sábado, 29 de novembro de 2014

AS CANÇÕES DA MINHA VIDA - THE CURE - BOYS DON'T CRY

Durante um bom tempo deixei de escrever aqui. Primeiro veio a frustração da Copa do Mundo, com a eliminação do meu Uruguai e na final o vice campeonato de Messi e sua Argentina. Depois veio a eleição e me engajei como nunca outrora havia feito, para abrir a mente das pessoas e as fazerem refletir que re-eleger a Dilma e seu projeto de governo, seria (como é, na minha concepção) o melhor para o Brasil. E graças a muito suor e militância nas redes sociais e nas ruas, conseguimos re-eleger um projeto de governo mais justo, com progresso social, que a nossa presidenta representa (a minha parte ficou só com o twitter, diga-se de passagem).

Há semanas venho nutrindo o desejo de voltar a escrever, sinto a comichão de sentar no note e deixar as palavras fluírem, a alma falar. Mas uma coisa me fez definir "sábado terá novo post"! Terça feira à noite (ou teria sido quarta feira?), como sempre zapeando pela televisão e procurando algo que preste, me deparei com um show do Cure, no canal Bis. Quanto tempo sem escutá-los. E segue um petardo atrás do outro. 

O Cure era a banda preferida do Zé Renato. Tinha todos os discos, até que resolveu, na sua revolta adolescente, jogar tudo no lixo e vendeu tudo. Resolveu que só escutaria punk rock, música crua e sem firulas. Anos mais tarde se arrependeu e comprou todos novamente.

Quem viveu os anos 1980, ou que vive, escutando as canções da época e que curtia um som, certamente já se deparou em uma 'fossa' escutando The Cure. Um dos discos mais marcantes foi o Standing On A Beach, de 1986, uma coletânea dos hits da banda até então. Foi numa manhã de domingo, após uma melancólica noite de sábado (claro!) que escutei incessantemente esse disco, música após música, principalmente as três últimas The Caterpillar, In between Days e Close To Me. Já contei essa história de dor de cotovelo aqui em algum momento. E não vou repetir. Mas foi a primeira vez que cheguei em casa já com o sol à pino. Devia ter uns 15, 16 anos. Depois de uma melancólica noite e madrugada daqueles longínquos e saudosos anos 1980.

Mas enfim, embora esteja escutando The Jesus And mary Chain, que há muito tempo não escuto, enquanto escrevo esse post, e escuto incessantemente o refrão de Blues From a Gun: "Well I guess that's why I've always got the blues, well I guess that's why I've always got the blues, well I guess that's why I've always got the blues..." e tome guitarras distorcidas dos irmãos Reid, a canção que vou postar aqui e que de alguma forma marcou a minha vida, é do Cure. A primeira que escutei, que muitos que curtem a banda escutou e que certamente, como para eu, apresentou a banda. 

A canção, como não poderia deixar de ser, é maravilhosa! Não é a minha predileta no momento. Porém não é menos encantadora por isso. O clipe, em tempos de pouca tecnologia e efeitos especiais, mas de muita criatividade, é magnífico. Uns guris tocando a canção e ao fundo a sombra real dos integrantes da banda. Bem a calhar, afinal garotos não choram... mas escutando Cure, choram sim, e muito... 

Assistam, curtam, divirtam-se e saboreiem!



Boys Don't Cry - Garotos não choram


Eu diria que estou arrependido
Se achasse que isto faria você mudar de ideia
Mas eu sei que desta vez
Eu falei demais, fui indelicado demais

Eu tento rir disso tudo
Cobrindo com mentiras
Eu tento rir disso tudo
Escondendo as lágrimas em meus olhos
Pois garotos não choram
Garotos não choram

Eu me desmancharia aos seus pés
Mendigaria seu perdão, imploraria a você
Mas eu sei que é tarde demais
E agora não há nada que eu possa fazer

Por isso eu tento rir disso tudo
Cobrindo com mentiras
Eu tento rir disso tudo
Escondendo as lágrimas em meus olhos
Pois garotos não choram
Garotos não choram

Eu diria a você que te amava
Se achasse que você ficaria
Mas eu sei que é inútil
E você foi embora

Julguei mal o seu limite
Fiz você ir longe demais
Te subestimei, não te dei valor
Pensei que você precisasse mais de mim

Agora eu faria qualquer coisa
Para ter você de volta ao meu lado
Mas eu só fico rindo
Escondendo as lágrimas em meus olhos
Pois garotos não choram garotos
Garotos não choram

CHAVES...


Hoje acordei chorando. Mas não chorando com as lágrimas nos olhos... com o coração apertado e triste. A notícia da morte do Roberto Bolaños, nosso eterno Chaves e Chapolin, só caiu a ficha agora. Acordei e estava lendo a repercussão no mundo de sua morte. Incrível como os personagens tão bobos e tão inocentes, um programa extremamente trash, possa ter tanta adoração. 

O Chaves é uma unanimidade no Brasil. Não conheço ninguém que não tenha se divertido com suas histórias repetidas à exaustão pelo SBT. E mesmo sabendo o que vai acontecer, mesmo sabendo o que ele dirá, caímos inocentemente na risada. Fico abismado em como é passado de geração para geração esse entusiasmo, essa veneração. Meu sogro era apaixonado pelo Chapolin, pelo Chaves; eu idem, meus filhos têm o mesmo sentimento... ou seja, os adultos, as crianças, todos têm essa verdadeira idolatria. Ainda hoje, quando consigo chegar em casa cedo, quando o trânsito me permite, quando meus treinos de corrida permitem chegar perto das 18 horas em casa, zapeando a televisão para encontrar algo decente para assistir e encontro o Chaves, começo a saborear suas traquinagens, como que hipnotizado.

Lembro até hoje a primeira vez que assisti ao programa do Chaves. Foi no final dos anos 1980, provavelmente 1989. Antes disso, não pegava o SBT em casa, eu morava em Santos nessa época. Coloquei no SBT e estava passando aquele programa tão trash que resolvi deixar, curioso para ver no que iria dar. De repente o seo Madruga leva um tapa da dona Florinda, não tem reação, mesmo estando com a razão. Aquilo me deixou revoltado. Pensei que ele se vingaria e fiquei esperando sua reação. Mas dali a pouco, lá estava novamente levando safanões da mesma. E seguidas vezes. E mais outra. Fiquei com aquele sentimento de injustiça. A partir dali, comecei a assistir todos os dias o Chaves. Me viciei.

E logo veio o Chapolin Colorado, tão hilariante, tão viciante quanto. Um episódio que jamais esquecerei, dentre tantos outros, foi quando ele lutou com um boneco mumificado e ainda levou umas bordoadas. Aquilo foi hilariante. 


Sempre desejei muito assistir a novos episódios do Chaves... com o Kiko, a Chiquinha, a dona Florinda, o professor Girafalis e principalmente o seo Madruga. Mesmo assim, nunca cansei de assistir inúmeras vezes os mesmos episódios, as reprises incessantes.

Ele se foi. Chaves se foi. Chapolin foi para o céu. Nosso herói, Roberto Bolaños se foi. Nos deixou aqui, órfãos de sua genialidade inocente, órfãos das trapalhadas dos seus personagens. 

Adeus gênio! 

Obrigado por nos fazer eternas crianças. Todos sabemos que o teu legado aqui na terra, enquanto houver crianças inocentes, enquanto houver uma criança inocente dentro de cada um de nós, não importa a idade, viverá, eterno! Nada é eterno, a não ser a obra prima dos gênios, que permanece na memória de todos os que ficam por aqui.

Deus te receba bem! 

Depois de tanta alegria que nos deu, deixou nosso plano mais triste e o céu mais feliz com a tua chegada.    

Descanse em paz eterno Chaves!