domingo, 25 de abril de 2010

SANDINA

A música mais romântica do punk rock. O cara que é trocado por um revolucionário de Manágua. Como no filme Quase Dois Irmãos, quando Miguel (Caco Ciocler) é preso e descobre que sua namorada está saindo com outro cara e gera a memorável cena do sambinha do filho da puta (veja aqui, no 2min15seg). Imperdível!


Sábado todo
Eu chorei de mágoa
Minha garota
Foi pra Manágua

Lutar pela revolução
Lutar pela revolução
Todo mundo vai embora
Todo mundo tem sua hora

Ela me deixou
Me trocou
Por um sandinista especialista
Em granada de mão

OS REPLICANTES


Vou começar a postar aqui a minha história. Através das bandas de rock que fizeram parte da minha vida. Começo com Os Replicantes por acaso, somente porque estou escutando alguns clássicos dessa banda que apresentou para o mundo Wander Wildner e Carlos Gerbase. Músicas como Sandina (a música mais romântica que conheço), Sexo e Violência (a música mais punk que eu já conheci - perceba o punch dessa música), a letra podre e poética, que dava o nome ao 2º disco da banda, O Futuro é Vortex (também título do 1º disco) e claro, o maior hit da banda, Surfista Calhorda, que fez muito sucesso nas praias de todo esse país continente nos anos 80. Entre tantos outros clássicos que Os Replicantes gravaram.

Nos idos dos aos 80, já denominados punks da BS (Baixada Santista), perambulávamos pelas ruas da cidade a esmo, sem interesse em porra nenhuma (mentira, estávamos interessados em mudar a sociedade hipócrita em que vivíamos, apesar que isso era mais estória para impressionar as gurias, nosso principal interesse era comer a mulherada, muito sexo e escutar muito, mas muito roquenrol), atrás de diversão. Um bando de punks sujos, feios e sem grana, andando pelas ruas do centro de santos, nas boates de strip tease, escutando um som (geralmente alguma fita podre que alguém gravava em algum show mais podre ainda). E quando lançavam algum disco, corríamos para as prateleiras para escutar alguma coisa com qualidade de gravação.

Foi nesse contexto que meu irmão Fábio chegou em casa com o disco O Futuro é Vortex, o primeiro disco da banda. Um disco ácido, recheado de críticas, atirando para todos os lados, com muito sarcasmo (vide Porque não, uma crítica à MPB - em seus pouco mais de 1 minuto e com os versos "... agora eu sei qual é a dele, eu já peguei no pé do Gil, eu quero que o Caetano vá prá puta que o pariu..." verso não cantado mas que está no encarte; e continua "O Gismonte é um chato, tô cansado de saber, o Chico era um velho mesmo antes de nascer ... o samba me dá asma, bossa nova é de fuder, prefiro tocar bronha e punkar até morrer". E críticas como em Ele Quer Ser Punk, do boyzinho que queria ser radical.

Falando em boy (a alcunha para os filhinhos de papai), a música Boy do Subterrâneo diz tudo "Eu era um rato do esgoto cloacal, eu era um verme e pensava que era o tal..." Tais versos soavam lindos para aqueles punks adolescentes cheios de hormônios e energia, loucos para deixarem a sua marca no mundo, em nosso mundo, nosso universo e claro, comer as meninhas - nessa época era mais fácil mudar o mundo.

Caiu no gosto da galera, embora em tempos de ideologia pura, ser de uma gravadora multinacional (lançaram o disco pela RCA) era visto com certo receio por parte dos punks mais radicais (vide o João Gordo, que até hoje, mais de 20 anos, é considerado traidor do movimento). O som era uma mistura de Punk Rock, Hardcore, Camisa de Vênus, Sex Pistols, Dead Kennedys, entre outros que fizeram a alegria dos punks nos quatro cantos desse mundão.

