terça-feira, 26 de abril de 2011

THE SMITHS - I KNOW IT'S OVER

I Know its Over, como Cemetry Gates, também é uma canção do disco ao vivo e póstumo Rank e por coincidência do The Queen Is Dead, o disco de stúdio mais famoso do Smiths. E também gosto muito da versão ao vivo, que posto aqui para esse triste final de terça feira, de derrota do IMORTAL na Libertadores.

Uma letra melancólica e uma música que rasga a alma, com a voz lamuriosa de Morrissey.




Eu Sei Que Acabou

Oh Mãe, posso sentir o chão caindo sobre minha cabeça
E enquanto deito em uma cama vazia
Oh bem... tudo está dito
Eu sei que acabou, ainda assim me agarro
Não sei mais onde eu possa ir
Oh...

Oh Mãe, posso sentir o chão caindo sobre minha cabeça
Veja, o mar quer me levar
A faca quer me cortar
Você acha que pode me ajudar?
Triste noiva de véu, por favor seja feliz
Belo noivo, dê a ela abrigo
Bruto, grosseiro amante, trate-a gentilmente
(embora ela precise mais de você
do que te ame)
Eu sei que acabou, ainda assim me agarro
Não sei mais onde eu possa ir
(Acabou, acabou, acabou, acabou
Acabou, acabou...)
Eu sei que acabou
E na verdade nunca começou
Mas no meu coração era tão real
E você até falou comigo e disse:
"Se você é tão engraçado
Por que então está sozinho esta noite?
Se você é tão inteligente
Por que então está sozinho esta noite?
Se você é tão divertido
Por que então está sozinho esta noite?
Se você é tão atraente assim
Por que dorme sozinho a noite?
Eu sei...
Por que esta noite é igual a qualquer outra noite
É por isso que você está sozinho esta noite
Com seus triunfos e encantos
Enquanto eles estão nos braços um do outro..."

É tão fácil rir
É tão fácil odiar
É preciso força para ser gentil e carinhoso
(Acabou, acabou, acabou, acabou)
É tão fácil rir
É tão fácil odiar
É preciso ter culhões para ser gentil e carinhoso
(acabou, acabou)

O Amor é Natural e Real
Mas não para você, meu amor
Não esta noite, meu amor
O Amor é Natural e Real
Mas não para pessoas como você e eu, meu amor

Oh Mãe, posso sentir o chão caindo sobre minha cabeça
Oh Mãe, posso sentir o chão caindo sobre minha cabeça
Oh Mãe, posso sentir o chão caindo sobre minha cabeça
Oh Mãe, posso sentir o chão caindo sobre minha cabeça...

segunda-feira, 25 de abril de 2011

THE SMITHS - CEMETRY GATES

Como já postei aqui o clipe de Perfect e estou escutando Smiths nesse momento (aquela fase de escutar Smiths o tempo inteiro está de volta), a música Cemetry Gates, que durante muitos e muitos anos foi a minha predileta. Em determinado trecho Morrissey canta

"...
Keats and Yeats are on your side
While Wilde is on mine...

...
Keats and Yeats are on your side
But you lose
'Cause Wilde is on mine
(Sure!)

O Wilde cantado é ninguém mais do que Oscar Wilde, o mesmo de O Retrato de Dorian Gray, um dos filmes que assisti no feriadão prolongado. Acho que o filme desencadeou o desejo de escutar Smiths, coisa que há tempos não fazia com a voracidade de agora.

Sem contar que a letra é MARAVILHOSA!

Sempre curti muito mais a versão do Rank, disco póstumo e ao vivo da banda, do que a de estúdio no The Queen Is Dead. E é a versão ao vivo que posto aqui.

Bom final de segunda!




PORTÕES DO CEMITÉRIO

Um tenebroso dia ensolarado
Então eu encontro você nos portões do cemitério
Keats e Yeats estão do seu lado
Um tenebroso dia ensolarado
Então eu encontro você nos portões do cemitério
Keats e Yeats estão do seu lado
Enquanto Wilde está do meu

Então nós entramos e gravemente lemos as lápides
Todas estas pessoas, todas estas vidas
Onde estão agora?
Com amores e ódios
E paixões iguais às minhas
Elas nasceram
E então viveram
E então morreram
O que parece tão injusto
Me dá vontade de chorar

Você diz: "Aqui três vezes o sol prestou saudação a aurora"
E você alega que estas palavras são suas
Mas eu sou muito instruído e já as ouvi
Uma centena de vezes (talvez menos, talvez mais)
Se você tem que escrever prosa/poesia
As palavras usadas devem ser as suas próprias
Não plagie ou pegue "emprestado"
Porque há sempre alguém, em algum lugar
Que é narigudo e sabe
E que te passa uma rasteira e ri
Quando você cai
E que vai te passar uma rasteira e rir
Quando você cair

Você diz: "Aqui feitos antigos foram feitos"
Palavras que só poderiam ser suas
E então você produz o texto
De onde isso foi arrancado
(alguma puta tonta, 1804)

Um tenebroso dia ensolarado
Então vamos lá onde somos felizes
E eu encontro você nos portões do cemitério
Oh, Keats e Yeats estão do seu lado
Um tenebroso dia ensolarado
Então vamos lá onde somos desejados
E eu te encontro nos portões do cemitério
Keats e Yeats estão do seu lado
Mas você perde
Porque Wilde está do meu
(claro!)

MÚSICA PARA UM DIA CHUVOSO


Segunda feira chuvosa, o trânsito de Londrina (não tão) ameno, na hora do almoço me vi no meio de uma chuva gostosa, para ficar à tarde inteira debaixo dos lençois, deitado no sofá assistindo a um bom filme e olhando pela janela os pingos caírem, ora batendo na janela e fazendo um barulho monótono.

Eu vinha pelo trânsito e pensando nessas coisas importantes para um dia de folga (o que não foi o caso, porque hoje trabalhei pra caramba) e escutando Smashing Pumpkins, pensei em qual seria a música ideal para uma tarde chuvosa, como foi hoje. Até que começa Perfect. Taí, a música perfeita para se escutar debaixo dos lençóis, em uma tarde chuvosa, assistindo a um bom filme e comendo pipoca com molho de pimenta. E claro, com a cortina aberta para ver a chuva cair lá fora. Foi o que passou pela minha cabeça naquele momento, em frações de segundos, milésimos talvez. A velocidade de um pensamento.

No silêncio das ruas cheias de carros, o ronco dos motores ligados e as buzinas de vez em quando e na solidão do volante, a música se torna uma companhia. Perfect, que tem o clipe que culmina em um acidente de trânsito, soou os primeiros acordes.

No momento em que encontrei a Juliana e me perguntou se estava tudo bem eu disse que mais ou menos. Na indagação do por quê (por que será que as pessoas nunca perguntam o porquê quando respondemos que está tudo bem? E por que será que nunca respondemos que não está bem? Deve ser porque sabemos que teremos que explicar o motivo) eu disse que estaria bem se eu estivesse em casa, morando no 16º andar, e da varanda, sentado aconchegadamente em uma poltrona bem confortável, vendo a chuva cair silenciosa lá fora, escutando belas canções em meio a um ou outro cochilo.

No final das contas, um bom livro nas mãos, uma bela canção na vitrola, um belo dia chuvoso, bem aconchegante e relaxante, um bom vinho para relaxar mais e pensar na vida. Praticar o ócio criativo. Seria perfeito. Seria Perfect!

domingo, 24 de abril de 2011

THE SMITHS - I WANT THE ONE I CAN'T HAVE

A música I Want The One I Cant Have está no belo disco Meat Is Murder do Smiths, um verdadeiro manifesto a favor do vegetarianismo, em meados dos anos 80. Embora a música não fale disso, basta ler o seu nome. A letra e a música são lindas, a segunda bem alegrinha, para levantar o astral desse final de domingo e um alento para a televisão, que só fala de desgraças (será que o mundo está tão ruim assim ou somente assim se vende mais?).

"Antes de atirar o vaso na TV
Eu ouvi o que ela dizia,
Quando não houver mais amanhã,
Será um belo dia

Estranha coisa pra se dizer
Antes de vender mais mercadoria
Mas é assim que eles fazem
E fazem muito bem..."

Já dizia Humberto Gessinger na música Guardas da Fronteira, do segundo disco da banda.

Mas esse post é sobre a canção do Smiths. Vamos à ela e boa semana a todos! Apesar da letra melancólica, Johnny Marr tira belas dedilhadas de sua guitarra rickenbacker, a dos meus sonhos, a mesma marca que John Lennon usou diversas vezes na época dos Beatles.




EU QUERO TER QUEM EU NÃO POSSO TER

No dia em que sua inteligência
Decidir tentar alcançar sua biologia
Caia em sí...
Eu quero quem não posso ter
E isso está me deixando louco
Está estampado na minha cara

No dia em que sua mentalidade
Se igualar à sua biologia
Eu quero quem não posso ter
E isso está me deixando louco
Está estampado na minha cara

Uma cama de casal
E um amante robusto, com certeza
Estas são as riquezas dos pobres
Uma cama de casal
E um amante robusto, com certeza
Estas são as riquezas dos pobres

Eu quero quem não posso ter
E isso está me deixando louco
Está estampado na minha cara

Um menino durão que às vezes engole unhas
Criado num reformatório
Ele matou um policial quando tinha treze anos
E de algum modo isso me impressionou
Está escrito na minha cara

Estas são as riquezas dos pobres
Estas são as riquezas dos pobres

Eu quero quem não posso ter
E isso está me deixando louco
Está estampado na minha cara

No dia em que sua inteligência
Alcançar sua biologia
E se você alguma vez precisar de auto-afirmação
É só me encontrar no beco
Lá na estação de trem
Está estampado na minha cara
Oh...


ENGENHEIROS DO HAWAII - NÚMEROS

Coincidência, meu post sobre números, é o nome de uma linda canção do Engenheiros do Hawaii. Abaixo clipe e letra.

Para finalizar o domingo e o feriadão, e esquentar o trabalho, que amanhã voltamos à rotina de sempre!

E faça uma prece pra Freud Flintstone!



NÚMEROS

Última edição do Guiness Book
Corações a mais de mil
E eu com esses números?
Cinco extinções em massa
Quatrocentas humanidades
E eu com esses números?
Solidão a dois
Dívida externa
Anos luz
Aos 33 Jesus na cruz
Cabral no mar aos 33

E eu... o que faço com esses números?
Eu... o que faço com esses números?

A medida de amar é amar sem medida
Velocidade máxima permitida
A medida de amar é amar sem medida

Nascimento e Silva 107
Corrientes, tres, cuatro, ocho
E eu com esses números?
Traço de audiência
Tração nas 4 rodas

E eu... o que faço com esses números?

Sete vidas
Mais de mil destinos
Todos foram tão cretinos
Quando elas se beijaram

A medida de amar é amar sem medida
Preparar pra decolar
Contagem regressiva
A medida de amar é amar sem medida

Mega, Ultra, Híper, micro, baixas calorias
Kilowatts, Gigabytes...

E eu... o que faço com esses números?
Eu... o que faço com esses números?

A medida de amar é amar sem medida
A medida de amar é amar sem medida
Velocidade máxima permitida
A medida de amar é amar sem medida

sábado, 23 de abril de 2011

MOMENTO COMÉDIA

Para começar o domingo, o dia mais entediante da semana, dando risada, encontrei no site não clique aqui, do Clicrbs, coisas extremamente engraçadas. Dei umas gargalhadas aqui sozinho, na concentração do show do Wander Wildner.


Às vezes dá vontade de se vingar daquele folgado no trânsito ou do vizinho de garagem, não dá? Sinta-se vingado com o vídeo.

Então, para o show!

O RETRATO DE DORIAN GRAY


Oscar Wilde é um gênio da literatura inglesa. A primeira vez que li o livro que dá nome ao post, foi em 1992 e estava no segundo ano da faculdade. Fascinado com a história, tive uma prova e fiz analogias das questões com trechos do livro que estava lendo. Não lembro a disciplina, mas lembro de ter ido muito bem na prova, mesmo sem ter estudado.

Comecei a ler Oscar Wilde, ou melhor, conheci Oscar Wilde através de Morrissey, vocalista do Smiths cujo escritor era seu preferido. A história do belo rapaz que faz um pacto com o demônio para envelhecer o quadro e não ele, que tem no retrato pintado pelo artista Basil o reflexo de sua alma e vai apodrecendo de acordo com a vida desregrada em busca do prazer ao extremo.

É a história narcísica, da hipocrisia de quem não tem coragem de assumir todos os prazeres mundanos; ao mesmo tempo, moralista, demonstrando que a busca pelo prazer, do prazer pelo prazer, não traz felicidade. Em um trecho do filme Dorian diz que a satisfação dos prazeres não significa felicidade.

Lembrei da saga de Erico Veríssimo, que escreveu toda a história de uma família, por algumas gerações, como o escritor Gabriel Garcia Marques em 100 anos de Solidão, nos livros O Arquipélogo I e II, O Retrato I e II e o Continente I e II. São 6 tomos do escritor gaúcho e nos volumes O Retrato faz uma pequena referência, indireta, talvez influenciada, na beleza do retrato pintado de um dos heróis do livro, que não me recordo nesse momento, que chega a entrar em discussão ou mesmo como seria bom se ao invés de envelhecer o retratado, envelhecesse o retrato. A mesma questão permeando as relações: a beleza eterna, tão em voga atualmente.

O último filme rodado baseado no livro homônimo entrou em cartaz ontem no Cine Contour. É uma produção de 2009. O livro foi publicado em 1891, foi acusado de ser imoral e homoerótico, chocando a Inglaterra vitoriana. No auge do sucesso por suas produções literárias e teatrais, Oscar Wilde foi acusado e preso pelo crime de homossexualismo alguns anos depois.

O filme não muda em nada a história, não tenta ser diferente do livro, apenas cumpre o seu papel de passar sua mensagem moralista. Ao contrário dos puritanos do século retrasado achavam, o livro traz a mensagem de que a vida não vale à pena se só nos entregarmos aos seus prazeres. Tanto que Dorian e seu mentor o lorde Henry Wotton se dão mal no final. Como não poderia ser diferente, o alto do filme são os diálogos, recheados de belas frases de Wilde.

Só por isso, já vale à pena. Para quem não conhece a obra do escritor, é uma excelente oportunidade de iniciar-se. Para quem já conhece a história, é interessante ver mais essa leitura, a 10ª para o cinema. Contando com a que assisti ontem, foi a 3ª. E o livro já li em algumas oportunidades.

WANDER WILDNER - DANI

O gremista Wander Wildner, o eterno replicante, está de volta à Londrina, lançando o seu mais novo CD, Caminando y Cantando. Será hoje, no Valentino. Posto aqui uma das músicas desse novo disco, a bela canção romântica Dani, de seu parceiro Jimmy Joe. Aliás, esse disco dele soa acústico, meio folk. Imperdível. Nesse clipe a banda que toca é a mesma que veio a última vez em Londrina, no mesmo Valentino.




DANI

Será que eu bebi, será que eu estou louco
será que eu te ame, meu amor seja pouco
Quem sabe de nós, o que acontecerá
O que será o que será

Eu sei que eu vou te amar
Por anos e anos a fio, nadamos tão bem
Andamos legal, vamos por aí
E no fim do dia ainda podemos falar e sorrir

Mas quando o espírito se libertar
Quem tomará conta dos gatos?
Quando o espírito se libertar
Quem tomará conta

NÚMEROS


Correr e praticar exercício oxigena o cérebro. Isso é um clichê e antes de ser um clichê, é uma verdade. Será que as verdades que são clichês são realmente verdades? Será que a verdade torna o clichê não clichê? Bem, o fato é que correr faz bem e as atividades físicas além de liberar substâncias químicas que nos dão prazer, fazem bem para o nosso equilíbrio físico e psíquico.

Esse ano, além de correr aos finais de semana no Igapó, fazer a caminha de mais de 4 mil metros do hospital (onde trabalho) até a academia, resolvemos acompanhar o circuito de corridas de rua do Sesc Paraná. Mas somente nas cidades aqui perto. Tudo começou no final do ano passado quando corremos em Londrina. Esse ano fomos para Cornélio Procópio, Apucarana e Santo Antônio da Platina. E mais virão, como Maringá e muito provavelmente Curitiba. Só não vamos para Foz porque coincidirá com uma viagem que programamos.

Tenho diminuido bem o tempo das corridas, chegando perto dos 4 min por km. Além disso, em Apucarana fiquei em 44º (ou seria em Cornélio?) e na última fiquei em 22º, 2 minutos a menos no tempo. A colocação não significa muito, porque o número de inscritos varia muito. Mas os números parecem gritar algo, imperceptível para minha mente incrédula.

Por causa da numerologia muita gente mudou de nome. Na minha infância havia o Jorge Ben, a Sandra Sá, para citar 2 exemplos, que viraram respectivamente Jorge Benjor e Sandra de Sá. Se eu consultasse uma numeróloga talvez o meu nome virasse Máhrcio ou Máhcihoh, ou Márcio Mar... quem sabe... até que gostei dessa história. Márcio Mar é quase Johnny Marr.

Costumo esclarecer para todos que não sou supersticioso. Isso é loucura, porque cada momento é diferente e sou determinista, uma vez que acredito que as coisas acontecem simplesmente porque têm que acontecer. E ponto final! Mas me pego em dias de jogo do GRÊMIO com a mesma camisa branca e gravata azul e preta, por vezes sentando no mesmo lugar no sofá, assistindo a jogos pelo computador, com a idéia de que todos os jogos que assisto, meu time do coração ganha; em 1995, radinho em punhos (meu walkman era o único que pegava o 600 AM no dial, da rádio Gaúcha e o 720 AM da Guaíba, e escutava os jogos do GRÊMIO, da Libertadores. E sempre que a coisa andava feia para o nosso lado, mudava para a Guaíba para saísse gol. E pelo que me consta, era mágico, sempre acontecia.

Em tempo: deu certo, fomos bi da Libertadores!

Não gosto de afrontar os deuses. Sigo a filosofia de que ... no creo en las brujas, pero que las hay, las hay. Mas sinceramente, isso não é filosofia, o que importa é que não tenho o interesse de enfurecer as forças sobrenaturais. Se puder trazê-las para o meu lado, farei tudo o que for necessário.


A frase das brujas é de Miguel de Cervantes, que escreveu para o personagem (ou a personagem, como preferirem ou como for o correto) Sancho Pancha, que segue o seu mestre Don Quixote, aquele que enlouquece de tanto ler aventuras de cavaleiros e decide ele mesmo, dentro de seus delírios, viver as suas próprias aventuras. Quando li esse livro, no início dos anos 90, era uma época que tirei para ler os clássicos. Bons tempos aqueles em que eu tinha tempo para ler. Hoje nem clássicos e nem simples partidas, não tenho tempo para ler quase nada.

Por falar em livros, nos anos 80 eu era fã de romances policiais, o que me fez desejar ser detetive. Queria até fazer um curso por correspondência, aqueles que chegavam as revistas e todo o material pelo correio. Fui quase um Dom Quixote, ainda bem que não enlouqueci... ou melhor, enlouqueci mas não a tal ponto de querer viver minhas aventuras, nunca passei da sanidade de sentar em um canto com um livro nas mãos e me desligar do mundo real. E viver as minhas fantasias que os livros da Agatha Christie, por exemplo, me proporcionavam. Só não consegui me livrar de me apaixonar por uma personagem da série de Bolsilivros (aqueles livrinhos de bolso) ZZ7, Brigite Montfort, a espiã morena, de pele alvíssima, olhos incrivelmente azuis e corpo escultural.


Em suma, o medo do desconhecido que nos persegue. E os números podem nos ajudar de alguma forma (podem?). Nem que seja para nos tornarmos milionários com a mega sena.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

AMANHÃ É 23

23 de abril: o Brasil já fora descoberto, Tiradentes já fora enforcado e o dia do índio já passou. Em 1991 o Brasil só era tri campeão do mundo e fazia um ano do vexame na Itála, para a Argentina de Maradonna e Caniggia. Tínhamos eleito um presidente mauricinho, que depois veio a ser o maior vexame da história mais recente da república.

Um fato extremamente triste aconteceu nesse ano. O IMORTAL foi rebaixado ao perder do Botafogo no Rio por 3 a 1. Amargamos a segundona pela primeira vez. Uma coisa que nunca entendi como é que um time que fora 3º lugar no campeonato anterior, que manteve a base do time e tal, poderia ser rebaixado no ano seguinte?

Esse era o contexto dessa época. Eu me aventurava para uma cidade que nem sequer sabia que existia no mapa e muito menos tinha ouvido falar. Olhei no caderno do vestibular e vi que o curso de Assis tinha 5 anos, com Formação de Psicólogo, enquanto em Bauru a Unesp oferecia apenas 4 anos de curso e Licenciatura e Bacharelado. Bauru já ouvira falar, mas Assis...

Essa história começa alguns anos antes, em uma noite de insônia daquelas da adolescência; quando entrei no segundo grau, hoje ensino médio, pretendia fazer medicina. E gosto de pensar que eu passaria no vestibular. Porém, logo no primeiro ano me deparei com um professor de biologia estranho, que olhava para o teto quando explicava a matéria. Mas isso não influencou minha escolha e sim o fato de eu pouco entender a explicação do professor astronauta (que vivia no mundo da lua) fez eu abortar a idéia do curso de medicina, para tristeza da dona Sirlei, que trabalhava à época na Santa Casa de Santos.

