quinta-feira, 21 de abril de 2011

RETURN



Estou de volta. Um longo e tenebroso inverno interno me separa do último post e deste retorno. Muitas coisas aconteceram no mundo real e nos meus sonhos, nos pensamentos que insistem em pulsar nas longas caminhadas solitárias de final de tarde do hospital até a academia e em outros momentos de (des) concentração, fora do trabalho. O pensamento é muito isso, nos domina mesmo quando não queremos e quando a conversa fica tão enfadonha que, como em um filme, vemos a boca de nosso interlocutor abrir e fechar lentamente e escutamos apenas um blá blá blá.

Uma das coisas que andam me corroendo por dentro e pulsando nos meus pensamentos é fazer uma lista das 10 melhores canções de todos os tempos. Que idiota ficar pensando assim, porque a verdade de hoje não é a mesma de amanhã ou a de ontem é outra que não a de hoje. Ainda mais as canções, que são influenciadas pelos sentimentos e pelas emoções. Acho que deve ser por isso que para eu Smiths é a banda mais importante da vida, e Beatles ficam em segundo plano, embora os segundos são muito mais importantes para o mundo pop. Sem comparações, não é possível!

Essa semana tive um encontro com um ídolo da adolescência, Humberto Gessinger, eterno vocalista, compositor e guitarista/ baixista/ tecladista e muitos outros instrumentos, da Engenheiros do Hawai. Foi na Porto do Shopping Catuai, uma noite de autógrafos do livro Mapas do Acaso 45 variações sobre um mesmo tema, com direito à foto e um bate papo com a galera. Agora à tarde estava lendo o livro, que é uma compilação de pensamentos, com parágrafos meio sem sentido e propositalmente ao acaso, e me deparei com essa: Na minha lista das 10 mais, cabe mais de mil e eles são sempre outros a cada dia. Ou seja, são tantas canções que marcam nossa vida que a cada momento as seleções mudam. Por isso parece ser tolice e perda de tempo ficar fazendo isso. Capaz de cometer injustiças incorrigíveis.

Resolvi levantar e escrever o que queria já há algum tempo, mas que este e a rotina me impediram, além das obrigações do trabalho e da monografia que minha orientadora Ileizi insiste em me cobrar escritos.

Mas não vou fazer uma lista das mais-mais e sim citar a música mais legal, mais fudida, mais escandalosamente linda e perfeita da minha vida! Era sobre isso que pensei noites e mais noites de levantamento de peso, exercícios de bíceps e tríceps, costas, peito ao som do meu mp3 que cabe no celular. Mundo moderno que aposentou aquele velho walkman da Aiwa, à pilha, que guardo até hoje (- Joga essas tralhas no lixo, Márcio! - é o que ouço nos meus pensamentos quando resolvo mexer nessas coisas guardadas há anos, ora com a voz da Juliana, que acha que devo me desfazer das coisas antigas, que eu insisto em guardar por se tratar de um pedaço de mim, do meu passado, ora com a voz da Sirlei, minha mãe. Nessa caso trocaria Márcio por menino); também aposentou o meu discman da Sony, última geração na época, que eu lembro de ter que fazer malabarismos para guardar junto ao corpo enquanto corria pelo Igapó, esse mesmo Igapó que hoje eu corro os meus 8 mil metros para me manter em forma e treinando para as corridas de rua.

Dizia eu, antes desse adendo, que pensava na música mais fudida da minha vida, utilizando o fudida como sinônimo de algo super, tri de bom. Aqui caberia qualquer uma dos Beatles, como All My Loving, Hello Goodbye, Let It Be, All You Need Is Love, A Day In The Life... porra, tantas e mais tantas, caberia alguma do Rolling Stones, Bob Dylan, do Doors, do Led, dos Pistols, Ramones, e tantas outras bandas que fizeram parte da minha vida e que nesse momento não fazem parte da memória que me falha a cada dia mais.

Mas é claro que a música da qual estou falando só poderia ser do Smiths, da dupla Morrissey/ Marr; quem me conhece acertaria na primeira. Porém, escolher a música mais mais é outra dificuldade enorme, em se tratando das canções dessa dupla, que marcou os anos 80 e influenciam até hoje uma cambada de roqueiros. Até alguns dias atrás fiquei em dúvida entre Ask e sua melodia alegre (demais para um cara como o Morrissey dos 80's) ou The Boy With The Torn In His Side, com sua letra de romance incompreendido, que embalou romances proibidos, de casais hetero, como o meu no início dos anos 90 com a Juliana, e de casais homossexuais, alvo maior do dito assexuado Morrissey.

Bem, fiquei com a primeira, por ser a que me apresentou à banda, naqueles longínquos dias dos anos 80, quando, como já contei por aqui, meu irmão Rogério chegou com uma porrada de discos na bagagem de marinheiro. Aliás, minha coleção rara de discos dos Smiths (tenho todos os discos em formato de LP) já foi alvo diversas vezes da Juliana para que eu jogasse no lixo. Estamos resistindo...


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Opine, comente, reclame, grite! Aqui: