domingo, 3 de outubro de 2010

ELEIÇÕES 2010 - DIA DE VOTAR


Hoje, 3 de outubro, é dia de pegarmos aquele papelzinho verde em formato de carteirinha e seguirmos a uma zona eleitoral para votarmos em alguma dessas dezenas, talvez centenas de candidatos que desfilaram e invadiram nossas casas através dos canais de televisão e da propaganda eleitoral gratuita. E finalmente, hoje será o desfecho de tudo.

Engraçado como o desespero da oposição em denegrir a imagem do presidente Lula e de sua candidata Dilma fez nas últimas semanas explodir inúmeras denúncias de corrupção. Tem uma revista semanalmente que a muito tempo eu não leio, mas salvo engano é uma das mais lidas no país (conheço várias pessoas que têm vergonha de assumir que a leiam), que estampa em suas capas há meses matérias contra a candidata do presidente mais popular de toda a história do Brasil.

Recebo também e-mails de um monte de gente falando mal da Dilma. Um deles, que me fez inclusive decidir meu voto por ela, dizia que ela foi guerrilheira na ditadura militar. Nesse e-mail mostrava uma carteirinha de guerrilheira, uma coisa assim, não me recordo e ali decidi que meu voto era dela. Sempre simpatizei com o Lula, aliás, sempre votei nele. Mas o seu apoio à Dilma não foi decisivo, mas sim o episódio citado acima. Todos os que lutaram contra a ditadura são heróis nacionais, deveriam receber medalhas e serem tratados como heróis.

A primeira vez que vi o Lula foi em 1982, quando ele era candidato ao governo paulista, pelo PT. Foi uma simpatia instantânea, um partido político que se dizia dos trabalhadores, que trazia o slogan de trabalhador vota em trabalhador, me identifiquei à primeira vista. E olha que na época eu nem trabalhava. Pensava que se eu pudesse votar, votaria nele. É claro que muita coisa mudou e hoje o PT não é mais o mesmo.

Em 1989, na primeira eleição direta para presidente de anos, Lula foi candidato. Eu tinha 17 anos e tirei o título, mesmo não sendo obrigatório. Aquilo era simbólico, não era um simples voto, era o fim de uma época sombria da nossa história, que nos fez ficar parados no tempo por anos e que até hoje pagamos por esse tempo sem desenvolvimento. Nós e toda a América Latina, que sofreu com suas ditaduras financiadas pelos EUA, que tinham medo que tudo virasse Cuba.

Pois bem, naquelas eleições, que todos sabem, elegeram um certo caçador de marajás, sendo ele mesmo um deles, alguns dos candidatos não estão mais entre nós, como é o caso de Leonel Brizola (a quem dediquei o primeiro voto da minha vida), Mario Covas, Ulisses Guimarães e outros. Brizola não foi para o segundo turno, mas apoiou Lula. Eles eram campeões de rejeição por parte do eleitorado. Votei no Lula no segundo turno e dali para frente sempre votei, quando votei, nele para presidente.

Quando Collor venceu as eleições, logo veio o confisco da poupança e surgiram diversas denúncias de corrupção. Descobriu-se então que o caçador de marajás era o maior de todos eles. Marajá era (ou ainda é) a designação para políticos e funcionários públicos de alto escalão que ganhavam (muito) e não trabalhavam. Então vieram os caras-pintadas. Eu fui um deles, estava começando a faculdade na Unesp e lembro inclusive de algumas passeatas por Assis e até de uma viagem para São Paulo, onde se encontraram diversos estudantes para um evento em protesto contra o governo federal. Mas isso é outra história e fica para outro momento.

Hoje vejo o desinteresse geral pelas eleições. Todos estão desacreditados e política virou sinônimo de podridão, de coisas extremamente pejorativas. As pessoas não se envolvem mais como antigamente. O Tety, que tem 16 anos, poderia tirar o título, mas acho que nem cogitou a hipótese. Seus amigos, com a mesma faixa etária, idem. Não tenho conhecimento de algum que votará hoje. Se algum dia pensávamos que o voto era uma arma para mudar o mundo, essa ilusão não existe mais.

Por alguns anos pensei que a única forma de revolução se daria pela educação. Que esse pequena revolução silenciosa seria possível. Entretanto, não acredito mais nisso, embora seja um cara extremamente otimista e de acreditar nas pessoas, hoje sou um cético em relação a esse assunto, principalmente no Brasil, onde o povo quer de alguma maneira levar vantagem em cima do outro. Isso é cultural, dificilmente mudará. Hoje, acredito apenas na revolução armada, mesmo que eu pareça ultrapassado, subversivo, comunista... por isso voto na Dilma, pelo passado dela, que embora para a maioria das pessoas seja algo negativo, para eu é o que a capacita para o governo, mesmo sabendo que nada vá mudar.




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