A banda continua na ativa, sem Wander Wildner, em carreira solo e Carlos Gerbase, que virou cineasta e professor universitário. Tem também um importante item no currículo deste, que é filho do ex-presidente do GRÊMIO José Gerbase. Mantém a mesma porrada sonora dos anos passados e está lançando um cd esse ano, só com músicas inéditas. A vocalista Julia Barth se esforça, vai bem, mas não supera Gerbase e Wander. A banda soa muitas vezes Mercenárias, por causa do vocal feminino. Mas essa fica para outra hora.

Vale à pena conhecer, antes de ouvir os Emocores da vida, para saber o que é Hardcore ("...tem que ser hard, tem que ser core, tem que ser hardcore...").

Aqui tu encontras a discografia completa.

Em breve postarei alguns clipes com as letras.

GAUCHÃO 2010 - GRENAL


Não sou muito de falar de futebol, principalmente aqui no meu blog. Aliás, nem gosto de futebol, apenas do meu IMORTAL TRICOLOR e de assistir ao jogos do tubarão no cafezão. Fora isso, acompanho por tabela (porque as pessoas comentam e os vizinhos torcedores gritam, soltam fogos, etc) os campeonatos que vão rolando. Copa do Brasil, por exemplo, tenho que acompanhar para saber os próximos adversários do GRÊMIO. Mas o paulistinha e o carioquinha não acompanho, a não ser para dar uma secada aqui e outra ali. O paranaense para saber do Londrina, embora esse ano esteja na segundona (que começa em maio, vamos lotar o cafezão!).

Falando sério, sou um aficcionado por futebol, porém como sofro muito (certa vez assisitindo na Vila Belmiro GRÊMIO e santos uma torcedora GREMISTA disse que sofríamos mais que corinthiano "depois dizem que corinthiano que é sofredor". Na hora, com o orgulho ferido, discordei. Anos depois concordei, porque vai sofrer assim lá no Monumental!) então prefiro me desligar. Uma coisa impossível, mas que eu tento, eu tento (
but i try, i try, i try).

Mas hoje é um dia especial. É a final do GAUCHÃO, GREnal, o maior clássico do mundo (sei que me acharão exagerado, mas eu explico), e uma final de Campeonato Gaúcho que não acontece desde 2006, se não me falha a memória, quando o IMORTAL foi campeão.


Há clássicos grandiosos, como um cruzeiro e atlético, um corinthians e palmeiras, um flamengo e vasco, e até mundiais, como barcelona e real madrid, inter e milan, entre tantos outros, porém, nenhum mexe com um estado inteiro como o GREnal. O Rio Grande é dividido entre GRÊMIO e inter e uma pequena parcela que não torce para ninguém; GREnal é como final de copa, pára o Estado (de acordo com o IBGE de 2007, apresentou uma população de 10.582.887).


A paixão pelo futebol faz até os menos apaixonados se envolverem no assunto. Lembro de poucos GREnais quando morava em Porto, porque saí de lá muito pequeno. Mas na minha memória já falha (mas seletiva) lembro de domingos de clássico em que a cidade ficava vazia. E depois as ruas eram tomadas de azul ou vermelho, dependendo do vitorioso.

A rivalidade é tão grande que nos anos 80, quando a coca cola foi patrocinadora de diversos times, o GRÊMIO mudou o logo da empresa mais poderosa de refrigerantes, de um dos maiores símbolos do capitalismo e da globalização: como o fundo do logo da coca é vermelho, o GRÊMIO não aceitava (e não aceita) colocar nada dessa cor em seu manto sagrado. A coca cedeu e fez especialmente para o IMORTAL seu logo com preto ao fundo. GREMISTA que é GREMISTA não usa jamais vermelho.

Resolvi escrever sobre o GREnal porque recebi a foto acima do meu tio Luiz, GREMISTÃO, como todos os Silveira da nossa estirpe, da entrada no treino do IMORTAL no Monumental na véspera da final. É um público que muitos times grandes não conseguem colocar no estádio em dia de jogo (por exemplo o são paulo, que tem médias medíocres de público nos brasileiros, cuja torcida só comparece nos momentos decisivos, entre outros).


Espero terminar o dia com uma bela vitória no chiqueirão (estádio do colorado) para preparar a festa no domingo que vem no Monumental e depois correr atrás da 5ª Copa do Brasil, que está pegando fogo e como dizem os (nem tão) entendidos comentaristas de televisão, é o caminho mais curto da Libertadores.

DÁ-LHE GRÊMIO!

sábado, 24 de abril de 2010

ESPERANDO POR MIM

Citei no post sobre o mal do século a música da Legião Urbana, que posto aqui o clipe da música (não propriamente o clipe, uma vez que esse disco foi gravado com Renato já à beira da morte) e a letra da mesma abaixo. É uma bela música, deu uma autor em profundo sofrimento.





ESPERANDO POR MIM


Acho que você não percebeu
Que o meu sorriso era sincero
Sou tão cínico às vezes

O tempo todo
Estou tentando me defender
Digam o que disserem
O mal do século é a solidão
Cada um de nós imerso em sua própria
arrogância
Esperando por um pouco de afeição
Hoje não estava nada bem
Mas a tempestade me distrai
Gosto dos pingos de chuva
Dos relâmpagos e dos trovões
Hoje à tarde foi um dia bom
Saí prá caminhar com meu pai
Conversamos sobre coisas da vida
E tivemos um momento de paz
É de noite que tudo faz sentido
No silêncio eu não ouço meus gritos
E o que disserem
Meu pai sempre esteve esperando por mim
E o que disserem
Minha mãe sempre esteve esperando por mim
E o que disserem
Meus verdadeiros amigos sempre esperaram por mim
E o que disserem

Agora meu filho espera por mim
Estamos vivendo
E o que disserem os nossos dias serão para sempre.



sexta-feira, 23 de abril de 2010

ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO, SUBJETIVIDADE, APARTHEID PROFISSIONAL E SUICÍDIO


Já li muito sobre a apreensão da subjetividade do trabalhador pelo capital, pela organização do trabalho. Diversas são as formas e os objetivos. A perversidade do capital no discurso de autonomia e flexibilidade desorganiza o trabalhador psiquicamente, gerando entre outras coisas culpa e sentimento de fracasso, rebaixamento da auto-estima. O indivíduo se cobra muito mais, por isso não precisa ser controlado. É um discurso que culpabiliza o trabalhador pelo seu fracasso profissional.

Entendo que há oportunidades que não são absorvidas por falta de qualificação. Porém, muitas vezes a qualificação é superior ao necessário, ou seja, desvaloriza-se o indivíduo, uma vez que o seu conhecimento, sua vivência, suas capacitações não servem. E se a ele não é dado a oportunidade, por falta de qualificação, de quem é a culpa? Do mercado que não absorveu a sua mão de obra ou dele que não soube se qualificar?

Há algum tempo atrás, quando era colunista do Jornal de Londrina, escrevi sobre o que denominei à época Apartheid Profissional, ou seja, a divisão de trabalhadores empregáveis e não empregáveis, uma segregação que muitos indivíduos sofrem no mercado de trabalho. Há profissionais com empregabilidade e outros tantos (a grande maioria) conseguem sobreviver em sub empregos ou mesmo ficam à margem da sociedade produtiva.

Quando se trabalha com RH, principalmente com seleção de pessoas, a vida e o destino de muitas pessoas podem estar de alguma forma indireta, nas mãos do responsável pela seleção. Lembro de casos em que se não ficasse horas conversando com o candidato, o resultado negativo poderia levar a consequências negativas. Um caso específico de uma candidata extremamente pessimista que me preocupou e cheguei à conclusão de que caso não amenizasse a resposta negativa, ela sairia dali direto para o suicídio. Taí a importância de psicólogos serem responsáveis por processos seletivos nas organizações, na minha opinião

Li sobre uma garota que se suicidou na Inglaterra após ser rejeitada por uma centena de empregos (detalhes aqui). Segundo um bilhete que deixou para os pais e namorado, ela sentia-se humilhada e envergonhada, após estudar em uma universidade de Londres e ser rejeitada nas mais diversas vagas de emprego (desde vendedora, garçonete e atendente de lanchonete) "não quero mais ser eu" teria sido uma das frases utilizadas na carta escrita momentos antes de tomar uma overdose de remédios.

