domingo, 17 de janeiro de 2010

MANHÃS DE DOMINGO

Hoje o dia não só amanheceu cinzento, como chuvoso; uma chuva torrencial que cobria a minha vista do centro de Londrina, recheado de prédios, de uma névoa capaz de deixar a vista embaçada. Levantei, escutando os pingos da chuva na janela do quarto, a Juliana dormindo profundamente, fui para a sala, liguei o notebook para escutar música e peguei o livro Jim Morrisson Por Ele Mesmo (Martin Claret editora) para terminar de ler, pois comecei a ler no início da semana, em doses homeopáticas e peguei para finalizá-lo e em seguida começar, pelo notebook, que baixei num desses sites de domínio público, a ler O Trovador Solitário, uma espécie de biografia de Renato Russo, frontman da Legião Urbana, a banda que está para o rock nacional como Beatles estão para a música mundial.

Comprei o livro na semana passada (sobre Morrisson), na rodoviária, pois o Victor Hugo, meu filho mais velho, mais conhecido como Tety, após ler o livro O Que é Punk, da coleção Primeiros Passos, me pediu um livro sobre o punk e sobre o vocalista, poeta, letrista dos The Doors. Após uma corrida aos sebos da cidade à procura (em vão) de uma biografia de Jim Morrisson e do clássico livro Mate-me Por Favor, que conta a história do Punk Rock, fui até a Porto do Catuaí e, como não tinha nenhum dos dois, fiz o pedido do segundo e o primeiro encontrei domingo passado em uma banca na rodoviária de Londrina (tem que aproveitar que o guri resolveu fazer alguma coisa que preste, ler).

Ao ler a biografia de Morrisson, primeiro ao som da própria banda e depois de escutar a discografia completa escolhi Thon Yorke e seu Radiohead, também discografia completa, fiquei me perguntando quão louco foi a vida desse ícone do rock, que buscava a morte como o motivo para viver. Como não vivi a época, minha imaginação ficou em polvorosa, ao pensar em passagens famosas, que estão inclusive no filme The Doors, de Oliver Stone (1991), como a de estar com uma guria nos camarins antes de um show e um guarda chegar e jogar um spray contendo uma substância momentaneamente cegante, ou mesmo o famoso show em que foi preso em cima do palco, após simular masturbação e, conforme a lenda (isso não é comprovado), ter aberto o zíper de sua calça preta de couro e mostrar o pinto para a platéia de milhares de fãs ensandecidos. E como o poeta Augusto dos Anjos já dizia "a mão que afaga é a mesma que apedreja", condenaram a atitude do ídolo.

Porém, a sensação de ler a biografia de Renato Russo, por ter vivido essa época e conhecer as passagens, por ter lido na época que haviam ocorrido e mesmo vivido alguns momentos, aguardando sair nas lojas o disco para ser comprado em seguida, lendo as publicações especializadas em música, é algo diferente e ao mesmo tempo é reviver a própria vida...

Logo cedo ao terminar de ler o Jim Morrisson Por Ele Mesmo, peguei o notebook, deitei no sofá, a vista da janela a chuva que insistiu em cair a manhã inteira, fone no ouvido e rolando a discografia completa da Legião. Sim, esse livro deve ser lido escutando o som da banda, a sensação é outra, é emocionante, principalmente para um fã que foi contemporâneo dos acontecimentos.

O livro começa do começo. Desde a fase Aborto Elétrico e para isso baixei algumas gravações (bem ruins em qualidade) da banda. Muitas das músicas que depois fizeram sucesso em discos da própria Legião Urbana e também do Capita Inicial. Mas para quem, como eu, nos anos 80, escutava música oriunda de fita cassete, que gravava diversas vezes em cima de outras músicas, que pegava fita antiga dos pais ou mesmo dos avós e colocava um esparadrapo no buraquinho para permitir a gravação em cima da fita original, ía em show e fazia gracações caseiras com walkman, a qualidade não tem importância. Para essa gurizada, da geração mp 11, 12, 13, etc, Ipod, isso é algo impensado. Imagina, quando eu saía com um walkman enorme, tendo que ficar mudando a fita de lado quando este terminava... pré-jurássico...

Conta passagens interessantes e que para os fãs são um deleite. Os bastidores da banda, os problemas profissionais e mesmo pessoais, as drogas., as preparações para as gravações, a tensão. No final, percebe-se, em ambos os livros, uma tentativa de mitificar os protagonistas. Como ambos estão mortos e viveram pouco, mas o suficiente para construirem uma obra inigualável e e deixarem suas marcas na cultura pop. Dois ícones do pop se autodestruindo em praça pública, para deleite da mídia e dos urubus de plantão.

E viva os domingos chuvosos!

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