sábado, 16 de fevereiro de 2013

PUER EDUCATIONEQUE


Sempre acreditei que os filhos fossem criados de forma igual, filhos dos mesmos pais e no mesmo ambiente, e que por isso seriam iguais, não teriam como e nem poderiam ser diferentes. Como, se são filhos dos mesmos pais e são criados no mesmo ambiente? Tudo isso sem muita reflexão ou qualquer profundidade teórica. Essa idéia também nos é passada ao longo de nossa vida, por nossos pais e avôs. 

Ledo engano. Obviamente, sempre estive enganado com esse pensamento baseado no senso comum e fortemente enraizado por nossos ancestrais. Primeiro porque cada um absorve a experiência de forma diferente. Algo que pode ser bom para um, não necessariamente é bom para o outro. Isso serve para os pais também, que acham que porque algo foi bom em outros tempos, pode ser bom para todas as gerações, principalmente a de seus filhos. Ilusão e autoritarismo. Então as experiência são vivenciadas de forma diferente, a interpretação de cada um será diferente, porque cada um absorverá à luz da sua verdade.

Filosoficamente pensando, cada nova experiência nos transforma em outra pessoa; é claro que não precisamos ir tão a fundo e dizer que a cada dia que passa somos diferentes pelo que vivenciamos ao longo das 24 horas, mesmo nas horas de sono estamos vivendo novas experiências em nosso inconsciente que estão nos transformando. Não é exagero, é apenas analisar nosso micro dos micros, sendo minucioso. Mas nossa vida e a forma como estamos organizados como sociedade atualmente, não nos permite esse luxo. Não conseguimos nos desligar da matéria a ponto de chegarmos a esse nível de reflexão.

Como Freud, que observava os seus filhos e tudo ao seu redor, para desenvolver suas idéias, observando o Victor e o Gui, como são diferentes (e ao mesmo tempo tão iguais) e confabulando com a Juliana, percebi que eles não estavam no mesmo ambiente, que não foram criados pelos mesmos pais. Quando o Victor nasceu eu tinha 21 e a Juliana tinha 20 anos. Ambos ainda estudávamos. Passamos uma temporada em Santos, onde ele nasceu e passou os primeiros 3 meses de vida, quando então mudamos para Londrina. Mudamos algumas vezes de casa e tínhamos uma vida bem diferente de quando o Gui nasceu. Isso, por si só, já seria motivo suficiente para concluir o porquê de serem tão diferentes.

Mas tem mais. 

O primeiro filho sempre é uma cobaia humana. Além da imaturidade da vida, também tinha a imaturidade como pais. Aprendemos a ser pais com o Victor, apanhando dia após dia (às vezes acho que nunca aprendi a ser pai). E à luz dessa reflexão, percebo que ele foi criado de forma diferente. Tinha maior liberdade, teve que crescer mais rápido, antes do tempo, porque o Gui nasceu quando ele tinha 4 anos, teve que assumir responsabilidades que este não precisou, em idade talvez inapropriada.

O Gui, quando nasceu, eu já tinha 26 anos. Já tinha passado pela faculdade e com uma vivência maior não só da teoria, mas também da prática da vida. E isso fez eu ter outras escolhas com ele, diferentes das que tive com o Victor. O Victor eu brinquei mais, acredito que era mais guri mesmo, jogava bola, brincava de carrinho e tantas outras coisas que ele me 'obrigava' a fazer. O Gui, por exemplo, não tive tanta paciência para brincar. Tinha outro ritmo de vida que não me possibilitou essa vivência. 

Quando o Victor nasceu eu tinha uma ilusão diferente da vida, talvez ideologias mais enraizadas, ou era mais cabeça dura mesmo. Meus ideais eram mais sonhadores, as escolhas que fiz naquela época, talvez não tivesse feito quando o Gui nasceu. Embora eu saiba que o que me tornou quem sou, foram as escolhas (certas ou erradas) que fiz no meu passado. Os anos que se passaram até o Gui nascer me fizeram mudar ou ver com outra ótica a vida e minhas escolhas, valores, ideologias. 



Assim sendo, o Gui não nasceu diferente ou igual ao Victor, ou vice versa, mas tiveram experiências diferentes, com pais diferentes, embora fossem os mesmos, mas com valores e ideais diferentes. Isso nos tornou outras pessoas. Aos 30 somos bem diferente do que aos 20. Graças à Deus! Evoluímos (em algumas situações diria que involuimos). 

Escrevo isso sob o efeito do programa De Frente Com Gabi, com o pastor Silas Malaquias, cujo programa um dos temas mais falados foi o homossexualismo. Há hoje uma forte discussão entre a idéia de que a pessoa nasce homossexual ou desenvolve o homossexualismo ao longo da vida e a partir das suas experiências, vivências. Não acredito na primeira hipótese, de que a pessoa nasça homossexual. Acredito que a vida a leve a isso. Vivências e experiências é que definem a sexualidade do indivíduo. Acredito que o bebê humano nasça sem orientação sexual propriamente dita, mesmo porque nosso primeiro objeto de desejo é a mãe.


Sobre esse tema, sempre acreditei que a partir das experiências vividas durante a fase de desenvolvimento psíquico denominada por Freud de Fase Fálica, quando a criança percebe que tem (ou não) um órgão sexual  externo; como ela vivencia essa fase seria determinante para a sua sexualidade adulta, assim com o Complexo de Édipo é outro fator que determina o objeto de desejo do adulto e suas escolhas (sexuais no caso). 

Sobre a discussão ética profissional da psicologia e do psicólogo, de não tratar o homossexualismo como doença, vejo com ressalvas. Tudo depende de como o paciente apresentar o problema. Se ele estiver em busca da 'cura' é isso que deve ser trabalhado; se estiver em busca de se assumir, esse deverá ser o direcionamento das sessões; se, por fim, ele não quiser assumir uma possível homossexualidade, as sessões deverão tomar esse rumo. 

Antes que qualquer radical me xingue interpretando erroneamente que eu tenha um pensamento idiota de que o homossexualismo seja doença, pode tirar o cavalinho da chuva. E por outro lado, conservadores compulsivos se manifestem a favor de uma coisa que não disse, estão completamente enganados. Não acredito que o homossexualismo seja uma questão só de opção, embora também seja; e vejo a questão homossexual com normalidade, cada um sabe o que pode lhe trazer maior prazer e é isso o que importa, sempre respeitando o outro.

Sem aprofundamento teórico, sempre acreditei nisso. E também sempre acreditei que se nós todos nos preocupássemos mais conosco mesmo e deixasse a vida do outro de lado, talvez fôssemos mais felizes. O que o outro fez ou deixou de fazer, desde que não afete minha vida, é problema particular dele. Cada um faz da sua vida aquilo que achar melhor. E ninguém tem nada com isso. Intrometa-se menos com a vida do outro e viva a sua própria. Talvez o mundo se torne um lugar melhor para se viver.  

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