segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

CARNAVAL 2010


Vou beijar-te agora, não me leve a mal, hoje é carnaval! Hoje é segunda de carnaval e muita gente reclama dos foliões e de que o Brasil é o país do carnaval, futebol e samba, e acha que pelo fato de ser um país com um zilhão de problemas sociais e principalmente da impunidade, parar o país por 4 dias e meio é um absurdo, porque enquanto o povo brinca e pula nas avenidas e nos clubes (isso está ficando cada vez mais escasso), os políticos aproveitam para fazer as suas festinhas particulares, com nosso dinheiro (quanto riso, quanta alegria, mais de mil palhaços no salão) geralmente passando todos nós para trás.

Durante muito tempo fui contra o carnaval, exatamente por ter essa visão distorcida. Realmente, isso acontece, mas é necessário uma análise um pouco mais ampla para entender o ponto de vista de quem um dia foi tão contra o carnaval e que hoje não só aceita, como apoia.

Quando era pré adolescente, antes de ser apresentado ao punk rock por intermédio do meu irmão Beto, que chegou com o Never Mind The Bolocks em casa, de Johnny Rotten e sua trupe, os Sex Pistols, costumava pular carnaval, no Drops ou no Cunha, Moreira, pequenos clubes de Santos ou mesmo no Atlético, onde entrava com o Branco, que era sócio e me ajeitava a entrada, pois eu não era. Lá, com os amigos, ficava dando voltas em sentido horário, no salão, a espera de uma guria para laçar o meu braço e sair todo contente com meu par. Porém, isso não era nada fácil, geralmente levava algum chega pra lá curto e grosso. Era divertido, apesar da rejeição. Quantas marchinhas de carnaval, daquelas que grudam no cérebro (e todas grudam) foram a trilha sonora daqueles inocentes carnavais do início dos anos 80...

Então, quando a rebeldia tomou conta de mim e comecei a escutar punk rock, e então virei um rocker, os carnavais ganharam o meu ódio e nunca mais decidi pular. Mesmo que isso significasse ficar na mão (literalmente) e solitário. Ser roqueiro nos anos 80 era uma aberração. E continuei com essa idéia de que o carnaval era inútil por muitos anos. Já algum tempo atrás, mudei de opinião. Tinha um carinha na rua São Paulo, o Kauoshi (não lembro o nome dele) que dizia que eu mudava muito de opinião... ou usava frases feitas... até o dia que disse para ele sei que às vezes uso palavras repetidas, mas quais são as palavras que nunca são ditas? e então ele nunca mais me encheu o saco. E, afinal de contas, a maturidade e o tempo faz com que olhemos as coisas sob outra ótica.

Como dizia, vejo o carnaval como um pequeno descanso para nós trabalhadores, massacrados, oprimidos e mal pagos e explorados não só pelas empresas em que trabalhamos, mas também pelo governo, que nos faz trabalhar mais de 120 dias ao ano de graça, apenas para pagar os impostos que os tornam cada vez mais ricos e a nós cada vez mais pobres. Além disso, a maior festa popular do Brasil agita o turismo em diversas cidades, não só de quem curte carnaval, mas também de quem quer fugir da folia e quer tranquilidade. Ou seja, muita gente ganha a vida com o carnaval.

Sei que enche o saco esses 4 dias onde o que se vê na televisão é o indefectível desfile que passa em todos os canais. Antigamente pelo menos tinham os bailes de carnaval do Rio de Janeiro, onde apareciam cenas picantes e faziam a alegria da molecada. Hoje são os desfiles e outras coisas chatas e repetitivas. E ainda tem o fato de o ano só começar depois do carnaval, com isso os demais segmentos da economia ficam parados. Mas quem vive do turismo agradece. E não estou falando apenas de grandes empresários, mas também dos autônomos, dos vendedores de bebidas e bugigangas nas praias, enfim, de todos os envolvidos, até mesmo os guardadores de carro.

Isso, por si só, já faz com que vejamos o carnaval com outros olhos. Mas acima de tudo, a folga de 4 dias é algo alentador. E viva o carnaval!

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