domingo, 21 de fevereiro de 2010

CAMISA DE VÊNUS


Em 1986 o Camisa de Vênus lançou o disco ao vivo intitulado Viva, uma compilação de seus maiores sucessos, recheados de palavrões. Falar palavrão hoje na televisão ou em letras de músicas hoje é muito normal e até dá moral, mas no anos 80 era ser marginalizado. Em uma gincana da escola, no segundo grau, no Primo Ferreira, cantei a música Eu Não Matei Joana Dar'c e quase fui vaiado porque falei "Eu nunca tive porra nenhuma..." lembro que minha sala até perdeu pontuação por causa disso. Mas, voltando ao assunto, nos anos 80, gostar de rock e ter tatuagem era a mesma coisa que ser maconheiro, era ser mal elemento, tinha mãe que não deixava o filho brincar com a gente; se hoje é estilo, naquela época era ser hostilizado pelos moralistas de plantão.

O Camisa de Vênus já era provocativo pelo nome. Nome polêmico para aquela década, a gravadora queria que eles se autodenominassem Camisinha, porque era menos ofensivo. Obviamente que eles não o fizeram e anos mais tarde a camisa de vênus (no caso o produto em si) passou a ser chamada de camisinha. Mas em 1986 eu tinha 14 anos e não sabia o que era camisa de vênus, lia reportagens em revistas de rock, lia nos jornais, mas não entendia porque era polêmico esse nome. Lembro que perguntei para minha mãe e ela desconversava. Meu irmão Beto, dono do disco que me apresentou a banda, mantinha o suspense ao não elucidar minha dúvida. Era uma época moralista, pré Aids (já haviam casos, porém eram abafados e tratados como tabu).

O disco ao vivo Viva foi gravado no dia internacional da mulher daquele ano de 1986, no Caiçara Music Hall, que hoje infelizmente não existe mais. Fomos a muitos shows nesse local, na divisa entre Santos e São Vicente, inclusive o primeiro internacional (naquela época não era tão fácil como hoje dos artistas estrangeiros virem ao Brasil) que foi o show do Guanabats, uma banda de Psicoabilly.

Esse disco foi considerado o melhor da carreira da banda. Isso porque ao vivo eles eram realmente foda. Marcelo Nova (para os desavisados de plantão é o pai da Penélope Nova da MTV) e sua trupe fizeram um dos melhores shows de suas vidas, mandando ver um a um de seus grandes sucessos, incluindo uma versão de My Way (muito criticada pelos entendidos de música da época, mas aclamada pelo público), que na minha opinião foi uma versão melhor que a original, tão boa quanto a de Sid Vicious do Sex Pistols. Conta aida nesse disco a música Silvia, uma homenagem às mulheres em seu dia, com discurso antes da música. Depois soltava o verbo e quem conhece sabe que é uma música extremamente machista. Além disso eles criaram e imortalizaram o grito de guerra de qualquer show da década, o famoso bota pra foder.


Mas eu resolvi escrever esse post por causa da música My Way mesmo. A letra da versão é fascinante, um primor, mostrando que Marcelo estava inspirado, pegando algumas pinceladas do original e adaptando à nossa realidade. Quem que não planejou, no começo da vida adulta, cada ... jogada, "... cada trepada por essa estrada... naqueles tempos eu era um menino que já sabia do meu destino e caminhando de norte a sul eu vi muita gente tomar no cú... fazer as coisas que desejou, comer as mulheres com que sonhou, eu me fodi, mas resisti..." Vale à pena escutar. Muita gente se identificará.

Posterei um link para a música e a letra em seguida.

Um comentário:

  1. É meu camarada, eu estive lá! Foi um show realmente inesquecível e de uma qualidade de som surpreendente para a época.Após a gravação do Viva, o camisa apresentou outro show no saudoso Caiçara para homenagear o público da casa. Foi louco também...Quem viu, viu, quem não viu, ao menos tem o registro...ou então fiquem ai escutando essas bichonas emo e outras coisas ridículas de hoje em dia...

    ResponderExcluir

Opine, comente, reclame, grite! Aqui: