sábado, 27 de fevereiro de 2010

QUANDO EU ESTIVER CANTANDO


"Essa é a última música, do último lado, do último disco de Cazuza". Assim Renato Russo começa cantando uma das músicas mais belas de Cazuza, que sempre que ouço, na maravilhosa interpretração do vocalista da Legião Urbana, penso que foi o momento em que Cazuza fez as pazes com Deus. Depois de uma vida que eu diria desregrada, não aceitando as normas impostas, uma vida rebelde, Cazuza chama Deus e demonstra seu arrependimento. É o que, acredito eu, em nosso leito de morte, por mais ateu que sejamos, em nosso íntimo, todos nós fazemos.

Ao cantar essa música Renato também parece estar buscando Deus para pedir perdão por uma vida no mesmo estilo.

A música tem um papel importante em nossas vidas. Faço um recorte aqui em relação à arte, e foco meu interesse na música, que é uma das expressões da arte.
Jung desenvolveu a teoria do incosciente coletivo ao verificar em suas observações que haviam alguns traços comuns a todos. Em suma, na constituição da psique há traços herdados da humanidade, que são os arquétipos. Assim como Freud trazia a idéia de observamos nossos traços através da projeção, na questão dos traços arquetípicos são observáveis pelas imagens. Diria que a música faz parte do inconsciente coletivo. Ou seja, está em nossa psique, e por isso torna-se tão importante na vida da humanidade, reforçando o que falei no início do parágrafo.

Já disse em outro
post que tem músicas que marcaram a minha vida, cada momento. Ao escutar Smiths, por exemplo, me lembro quando era adolescente, estudava no Dino Bueno, ginásio. Sex Pistols me traz a lembrança das loucuras que cometíamos na madrugada santista, na General Câmara, famosa rua do centro de Santos, onde se encontram prostíbulos e boates de strip tease. Pelo menos na minha época era assim. Finalmente, a música está no meu incosciente, no sentido freudiano (e mais conhecido pelo senso comum).

Não é à toa que iniciei o
post com a música de Cazuza. Provavelmente, inconscientemente, para buscar em Deus o que Cazuza e Renato Russo buscaram na década passada.

Postarei em breve o clipe da música na versão de
Renato Russo.

P.S.: a foto é da rua General Câmara, em Santos, em 1905. Rua que mais tarde, pela proximidade do porto, se tornou a zona da cidade.

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