Sem entrar muito a fundo do assunto, a perversidade dessa situação demonstra o quanto estamos perdidos nesse início de século. Perdidos porque nossos valores não nos servem, porque temos que absorver o que nos é dado goela abaixo. Só para título de conhecimento, nossa subjetividade é formada pelos nossos afetos, sentimentos, nossos pensamentos, nos vínculos que temos, no trabalho, nos outros com quem nos relacionamos. O aprisionamento da subjetividade significa aprisionarmos nossa essência.

Assim, deixamos de desejar por nós mesmos para desejar aquilo que nos é imposto. Quando, só para citar um exemplo atual, o indivíduo de tanto escutar Lady G(eca)aga (ou qualquer outra merda que a indústria cultural insiste em nos bombear) passa a gostar e a consumir sua música, demonstra estar sendo controlado; o indivíduo acaba cedendo à pressão. É como se suas idéias, pensamentos, desejos, estivessem aprisionados em uma lógica de consumo capitalista, sendo imposto sentimentos e desejos que não são nossos. E para isso a propaganda serve, fazer desejarmos aquilo que não necessitamos.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

TIRADENTES


Hoje é feriado de Tiradentes, o mártir da inconfidência mineira, que é visto como herói e que estudamos nos livros de História e nos bancos escolares. Lembro da Lúcia, minha professora de História no Dino Bueno nos anos 80, dizendo que a aparência que conhecemos dele tinha mais a ver com Jesus Cristo, para mitificar ainda mais o personagem. Outra coisa que lembro é de que ele era dentista e sempre tinha alguma piadinha sobre tira dentes.

Tudo isso me suscita uma lembrança de uma pequena estória (esse já foi título de uma linda música do Nenhum de Nós - só pelo nome da música já vale à pena escutar - do primeiro disco) de primário. Tinha feito uma prova de História do Brasil e uma das perguntas era: quem rezou a primeira missa no Brasil? Não sabia a resposta, mas nunca fui de deixar nada pela metade ou sem ser feito. Sempre fui um cara batalhador, que arrisca (claro que o risco é calculado), mas que não se omite. Então, não lembro se raciocinei dessa maneira, mas provavelmente foi, como tinha a ver com o descobrimento do Brasil, pensei que era coisa de português e como o nome mais comum de português é Joaquim ou Manuel, escolhi o primeiro e lasquei a resposta: Foi Joaquim. Isso foi motivo de piada do meu irmão Fábio por muito tempo. Frei Henrique de Coimbra com certeza daria boas risadas no túmulo ao tivesse acesso à minha resposta. Certamente teria um parente chamado Joaquim, o qual poderia me defender citando essa pequena confusão.

O fato é que essa coisa aparentemente banal, me fez entrar no ginásio com uma vontade de apenas tirar 10, sempre, para provar que eu apenas havia me confundido e que não erraria de forma tão besta como fiz nessa prova de primário.

Lembro que a professora Lúcia, que citei acima, dava um presente (uma lapiseira, uma caneta) para os alunos que tiravam 10 de média e que não tinham anotações no livro negro da sala(não lembro como é que chamava isso, mas ter alguma anotação era algo muito ruim). Eu nunca ganhei nenhuma lapiseira, porque apesar do 10 de média constantemente, também constante era a minha presença na diretoria ou no livro de anotações, por alguma bagunça.
Banal ou não, essa estórinha me veio agora, no momento em que estou corrigindo alguns trabalhos dos meus alunos da Unopar e que estou me preparando para dormir e curtir o feriadão, que graças a Tiradentes, ao seu martírio, nos prestigia com esse descanso mais que merecido (mesmo que nem todos - como no meu caso - tenham essa sorte).

sábado, 17 de abril de 2010

"CAUSOS" DA FAMÍLIA SILVEIRA



Essa Páscoa fiz uma visita muito legal, ao meu tio Luiz, que não via há pouco mais de 18 anos. Naquela época era apenas um guri encantado com o mundo que estava indo para o interior, deslumbrado com a faculdade e pensando que poderia mudar o mundo. Muito tempo se passou, a vida me mostrou suas garras, a minha garra para mudar o mundo se arrefeceu e constitui família, assim como meus primos. Foi muito legal reencontrar minha tia Noemi, minha prima Patrícia e suas 2 lindas gurias (no caso conhecê-las) a Gabi e a Carol. Além disso o marido da Patrícia, o incansável Caveira.

Relembrar coisas da família, as origens, conhecer coisas novas dos antepassados e ouvir histórias antigas sob um novo prisma, foi um exercício legal, que um final de semana foi pouco. Nos despedimos com a intenção de nos revermos em breve.

O tio Luiz me enviou um "causo" pela internet muito engraçado, dos nossos ancestrais, que compartilho aqui com os meus parcos leitores:


“FLORIANO, MARIANO, LAUDELINO E O GURDA CHUVA”.

Numa noite muito escura, após uma tarde muito chuvosa, recebemos em nossa casa, em Cruz Alta, lá pelos anos quarenta (1947), a visita do primo Floriano Dutra e o Tio Nenê (Mariano Silveira de Quadros). Após o serão familiar, que deve ter sido marcado por "causos contados" pelos três personagens, lá pelas 10 da noite (avançada hora para a época), depois de alguns tragos para aquecer o peito resolveram os visitantes irem embora juntos, já que moravam para o mesmo lado. Por cortesia o Seu Lau resolveu acompanhá-los até um pedaço particularmente ruim, que era a passagem dos trilhos "de Ijuí". Ao chegarem ao tal local (conhecido como “Chafariz”, porque havia um onde se tirava água e as mulheres lavavam roupa) o Floriano informou que havia perdido o guarda-chuva na escuridão. Vai daí que começaram a querer acender um fósforo para facilitar a procura. O vento era forte. Na tentativa derrubaram um fósforo no chão. Então acenderam vários outros para procurar o palito perdido. Nessa luta gastaram todos os fósforos e não encontraram o guarda-chuva. Resolveram então se despedirem ali mesmo. Os dois seguiram adiante e o seu Lau voltou para casa e contou o tal caso para a platéia ávida de novidades. Todos acharam o fato muito engraçado, mas lamentou-se a perda do guarda-chuva do Floriano.

O mais engraçado foi o que se soube dias depois: ao chegar a casa, á guiza de desculpas da demora, foi contando á sua mulher, a Laura,o que havia ocorrido e como ficaram muito tempo procurando o guarda-chuva. Como a Laura o fitasse com ar incrédulo e recriminativo o Floriano jurava de pés-juntos que era a pura verdade. Foi então que a Laura olhando seriamente pra ele perguntou: “E o que é isso que tens no braço?” Como havia parado a chuva o Floriano havia pendurado o guarda-chuva no braço e, com a cuca cheia de tragos, havia esquecido o fato e nem se deu conta do pindurico.

Este fato sempre foi relembrado a família e sempre davamos boas gargalhadas.


P.S.: estou no meio de uma prova da pós. Ao som de Radiohead. Tentando refletir sobre a questão curricular dos cursos profissionalizantes, saindo fumaça da cabeça.

domingo, 11 de abril de 2010

HERE COMES THE SUN

Here Comes The Sun, de George Harrisson faz parte do disco Abbey Road dos Beatles. Uma linda canção, que combina com corações apaixonados e uma linda tarde de domingo ensolarado de outono.



ANSIEDADE - O MAL DO SÉCULO


"(...) diga o que disserem, o mal do século é a solidão (...)", segundo Renato Russo, em meados dos anos 90. A solidão é desesperadora, sei bem o que é isso, porém não acredito que seja pior que a ansiedade. Diriam os incautos que não sou solitário, daí a minha conclusão. Mas tenho minhas razões para acreditar no que estou escrevendo. Vamos aos fatos.

