domingo, 6 de março de 2011

BRUNA SURFISTINHA


Ontem fui assistir ao filme Bruna Surfistinha, baseado no diário que a guria escreveu sobre a vida na prostituição e que lhe rendeu fama e grana.

Um filme comum, sem muitos atrativos, a não ser uma estória real, sempre muito apelativo, uma vez que isso mexe com o espectador, que fica imaginando como foi o dia a dia, a rotina da pessoa retratada em nesse tipo de filme.

Tecnicamente é um filme bem feito, tudo na medida certa, fotografia, luz, som, tudo simples e bem feito. Quem não acompanha o cinema nacional por preconceito, muitas vezes está perdendo grandes filmes, o que não é o caso deste. A cena de estafa misturada com overdose é um exemplo de qualidade.

O começo do filme é entediante, o espectador fica esperando ela virar a mesa naquela vidinha de guria rejeitada pela família e pelos colegas de escola, o que a faz se fechar no seu mundo. Pouco se passa de sua vida pré prostituição. A monotonia é quebrada (momentaneamente) quando ela finalmente chega no auge e atinge o "estrelato" até o momento em que o vício pela cocaína faz o declínio da, como ela mesma se intitula, garota de programa mais famosa do Brasil.

Tempos atrás li umas críticas à Psicanálise, que responsabilizava os pais por tudo o que fazemos na vida adulta; isso justificaria e tiraria a culpa das escolhas erradas que fizemos ou fazemos ao longo da vida. O filme trata exatamente disso, a partir do desprezo de todos, da família adotiva (com excessão da mãe) e da dificuldade de se socializar na escola de classe média alta em que estuda e que é ignorada por seus pares.

Uma guria com complexo de inferioridade e auto estima muito rebaixada, que busca chamar a atenção e se sentir útil, seja qual a forma que for. E encontra na prostituição, não só a atenção, mas ser desejada pelos outros; por isso decide fazer tudo bem feito a ponto de agradar a todos os seus clientes, sem preconceitos. O mesmo preconceito que foi alvo a vida toda. Ela tenta consertar isso.

Sobre o fato da influência das primeiras experiências de nossas vidas pelo resto dela, cada um tem uma escolha. Uns são mais fracos mesmo e escolhem o caminho aparentemente mais fácil, que torna a vida mais complicada; outros resolvem consertar as coisas e seguem o caminho dito correto. Mas o reflexo da forma em que convivemos e fomos criados e do ambiente familiar sempre estará presente nas nossas escolhas. As nossas primeiras experiências e a forma como fomos criados são, afinal de contas, determinantes. Veredicto: os pais são culpados!

Ainda sobre o filme, uma curiosidade é que os diretores escolheram a belíssima canção Fake Plastic Trees, do Radiohead para fechar o filme. Thom Yorke e sua trupe só liberou depois de assistir (e aprovar) a película. E essa é a melhor parte do filme, o fim com a canção de fundo. Pena que os caras desligaram o som para mandar todos embora do cinema, pois era a última sessão. Ao menos, desta vez, não paguei estacionamento.

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