domingo, 31 de outubro de 2010

RAMONES - ROCKET TO RUSSIA


Ramones é uma daquelas bandas unanimidades. Hoje todo mundo escuta e virou pop. Mas, como eu sempre digo, nos anos 80, era totalmente cult, underground. Dificilmente tocava em uma rádio comercial. Meu primeiro contato com a banda, ainda nos meus primórdios de punk, por volta de 1985, foi, claro, o maior clássico, Rocket To Russia. É um petardo atrás de outro. Incomparável.

Basta dizer que nesse disco tem Rockway Beach, I Dont Care, Here Today, Gone Tomorrow, We're a Happy Family, uma versão incomparável para a romântica e entediante Do You Wanna Dance?, que com os Ramones ganharam energia, I Wanna Be Well, a ilariante Surfin Bird e claro, na minha opinião a melhor música da banda, Sheena Is A Punk Rocker.

Esse final de semana, que começou ao som de Tom Waits e Jupter Maçã, acaba com Ramones. Na verdade, desde sexta à noite fiquei com vontade de escutar o Rocket to Russia.

Sempre teve uma certa rixa entre Ramones, que começaram no início dos anos 70, e os Sex Pistols, que no meio dos anos 70 se reuniram e montaram a banda mais importante para o Punk Rock de todos os tempos, sobre quem seriam os criadores do gênero.

Brigas à parte, o Punk Rock mudou a estética do rock, que naquela época estava se tornando enfadonho com as estripulias instrumentais do rock progressivo que ganhava muito espaço. O mundo todo agradece aqueles três acordes dos Ramones e de todas as bandas que mudaram o rock and roll para todo o sempre. Afinal, aqueles caras, que não tocavam porra nenhuma, também poderiam ser pop star. Não é à toa que o lema do punk rock é do it yourself.

Se minha memória não falha (e como ela anda falhando, meu Deus) os Ramones queriam tocar Beatles, mas não sabiam tocar, então resolveram fazer suas próprias músicas. Quando eu era adolescente, também montei com meus amigos o Mayday e como também não sabíamos tocar nada, resolvemos fazer nossas próprias músicas. Sem a competência do Ramones, claro.

sábado, 30 de outubro de 2010

OS CASCAVELLETES - MENSTRUADA

Já que todos pediram Menstruada no show e o Júpiter não tocou, então eu posto aqui para deleite da galera, e para quem não conhece curtir. É uma música inusitada, ainda mais se pensando que foi feita no final dos anos 80. É a suavidade dos Beatles com letras picantes do então Flávio Basso. A história de um cara que diz que não importa que a guria está menstruada, que ele quer transar assim mesmo. Lembro de na época uma crítica da Revista Bizz muito favorável ao disco e bem simpatica à uma música com esse nome. Nesse mesmo disco tinha (ou tem) Minissaia Sem Calcinha e tantos outros clássicos do underground do rock gaúcho e brasileiro.




MENSTRUADA

Menstruada, menstruada
Menstruada, menstruada
Mas mesmo assim eu vou transar

Ela disse hoje não meu tesão
Mas eu disse hoje sim, por que não?
Além disso eu passei toda a tarde
Estudando pro vestibular
E essa noite eu dediquei a te agarrar

Eu não quero parecer um chato
Mas eu tô me sentindo um carrapato
Além disso eu passei toda a tarde
Estudando pro vestibular
E essa noite eu dediquei a te agarrar

Baby, eu sei que tu sabe
Com quantos paus se faz uma canoa
Baby, tu não sabe
Com quantos paus se faz rock 'n' roll

Eu não quero parecer um chato
Mas eu tô me sentindo um carrapato
Além disso eu passei toda a tarde
Estudando pro vestibular
E essa noite eu dediquei a te agarrar

Baby, eu sei que tu sabe
Com quantos paus se faz uma canoa
Mas baby, tu não sabe
Com quantos paus se faz rock 'n' roll

Ela disse hoje não meu tesão
Mas eu disse hoje sim, por que não?
Além disso eu passei toda tarde
Estudando pro vestibular
E essa noite eu dediquei a te agarrar e te amar

E essa noite ela ficou menstruada
Menstruada, menstruada
Menstruada, menstruada

JUPITER MAÇÃ NO DEMOSUL 2010


Dia 22 de outubro é um marco para esse que vos escreve. Sim, foi um dia de mais um show do Júpiter em Londrina. Dessa vez, mais que memorável. Se o ano passado, segundo consta, o Man estava saindo de um longo e tenebroso inverno de internação em uma clínica de reabilitação, com uma banda formada por uma galera de sampa, como o devoto de nossa senhora aparecida Luiz Thunderbird, tocou na inauguração de uma casa noturna aqui na cidade, em que a Juliana quis ir embora porque uma guria ofereceu um beck para ela, enquanto a loucura rolava no palco com a banda londrinense Trilobit, que abria o show para o Man, e fez um show mais intimista, mais paradão, esse ano foi diferente.

Em primeiro lugar o palco era muito maior, o espaço infinitamente melhor, a estrutura idem. Claro que o clima de show do Júpiter não poderia ser diferente, com a galera fumando o cachimbo da paz. E da paz mesmo, porque todos estavam ali para ver o Man em mais uma de suas performances. Se o ano passado ele veio encarnado em Alex do livro/filme Laranja Mecânica, desta vez veio encarnado em si mesmo. E com toques de Flávio Basso, para delírio da galera que pedia Menstruada, dos Cascavelletes.

A banda entrou com peso. Depois de alguns minutos entra Júpiter e a galera delira. Um pouco mais encorpado do que no ano passado e mais enérgico, de cabelo preto, entrou arrasando, detonando com Seventy Man, do disco Bitter. Em seguida detonou com Querida Superhist X Mr. Frog, d'A Sétima Efervescência, o disco considerado o melhor de todos os tempos do rock gaúcho. A galera então começou a pedir Menstruada incessantemente e pensei com meus botões: porra, ele nunca vai tocar Casca.


Modern Kids, que concorreu a melhor clipe do ano em 2009 no VMB foi na sequência, com um Júpiter elétrico e como nos velhos tempo em cima do palco. Síndrome do Pânico inaugurou a sessão beatlemania com Júpiter e sua guitarra brilhante. Se falou em beatlemania, claro que veio na sequência Beatle George e o solinho de guitarra que o fez o Zé Renato se apaixonar pelo som do Júpiter. Calling All Bands veio com a solicitação do Man de que todos o acompanhassem no refrão, no que foi prontamente atendido.

Então veio o que eu menos esperava: Júpiter voltou a ser Flávio e anunciou que a sequência viria com uma música que fez aos 16 anos, posteriormente outra que fizera aos 19 anos. Tocou então Identidade Zero, do TNT e Morte por Tesão, do Cascavelletes. Foi demais! Segundo o guitarrista, com quem troquei umas palavras após o show, há muito tempo ele não tocava TNT ou Cascavelletes. Uma volta às origens!

Para finalizar, não poderia faltar, Um Lugar do Caralho.

O êxtase veio no final, quando tietei o man, 20 e poucos anos acompanhando a carreira do cara e finalmente consegui tirar uma foto com meu ídolo e ainda troquei umas palavras. Encontrei um Júpiter sóbrio, tranquilo, maduro. Senhor de seu talento e de sua genialidade, mas sereno e humilde.

Fiquei em êxtase. Alías, estou até agora.



SONGS AND CREATIVITY


Acabei de terminar (sim, começo esse post carregado de pleonasmo, pelo cansaço mental que me causou por fazer duas vezes a mesma coisa) de (re) escrever o pré projeto para apresentar para a pós em Ensino de Sociologia. Havia enviado para minha orientadora, professora Ileizi, no domingo, mas salvei o arquivo errado, com o nome certo e perdi todo o trabalho do final de semana passado. E só fui descobrir isso na quinta feira, mania que tenho de não abrir minhas mensagens. Daí não tive condições de refazer e espero que a Ileizi me perdoe e leia ainda hoje para eu enviar imediatamente para o prefessor Élcio. Ufa!

Bem, mas ao menos o tempo está bem propício para uma leitura agradável (sem pretensões de que meu pré projeto seja tão agradável assim) ou assistir a um filme comendo uma pipoquinha com coca cola, ou outras guloseimas. Olho à minha direita e vejo o centro de Londrina, a selva de pedra, embaçada pela chuva torrencial que insiste em cair nesse princípio de final de semana de feriadão prolongado. A semana toda fez sol e calor muito forte, e a promessa de uma boa picina ficou para outra oportunidade. Ao menos a chuva é relaxante e dá para descansar desse horripilante horário de verão, o qual poucas pessoas acostumam, provavelmente aquelas que não precisam acordar cedo ou que vivem em férias na praia.

Ao som de Júpiter Maçã (que nesse disco se autodenomina Apple), com a música Deep (com todos os seus 14 minutos de psicodelia liségica, puro rock and roll), do disco Bitter, de 2007, todo em inglês. Falar que é maravilhoso o disco é ser redundante. Falar que Jupiter é bom pra caralho é um pleonasmo. O cara é do caralho mesmo. Só quem conhece a fundo a sua obra é que entende o que eu escrevo. E os gênios são incompreendidos mesmo. Devo confessar, que nesse momento, acho o Bitter melhor do que A Sétima Efervescência, obra prima do Man. Afudê!

Espero que a chuva continue cainda, o dia nunca acabe e a música não se finde jamais. Que o tempo pare nesse instante e seja eterno. Acredito que esse seja o paraíso: a paz um dia chuvoso, a vista que tenho da minha janela e a música do Jupiter. Stop the time! Forever!

O paraíso é como Júpiter escreveu em um de seus hits e que fazem parte do disco A Sétima Efervescência, um lugar do caralho, um lugar onde as pessoas sejam mesmo afudê, onde as pessoas curtam Sid Barret e os Beatles! Como disse um crítico, o Júpiter pode parecer maluco, mas sabe o que faz!

Além do Júpiter, estava escutando Tom Waits, que é um puta som! A voz mais cavernosa do rock! Só sonzeira, sem sombra de dúvidas. Trilha sonora de primeira!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

ELEIÇÕES 2010


Não tenho falado das eleições aqui no blog, porque não gosto de misturar as coisas, não falo de política, de futebol, ou mesmo de religião, embora em algum momento tenha dito que votaria na Dilma e muitas vezes tenha falado do Grêmio, meu time do coração. Porém tenho percebido na campanha eleitoral, um certo desespero por parte do adversário da Dilma, não só com o programa eleitoral raivoso e baixando o nível, como também da mídia que o apoia, que investe pesado, demonstrando o grande desespero. Tem uma revista semanal, a mais famigerada de todos, que há tempos suas capas são contra a Dilma e sua candidatura, descaradamente, ou então elogios ao seu adversário. Isso não é democracia! É uma vergonha! Há muito tempo (muito mesmo, mais de década) que não leio essa revista, por não concordar com o editorial da mesma.


Mas resolvi escrever sobre as eleições porque, como estamos na reta final, achei interessante uma matéria no blog do jornalista Paulo Henrique Amorim, Conversa Afiada sobre possíveis arruaças dos tucanos nesse finzinho de campanha. Como eles estão desesperados, e bom ficarmos atentos, pois o plano é fazer no último dia, a mídia está fechada com eles e vão divulgar maciçamente, claro.


Vale à pena conferir aqui. Depois não digam que não foram avisados. E pode ser tarde demais!

domingo, 17 de outubro de 2010

TALKING HEADS - WILD WILD LIFE

Para quem acha que nunca escutou Talking Heads, abaixo o maior hit da banda. Com certeza, em algum momento da sua vida, já escutou Wild Wild Life. O clipe foi tirado de um filme de 1984, todo concebido por David Byrne e com direção de Jonathan Demme ( de Filadélfie e O Silêncio dos Inocentes, entre outros). O filme se chama Stok Making Sense.





SELVAGEM VIDA SELVEGAM

Eu estou vestindo
Pijamas de pele
Eu monto uma
Batata quente
Está titilando minha fantasia
Fale alto, eu não posso ouvir você!

Aqui neste topo da montanha
Oh oh
Eu ganhei alguma selvagem, vida selvagem.
Eu ganhei algo novo para contar
Oh oh
Sobre alguma selvagem, vida selvagem.
Aqui entra a doutora em ataque
Oh oh
Ela ganhou alguma selvagem, vida selvagem.
Não é do jeito que você gosta?
Oh oh
Vivendo uma selvagem, vida selvagem.

Eu luto
Com sua consciência
Você luta
Com seu parceiro
Sentando em uma soleira de janela, mas ele
Passa o tempo atrás de portas fechadas

Confirme Sr. Homem de Negócios
Oh oh
Ele comprou alguma selvagem, vida selvagem.
A caminho da bolsa de valores
Oh oh
Ele ganhou alguma selvagem, vida selvagem.
Se disperse quando ele abrir a porta
Oh oh
Ele está fazendo uma selvagem, vida selvagem.
Eu sei que esse é o jeito como você gosta disso
Oh oh
Vivendo uma selvagem, vida selvagem.

Paz da mente?
Pedaço de bolo!
Controle de pensamento!
Você ganha a bordo de qualquer hora que você gostar

Como sentando em alfinetes e agulhas
Coisas se quebram, isto é científico

Dormindo na interestadual
Oh oh
Ganhando uma selvagem, vida selvagem.
Confirmando, negando!
Oh oh
Eu ganhei uma selvagem, vida selvagem.
Gastando todo o meu dinheiro e tempo
Oh oh
Feito muito selvagem, selvagem.
Nós queremos ir, aonde nós vamos, aonde nós vamos?
Oh oh
Eu faço selvagem, selvagem.
Eu sei disso, é como nós começamos
Oh oh
Ganhando alguma selvagem, vida selvagem.
Tire uma foto, aqui na luz do dia,
Oh oh
E é uma selvagem, vida selvagem.
Você cresceu tão alto, você cresceu tão rápido
Oh oh
Selvagem, selvagem
Eu sei que isso é o modo como você gosta
Oh oh
Vivendo selvagem selvagem selvagem selvagem...

sábado, 16 de outubro de 2010

TALKING HEADS - PEOPLE LIKE US

Bem, agora sim, para terminar a noite, a mais bela de todas as canções do Talking Heads, com uma letra belíssima.




PESSOAS COMO NÓS

Quando nasci,em 1950
Papai não podia comprar muita coisa para nós
Ele disse: "Orgulhe-se do que você é"
Há algo de especial em pessoas como nós

Pessoas como nós
(Quem atenderá ao telefone?)
Pessoas como nós
(Crescendo tão grande quanto uma casa)
Pessoas como nós
(Faremos isso porque...)

Não queremos liberdade
Não queremos justiça
Só queremos alguém para amar
Alguém para amar
Fui chamado na terceira série
Dei minha resposta e isso causou confusão
Não sou igual a todo mundo
E os tempos eram difíceis para pessoas como nós

Pessoas como nós
(Quem atenderá ao telefone?)
Pessoas como nós
(Crescendo tão grande quanto uma casa)
Pessoas como nós
(Faremos isso porque...)

Quão boa é a liberdade?
Deus ri de pessoas como nós
Eu prevejo isto
Como se estivesse vindo do céu

As nuvens passam e a lua aparece
Quanto tempo devemos viver no calor do sol?
Milhões de pessoas estão esperando no amor
E esta é uma canção sobre pessoas como nós

Pessoas como nós
(Quem atenderá ao telefone?)
Pessoas como nós
(Crescendo tão grande quanto uma casa)
Pessoas como nós
(Faremos isso porque...)
Não queremos liberdade
Não queremos justiça
Só queremos alguém para amar

Alguém para amar.
Alguém para amar.
Alguém para amar.

TALKING HEADS - (NOTHING BUT) FLOWERS

Essa música foi a que me fez perder o preconceito que tinha com canções de bandas de rock que misturavam ritmos latinos, africamos e o próprio rock. Linda canção! Para terminar com chave de ouro esse sabadão chuvoso e frio.




Nada (mas Flores)
aqui estamos nós, como um Adão e uma Eva,
cachoeiras, o Jardim do Éden.
dois loucos de amor, tão belo e forte,
os pássaros nas árvores estão sorrindo para eles.

A partir da idade dos dinossauros,
os carros a gasolina
onde, onde eles foram?
Agora não é nada, mas as flores.

havia uma fábrica,
Agora existem montanhas e rios.
você conseguiu, você conseguiu ...

pegamos uma cascavel,
Agora temos algo para o jantar.
nós começamos isso, nós temos ...

Houve um shopping center,
agora está tudo coberto de flores.
você tem isso, você tem que ...

Se este é o paraíso,
Eu gostaria de ter uma máquina de cortar relva.
você tem isso, você tem que ...

anos atrás, eu era um jovem revoltado,
Eu finjo que eu era um outdoor.
de pé ao lado da estrada,
Eu me apaixonei por uma estrada bonita.

Isto costumava ser imobiliário,
Agora é só campos e árvores.
onde, onde está a cidade?
Agora não é nada, mas as flores.

as estradas e os carros
foram sacrificados para a agricultura.
Eu pensei que iríamos começar de novo,
mas eu acho que estava errado.

uma vez que havia lugares de estacionamento,
agora é um oásis de paz.
você conseguiu, você conseguiu ...

este era um Pizza Hut,
agora está tudo coberto com margaridas.
você conseguiu, você conseguiu ...

Tenho saudades do honky tonks,
Dairy Queens, e 7-Eleven
você conseguiu, você conseguiu ...

e como as coisas desmoronaram,
pobody muita atenção.
você conseguiu, você conseguiu ...

Eu sonho com tortas de cereja,
barras de chocolate e biscoitos de chocolate.
você conseguiu, você conseguiu ...

usamos para microondas,
agora, só comemos nozes e bagas.
você conseguiu, você conseguiu ...

não me deixe abandonado aqui,
Eu não consigo me acostumar com este estilo de vida.

TALKING HEADS - ROAD TO NOWHERE

Já que citei...

Talking Heads é a banda do David Byrne. Uma banda NOVAIORQUINA do que se convencionou chamar de pós punk, ou new wave, no início dos anos 80, embora tenham iniciado na primeira metade da década anterior. Em algum VMB dessa década, David Byrne se apresentou junto com Caetano Veloso, no famoso episódio em que Caê vocifera: Bota essa porra para funcionar eme te vê! A canção desse dia, uma das mais lindas do Talking Heads - Nothing But Flowers.




ESTRADA PARA LUGAR NENHUM

bem sabemos para onde estamos indo, mas nós não sabemos onde nós estivemos
e nós sabemos o que estamos sabendo, mas não podemos dizer que temos visto
e nós não somos crianças, e nós sabemos o que queremos
eo futuro é certo, dá-nos tempo para resolver isso

yeah

nós estamos em uma estrada para lugar nenhum, vamos para dentro
nós vamos ter que andar para lugar nenhum, vamos ter que andar
sentindo bem esta manhã, e você sabe
estamos em um caminho para o paraíso, aqui vamos nós, aqui vamos nós

estamos em um passeio para lugar nenhum, vamos para dentro
tendo que andar para lugar nenhum, vamos ter que andar
Talvez você queira me enquanto eu estou aqui, eu não me importo
mesmo quando isn't tempo do nosso lado, eu vou te levar lá, levá-lo lá

nós estamos em uma estrada para lugar nenhum
nós estamos em uma estrada para lugar nenhum
nós estamos em uma estrada para lugar nenhum

há uma cidade em minha mente Então venha e dê um passeio, e está tudo bem, baby está tudo bem
e é muito longe, mas seu dia vai por dia e está tudo bem, baby está tudo bem
gostaria de ir junto? você pode me ajudar a cantar esta canção e está tudo bem, baby está tudo bem

eles podem dizer o que fazer, oh Deus, eles vão fazer um tolo de você, e está tudo bem, baby está tudo bem

há uma cidade em minha mente Então venha e dê um passeio, e está tudo bem, baby está tudo bem
e é muito longe, mas seu dia vai por dia e está tudo bem, baby está tudo bem
gostaria de ir junto? você pode me ajudar a cantar esta canção e está tudo bem, baby está tudo bem
eles podem dizer o que fazer, oh Deus, eles vão fazer um tolo de você, e está tudo bem, baby está tudo bem

nós estamos em uma estrada para lugar nenhum
nós estamos em uma estrada para lugar nenhum
nós estamos em uma estrada para lugar nenhum
nós estamos em uma estrada para lugar nenhum



ENGENHEIROS DO HAWAII - INFINITA HIGHWAY

Já que citei, vou postar aqui a música mais famosa. Muitos dos que curtem Engenheiros concordam comigo e acham a versão mais legal a do disco ao vivo Alívio Imediato, o primeiro ao vivo da banda e quarto da carreira. Como não encontrei esse vídeo no youtube, posto aqui a música original, de estúdio.

Uma passagem interessante é que Humberto foi acusado de plágio nessa época, por essa música. Não lembro bem da estória, mas segundo as acusações, a letra teria sido chupada de um grande sucesso dos Talking Heads, Road To Nowhere, belíssima canção por sinal. Isso não tira a beleza de Infinita Highway, da letra e da música. Boa diversão!

Quem quiser escutar a versão que os fãs como eu, mais gostam, clique aqui.




INFINITA HIGHWAY

Você me faz correr demais
Os riscos desta highway
Você me faz correr atrás
Do horizonte desta highway
Ninguém por perto, silêncio no deserto
Deserta highway
Estamos sós e nenhum de nós
Sabe exatamente onde vai parar

Mas não precisamos saber pra onde vamos
Nós só precisamos ir
Não queremos ter o que não temos
Nós só queremos viver
Sem motivos, nem objetivos
Nós estamos vivos e é tudo
É sobretudo a lei
Dessa infinita highway

Quando eu vivia e morria na cidade
Eu não tinha nada, nada a temer
Mas eu tinha medo, medo dessa estrada
Olhe só, veja você
Quando eu vivia e morria na cidade
Eu tinha de tudo, tudo ao meu redor
Mas tudo que eu sentia era que algo me faltava
E à noite eu acordava banhado em suor

Não queremos lembrar o que esquecemos
Nós só queremos viver
Não queremos aprender o que sabemos
Não queremos nem saber
Sem motivos, nem objetivos
Estamos vivos e é só
Só obedecemos a lei
Da infinita highway

Escute, garota, o vento canta uma canção
Dessas que a gente nunca canta sem razão
Me diga, garota: será a estrada uma prisão?
Eu acho que sim, você finge que não
Mas nem por isso ficaremos parados
Com a cabeça nas nuvens e os pés no chão
"Tudo bem, garota, não adianta mesmo ser livre"
Se tanta gente vive sem ter como comer

Estamos sós e nenhum de nós
Sabe onde vai parar
Estamos vivos, sem motivos
Que motivos temos pra estar?
Atrás de palavras escondidas
Nas entrelinhas do horizonte dessa highway
Silenciosa highway

Eu vejo um horizonte trêmulo
Eu tenho os olhos úmidos
Eu posso estar completamente enganado
Eu posso estar correndo pro lado errado
Mas "a dúvida é o preço da pureza"
É inútil ter certeza
Eu vejo as placas dizendo
"não corra, não morra, não fume"
Eu vejo as placas cortando o horizonte
Elas parecem facas de dois gumes

Minha vida é tão confusa quanto a América Central
Por isso não me acuse de ser irracional
Escute, garota, façamos um trato:
Você desliga o telefone se eu ficar muito abstrato
Eu posso ser um Beatle, um beatnik
Ou um bitolado
Mas eu não sou ator
Eu não tô à toa do teu lado
Por isso, garota, façamos um pacto
De não usar a highway pra causar impacto

Cento e dez, cento e vinte
Cento e sessenta
Só prá ver até quando o motor agüenta
Na boca, em vez de um beijo,
Um chiclet de menta
E a sombra do sorriso que eu deixei
Numa das curvas da highway


ENGENHEIROS DO HAWAII - A REVOLTA DOS DÂNDIS

O post anterior começa com alguns versos da música da banda gaúcha Engenheiros do Hawaii, que fez muito sucesso no final dos anos 80 e início dos 90. Humberto Gessinger e sua trupe demosntrando do que o rock gaúcho é capaz, pois grandes nomes como Cascavelletes, Defalla, Replicantes, entre tantos outros contemporâneos, não atingiram os holofotes da mídia.

Engenheiros do Hawaii, se não me engano, foi o primeiro show de rock que eu assisti, quando eles lançaram o primeiro disco, Longe Demais das Capitais, eu trabalhava no meu primeiro emprego, tinha 14 anos e era vendedor de sapatos. A loja do saudoso Nonico (Seo Jorge, ou primo, como todos o conheciam no comércio santista da década de 80), ficava ao lado da Prodisc, uma loja de discos, coisa que não existe mais nos dias de hoje. Os caras curtiam Engenheiros, que era uma banda desconhecida ainda e rolavam sempre Toda Forma de Poder e Segurança, hits desse disco. Quando recebi o salário do mês comprei o disco e lá fui eu, para o Caiçara Music Hall, na divisa entre Santos e São Vicente, com meu irmão Fábio, assistir ao primeiro show que a banda fez em Santos.

A música A Revolta dos Dândis abre o disco homônimo, o segundo da banda, mais odiada pelos críticos na época. Nesse disco há diversos hits como a própria música citada, Terra de Gigantes, Refrão de Bolero e a música que talvez seja o maior hit da banda, Infinita Highway.

Ouça, em volume alto (porque rock tem que se escutar em volume máximo, porque não tem graça escutar em som ambiente) e divirtam-se. Afinal, o que é rock and roll, os óculos do John ou o olhar do Paul?





A REVOLTA DOS DÂNDIS

Entre um rosto e um retrato, o real e o abstrato
Entre a loucura e a lucidez,
Entre o uniforme e a nudez
Entre o fim do mundo e o fim do mês
Entre a verdade e o rock inglês
Entre os outros e vocês

Eu me sinto um estrangeiro
Passageiro de algum trem
Que não passa por aqui
Que não passa de ilusão

Entre gritos e gemidos, entre mortos e feridos
(a mentira e a verdade, a solidão e a cidade)
Entre um copo e outro da mesma bebida
Entre tantos corpos com a mesma ferida

Eu me sinto um estrangeiro
Passageiro de algum trem
Que não passa por aqui
Que não passa de ilusão

Entre americanos e soviéticos, gregos e troianos
Entra ano e sai ano, sempre os mesmos planos
Entre a minha boca e a tua, há tanto tempo, há tantos planos
Mas eu nunca sei pra onde vamos

Eu me sinto um estrangeiro
Passageiro de algum trem
Que não passa por aqui

ENTRE A LOUCURA E A LUCIDEZ


"Entre um rosto e um retrato, o real e o abstrato
Entre a loucura e a lucidez,
Entre o uniforme e a nudez
Entre o fim do mundo e o fim do mês
Entre a verdade e o rock inglês
Entre os outros e vocês"


Já falei aqui sobre a Organização do Trabalho e como ela deveria fazer o sujeito enlouquecer e, como Dejours diz, o trabalhador surpreendentemente não se acomete da loucura por desenvolver alguns comportamentos que o autor denominou estratégias defensivas, algo muito próximo e baseado nos mecanismos de defesa freudiano. Em alguns momentos, sem conseguir suportar, o sujeito toma atitudes ou tem comportamentos que o aproximam de uma loucura temporária.

Pois bem. Tenho pensado muito nisso, do limiar entre a loucura e a lucidez. Mas não apenas no ambiente de trabalho. Concordo plenamente com o autor e sua teoria e com certeza muitos outros pensadores já devem ter pensado no que estou escrevendo. Quem realmente é louco? Qual o conceito de loucura? O que é normal?

Como Dejours, penso que no mundo em que vivemos, o normal seria enlouquecer. Quem em sã consciência quer ter até sua alma explorada para em troca receber uma remuneração que, ao contrário do que pensamos, serve apenas para alimentar o sistema, pois somos induzidos pela mídia e pelo marketing a comprar coisas fúteis e que muitas vezes não são necessárias para nossa sobrevivência? Quem seria capaz, em sã consciência, de ficar a maior parte do tempo de vigilia do dia em função de uma atividade desgastante como é o trabalho? Quem não enlouqueceria com o ritmo de vida que levamos, com a violência, com as drogas, com a miséria, com a política e com tantos outros problemas de nossos dias?

Acredito que o louco somos nós, que conseguimos nos adaptar a tudo isso. Aquele que enlouquece, esse é o normal. O normal é afogarmos nossas mágoas nas drogas, na bebida, na loucura. Aquele que 'pira', que não consegue viver nessa nossa sociedade que premia o cara que não tem carater, o que passa os outros para trás, que valoriza o sujeito pelo que ele tem e não pelo que é e representa para a sociedade... isso seria o normal, não aceitarmos isso de braços cruzados.

Às vezes tenho meus pensamentos pessimistas. Isso nunca vai mudar. O sistema é totalitário. O sistema permite algumas saídas para não se auto destruir, são as suas transmutações para continuar existindo. Na década passada eu trocava cartas com meu amigo já citado tantas vezes aqui, o sumido José Renato. Eu dizia que o mundo é um eterno retorno ao passado, as coisas são um revival de outras e o moderno não passa de uma releitura do antigo. Ele, com sua sabedoria e conhecimento, me dizia que, ao contrário do que eu havia dito, o mundo não andava em círculos, mas em espirais, porque a cada revival havia um elemento novo, que conduzia a um final diferente e assim nada se fechava, como em um círculo. Não só concordei, como faz sentido no que diz respeito às mutações do sistema, pois se ele se fechasse, simplesmente acabaria, seria engolido por ele mesmo.

Certa vez, quando fazia minha primeira pós, em Psicologia do Trabalho, em uma discussão de sala de aula, lembro que levantei o questionamento sobre alguns acontecimentos, que pareciam ser um respiro contra o sistema, uma espécie de resistência, se isso não seria o que o sistema permite existir, uma forma de dar vazão à algumas vozes e sufocar uma revolta maior, para sobreviver. Ou seja, os mecanismos de defesa, as estratégias defensivas que o sistema desenvolvia para se manter intacto. Doesse a quem doesse (o status quo não tem coração). Assim, algumas vozes, alguns movimentos, algumas revoltas são aceitas, mas até um certo limite, e em contrapartida, outros movimentos mais profundos e realmente revolucionários seriam ridicularizados, esvaziados ou mesmo exterminados.

Por isso que tantos revolucionários e idealistas são comprados pelo sistema e se calam, porque entendem que o sistema é totalitário e lutar contra ele parece ser algo impossível. Minar aos poucos? Não acredito, porque uma vez na máquina, para sempre na máquina e fazendo ela rodar para não ser triturado. Resistir é enlouquecer, ficar à margem, ser ridicularizado, ser rotulado. Enfim, ser isolado. E a loucura, é triste meu caro, muito triste...

Eu presto atenção no que eles dizem, mas eles não dizem nada... toda forma de poder é uma forma de morrer por nada. Eu me sinto um estrangeiro, um estranho no meio de tantos pensamentos iguais, à mesmice, um estranho que aceita essas normas estabelecidas por mero comodismo.

Jim Morrisson cantava há algumas décadas (um louco à frente do seu tempo - isso é um pleonasmo):

"People are strange, when you're a stranger...
... When you're strange, no one remembers your name..."


Hay que endurecer pero sin perder la ternura jamas... ????? Será?

sábado, 9 de outubro de 2010

STRAWBERRY FIELDS FOREVER

É difícil escolher a melhor música dos Beatles. A cada época eu gosto mais de uma. Já tive a fase Hello Goodbye, a fase All You Need Is Love, a fase Here Comes The Sun, A Day In The Life (talvez a que tenha durado mais e que mais volta) e tantas outras. Estou iniciando a fase Strawberry Fields Forever.




CAMPOS DE MORANGO PARA SEMPRE

Deixe-me te levar
Porque eu estou indo aos
Campos de morangos
Nada é real
Não há por que esperar
Eternos campos de morango

É fácil viver com os olhos fechados
Sem entender o tudo que você vê
Está ficando difícil ser alguém
Mas tudo parece funcionar bem
E isso não é muito importante pra mim

Deixe-me te levar
Porque eu estou indo aos
Campos de morangos
Nada é real
Não há por que esperar
Eternos campos de morango

Acho que não tem ninguém na minha árvore
Quer dizer, deve estar alto ou baixo
Ou seja, você sabe que não pode entoar
Mas tá tudo certo
Assim, penso que não é tão ruim

Deixe-me te levar
Porque eu estou indo aos
Campos de morangos
Nada é real

Não há por que esperar
Eternos campos de morango

Sempre, não, às vezes, acho que sou eu
Mas você sabe que eu sei quando é um sonho
Penso, óbvio, não quero dizer, óbvio, sim
Mas é tudo tão errado
Isso é que eu acho que eu discordo

Deixe-me te levar
Porque eu estou indo aos
Campos de morangos
Nada é real
E nada de ficar pendurado sobre
Eternos campos de morango

JOHN LENNON


John Lennon é um imortal. Quando em novembro de 1980 um maluco chamado Mark Chapman resolveu lhe dar uns tiros nas costas depois de pedir um autógrafo, o mundo inteiro chorou a morte de um dos maiores gênios da música de todos os tempos. Lembro como se fosse hoje a notícia dada na televisão. Se não me engano foi numa chamada do jornal, informando que um dos fundadores e cabeças do fab four havia sido assassinado em frente ao edifício Dakota, onde morava com sua esposa, a feiticeira Yoko Ono e seu filho Sean, em Nova Yorque. Feiticeira, porque feia do jeito que era e é, até hoje, como é que foi fisgar um dos caras mais desejados dos anos 60, por todas as mulheres do mundo?

Foi triste, ainda mais quando eu lebrava, naquela época, da frase que ele usou para dizer que os Betales haviam terminado: o sonho acabou! O fim dos Beatles, mesmo tendo acontecido antes de eu nascer, é a coisa mais triste da minha hsitória musical. Mais ainda do que a morte de John e a alguns anos atrás de George Harrisson. Onde quer que estejam, devem estar fazendo um dueto, aguardando os demais Beatles para se reunirem por toda a eternidade, após deixarem suas músicas para todo o sempre. Eles se imortalizaram em sua obra.

Eu tinha 8 anos na época. Adorava os Beatles. É o que eu escuto à mais tempo na minha vida. Lembro, ainda em Porto Alegre, de escutar fita dos Beatles, em um gravador daqueles bem antigos, que emitia o som de uma caixinha que ficava em cima do aparelho. Uma peça única. Lembro ainda do meu irmão Rogério chegando com coletâneas dos Fab 4 e nós devorando cada música, até furar o disco, nas antigas vitrolas com agulha. E tenho uma lembrança linda, do meu irmão feliz, quando conseguiu um exemplar importado do disco Help, no início dos anos 80.

Os Beatles fazem parte da história da minha vida. Saber que eles nunca mais se reunirão é algo que me deixa melancólico. Como pode a vida acabar com a união de pessoas tão perfeitas musicalmente?

John era um gênio! Paul também, Geroge nem se fala e Ringo era demais. Durante muito tempo não fui simpático com Paul porque sempre carreguei comigo a idéia de que ele teria traído os demais garotos de Liverpool e a culpa do fim era dele.

Ontem estava cantarolando uma música composta por Lennon e creditada à dupla Lennon/McCartney, como todas da banda. A música, chamada Strawberry Fields Forever, não faz parte de nenhum disco dos Beatles, embora tenha sido composta para o disco que separa a história da música pop no mundo, o Sgt Peppers.

Lembro que tínhamos em casa o Double Fantasy, o último disco gravado por John em vida, um mês antes de ser assassinado. É um disco maravilhoso, com canções memoráveis como Woman, (Just Like) Starting Over, Watching the Wheels, entre outras. Memórias, memóras, belas memórias, de um guri de 8 anos que chorou ao ouvir a notíca da morte de John Lennon.

Hoje, 9 de outubro, Lennon completaria 70 anos de vida. Há quase 30 anos morreu o homem e nasceu o mito.

domingo, 3 de outubro de 2010

PIN UPS - PURE

Confira a porrada sonora que é a banda Pin Ups, extremamente instigante, pulsante, puro roquenrol, para chutar tudo que tiver pela frente.

TRILHA SONORA DO DOMINGO


Ontem comecei o dia escutando umas bandas dos anos 80, nostálgico que estava. Escrevendo (ou tentando) a monografia para a UTFPR e escutando algo que realmente me deixasse para cima, desse um up na minha motivação. Embora toda vez que eu escreva eu me sinta extremamente motivado. Mas enfiem, a trilha sonora do sábado foi Pin Ups, uma das melhores bandas de rock já surgidas por essas plagas, Maria Angélica Não Mora Mais Aqui (que já citei nesse espaço e que é o melhor nome de banda que já poderia ter existido no mundo), Vzyadoq Moe (que do interior de São Paulo criou o que viria a ser anos mais tarde o Mangue Beat de Chico Cience - escute e saberás o que estou falando), Violeta de Outono (também um belo nome para uma banda - a banda mais Joy Division do Brasil) entre outros.