A solidão pode ser ruim, muito ruim, mas os grandes versos poéticos e as melhores músicas foram escritas por quem sofreu desse mal. A criatividade é oriunda do sofrimento, que através da sublimação transforma em coisas belas. Claro que quem está sofrendo, talvez prefira a alegria da incapacidade de criar. Mas a imortalidade tem seu preço.
Oscar Wilde que o diga, onde quer que esteja, deixou um legado imenso:

"
O mistério do amor é maior que o mistério da morte."

"O homem pode suportar as desgraças, elas são acidentais e vêm de fora: o que realmente dói, na vida, é sofrer pelas próprias culpas."

"Sou o amor que não ousa dizer o nome."

Oscar Wilde, por sinal, é o poeta predileto de Stephen Morrissey, vocalista dos Smiths, de quem Renato era fã (assim como eu o sou).

Bem, mas voltemos ao tema. A ansiedade está ligada a uma inquietação, uma angústia, intranquilidade e desassossego que causa mal estar e tensão constante.

A tendência, ou o mecanismo de defesa que utilizamos para amenizar o sofrimento é sempre se ocupar de algo. Ou seja, fugir do que está causando o sofrimento para esquecê-lo.


O momento em que vivemos da história da humanidade é propício para a disseminação desse mal (a ansiedade). A sociedade
online, infantil, onde os nossos desejos devem ser realizados imediatamente; fulgaz, efêmero, superficial, impaciência são os adjetivos que refletem os tempos pós modernos (e falo de pós modernidade como sendo os tempos atuais).

A infantilidade por desejarmos satisfazer nossos desejos imediatamente nos torna intolerantes, nos torna cada vez mais impacientes, imaturos. Como a criança que faz birra quando não é atendida, somos propensos a agir da mesma forma caso não consigamos nossos objetivos. A era da internet tem muito a ver com isso, pois não temos paciência nem ao menos para esperar alguns segundos para uma página na internet abrir, já achamos que a conexão é lenta ou que o PC não presta.

Ao contrário da solidão, a ansiedade impede o indivíduo de ser criativo, de ser reflexivo, influencia na concentração; obviamente, se para impedir a angústia nos ocupamos de atividades exageradamente, então não temos tempo para pensar sobre o que ocorre ao nosso redor, uma vez que estamos fugindo exatamente disso. Em níveis muito altos impede o desenvolvimento intelectual.


Além disso, há momentos em que a solidão é necessária. Eu por exemplo preciso das manhãs de domingo ou as madrugadas para estudar, escrever para fazer coisas criativas, pois uma vez que as pessoas aqui de casa começam a acordar e fazer barulho, atrapalham a minha concentração. Já a ansiedade, não vejo vantagem, embora seja importante à medida em que antecede o medo de algo, este que serve para preservar-nos e proteger-nos.

THE BEATLES - O SONHO ACABOU HÁ 40 ANOS


Beatlemaníanos de todo o mundo, esse final de semana é de luto. Há exatos 40 anos (no dia 10 de abril de 1970) era anunciado o fim dos insuperáveis Fab Four. As coisas não íam bem e desde o final dos anos 60, na gravação de Abbey Road que eles não tocavam juntos. Embora cada um já se dedicasse a projetos separados, eles não pensavam em se separar e a continuidade da banda sempre foi algo viável, o que se tornou impossível com o assassinato de John em 1980. Paul McCartney anunciou sua saída da maior banda de rock de todos os tempos logo após o lançamento de seu primeiro álbum solo, deixando milhões de fãs órfãos em todos os sete mares.

Rumores de que Paul seria o traidor, de que a culpa seria de Yoko Ono e teorias conspiratórias, entre outras, foram muito faladas e o são até hoje.


Let It Be
foi o último disco do grupo, muito criticado pela crítica, mas na minha humilde opinião, tão bom quanto todos os demais. Não há disco ruim ou música ruim dos Beatles. Por mais triste que seja, o fim foi no momento certo, caso contrário, tu imaginas os 4 fazendo turnês famélicas, amealhando milhões de dólares, mas em uma carreira musicalmente e criativamente decadente há décadas como os Stones? Deixe o legado e saía de cena! The Dream Is Over!

LEGENDÁRIOS


Ontem fiquei na expectativa de assistir ao novo programa de Marcos Mion, João Gordo e os incomparáveis Hermes e Renato. Essa trupe junta prometia muito, porque separados, na MTV, eram demais. Porém, foi uma decepção grande. Não que o programa seja ruim, mas esperávamos mais de todos juntos.

Primeira decepção foi a ausência do Gil, o cara mais engraçado do Hermes e Renato, aquele tipo de humorista que faz rir com os gestos e trejeitos, sem precisar falar uma palavra. Imagina então assistir ao (sem palavras para adjetivar) "estrombelete de forno"? Outra coisa, em se tratando de Hermes e Renato, foi que eles terão que mudar de nome... e os personagens que já existiam e que todos adorávamos como Luiz Boça, Joselito e tantos outros, saíram do ar, como o Tela Class. Talvez essa a maior decepção. Trocar de nome, que porra é essa? E os personagens? Vai pra puta que o pariu! Outra decepção foi essa coisa de não falar palavrão. Vai se fuder! rsrsrsrs. Já imaginaram o Gordo sem falar palavrão? Hermes e Renato? Simplesmente é acabar com a essência deles. Bom mocismo? Vão à merda! Maldito capitalismo! Os caras se prostituiram por uma penca de milhares de reais. Tu farias o mesmo?

Marcos Mion é a estrela do programa. Apresentando com um texto babaca, de humor pra família, politicamente correto. O caralho, não queremos humor para a família, queremos humor escatológico, queremos o melhor de cada um, queremos o que eles faziam na MTV, com aquelas brincadeiras do Mion politicamente incorreta, a baixaria do Tela Class e o Gordo soltando o verbo.

Não é de todo ruim o programa. Se fosse falar das decepções, poderia escrever mais de um post. Mas teve coisa boa também. O super herói brasileiro Super Tição é muito bom, Hermes e Renato (que agora não se chamam mais Hermes e Renato) quase me caguei de rir. O Mionzinho também continua legal. Mas ficou por aí. O Gordo fez uma reportagem aos moldes do CQC, meio sem graça, com o prefeito de São Paulo. Achei legal ele nas ruas, entrevistando o povo, mas quando se aproximou do Kassab ele estava até sem graça. Ele não tem o talento dos caras do CQC.

Outra coisa que gostaria de registrar é que os caras, que na MTV eram estrelas de primeira grandeza (Gordo, Hermes e Renato, Felipe Solari), agora são meros coadjuvantes de Mion. A grana deve ter sido muito alta para se submeterem a tal, eles simplesmente se anularam. Eles pegaram o que faziam de melhor e jogaram no lixo. Se não voltarem aos humor escatológico, pornográfico e porra louca, estarão fadados ao fracasso. Porque não precisamos de cópia do CQC, pois o que eles fazem, e muito bem por sinal, já está preenchido na televisão.

Vou agora mesmo no site da Record falar sobre minha indignação. Se, assim como eu, acompanhava esses caras na MTV e achava eles o que tinha de melhor na televisão brasileira, proteste também. Quem sabe eles nos ouvem? E como disse o blog Akaitamash, quem poderá nos salvar?

sábado, 10 de abril de 2010

ÚLTIMA - VOLANTES AO VIVO EM CURITIBA



Você que empresta forma às minhas tardes
Ávidas por esbarrar sem intenção
Perdida decorando as próprias frases
Dos cadernos que esperam pra cair das tuas mãos

Pra esperar eu pego a paz das árvores
Quando é possível desviar a atenção
De cada nova possibilidade
Que levemente ri enquanto olha para o chão

E se essa for a nossa última chance?
Pedaço de instante
Depois procurar
Procurar pra sempre



Para quem quer conhecer a banda, baixar as músicas da Volantes e enfim, ficou curioso,
aqui o myspace, com agendas e algo mais, músicas para ouvir e baixar, aqui a página no Trama Virtual, para baixar o EP e outras músicas. Curta o som e assista ao vivo. Participe da página no Orkut e obtenha mais informações.

VOLANTES EM CURITIBA


Dia 1º de abril; Curitiba é a cidade; Volantes é a banda; James bar, no belo bairro do Batel, o point. Nos bandeamos para a linda capital paranaense logo cedo. A hora marcada: 22hs. Chegamos cedo, pois segundo nosso "guia" curitibano Gustavo Picone o James lotava e fazia fila para entrar. Nos hospedamos em um hotel há duas quadras, para irmos à pé. A expectativa era grande, assistirmos ao show da banda mais promissora do rock nacional, em tempos fulgazes como os que estamos vivendo e como dizia Andy Warhol, mentor intelectual do The Velvet Underground (a banda que imortalizou a bela Nico, Lou Reed e John Calle) em sua mais célebre frase In the future everyone will be famous for fifteen minutes (No futuro, toda a gente será célebre durante quinze minutos)- os famosos 15 minutos de fama. Mas a gurizada demonstra (e demonstrou) que estão aí para atingir o grande público, sair de Porto Alegre e conquistar o país, com qualidade, integridade e muita garra e permanecer no mercado pop nacional, não sendo apenas mais uma banda a atingir os faméricos 15 minutos de fama e sumir. Tem consistência para isso.
O James lotou. Aconchegante, palco pequeno (até demais para a parafernália da banda), galera impaciente, esperando para ao que a Volantes vinha. Demorou, mas por volta da 1 da manhã eles subiram ao palco, para deleite dos fãs. Tinha feito uma "aposta" com a Juliana para ver quem acertava a música que eles iniciariam o show. Eu acertei - também acertei a música que fechariam, pela obviedade.

Vitória, que abre o EP, foi a canção escolhida para começar a show. Deu o tom ao clima da noite, com seus acordes
newordianos e letra romântica (mas inteligente, importante deixar claro isso) e criativa. O entrosamento da banda, que demonstrava cansaço pela 1ª turnê fora do Rio Grande do Sul, foi perfeito, o som estava bom, demonstrando boa técnica da banda, como escutar ao vivo as músicas de estúdio, sem perder a qualidade.
Maçã, para deleite da Juliana, veio em seguida e agitou de vez aqueles que não conheciam a banda. No Corredor, Ali, com seus efeitos tecnológicos reforçou o clima newordiano que citei acima e após, a minha predileta, Meu Samba, letra implacável, obra prima de Arthur.

Arthur mandava ver nos vocais, com carisma e muita técnica, votaria nele como melhor vocalista do rock tupiniquim (se tiver alguma eleição desse tipo, muito comum nas décadas de 80 e 90, me avisem), demonstrou sua qualidade; a interação entre ele, Jojô na guitarra, por vezes vocal e Bernard no baixo, foi grande; Ota, no canto, com seus sintetizadores, teclados e etc, isolado, alheio a tudo, o coração da banda, dava o clima do som e por fim, o cara mais esperto da banda, o mais feliz dos 5, Rodrigo segurava a onda na bateria.


A próxima música, Um Pouco Disso, fez pegar fogo de vez, a mais dançante do EP, pôs a galera para dançar. Veio então, como as contradições que vivemos em nosso dia a dia e os opostos que muitas vezes nos deparamos, mesmo em nosso íntimo, a música mais intimista, a acústica Ok#54, com Jojô nos vocais. Intervalo para o resto da banda repor as energias. 126, lindíssima (eu não conhecia a música) e por fim Última (a
Love Will Tear Us Apart volantiana) fechou a noite com chave de ouro.
No final, uma brincadeira, com Jojô mandando ver na música mais indefectível e chata/pentelha do momento, Bad Romance, da tal Lady Gaga, surpreendeu o público, mas divertiu a todos.

Foi curto, faltou As Ruas, a mais radiofônica, mas valeu a pena os 390 km que distanciam Londrina de Curitiba. Ficou o gostinho de quero mais... propositalmente?


Ps¹: valeu Arthur pelo set list.


Ps²: Rodrigo é o mais esperto e o mais feliz da banda porque é o único GREMISTA, no meio dos colorados sofredores.