terça-feira, 1 de maio de 2012

QUARENTENÁRIO II


Ao completar 40 anos os momentos de reflexão são ainda maiores do que ao longo da vida. Penso que as certezas que eu tinha quando completei os 30 anos ou mesmo durante a década dos 30, ao chegar aos 40 não são as mesmas. Bah, dirá o menos avisado, como é que o cara muda de opinião só porque completou 40 anos? Sei lá, parece que as coisas mudam, a ótica da vida é outra, de um dia para outro, o que dirá quando se entra em uma década nova. Mesmo que isso ocorra em um intervalo de um anoitecer para um amanhecer. 

Completar 40 anos me fez passar um filme na cabeça, mas não como nas histórias de 'contos de fada' e sim a vida real, das coisas que fiz e que deixei de fazer. E aquela certeza de que tinha feito tudo da melhor forma e de que fiz a coisa certa e que faria tudo de novo, se esvai...

Sempre pensei que faria tudo de novo. Sim, porque acredito piamente que sou quem sou, que cheguei onde cheguei porque passei pelo que passei, porque fiz aquelas escolhas no passado, porque virei à direita e não à esquerda, que escolhi o cruzamento da esquerda e assim sucessivamente. 

"... você disse que detestava minhas roupas e meus discos
mas mesmo assim, eu estou quase certo
que eu faria tudo de novo..."

(sempre gostei muito desses versos da canção Linhas Cruzadas do Capital Inicial)

Mas nesse momento, é engraçado, porque acho que eu não faria tudo de novo... talvez, fizesse tudo diferente só para saber onde isso daria, só pelo prazer de tentar chegar a um lugar diferente.  Não que não esteja contente com o que me tornei; muito pelo contrário. Amo minha família, meus filhos são tudo na vida, morro e mato por eles, se for necessário... mas queria saber no que daria se em 1989, quando terminei de fazer o colegial eu tivesse me interessado em estudar Engenharia. Ou mesmo antes, se eu ao invés de estudar no Primo Ferreira, tivesse estudado no Escolástica Rosa ou mesmo no Senai e tivesse feito um curso técnico, como em algum momento da vida eu desejei. O que teria sido da minha vida? Estaria nesse momento escrevendo um post, vivendo em Londrina e trabalhando no Hospital do Câncer de Londrina? E os meus amigos, seriam os mesmos?

Tenho a crença de que as coisas não acontecem por acaso; gosto de brincar de tentar inventar um novo destino para minha vida. Se tivessemos insistido na idéia de montarmos uma banda e seguíssemos com a loucura, eu seria um velho rock star, hoje interessado em jazz e cansando do mainstream, escrevendo canções incompreensíveis para todos; se tivesse feito engenharia talvez fosse um cara rico e soberbo, mas com o rock nas veias; se tivesse escolhido outra carreira e ido morar em Sampa, como sempre desejei, talvez tivesse ido ao show do Morrissey, ido em algum show dos Ramones, numa das vindas ao Brasil, e até do retorno dos Pistols... 

No final das contas eu estaria aqui, em Londrina, escrevendo um post sobre os meus 40 anos, refletindo sobre o que seria da minha vida se eu tivesse escolhido Psicologia, com a Juliana na cozinha fazendo o almoço e me pedindo para ver uma receita de bolo, com os guris dormindo em seus quartos. E pensando se todos os caminhos levam para o mesmo lugar.

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