sábado, 28 de abril de 2012

THE SMITHS - THERE IS A LIGHT THAT NEVER GOES OUT

Falando da dramaticidade poética morrisseyniana, o que dizer da canção There Is A Light That Never Goes Out, onde o autor se sai com essa estrofe:

"... E se um ônibus de dois andares
Colidisse contra nós
Morrer ao seu lado
Que jeito divino de morrer
E se um caminhão de dez toneladas
Matasse a nós dois
Morrer ao seu lado
Bem, o prazer e o privilégio seriam meus..."

Além de uma belíssima poesia escrita por Morrissey, onde demonstra nas entrelinhas que sua opção sexual o leva ao abandono da família, a bela canção de Johnny Marr, a dupla demonstrando mais uma vez a afinação perfeita e a cumplicidade de sua parceria, como demonstra a foto abaixo:

A mistura de amor e morte é comum nas letras de Morrissey.  E dá para se sair com inúmeras interpretações psicanalíticas dessa característica. Principalmente para alguém que tem um blog baseado em um texto de Freud que fala sobre o fato de procurarmos a ausência da tensão, para bom entendedor, a morte.


Há Uma Luz Que Nunca Se Apaga

Me leve para sair esta noite
Onde haja música e pessoas
Que sejam jovens e vivas
Sendo levado no seu carro
Eu nunca mais quero ir para casa
Porque eu não tenho mais
Uma casa

Me leve para sair esta noite
Porque quero ver gente
E eu quero ver luzes
Passeando no seu carro
Oh por favor não me deixe em casa
Porque esta não é minha casa
Esta é a casa deles
E eu não sou mais bem-vindo

E se um ônibus de dois andares
Colidisse contra nós
Morrer ao seu lado
Que jeito divino de morrer
E se um caminhão de dez toneladas
Matasse a nós dois
Morrer ao seu lado
Bem, o prazer e o privilégio seriam meus

Me leve para sair esta noite
Oh me leve para qualquer lugar
Eu não me importo, não me importo
E numa passagem subterrânea escurecida
Eu pensei "Oh Deus, minha chance finalmente chegou!"
Mas então um medo estranho me tomou
E eu simplesmente não pude pedir

Me leve para sair esta noite
Me leve para qualquer lugar
Eu não me importo, não me importo, não me importo
Simplesmente indo no seu carro
Eu nunca mais quero ir para casa
Porque não tenho mais uma casa
Oh, eu não tenho mais

Há uma luz que nunca se apaga
Há uma luz que nunca se apaga
Há uma luz que nunca se apaga
Há uma luz que nunca se apaga...

THE SMITHS - I KNOW IT'S OVER

I Know It's Over foi a minha canção predileta dos Smiths por anos; os dedilhados na guitarra de Johnny Marr choramingando angustiadamente a cada acorde, a voz suave de Morrissey, arrepiante, verso após verso, desesperadamente, rasgando o coração, sussurrando socorro à mãe... perfurando corpos, corações, mentes, enfim, atingindo a alma, perpassando-a, tamanha a dramaticidade.

O que dizer dos dois primeiros versos cantados por Morrissey:

"Oh mãe, eu posso sentir 
o chão caindo sobre a minha cabeça..."

Para o chão cair em cima da própria cabeça é necessário que estejamos abaixo dele, no fundo do poço, no inferno... Morrissey sempre foi mestre em dramatizar a angústia das relações humanas, provavelmente aí a razão de sua genialidade.

Apesar de ser uma baladaça de perfurar cada centímetro da alma, é uma canção pesada, com guitarras distorcidas e bateria pesada. Nessa versão que escolhi para ilustrar esse post, do album ao vivo e póstumo Rank, um dos meus preferidos, tem a participação especial de Craig Gannon, o quinto Smith, que a princípio estrara no lugar de Andy Rourke, demitido pelo envolvimento com drogas, mas que logo voltou a banda e fez Gannon assumir a segunda guitarra.

Morrissey incorpora o clima da canção, dando mais dramaticidade, se contorcendo e quase rasgando a camisa que veste, como se tentasse apaziguar o mais profundo do seu ser. 

Essa noite sonhei com minha mãe. E ao mesmo tempo que não foi um sonho legal, se transformou em algo muito, muito legal. Mas foi angustiante, de qualquer forma, por isso acordei com essa música na cabeça. Também conversando ontem com meu grande amigo de longa data Ronaldo (Anarquista - baterista do Mayday) por quase 2 horas ao telefone, ele de Sampa eu da pequena Londres, relembrando um passado em comum, que foi maravilhoso. Lembrando de situações e principalmente dos amigos que deixamos para tras ao darmos prosseguimento à vida e seguirmos nossos rumos e destinos. Faziam uns bons anos que não falava com ele e trouxe à tona não só o passado, como o presente, vislumbrando o futuro; quando conheci o Ronaldo tinha menos idade que o Gui. Temos muita história para lembrar...

Enfim, à canção dos Smiths.


 
EU SEI QUE ACABOU
 
Oh Mãe, posso sentir
O chão caindo sobre minha cabeça
E enquanto deito em uma cama vazia
Oh bem... tudo está dito
Eu sei que acabou, ainda assim me agarro
Não sei mais onde eu possa ir
Oh...

Oh Mãe, posso sentir
O chão caindo sobre minha cabeça
Veja, o mar quer me levar
A faca quer me cortar
Você acha que pode me ajudar?
Triste noiva de véu, por favor seja feliz
Belo noivo, dê abrigo a ela
Bruto, grosseiro amante, trate-a gentilmente
(embora ela precise mais de você
Do que te ame)

Eu sei que acabou - ainda assim me agarro
Não sei mais onde eu possa ir
(Acabou, acabou, acabou, acabou
Acabou, acabou...)
Eu sei que acabou

E na verdade nunca começou
Mas no meu coração era tão real
E você até falou comigo e disse:
"Se você é tão engraçado
Por que então está sozinho esta noite?
Se você é tão inteligente
Por que então está sozinho esta noite?
Se você é tão divertido
Por que então está sozinho esta noite?
Se você é tão atraente assim
Por que dorme sozinho a noite?
Eu sei...
Por que esta noite é
Igualzinha a qualquer outra noite
É por isso que você está sozinho esta noite
Com seus triunfos e encantos
Enquanto eles estão nos braços um do outro..."

É tão fácil rir
É tão fácil odiar
É preciso fibra para ser gentil e carinhoso
(Acabou, acabou, acabou, acabou)
É tão fácil rir
É tão fácil odiar
É preciso ter culhões para ser gentil e carinhoso
(acabou, acabou)

O Amor é Natural e Real
Mas não para você, meu amor
Não esta noite, meu amor
O Amor é Natural e Real
Mas não para pessoas como você e eu,
Meu amor

Oh Mãe, posso sentir
O chão caindo sobre minha cabeça
Oh Mãe, posso sentir
O chão caindo sobre minha cabeça
Oh Mãe, posso sentir
O chão caindo sobre minha cabeça
Oh Mãe, posso sentir
O chão caindo sobre minha cabeça...

domingo, 22 de abril de 2012

THE SMITHS - STILL ILL

Sem mais palavras... The Smiths em sua essência, próximo à perfeição, à Divindade. 


Ainda Doente
 
Eu declaro hoje que a vida
É simplesmente tomar, e não doar
A Inglaterra é minha e me deve o sustento
Me pergunte porque, e eu cuspirei em seus olhos
Me pergunte porque, e eu cuspirei em seus olhos
Mas não podemos nos agarrar
Nos velhos sonhos nunca mais
Não, não podemos mais nos agarrar naqueles sonhos
O corpo governa a mente
Ou a mente governa o corpo?
Eu não sei...

Debaixo da ponte de aço nos beijamos
E embora eu tenha ficado com os lábios doloridos
Não foi como nos velhos tempos
Não, não foi como naqueles dias
Eu ainda estou doente?
Eu ainda estou doente?

O corpo governa a mente
Ou a mente governa o corpo?
Eu não sei...
Me pergunte porque, e eu morrerei
Oh, me pergunte porque, e eu morrerei
E se você tiver que trabalhar amanhã
Bem, se eu fosse você eu não me incomodaria
Por que existem lados mais brilhantes da vida
E eu deveria saber, pois os tenho visto
Mas não com muita freqüência

Debaixo da ponte de aço nos beijamos
E embora eu tenha ficado com os lábios doloridos
Não foi como nos velhos tempos
Não, não foi como naqueles dias
Eu ainda estou doente?
Oh, eu ainda estou doente?

sábado, 21 de abril de 2012

WANDER WILDNER - RODANDO EL MUNDO

Dia 12 de maio o punkbrega está de volta à Londrina, novamente no bar Valentino, rasgando sua guitarra em suas canções punks brega e seu espanhol selvagem. O ex-Replicante traz toda a selvageria de suas canções e seu estilo próprio que agrada a todos los Comancheros de plantão. 


Como demonstra a canção que coloco abaixo, não existe ex-Replicante, um Replicante é sempre Replicante e essa possível confusão que vem a ocorrer com os incautos e que desconhecem uma das melhores bandas de punk rock do Rio Grande e do Brasil, é dirimida ao escutar, On The Road, de seu  primeiro disco solo Baladas Sangrentas, aparece um Wander Wildner sob uma grande influência de sua antiga banda, principalmente no que diz respeito ao punch da canção, porém com a mesma idéia de seguir No Ritmo da Vida. On The Road é também a obra prima e considerada a bíblia dos hippies, escrita por Jack Kerouak, que conta a história em que os protagonistas poem o pé na estrada buscando a liberdade de rodar e rodar e rodar, sem compromisso nenhum, caracterísitca de Wildner, que vive com o pé na estrada, levando para todos os cantos suas canções viscerais. Essa aventura está nos versos de suas canções, como "Vou me entorpecer bebendo vinho, eu sigo só no meu caminho", como na canção No Ritmo da Vida:

"Eu vou no ritmo da vida
Eu vou no ritmo que a vida me levar
Eu vou no ritmo da vida
Eu vou no ritmo que a vida me levar
Eu vou andando
Eu sigo em frente a caminhar
Eu vou no tempo
Aonde a estrada me levar..."

e finalmente

"Estoy rodando el mundo con amor en mi corazon
Cruzando por las estradas en mi carron maverikon..."

