terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

TODOS OS NOSSOS CARNAVAIS


Lendo sobre o acidente que ocorreu no desfile das escolas de samba em Santos, no litoral paulista, lembrei de algumas coisas e preciso confessar algo: sim, já fui folião de carnaval, eu admito! E, ao contrário do que possam pensar, eu gosto de carnaval, ou melhor, eu gosto do carnaval. Parece heresia para um roqueiro convicto e conservador? Nem tanto, meus caros, nem tanto. 

Não é pelo samba enredo ou pela beleza que os desfiles de escola de samba proporcionam. A beleza da mesmice, pois para um ignorante do assunto, não consigo distinguir a Vila Isabel da Caprichosos de Pilares ou de qualquer outra escola de samba (escrevi os primeiros nomes de escola que me vieram à cabeça). 

Gosto do carnaval porque tem o feriado mais longo do ano, o que nos faz descansar um pouco antes de o ano realmente começar. Dá para ir muito ao cinema, ler alguma coisa interessante, escutar muito rock, coçar o saco, refletir sobre qualquer porra ou sobre nada, enfim, exercer o que Domenico De Masi chamou de Ócio Criativo. Não que se deva esperar passar o carnaval passar para começar a viver o ano novo; mas há um clima no ar, uma espera psicológica de festa, uma sensação gostosa de que algo bom ainda está por vir, não só árduos dias de trabalho até as próximas férias. Todo brasileiro espera o carnaval com essa ansiedade gostosa.

Em segundo lugar, o carnaval é uma importante fonte de renda do turismo nacional, divulga o Brasil lá fora e nos traz muitos dólares. E sem a poluição das fabricas, ao menos teoricamente. Portanto traz dinheiro e emprego para muitas pessoas.

Mas como confessei, já fui folião. Percorri alguns clubes de Santos na pré adolescência; havia um motivo básico para esse comportamento inadequado: ir atrás das menininhas. Ía nas matinês do Atlético no canal 3, um dos mais concorridos e tradicionais, o do Portuários, mas também frequentei o Drops e outros menos tradicionais; também ia na avenida da praia (tentar) assistir ao desfile. 

Os dos clubes da Ana Costa (não lembro o nome do maior deles) e da AABB ou os da ponta da praia, nunca fui, era reservado à burguesia.

Num desses anos, com a galera da rua São Paulo (Ronaldo, que é chefe de cozinha no Vegetarian Tali em São Paulo, João, Teixeira, Tingido, Baiano, Kawosh), eu e o Ronaldo nos separamos do pessoal e estávamos indo embora, alta madrugada e já de saco cheio de tanto samba, fomos abordados por dois transeuntes suspeitos que ao mesmo tempo, no meio da multidão, nos ameaçavam e sorriam ao mesmo, apertando nossas mãos, como disfarce, armados com facas escondidas, que nos mostravam a toda hora. Quem passava e olhava a cena, acharia que éramos todos amigos. Levaram alguns míseros trocados que tinha nos bolsos e só.

Depois desse episódio, devia contar com 14, 15 anos, jamais voltei a participar de algum carnaval. Mesmo que o pessoal da Rua São Paulo queria criar um bloco para participar do carnaval da Portuguesa Santista, os 'Lobos da Vila'. Percebi que a estratégia do carnaval não dava certo para pegar alguma guria (nunca tive sucesso em qualquer baile de carnaval) e que só o rock salva. Esse sim me trouxe 'dividendos', se é que vocês me entendem. No primeiro show que fui, no saudoso Caiçara Music Hall, de uma banda em início de carreira, Engenheiros do Hawai, eu com 15 anos, fiquei com uma guria que era fã do Carlos Maltz. Poisé como o primeiro disco do Bidê ou Balde: Se Sexo É o Que Importa, Só o Rock É Sobre Amor.

É isso! Feliz Ano Novo!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Opine, comente, reclame, grite! Aqui: