domingo, 13 de maio de 2012

DIA DAS MÃES

Hoje é  o dia das mães. Preciso ligar para a minha e dar os parabéns, falar sobre coisas sem sentido, dar umas boas risadas, lembrar de quando ela me protegia das coisas que vinham de fora, do trabalho que eu dei para ela quando era criança e depois na adolescência, pedir desculpas pelas vezes que a deixei esperando eu chegar de madrugada, preocupada com o que eu estaria fazendo e com quem eu andaria, nas situações perigosas que eu poderia estar me metendo. Saber dela como andam as coisas, dar um abraço mental nela, já que ela está há uns 600 km de mim. Pedir para ela ser mais assídua nas ligações e prometer eu ser mais assíduo ao telefone, ser um filho melhor, menos desnaturado, como ela mesma diz, dar mais notícias dos netos, de como a vida insiste em nos fazer sofrer e que só ela, com a imensa sabedoria de mãe pode e continua me protegendo.

Tenho algumas lembranças que gostaria de compartilhar com todos: no 1º dia de aula na 1ª série, quando chorei e não queria ficar na escola, me agarrei na sua saia e pedi para me levar de volta para casa. O Manuel, um português com quem estudei até à 4ª série sempre que me encontrava, mesmo depois de adulto, me lembrava desse caso; daí a professora (acho que era Débora, ou seria Elizabeth?) disse que contaria uma história e se eu não quisesse ficar tudo bem, só não ficaria sabendo da história; eu, curioso, decidi largar a saia da mãe e fiquei; cortei de vez naquela manhã ensolarada de Santos em 1979 o cordão umbilical. Dali para frente eu estaria só... na verdade não só, a mãe sempre esteve comigo; mesmo quando briguei com ela e fiquei alguns dias sem falar com ela, já na adolescência. 

Lembro do medo que tinha dela nos abandonar e nos deixar. Meu pai já não vivia conosco, então de repente me veio essa paranóia. Devia ter uns 7, 8 anos; foi cômico, um dia que fui atrás dela, toquei a campainha nas vizinhas e ela não estava na casa de ninguém; eu vivia atrás dela, com medo dela nos deixar; mas quando não a encotrei, cheguei em casa chorando e no meio do meu choro dizia: - A mãe fugiu de nós! Meus irmãos deram tanta risada que fui alvo de sarro por anos devido a esse episódio. Na verdade uma das amigas tinha mentido.

Por vezes tinha muita raiva, porque ela me fazia passar vergonha na frente dos meus amigos, dando broncas em mim na frente deles, quando não dava bronca nos meus amigos; quando me obrigava a devolver algum brinquedo que um amigo tinha me presenteado, sem o seu consentimento. Também deve ter ficado com raiva de muitas coisas que fiz...

Durante anos eu estudava de manhã e meus irmãos à tarde, então eu podia ter minha mãe exclusiva para eu, mesmo tendo mais 4 irmãos; isso gerava ciúme dos outros irmãos, diziam que eu era o preferido, que eu isso, que eu aquilo e que eu era mimado; essa cisma carrego até hoje. Às vezes ela me pedia para comprar doces na doceria Praiano, que ficava em frente ao 123 da Espírito Santo, prédio que eu morava. Me dava uma grana e lá ía eu, comprar doces para saborearmos juntos. Eu me sentia no céu. 

Certa vez, já morando no 144 da Júlio Conceição, chorei com ela com o incêndio no apartamento do Willian, um amigo dessa época, que tinha deixado uma vela acesa embaixo da cama; e tantas emoções que passei com a dona Sirley que não cabem aqui. Aliás, sentimento é impossível de expressar, a saudade que sinto dela me buscar na escola, dela chegar em casa do trabalho sempre com alguma coisa para comer, dela cuidar de mim com todo aquele amor que ela conseguiu dividir igualitariamente entre os cinco filhos que criou sozinha. 

Essa dona Sirley, vista como uma heroína por todos os filhos e pelos nossos amigos, que fez de seus filhos vitoriosos na vida, que fez com que todos a vissem como uma vitoriosa pela vitória dos filhos que criou sozinha, tendo abdicado da própria vida para a criar cinco filhos com sangue, suor e lágrimas, muito esforço, nos enchendo de orgulho.

Mãe, essa uma pequena homenagem, para uma mulher que é o meu maior exemplo de luta e força, de doação, de dedicação aos seus. Errou muito e acertou um tantão, mas que principalmente é uma fonte de inspiração para eu nos meus momentos mais difíceis. Por isso mãe, te amo, pela educação que tive de ti, pelos ensinamentos, pelo carater, enfim, por tudo.

E também extender essa homenagem à mãe dos meus guris, a Juliana, que me deu esses dois tesouros da minha vida, lindos, perfeitos, bagunceiros, chatos, encrenqueiros, amáveis!

Para finalizar, à todas as mães parabéns pela paciência de cada dia. 

FELIZ DIA DAS MÃES À TODAS AS MAMÃES!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Opine, comente, reclame, grite! Aqui: