sábado, 9 de janeiro de 2010

AMOR E PAIXÃO


Qual a diferença entre amor e paixão? Amor de verão sobe a serra? É amor ou paixão de verão? O que é amor? O que é paixão?

Esses questionamentos são muito comuns, principalmente no verão, quando a possibilidade de conhecer alguém na praia e nos apaixonarmos e como em toda paixão, agirmos de forma inconsequente. E a primeira coisa que vem à cabeça (ou ao coração) é se aquele amor todo, todas aquelas juras eternas, vão continuar quando a temporada de praia acabar.


Tive dois amores de verão na vida. Um foi aos 12 anos, com uma guria chamada Andreia e que logo que acabou o verão, mesmo morando na mesma cidade (em Santos, no caso), assim como a temperatura, nosso relacionamento esfriou. Então nos vimos algumas vezes e depois nunca mais, nem sei do paradeiro dela, não lembro nem o nome completo para procurar no orkut. Mas no verão nos encontramos todos os dias na praia, mesmo que ninguém na rua queria ir para praia, ía sozinho, somente para encontrá-la.

Outro amor de verão foi a Ana, já tinha então uns 15, 16 anos. Ela morava em São Paulo e passava as férias na casa da avó, ao lado da casa do Branco, um amigo de infância. Esse amor de verão durou 2 anos, só esfriou mesmo quando fui para a faculdade e a distância foi maior.

Mas não era sobre as minhas experiências que queria contar. Era sobre a diferença entre amor e paixão. Tomamos muitas decisões movidos pela segunda, ou seja, 'afetados' pela paixão, casamos, brigamos em jogos de futebol, entre outras atitudes que tomamos. Geralmente, ao decidirmos nossas vidas de forma apaixonada, a probabilidade de errarmos nas análises que temos que fazer é muito grande. Mesmo porque, a maioria das vezes, não analisamos a situação (ou analisamos de forma apaixonada), não medimos as consequências.

Já ouvi falar que a paixão dura 2 anos. Outros dizem que dura 3. O que se sabe é que a paixão termina.
Cindy Hazan, da Universidade Cornell de Nova Iorque afirma, baseada em seus estudos que somos programados biologicamente para nos apaixonarmos por um período compreendido entre 18 e 30 meses. Em sua pesquisa entrevistou 5.000 pessoas de 37 culturas diferentes. Assim, o tempo que dura a paixão é longo o suficiente para cometermos coisas que podemos nos arrepender, tempo para que um casal se conheça, case e até tenha filhos.

Estudos demonstram que a paixão libera dopamina, ocitocina e feniletilamina. A dopamina é um neurotransmissor que estimula o sistema nervoso central. Como ela está asso
ciada a alguns comportamentos de dependência, como jogos, sexo, ao consumo de drogas, a sua liberação causa sensação de bem estar e de prazer; a ocitocina e a feniletilamina também estão ligados à sensação de prazer. Ou seja, a paixão libera substâncias em nosso cérebro que nos causam uma grande sensação de prazer. Se a liberação de uma das substâncias citadas são fonte de prazer, o conjunto delas, todos sabem que pode ser uma bomba, afinal, todos se apaixonaram em algum momento da vida.

Mas se a paixão termina, como saber quando começa o amor? Ou melhor, como transformar a paixão em amor? Essa é a arca do tesouro, talvez o segredo da felicidade, pelo menos da vida conjugal, claro. Parece ser algo natural transformar (ou não) a paixão em amor. É o que acontece, muitas paixões se transformam com o tempo em amor e tantas outras simplesmente esfriam.

Segundo o psicanalista Gabriel Rolón, existem 3 momentos para o amor maduro: a paixão, quando somos cegos o suficiente para não percebermos que a pessoa que está cono
sco não é perfeita. Nessa fase o ciúme é grande, porque ficamos inseguros ao pensarmos como uma pessoa tão perfeita pode gostar de nós? O segundo momento é quando a ficha cai. Percebemos que a pessoa nem é tão perfeita assim, ao contrário, é um poço de defeitos. É um momento de dor e desilusão. É o fim da paixão. E finalmente, no terceiro momento, do amor propriamente dito, o momento em que o outro não é nem tão idealizado e nem degradado. Percebemos as qualidades e os defeitos e podemos desfrutar das virtudes e aceitar as falhas.

É sem dúvida, um longo caminho a ser percorrido. Com certeza, não é fácil e nem existe uma fórmula mágica, mesmo que a mídia nos bombeie com essas (possíveis) fórmulas do amor. Se encontrar algo do tipo, desconfie, pode estar sendo enganado por um picareta.

Quanto aos questionamentos que fiz no início, ficam para reflexão. Cada um sabe a sua resposta. Ouça a tua voz interna. Não a do coração e nem só a da razão, porque a vida ficaria muito chata se fôssemos 100 racional e muito maluca se agíssemos movidos pela emoção. O equilíbrio entre essas duas forças é o que devemos ter. Algumas vezes agirmos com a emoção é muito positivo, assim como quando agimos de forma racional.

E como diz o poeta, seja eterno enquanto dure, ou lembrando que tudo que é para sempre, sempre acaba.

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