Ok. Entretanto hoje estava escutando esse som romântico, quase brega, da banda Columbia, que já postei aqui, essa que é a música mais legal do segundo disco da banda. Vale à pena conferir a música Prá Cá e curtir esse domingão cinzento. Silent and grey!

ELEIÇÕES 2010 - DIA DE VOTAR


Hoje, 3 de outubro, é dia de pegarmos aquele papelzinho verde em formato de carteirinha e seguirmos a uma zona eleitoral para votarmos em alguma dessas dezenas, talvez centenas de candidatos que desfilaram e invadiram nossas casas através dos canais de televisão e da propaganda eleitoral gratuita. E finalmente, hoje será o desfecho de tudo.

Engraçado como o desespero da oposição em denegrir a imagem do presidente Lula e de sua candidata Dilma fez nas últimas semanas explodir inúmeras denúncias de corrupção. Tem uma revista semanalmente que a muito tempo eu não leio, mas salvo engano é uma das mais lidas no país (conheço várias pessoas que têm vergonha de assumir que a leiam), que estampa em suas capas há meses matérias contra a candidata do presidente mais popular de toda a história do Brasil.

Recebo também e-mails de um monte de gente falando mal da Dilma. Um deles, que me fez inclusive decidir meu voto por ela, dizia que ela foi guerrilheira na ditadura militar. Nesse e-mail mostrava uma carteirinha de guerrilheira, uma coisa assim, não me recordo e ali decidi que meu voto era dela. Sempre simpatizei com o Lula, aliás, sempre votei nele. Mas o seu apoio à Dilma não foi decisivo, mas sim o episódio citado acima. Todos os que lutaram contra a ditadura são heróis nacionais, deveriam receber medalhas e serem tratados como heróis.

A primeira vez que vi o Lula foi em 1982, quando ele era candidato ao governo paulista, pelo PT. Foi uma simpatia instantânea, um partido político que se dizia dos trabalhadores, que trazia o slogan de trabalhador vota em trabalhador, me identifiquei à primeira vista. E olha que na época eu nem trabalhava. Pensava que se eu pudesse votar, votaria nele. É claro que muita coisa mudou e hoje o PT não é mais o mesmo.

Em 1989, na primeira eleição direta para presidente de anos, Lula foi candidato. Eu tinha 17 anos e tirei o título, mesmo não sendo obrigatório. Aquilo era simbólico, não era um simples voto, era o fim de uma época sombria da nossa história, que nos fez ficar parados no tempo por anos e que até hoje pagamos por esse tempo sem desenvolvimento. Nós e toda a América Latina, que sofreu com suas ditaduras financiadas pelos EUA, que tinham medo que tudo virasse Cuba.

Pois bem, naquelas eleições, que todos sabem, elegeram um certo caçador de marajás, sendo ele mesmo um deles, alguns dos candidatos não estão mais entre nós, como é o caso de Leonel Brizola (a quem dediquei o primeiro voto da minha vida), Mario Covas, Ulisses Guimarães e outros. Brizola não foi para o segundo turno, mas apoiou Lula. Eles eram campeões de rejeição por parte do eleitorado. Votei no Lula no segundo turno e dali para frente sempre votei, quando votei, nele para presidente.

Quando Collor venceu as eleições, logo veio o confisco da poupança e surgiram diversas denúncias de corrupção. Descobriu-se então que o caçador de marajás era o maior de todos eles. Marajá era (ou ainda é) a designação para políticos e funcionários públicos de alto escalão que ganhavam (muito) e não trabalhavam. Então vieram os caras-pintadas. Eu fui um deles, estava começando a faculdade na Unesp e lembro inclusive de algumas passeatas por Assis e até de uma viagem para São Paulo, onde se encontraram diversos estudantes para um evento em protesto contra o governo federal. Mas isso é outra história e fica para outro momento.

Hoje vejo o desinteresse geral pelas eleições. Todos estão desacreditados e política virou sinônimo de podridão, de coisas extremamente pejorativas. As pessoas não se envolvem mais como antigamente. O Tety, que tem 16 anos, poderia tirar o título, mas acho que nem cogitou a hipótese. Seus amigos, com a mesma faixa etária, idem. Não tenho conhecimento de algum que votará hoje. Se algum dia pensávamos que o voto era uma arma para mudar o mundo, essa ilusão não existe mais.

Por alguns anos pensei que a única forma de revolução se daria pela educação. Que esse pequena revolução silenciosa seria possível. Entretanto, não acredito mais nisso, embora seja um cara extremamente otimista e de acreditar nas pessoas, hoje sou um cético em relação a esse assunto, principalmente no Brasil, onde o povo quer de alguma maneira levar vantagem em cima do outro. Isso é cultural, dificilmente mudará. Hoje, acredito apenas na revolução armada, mesmo que eu pareça ultrapassado, subversivo, comunista... por isso voto na Dilma, pelo passado dela, que embora para a maioria das pessoas seja algo negativo, para eu é o que a capacita para o governo, mesmo sabendo que nada vá mudar.