Dentre tantas outras canções que possam exprimir o seu desprendimento com qualquer lugar que seja neste mundo, embora sempre volte à sua Porto Alegre, com na canção em que fala que Jesus Cristo voltará e que sua moradia será na sua (e minha) cidade natal.

Com esse preâmbulo, segue a canção punk citada acima.


On The Road
Não me importa onde quer que eu ande
Não me importa onde quer que eu more

Minha mochila está sempre à mão

E eu tô sempre pronto prá partir

Voce me viu quebrando a cara
Voce me viu tentando tudo
Me sacrifiquei o tempo inteiro
Decidi abrir mão de tudo

Mas nós sabemos que isso não vale nada
Nos sacamos a vida sabemos como domá-la
Sabemos que o negócio é continuar no caminho
Curtindo o que pintar da maneira tradicional
Afinal de que outra maneira poderiamos curtir

Não me importa onde quer que eu ande

Não me importa onde quer que eu more

Minha mochila está sempre à mão

E eu tô sempre pronto prá partir

Sempre à mão, pronto prá partir

Ou ser posto prá rua, ou ser posto prá rua 


domingo, 15 de abril de 2012

QUARENTENÁRIO

No dia 29 de março exatamente às 15 horas completei 4 décadas de vida. Na adolescência achava que estaria velho com 30 anos. Se passaram 10 anos desde os 30 e me sinto bem; nesses quarenta anos de vida escutei muita música, obviamente. E cada música, quando escuto, lembro de uma parte da minha vida, de um momento específico. Poderia contar minha vida através da música. Por exemplo quando ainda em Porto Alegre escutava muito Beatles, em um toca fitas que nem caixinha de som tinha. Lembro do início dos anos 1980, ainda criança, quando a Blitz estourou com Você Não Soube Amar e escutava em todo canto, como uma febre.

Engraçado como o mundo foi se cafonando, mudando os valores e a música brega foi ganhando espaço. Se os anos 1980 foram os anos de ouro do rock brazuka, não se pode falar o mesmo das décadas posteriores, principalmente depois que a rede globo lançou em uma novela das oito (hoje das nove) a moda sertaneja. E daí, como tudo que aparece em novela, virou febre e desde então nunca mais fomos os mesmos. Foi o começo do fim do mundo e não estou me referindo ao festival punk que aconteceu em São Paulo alguns anos antes. Me refiro a breganização da música, das pessoas. Antigamente era vergonhoso o cara roqueiro dizer que escutava Roberto Carlos, por exemplo, ou que gostava de Wando e outros que agora não me recordo. Pois hoje em dia tem bandinha que até grava música com dupla sertaneja, numa promiscuidade sem fim, vergonhosa.

Os valores mudaram, ou melhor, hoje não existem valores. Tudo se mistura. O mesmo cara que vai numa balada alternativa pode ser encontrado no meio de um bailão sertanejo. A minha leitura dos fatos é de que o que importa hoje é ter grana, andar de carro do ano, de preferência um carrão e não importa o que o cara faça, basta ter uma carteira recheada e ninguém se importará com quem tu és, qual a tua essência, quais os teus gostos...

Feito esse parênteses, volto ao tema, das canções da minha vida. Sempre escutei música de qualidade e uma certa tarde meu irmão Rogério, nosso mentor musical, chegou com seu saco da Marinha do Brasil, recheado de discos. Um disco me chamou a atenção e coloquei na vitrola aquela música que mudaria a minha vida. O disco era a coletânea dos Smiths The World Won't Listen, algo como O Mundo Não Ouvirá. Sarcasmo morrisseyniano, claro, porque é uma das coletâneas de singles mais lindas que já existiram. Todo cara que se intitula alternativo já ouviu/ tem esse disco. E a primeira canção por qual me apaixonei foi a bela e alegrinha Ask. E, como falei, depois disso, me encontrei como roqueiro. Foi a banda de rock alternativo mais importante da década, mas para eu, a banda mais importante da minha vida, da minha formação musical.

Dito isso, o que eu queria exprimir, resumidamente, no meu quarentenário, que como já disse, começou no dia 29 de março, às 15 horas, era que muitas músicas representam o que sou. Mas existe uma canção que talvez seja a mais importante da minha vida, por mais que isso possa soar exagerado, mas é uma canção que fala da minha alma... porque existem tantas bandas que são afudê, poderia listar Os Cascavelletes, TNT, Replicantes, Beatles, Stones, Doors, Led, Pink Floyd, Sex Pistols, Joy Division, porra, poderia listar tantas outras e ainda assim ser injusto com muitas, muitas bandas, o punk americano, o punk inglês, o pós punk... mas não quero ser prolixo, quero ser objetivo e muito, muito resumido. E escolher a canção da minha vida. E a canção é claro, é dos Smiths, The Boy With The Torn In His Side, uma canção que fala sobre os amores que não são compreendidos, mesmo que Morrissey tenha feito uma poesia sobre o amor homossexual, ela cabe em qualquer amor. Como o meu com a Juliana, que era proibido naquele início dos anos 1990.

Os acordes dedilhados na Rickenbacker de Johnny Marr, o baixo marcante de Andy Rouke em sintonia com a bateria de Mike Joyce e claro, a poesia sensível de Morrissey, assim com a sua voz, são um delírio, parece um casamento perfeito.

Já postei anteriormente essa canção, mas nesse quarentenário novamente coloco aqui para nosso deleite. E para quem ainda não ouviu Smiths ainda, podem começar por essa maravilhosa coletânea, que demonstra tudo o que Morrissy, Marr, Rourke e Joyce têm de melhor.

Boa semana!


domingo, 8 de abril de 2012

CAPITAL INICIAL - FÁTIMA

Lembrei de uma passagem legal sobre o Capital Inicial que preciso blogar agora, antes que a mensagem fique sem sentido e perca a temporalidade. Em um show na década de 80, no saudoso Caiçara Music Hall, na divisa entre Santos e São Vicente, antes de cantar Fátima, Dinho comenta que a próxima canção era uma música santa. E o povo: bota pra fuder! bota pra fuder! bota pra fuder! A lembrança vem bem a calhar no final do domingo religioso de páscoa.



Fátima

Vocês esperam uma intervenção divina
Mas não sabem que o tempo agora está contra vocês
Vocês se perdem no meio de tanto medo
De não conseguir dinheiro pra comprar sem se vender
E vocês armam seus esquemas ilusórios
Continuam só fingindo que o mundo ninguém fez
Mas acontece que tudo tem começo
Se começa um dia acaba, eu tenho pena de vocês

E as ameaças de ataque nuclear
Bombas de neutrons não foi Deus quem fez
Alguém, alguém um dia vai se vingar
Vocês são vermes, pensam que são reis
Não quero ser como vocês
Eu não preciso mais
Eu já sei o que eu tenho que saber
E agora tanto faz

Três crianças sem dinheiro e sem moral
Não ouviram a voz suave que era uma lágrima
E se esqueceram de avisar pra todo mundo
Ela talvez tivesse um nome e era: Fátima
E de repente o vinho virou água
E a ferida não cicatrizou
E o limpo se sujou
E no terceiro dia ninguém ressuscitou


CAPITAL INICIAL - TUDO MAL

Terminar o domingo escutando a canção mais bacana do Capital Inicial:




TUDO MAL

Não pense que eu me importei
Por isso mesmo eu deixei
Acabar com tudo de uma vez
Pois entre nós só havia indiferença

Momentos cada vez mais frios
E você acha tudo normal
E agora eu nem sei
Mais uma vez acaba tudo mal

Quem sabe algum dia
Vamos entender o que passou
Descobrir quem foi que errou

VIOLÊNCIA POLICIAL NO FINAL DO JOGO LONDRINA E OPERÁRIO PELO PARANAENSE 2012


Acabo de chegar do jogo do Tubarão, para ser mais exato há algumas dezenas de minutos. E estou indignado, não com a derrota do Londrina, mas com a violência e truculência da polícia que estava lá para nos proteger (teoricamente). No final do jogo, após o gol do Operário, olhei à minha esquerda, em direção à torcida organizada do Londrina Falange Azul e vi que havia uma briga instaurada entre membros dessa torcida e a torcida do Operário, nosso adversário dessa tarde chuvosa de domingo de páscoa. Não sei o que aconteceu, apenas vi que a polícia agia de forma bruta contra os torcedores. Inclusive com tiros de bala de borracha, bombas de efeito mora e batiam com seus cacetetes nos torcedores, para dispersar. Um exagero, pois a torcida conta com muitas mulheres e crianças que vão ao Café apenas para torcer, não para brigar.

Lá fora, na saída do estádio, qual não foi minha surpresa perceber que os policiais estavam acuados por torcedores; ao me aproximar percebi que havia um homem com duas crianças no colo (seus filhos), rodeado por policiais, que o prenderam. A multidão gritava para soltar o torcedor, uma vez que ele estava com duas crianças no colo. As crianças choravam, eram pequenas, não mais que 5 anos, com certeza e estavam extremamente assustadas. Os policiais, impassíveis, enquanto a covardia estava por vir; nós, torcedores, nem imaginávamos. Enquanto os policiais estavam parados, ouvindo os impropérios dos torcedores, o comandante da operação fazia contato com reforços. Logo chegou o pelotão de choque, com bombas de efeito moral e atirando com espingardas de bala de borracha em todo mundo, batendo em todos que encontravam pela frente. Um torcedor foi ferido com certa gravidade por uma bala de borracha, sendo chamada uma ambulância para buscá-lo. Pelo que me consta, a bala perfurou sua perna. Muitos apanharam. Por pouco eu, o Tety, o Louis e o Lemos não levamos uns sopapos.

O que indigna é essa truculência sem sentido. E a covardia desmedida. Percebi que não havia nenhum órgão de imprensa. Isso fez com que a polícia não se preocupasse em refrear a selvageria, se sentissem mais encorajados para agir violentamente. Um absurdo que fica marcado para nós, que vamos constantemente ao estádio empurrar o nosso Tubarão e mais ainda para as crianças que viram seu pai ser preso, me parece por desacato à autoridade, ao xingar os policiais que atiravam sem se importar em quem estava pela frente, não levando em consideração mulheres ou crianças, totalmente indefesas. Ato que esse pai desesperado fez instintivamente para proteger seus filhos. Que outro nome chamar a não ser covardia? Lugar de policial é nas ruas, protegendo a população prendendo ladrão, reprimindo o crime.

REENCONTRANDO O PASSADO


Ontem encontrei um amigo meu, que não via há mais de 10 anos. Acho que devo ter falado com ele pela última vez ainda na década de 1990, quando então sumiu nesse mundão de Deus. O Ronaldo, que fez parte do Mayday, era o batera da banda, depois ainda tivemos o projeto de uma banda chamada Alquimia, que tinha o Nair de baixista e um carinha que não lembro o nome de vocalista, chegamos a alugar um estúdio para ensaiarmos. Nessa época o Tety já tinha nascido.

A última notícia que tive do Ronaldo foi que tinha casado e que morava em São Paulo, que era chefe de cozinha ou algo do tipo. Ronaldo era o típico nordestino que nos anos 80 tinha vergonha de ser zuado pelos preconceituosos santistas e por isso se dizia carioca, uma artimanha para fugir do bullying, mas que só piorava, porque de cariocas eles não tinham nada. Todos os nordestinos se orgulhavam de serem cariocas, tanto que torciam para o flamengo, como o Ronaldo, e outros times do Rio. Não sei porque ser carioca era melhor do que ser nordestino. Tinha um amigo dessa época, o Rapá, que pelo simples fato de ter sido registrado em um cartório do Rio, achava que era carioca. O Ronaldo é de Crato, se não me engano no Ceará.


O Ronaldo passou por tantas provações nessa vida. A mãe morreu ainda cedo, morava com o pai e o irmão pequeno em uma casa de dimensões menores do que as que podiam morar decentemente uma família com 3 pessoas, onde embaixo moravam família da tia (que era irmã do pai dele e provavelmente dava uma força na criação dos dois sobrinhos). Por ser negro e pobre, sempre sobrava para ele. Primeiro foi da nossa geração punk da BS (Baixada Santista); nessa época, todas as vezes que levámos uma geral da polícia, sobravam uns sopapos, como no caso de uma vez em que estávamos no pé do morro do Jabaquara e a polícia nos deu a geral mais violenta dessa fase. Além de ter levado uma lanternada na cabeça, os policiais levaram toda o salário dele, recebido naquele dia; outra vez, em Sampa, fomos a um show do Cólera e quase apanhamos dos carecas, mas certamente se tivessemos apanhado, ele levaria a pior, como quando em uma passeata de 7 de setembro de oitenta e alguma coisa, levou um chute na boca de um careca (dos Carecas do Subúrbio, esses mesmos que batem em negros e homossexuais), quando esperávamos nossos amigos de Santos, na praça da República, porque havíamos nos perdido.

Estávamos eu, o Zé Renato e o Ronaldo, todos magrelinhos, menores de idade (uns 15, 16 anos) e nos cerca 3 carecas todos bombadões, fortões, acho que mais velhos que nós. Perguntaram de onde éramos e quando respondemos que de Santos eles questionaram se éramos da cidade ou do subúrbio, não sem antes titubearmos e respondermos que éramos da cidade, raciocinando que em Santos não tinha subúrbio, eles simplesmente disseram: aqui é o seguinte, careca! E partiram para ação: tentaram um chute na cara do Zé Renato, que estava sentado, mas ele foi agiu e desviou do chute, não o suficiente para resvalar em seus óculos e estes caírem ao chão; eu estava de pé, então foi fácil me desvincilhar; o Ronaldo, sentado ao lado do Zé Renato, não teve a mesma sorte e levou um chute na boca que sangrou muito. Fomos ao Hospital das Clínicas e ele foi atendido, mesmo sem documentos, teríamos que passar pelo módulo policial, mas fugimos pela outra porta e tivemos que pegar vários ônibus para não sermos pêgos mais uma vez pelos carecas que cercavam as estaçoes de metrô.

Hoje, lembrar disso, soa como uma aventura legal, mas na época tivemos muito medo. Tanto que na hora de subirmos no ônibus, na rodoviária do Jabaquara, para irmos para Santos, decidimos nos dividir. E por sorte não fomos pêgos e presos pelo juizado de menores. Acho que nem nossos pais sabiam que estávamos em São Paulo. Mas enfim, fui na frente o motorista pediu documento, apresentei o meu RG, ele perguntou minha idade e certamente não soube fazer as contas, pois eu era menor de idade. A sorte que não parou o Zé Renato e o Ronaldo, porque este estava sem documento, só para variar. Ao chegarmos em Santos, a galera estava já toda em suas respectivas casas, nem se preocuparam em nos procurar pelas ruas desertas de uma São Paulo em dia de feriado.

Lembro que antes de ser punk ele quis ser surfista, mas não deu certo... é que a maioria das gurias só queriam saber dos surfistas. Nessas fases ele usou drogas, inclusive pesadas. Mudou para Humaitá, que é um bairro barra pesada em São Vicente ou na Zona Noroeste de Santos (só Santos para ter Zona Noroeste...). Nessa época fui para Assis fazer Psicologia. Foi nesse período que muitos dos meus amigos de bate bola e da adolescência, se afundaram em drogas. Tanto que alguns tiveram que ficar foragidos porque tinham cheirado o produto que era para vender, ficaram devendo para traficante e tudo o mais. Então o Ronaldo sumiu por uns tempos e de vez em quando aparecia. Não sei o que deu desse pessoal, inclusive se ainda estão vivos. Alguns dos meus amigos dessa época já morreram, alguns em acidentes violentos, mas assassinado não tenho conhecimento.


Das últimas vezes em que fui para Santos ninguém mais sabia de nada sobre o Ronaldo. Até que essa semana que passou, meu irmão Beto, que mora em Diadema, no grande ABC(D) o encontrou em Sampa. Nossa, encontrar alguém em São Paulo sem querer é algo inusitado. Existem milhares de possibilidades e de ocasiões, horários precisam coincidir, tantas outras variáveis... como encontrar alguém que não se tem notícias há anos em uma região com 20 milhões de habitantes, sem marcar nada?

Assim encontr(aram)ei o Ronaldo. Quase que por acaso; quase sem querer! Trocamos algumas mensagens por celular e enviei meu e-mail, meu twitter. Ele não tem facebook, assim como eu, ainda consigo resistir a essa investida do sistema, apesar de me sentir um ET muitas vezes por não tê-lo. Espero que em breve nos encontremos.

Quantas pessoas passam pelas nossas vidas. Sei que muitos que convivo hoje, não farão parte do meu círculo daqui há 10 anos, por exemplo. Até mesmo meus filhos, que a vida deve levá-los logo para seus destinos... Deus do céu, não quero meus filhos longe de mim...

a pessoa mais antiga da minha vida que lembro de andar junto era um carinha chamado Douglas, se não me engano, estudava comigo no Grupo Escolar Ceará, em Porto Alegre. Ele era irmão de um amigo do meu irmão Rogério e era um tanto encapetado. Éramos alunos da professora Darci Veríssimo, que tinha parentesco com o grande Erico. Lembro das minhas professoras do primário: 1ª série a professora Débora, na 2ª a Shirley, na 3ª a destemperada da Vicentina, na 4ª não consigo lembrar do nome da víbora, acho que fiquei traumatizado.


As pessoas passam por nossas vidas, nós passamos pelas vidas delas e seguimos nosso rumo, enquanto elas seguem os delas, que muitas vezes são muito desconexos com os nossos. Mas lá na frente, vem a vida e parece nos colocar de volta em frente novamente, por alguma razão que desconhecemos. Embora tenhamos a neurótica idéia de reviver aqueles momentos que jamais serão iguais, tentando reencontrar nossos amigos de outrora. É difícil aceitar que aqueles guris de antigamente não são os homens de hoje em dia. Somos todos outras pessoas em um mundo bem diferente daquele que vivemos juntos. E nada volta a ser como era antes, nada!

sábado, 7 de abril de 2012

SOBRE O OLÍMPICO MONUMENTAL E GRÊMIO ARENA E OS SILVEIRAS


Esse é o último ano que o IMORTAL manda seus jogos no OLÍMPICO MONUMENTAL, o que o faz desde a década de 1950, quando o inaugurou ali na Azenha. Foram décadas de vitórias e conquistas, lembranças memoráveis, como o título da Libertadores de 83, o Brasileiro de 96, por exemplo. Lembro em 1981, quando o IMORTAL disputava o titulo brasileiro com o favorito e todo poderos são paulo e começamos perdendo, mas com a velha raça tricolor viramos e fizemos uma memorável partida no morumbi(cha) com o golaço de Baltazar. O palco das exímias exibições tricolores vai mudar para o bairro Humaitá, dando maior conforto aos torcedores e principalmente um palco moderno à altura do nosso IMORTAL. Não que o MONUMENTAL não seja, mas o rumo da modernindade precisa ser seguido, inclusive os estádios de futebol. Alguns saudosista provavelmente não ficarão contentes, outros tantos darão de ombros, dizendo que o que importa é ter um time com garra e vencedor (forte, aguerrido e bravo - citando versos do hino da República Rio Grandense) e muitos ficarão orgulhosos do novo palco de espetáculos, a GRÊMIO ARENA.


Estive pensando em assistir ao IMORTAL esse ano, para coroar a minha vida GREMISTA de 40 anos acompanhando, torcendo, sofrendo, sorrindo e chorando o time do coração de todos os Silveiras, desde o velho Laudelino, uma tradição da família que seguem as gerações, mesmo as de quem não nasceu nos pampas, como diz o Fábio, nasceram na embaixada da República Rio Grandense, casos do Tety, Gui e dos filhos do Beto o Renatinho e o João Victor, o primeiro nascido em Santos, o segundo em Londrina, o Renatinho e o João Victor em Diadema. Programei de ir no meu aniversário, dia 29 de março, quando o GRÊMIO venceu o Avenida pelo gauchão. Mas o Tety quer ir em jogo de casa cheia e ficar na GERAL. Nesse dia compraria a minha camisa do IMORTAL personalizada com meu nome atrás e o número quarenta às costas, em comemoração às minhas 4 décadas. Mas além de esperar o brasileirão começar, não tinha sido lançada a nova camisa do IMORTAL, que por coincidência comemora a inauguração do nosso Estádio Olímpico Monumental, em 1954, quando foi considerado o maior estádio particular do mundo.

Só para esclarecimento, os não gaúchos torcem o rabo e nos acham soberbos por não nos acharmos brasileiros, por termos essa idéia de que o Rio Grande é uma república e tal. Mas isso é uma coisa que não pode ser explicada, quem não é gaúcho não entenderá nunca o sentimento gauchesco, o orgulho...

Agora estamos combinando de irmos eu, o Fábio, meu irmão Renato que mora em Santos, o Tety e o Gui, quando finalmente devo comprar a minha camisa do IMORTAL personalizada. Veremos se conseguimos arrastar o Beto e seus rebentos.


Será muito estranho chegar em Porto Alegre e não andar pelas movimentas ruas da Azenha para chegar ao Estádio, com aquela entrada apoteótica. Mas vou superar isso, com certeza, provavelmente na primeira vez que entrar no novo estádio, com toda a sua beleza e pomposidade. E novamente o IMORTAL terá um dos maiores estádios particulares do mundo, demonstrando toda a sua grandeza!

E que a nova casa do IMORTAL seja tão acolhedora de títulos como foi o MONUMENTAL!

domingo, 1 de abril de 2012

PRIMÓRDIOS

A última vez que vi o sr. Laudelino Flamarion Silveira fora em 1983, 84, contava em torno de 13, 14 anos, ou seja, era uma outra pessoa, bem diferente deste que escreve neste momento, neste blog, que completou 40 anos às 15hs do dia 29 de março, última quinta feira. Laudelino Flamarion Silveira é aquele que vem a ser meu pai, que de repente sumira no mundo sem dar notícias, ou ao menos eu, no final da infância, início da puberdade, nunca recebi nenhuma, ou poucas que apareciam ao longo desses quase 30 anos. Mas o ano passado, comecei a ter um contato mais aproximado, através do telefone e este ano, nas férias, de passagem por Navegantes, o encontrei na casa do meu irmão mais velho Rogério (o mais velho da minha mãe, porque tem o César, que conheci o ano passado, também nas férias, de passagem por Florianópolis, onde ele mora). Nesta passagem também conheci meu sobrinho neto, Gabriel e minhas sobrinhas (bah, essa família também tem mulher) Lídia e Thaís.

E desde então tenho mantido o contato com ele. Meu pai completará 70 anos esse ano, mas está bem envelhecido, com inúmeros problemas de saúde. Leva uma sobrevida à base de uma porrada de remédios que o impedem de viver mais dignamente. Tudo isso, provavelmente fruto de seus exageros ao longo de sua atribulada vida, de 10 filhos e em torno de 6 casamentos.

Conversando com o César ano passado, que foi até a casa do Rogério churrasquear (cujo churrasqueiro é este que vos escreve) esse ano quando encontrei o Flamarion depois de tantos anos, percebi o quanto ele é apegado à família e como nós, os Alves Silveira, ficamos isolados de toda a família. Flamarion teve filhos com a Eda, primeira mulher do Flamarion, com quem ele realmente foi casado, 2 guris, o César e o Julio; teve filhos com a Sirlei, meus 4 irmãos por parte de pai e mãe, e com a Sônia teve filhos concomitantemente, tanto que a Fernanda, com quem encontrei nesse mesmo churrasco que se encontravam o dono da casa (Rogério, que se encontra na foto), a própria Fernanda e o César, nasceu no dia 5 de fevereiro de 1974, exatamente um dia após o meu irmão mais novo (filho da Sirlei): 4 de fevereiro de 1974; o Flamarion fala que são gêmeos. Nesse churrasco também conheci as lindas filhas da Fernanda (sim, tem mulher nessa família). Digo isso porque a Fernanda é a única guria dos 10 filhos do Flamarion. A Sirlei, por exemplo, só tem guris, 5 ao todo e os 5 netos também são todos guris. E todos os filhos do Flamarion, com excessão dos da Alves (como ele chama minha mãe) que ficaram isolados em Santos, conviveram ao longo de todas essas quase 4 décadas. Nesse encontro dava para ver o orgulho do velho Flamarion com 40% das suas crias nesse churrasco, isso tendo saído da sua boca. Hoje por exemplo o César emprega a Fernanda e o Lholho, apelido do filho do André (o filho mais velho do André, filho da Sônia), que foi criado pelo avô Flamarion. Não lembro o nome dele, por isso o apelido. E as histórias do César, ao longo dos anos em Porto Alegre, anos estes em que estávamos em Santos.


Quinta feira o Flamarion me ligou. No mínimo umas 5 vezes, mas conseguiu falar comigo no final da noite. Queria dar os parabéns ao "Pinto" meu apelido na primeira infância, depois de tantos anos. E justo no meu quarentenário. Foi muito legal. Aproveitei para questionar sobre nossos ancestrais. Sempre pensei que minha origem fosse dos Charruas, tribo indígena que habitava as terras do Rio Grande do Sul nos primórdios. Mesmo assim acredito que meu sangue ainda tem a ver com essas tribos, embora o Flamarion tenha me dito que somos descendentes de tribos árabes nômades, o que seu irmão e meu finado tio (óbvio) Luiz já havia me dito anos atrás. Pois bem, minha bisavó Feliciana da Silva Ávila era uma argentina de Santo Tomé, da Província de Corrientes, que se encontra unida através da Ponte da Integração com a cidade de São Borja, terra de Getúlio Vargas (que, diga-se de passagem, é ariano como eu). Essa proximidade com o Rio Grande do Sul e provavelmente numa das idas e vindas de José Higino da Silveira, que vivia na Vila 13 de Janeiro, hoje Santo Antônio das Missões, já cidade emancipada, mas à época distrito de São Borja, pela ponte que liga as duas cidades, conheceu Feliciana na Argentina. Os Silveira, nesses tempos moravam em umas terras chamada Rincão dos Silveira. Dá até para pensar e imaginar (romancear) no romance internacional dos dois.

Essa união gerou o velho Laudelino, este, meu avô, que teve então 3 filhos com a velha Julieta: Luíz, Tereza e Laudelino Flamarion. Os dois primeiros nasceram em São Luís do Gonzaga, mas o guri mais novo nasceu numa das viagens à capital, em Canoas, na grande Porto Alegre. Nas palavras deste, nasceu em Canoas e abriu os olhos em São Luís do Gonzaga. Em 1951 a família decidiu ir para a capital, onde os filhos fizeram a vida e suas respectivas famílias.


Flamarion sempre foi um cara inteligente e letrado. Lembro das cartas que mandava à minha mãe, caprichosamente escritas à máquina, com a assinatura ao final, um texto bem escrito, de quem não só escrevia muito bem, como de um assíduo leitor. Assim como o irmão Luíz, que era mais revolucionário. Versa a história que o velho Laudelino, camponês comunista, alfabetizado já na adolescência, que exercitava sua verve revolucionária através de artigos escritos em jornais de São Luís do Gonzaga. Isso por volta da segunda metade da década de 1930. Laudelino, nascido em 5 de julho de 1892 (ou seja, 2 dias depois do Gui, que é de 3 de julho, só que com um hiato de 106 anos) era membro do PCB, tendo militado por décadas. Na foto abaixo, o velho Laudelino em um churrasco a Luiz Carlos Prestes (na minha interpretação, essa amizade deu o nome ao primogênito do velho).

O Guilherme Caetano Silveira, meu caçula, tem uma áurea ou sei lá o quê, que talvez explique muito do seu comportamento, do seu passado e futuro. Ele tem o mesmo nome do bisavô por parte de mãe, que veio da Itália sei lá por volta de que ano, que ao chegar nas terras brasileiras seu nome Guglielme Gaetano se transformou em Guilherme Caetano, nasceu quase no mesmo dia e tem o mesmo signo do tataravô paterno. Coincidências ou não, esse guri já tem o peso de um grande passado.

Histórias e mais histórias. Fiquei muito contente de receber os parabéns do Flamarion, depois de tantos anos. E foi uma prosa muito legal, ter contato com as minhas origens. Agora resta buscar os ancestrais dos argentinos Ávila e dos Silveiras dos rincão.



P.S: ao som de muita música regional do Rio Grande que escrevi esse post, uma coisa rara para um roqueiro contumaz como eu;

P.S²: na realidade Guglielme Gaetano ou Guilherme Caetano era tataravô do meu Gui por parte de mãe;

P.S³: a foto que inicia o post é do velho Laudelino, todo garboso e charmoso em algum dia ensolarado das primeiras décadas do século passado.