Noites de insônia eram comuns; era mais uma delas, não sei que ano no final dos 80, sem nada para ler, peguei um dicionário e comecei aleatóriamente a ler o significado de algumas palavras. Me deparei com esquizofrenia. O que li, imediatamente me indentifiquei. Fiquei preocupado, ao pensar que eu era um esquizofrênico.

Outra coisa que influenciou minha escolha foi uma professora de Filosofia, ou seria de Biologia? Bem, não me recordo ao certo, acho que era da segunda matéria. Mas ela era Psicóloga. E eu, com 16 anos, estudando no noturno do Primo Ferreira, apelidado 72, por ser o ano que eu nasci e também o mais novo de todos da sala, era muito bagunceiro, aprontava pra caramba. Conversava demais, fazia gracinhas na sala de aula, tirava a concentração com algumas tiradas irresponsáveis que fazia a galera rir. Um bobo da corte, era o que eu parecia. Na primeira prova, tirei a melhor nota da turma. A professora, ao entregar as provas, não relacionou o meu nome à nota. Vendo que a maioria havia tirado nota baixa, largou um: - quem é esse Márcio? Com minha resposta e da sala, ficou surpresa. Soltou um - Você!!!???

A surpresa era explicável, afinal de contas, como ela poderia saber que o cara mais imaturo da sala era o melhor aluno no quesito nota? A partir daí começou a rolar uma admiração mútua, porque antes do episódio a antipatia era recíproca. E esse foi um dos fatores que me levaram a escolher a Psicologia. Primeiro eu queria me conhecer e essa simpatia com a professora, no 2º ano, foi fator preponderante.

Aos 18 anos aporto em Assis, mala nas costas, sonhos no coração e na cabeça, nos pensamentos, nas emoções. Vida nova!




Poucos dias depois do início das aulas a conheci. Loira, olhos azuis por trás dos óculos, pele clara, expressões ingênuas de uma guria de 17 anos. Os mesmos sonhos (bem, não deviam ser os mesmos), o mesmo bater no coração... adolescência... eu já era adulto. Completara 18 vários meses antes, estava próximo dos 19. O primeiro olhar foi magnetizante. Ela era o meu tipo. A mulher dos meus sonhos. Os cabelos revoltos e loiros, o sorriso enigmatico e sonhador, o olhar ingênuo, a fibra de uma mulher batalhadora ainda em formação.

Tudo foi tão rápido, como se assistisse a um filme e saísse do cinema e de repente fosse novamente e assistisse a outro filme. E entre filmes de guerra e canções de amor os anos passaram. Os guris vieram, cresceram (e continuam crescendo), novos filmes de amor, canções de guerra, o mundo mudou... Os anos passaram, os dias, as semanas, os meses, os anos... 20 anos. Daquele primeiro encontro, pouco antes do dia 23; de abril!


Antes do fatídico dia 23, depois dos flertes, eu chegando no campus e olhando para o mezanino onde ela esperava para trocar apenas alguns olhares antes de cada um seguir para a sua aula, para o seu curso. Um quase encontro na sala de pingue pongue, umas noites desencontradas na avenida (Rui Barbosa, a principal de Assis) e mais trocas de olhares na biblioteca da universidade. E lá veio o dia 23, quando uma amiga (dela) me chamou, para subir no tal mezanino para me aprsentar àquela guria que tirava o meu sono, o meu sossego, que me fazia sonhar acordado; e para minha surpresa, a recíproca era verdadeira. Juliana. Esser era o nome. Juliana, me cérebro repetia e repetia, inúmeras vezes... aquele nome oriundo do latim, que naquele dia fui buscar naquele mesmo dicionário de anos atrás, e que percebi que significava cheia de juventude, descendente de Júlio, Júlia, ou nascida em julho. Embora esta nascera em agosto.

Aquele dia 23 era especial. Foi especial, é especial. Mas era um dia de manifestações contra o governo do mauricinho. Fora Collor, caras pintadas. Sim, eu fui um cara pintada! Com direito à passeatas em Assis e em São Paulo. A troca do primeiro beijo ao som de A Dois Passos do Paraíso, da Blitz.

"Longe de casa,
a mais de uma semana
Há milhas e milhas distantes,
do meu amor
Será que ela está me esperando,
Eu fico aqui sonhando,
Voando alto,
Perto do céu
O rádio toca uma canção
Que me faz lembrar você"

Tais versos eram perfeitos para 38 dos 40 alunos da minha sala, que vinham de diversas cidades de todo o estado de São Paulo.

A primeira noite no Porão, a casa noturna da época onde todos os estudantes da Unesp se encontravam, pois entravam gratuitamente às sextas. E o afloramento do amor. Brigas, discussões, ciumes, reconciliações sem a separação e tudo o mais que um casal passa. Um ano de namoro escondido e uma história espetacular, que viraria um livro, um filme, uma novela.

Bem, amanhã é 23, são 8 dias para o fim do mês... e ainda guardo um retrato antigo. Há 20 anos nosso amor nasceu. E assim seguimos, às vezes em crise, às vezes em sintonia, em crises mais pesadas e vamos seguindo. Assim começou, assim vai acontecendo.

Como vai ser daqui pra frente?

Não sei, mas espero que ela me aguente por mais 20 anos, porque eu sou insuportável, acho que ninguém me aguentaria como ela me aguentou e me aguenta até hoje. Guria de fibra, batalhadora. Obrgado por me aturar. Obrigado pelos guris! E embora eu tenha pisado na bola em tantas vezes, meu amor continua tão grande como quando nasceu naquele 23 de abril de 1991. Aquela noite de terça feira de um ano que parou no tempo.

E foram tantos os 23 de abril que se seguiram...


quinta-feira, 21 de abril de 2011

THE SMITHS - ASK

Sei que ficar assistindo clipes indicados por blogs parece ser um saco. Poucas vezes eu faço isso e no twiiter não lembro de ter feito isso. Mas como eu sou o dono dessa porra (kkkk) faço o que quero por aqui, nesse espaço nada democrático. No fundo devo ser um grande ditador, porque aqui em casa também sou assim, nada de democracia, deixo isso para a Dilma.

Ask, como disse no post anterior, me apresentou a banda The Smiths, lá por 1985. Lembro que naquela época, sem internet, youtube e mesmo MTV (parece mas não era a pré história) existia um programa chamado Som Pop, na TV Cultura, um dos melhores canais de TV que já assisti em toda a minha vida, mas falo da TV Cultura dos anos 80. Todos os sábado à tarde nos sentávamos à frente da TV para ver as novidades que chegavam mundo afora. E esse clipe era um que sempre tocava.

Vamos a ele então. Se tiveres saco para abrir, claro, mas acho que vale à pena!



ASK

A timidez é legal, e
A timidez pode te impedir
De fazer todas as coisas
Que você gostaria de fazer na vida

A timidez é legal, mas
A timidez pode te impedir
De fazer todas as coisas
Que você gostaria de fazer na vida

Então, se há alguma coisa que você gostaria de experimentar
Se há alguma coisa que você gostaria de experimentar
Peça para mim - eu não diria "não", como eu poderia?

Descrição é legal, e
A descrição pode te impedir
De dizer todas as coisas
Que você gostaria de dizer na vida

Então, se há alguma coisa que você gostaria de experimentar
Se há alguma coisa que você gostaria de experimentar
Peça para mim - eu não diria "não", como eu poderia?

Desperdiçando dias quentes de verão dentro de casa
Escrevendo versos tenebrosos
Para uma garota dentuça de Luxemburgo

Peça para mim, peça para mim, peça para mim
Peça para mim, peça para mim, peça para mim

Porque se não for o Amor
Então será a bomba, a bomba, a bomba,
a bomba, a bomba
Que nos manterá unidos

A natureza é uma linguagem... você não sabe ler?
A natureza é uma linguagem... você não sabe ler?

Então peça para mim, peça para mim, peça para mim
Peça para mim, peça para mim, peça para mim


RETURN



Estou de volta. Um longo e tenebroso inverno interno me separa do último post e deste retorno. Muitas coisas aconteceram no mundo real e nos meus sonhos, nos pensamentos que insistem em pulsar nas longas caminhadas solitárias de final de tarde do hospital até a academia e em outros momentos de (des) concentração, fora do trabalho. O pensamento é muito isso, nos domina mesmo quando não queremos e quando a conversa fica tão enfadonha que, como em um filme, vemos a boca de nosso interlocutor abrir e fechar lentamente e escutamos apenas um blá blá blá.

Uma das coisas que andam me corroendo por dentro e pulsando nos meus pensamentos é fazer uma lista das 10 melhores canções de todos os tempos. Que idiota ficar pensando assim, porque a verdade de hoje não é a mesma de amanhã ou a de ontem é outra que não a de hoje. Ainda mais as canções, que são influenciadas pelos sentimentos e pelas emoções. Acho que deve ser por isso que para eu Smiths é a banda mais importante da vida, e Beatles ficam em segundo plano, embora os segundos são muito mais importantes para o mundo pop. Sem comparações, não é possível!

Essa semana tive um encontro com um ídolo da adolescência, Humberto Gessinger, eterno vocalista, compositor e guitarista/ baixista/ tecladista e muitos outros instrumentos, da Engenheiros do Hawai. Foi na Porto do Shopping Catuai, uma noite de autógrafos do livro Mapas do Acaso 45 variações sobre um mesmo tema, com direito à foto e um bate papo com a galera. Agora à tarde estava lendo o livro, que é uma compilação de pensamentos, com parágrafos meio sem sentido e propositalmente ao acaso, e me deparei com essa: Na minha lista das 10 mais, cabe mais de mil e eles são sempre outros a cada dia. Ou seja, são tantas canções que marcam nossa vida que a cada momento as seleções mudam. Por isso parece ser tolice e perda de tempo ficar fazendo isso. Capaz de cometer injustiças incorrigíveis.

Resolvi levantar e escrever o que queria já há algum tempo, mas que este e a rotina me impediram, além das obrigações do trabalho e da monografia que minha orientadora Ileizi insiste em me cobrar escritos.

Mas não vou fazer uma lista das mais-mais e sim citar a música mais legal, mais fudida, mais escandalosamente linda e perfeita da minha vida! Era sobre isso que pensei noites e mais noites de levantamento de peso, exercícios de bíceps e tríceps, costas, peito ao som do meu mp3 que cabe no celular. Mundo moderno que aposentou aquele velho walkman da Aiwa, à pilha, que guardo até hoje (- Joga essas tralhas no lixo, Márcio! - é o que ouço nos meus pensamentos quando resolvo mexer nessas coisas guardadas há anos, ora com a voz da Juliana, que acha que devo me desfazer das coisas antigas, que eu insisto em guardar por se tratar de um pedaço de mim, do meu passado, ora com a voz da Sirlei, minha mãe. Nessa caso trocaria Márcio por menino); também aposentou o meu discman da Sony, última geração na época, que eu lembro de ter que fazer malabarismos para guardar junto ao corpo enquanto corria pelo Igapó, esse mesmo Igapó que hoje eu corro os meus 8 mil metros para me manter em forma e treinando para as corridas de rua.

Dizia eu, antes desse adendo, que pensava na música mais fudida da minha vida, utilizando o fudida como sinônimo de algo super, tri de bom. Aqui caberia qualquer uma dos Beatles, como All My Loving, Hello Goodbye, Let It Be, All You Need Is Love, A Day In The Life... porra, tantas e mais tantas, caberia alguma do Rolling Stones, Bob Dylan, do Doors, do Led, dos Pistols, Ramones, e tantas outras bandas que fizeram parte da minha vida e que nesse momento não fazem parte da memória que me falha a cada dia mais.

Mas é claro que a música da qual estou falando só poderia ser do Smiths, da dupla Morrissey/ Marr; quem me conhece acertaria na primeira. Porém, escolher a música mais mais é outra dificuldade enorme, em se tratando das canções dessa dupla, que marcou os anos 80 e influenciam até hoje uma cambada de roqueiros. Até alguns dias atrás fiquei em dúvida entre Ask e sua melodia alegre (demais para um cara como o Morrissey dos 80's) ou The Boy With The Torn In His Side, com sua letra de romance incompreendido, que embalou romances proibidos, de casais hetero, como o meu no início dos anos 90 com a Juliana, e de casais homossexuais, alvo maior do dito assexuado Morrissey.

Bem, fiquei com a primeira, por ser a que me apresentou à banda, naqueles longínquos dias dos anos 80, quando, como já contei por aqui, meu irmão Rogério chegou com uma porrada de discos na bagagem de marinheiro. Aliás, minha coleção rara de discos dos Smiths (tenho todos os discos em formato de LP) já foi alvo diversas vezes da Juliana para que eu jogasse no lixo. Estamos resistindo...