEMPO PERDIDO



Estou de volta, tô na área, no páreo, enfim, se derrubar é pênalty... me afastei por um tempinho, involuntariamente, meio que por preguiça ou por cansaço mesmo, ou para dar um tempo nas idéias. Apesar que estas ficaram 'pululando' na cabeça para escrever algo. Mas me contive e deixei um pouco o tempo passar.

Agora me veio à tona a expressão "recuperar o tempo perdido". Isso é impossível, o que passou, passou, não se volta no tempo e se recupera o que se perdeu. O jeito é tocar para frente e procurar otimizar o que se tem a fazer, sempre de forma organizada e planejada. Aliás, esse foi um dos propósitos para esse ano; é para todos os anos, mas não consegui ainda colocar em prática, ser mais organizado e planejar as coisas com antecedência, não deixar para a última hora e principalmente, fazer o que tem que ser feito, sem procrastinar.

Outra coisa que me vem à cabeça nesse momento, e nesse post, que é o primeiro do ano, portanto um momento de reflexão sobre quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha, o sexo dos anjos, é que nos organizando e planejando, colocando no papel o que temos em mente, automaticamente nossos objetivos ficam mais fáceis de serem alcançados, porque saberemos exatamente o que fazer para atingí-los. Isso nos motiva, porque cada passo dado é uma conquista. Costumo dizer em palestras, treinamentos ou em aula, que o pensamento positivo é muito importante, não pelo mesmo motivo que os neurolinguistas difundem (acho eu), mas principalmente porque o pensamento positivo nos leva à ação, uma vez que ficamos motivados e auto confiantes. Parece que tudo que fizermos dará certo. Ao passo que se formos negativos, não teremos o mesmo ânimo para a realização.

Conheço pessoas que são extremamente negativas e e pessimistas, mas que se deram muito bem na vida, são empresários e financeiramente têm uma vida de sucesso. Mas não são felizes. Apesar que a felicidade não é algo eterno, ou seja, existem momentos de extrema felicidade e outros de tristeza, é a vida, os altos e baixos. Portanto, cheguei à conclusão de que ser feliz é uma questão matemática simples, para ser bem objetivo, mas a diferença entre os momentos de felicidade e de tristeza. Se o primeiro é maior do que o segundo, não importa a quantidade desse tempo, somos felizes. Do contrário, acredito eu, não somos felizes. Pode ser que outras pessoas achem que não é uma questão matemática, mas de qualidade. Concordo, sim, eu concordo... mas é a mesma coisa.

Também conheço pessoas positivas, extremamente alegres, mas que não têm sucesso profissional ou mesmo na vida pessoal. Mas mesmo assim cultivam o bom humor e a alegria. E, por mais incrível que possa parecer, são pessoas felizes.


Com isso, quero dizer, que não existem fórmulas ou os passos a serem seguidos. Esses livros de auto ajuda são uma furada, não levam em consideração nossas diferenças e as características de cada um, nossas particularidades. Nos colocam todos no mesmo saco e nos tratam como gado.
E geralmente são extremamente superficiais em suas 'reflexões', provavelmente porque tratam todos da mesma forma, sem procurar entender que cada um tem uma forma particular de funcionamento.

Feliz ano novo a todos, espero que esse espírito que nos invade nesses períodos de final de ano, essa expectativa que temos de dias melhores, seja uma constante durante os 365 dias de 2010.