domingo, 31 de janeiro de 2010

O TUDO DO NADA E O NADA DO TUDO


Faltavam poucos minutos para o relógio dar as sete badaladas da manhã. Me vi naquele guri sentado no canto do sofá da sala, que me fez lembrar dos meus tempos de pré-adolescência, adolescência. O Guilherme tem 11 anos e provavelmente uma cabeça em polvorosa, cheio de dúvidas, meias certezas e tantas outras verdades próprias, que no futuro verá que nem seram tão verdades assim. Mais uma noite acordado. Assistia a qualquer coisa na televisão para ditrari e passar o tempo. Domingo. 31 de janeiro. Último dia do mês. Isso me fez lembrar que todo fim leva a um começo. A noite que se finda e dá início ao dia e vice versa, num ciclo de morte e vida frequente e rotineiro, o final de semana dando lugar a uma semana de trabalho e finalmente mais um final de semana... me veio a mente a morte, o fim de tudo. Será que tem um começo?

Domingo ensolarado. O Gui não dormiu a noite. Televisão ligada e os sonhos acesos; segredos que guarda para si só e seus fantasmas, talvez para uma amigo mais íntimo e com certeza, aqueles todos que pode contar, para o irmão mais velho, além de irmão, amigo e confessor (a recíproca é verdadeira nesse caso), para o bem e para o mal. Uma dor de garganta inesperada foi eleita a culpada pela noite em claro. Sentei pensativo no sofá ao lado, escutando seus comentários sobre o Chaves, que acabara de assistir e sobre a dor de garganta; notebook no colo, ainda com o filme da noite passada fresco na memória... no fome de ouvido uma seleção dos primeiros discos do Kid Abelha do final dos anos 80. Comecei a escrever o post sobre o filme e quando terminei o Gui dormia no sofá, ainda com os óculos no rosto.

Levei para o quarto dele. Fui correr no lago. Domingo ensolarado, como há tempos não vemos nesse janeiro de dois mil e dez. 6 km, 32 minutos: bom tempo, pensei.

Embora pareça, isso não é um diário. É apenas um post sobre o tudo e o nada. O tudo que muitas vezes significa nada e o nada, que forma o tudo. É como o ódio e o amor: um contempla o outro, um é formado pelo outro, não existe sem o outro.

O Zé Renato (http://salatiel-reuniaodepauta.blogspot.com/) meu melhor e mais antigo amigo, dos poucos que sobreviveram ao tempo e às mudanças da vida, me disse dias atrás, no google talk, que eu deveria escrever sobre um assunto especifico, escolher um tema e discorrer sobre o mesmo. Mas eu não funciono assim, como um especialista em um assunto, e sim como o inconsciente freudiano, tudo ao mesmo tempo, sem uma ordem cronológica. Quem não entendeu, pense na linguagem dos sonhos. Um turbilhão de idéias. Quem me conhece sabe do que estou falando. Muitos reclamam que não presto atenção. Às vezes, do nada, solto algo que não tem nada a ver com o assunto. Pensam que estou fugindo do assunto, mas estou pensando em muitas coisas. É ruim, pois muitas vezes não consigo prender a atenção ou me concentrar. Na aula de pós, por exemplo, minha atenção flutua por diversas vezes, até que algo me interessa e volto a atenção para a aula. Escrever sobre apenas um tema, seria como dilacerar, me cortar em tiras minha imaginação e criatividade.

Aqui tenho o prazer de escrever sobre o que der na telha, sem a pretensão de ser o dono da verdade ou de estar certo ou errado; como o texto que dá o nome ao blog, uma eterna busca insana para satisfazer todas as minhas pulsões, um recomeço a cada final de post. Insano, porque é impossível, porque a ausência de pulsões é a morte.

E assim finalizo o último post do mês, para um novo começo, tudo e nada, de novo, no recomeço diário da vida. Fim de janeiro e começo de fevereiro, a vida seguindo o seu rumo.


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