sábado, 26 de maio de 2012

OS MENINOS DA RUA SÃO PAULO

 
Algumas coisas parecem acontecer quase sem querer; eu digo quase, porque eu não acredito em acaso e sei que tudo acontece por que tem que acontecer, não adianta fugir do destino. As pessoas me acham fatalista, me julgam por isso, sei lá, mas isso é mais do que religioso em mim, acho até que é o que há de mais religioso na minha pessoa. Do destino, da sina, não adianta fugir deles. Quando nascemos estamos programados a passar por tudo o que passamos e ponto final. E tenho dito!

Mas, dizia eu, esses dias um grande amigo retornou à minha vida. Quase sem querer. O cara 'tava sumido nesse mundão de Deus, perdido em um dos quatro cantos do mundo, sem termos notícias de onde e como estava, até mesmo se estava vivo ou sei lá o quê. Ele era o batera da Mayday, minha ex-banda dos anos 80. E como ele é negro e sempre fazíamos uma analogia ao Renato Rocha da Legião, comecei a achar que o destino dele teria sido o mesmo do ex-baixista da Legião Urbana. Ledo e doce engano. 

Alguns meses atrás, talvez 2, talvez mais, meu irmão Beto estava em algum cantão da maior cidade da América Latina, cantada de todas as formas, nos diversos estilos, em diversas canções, em versos e prosas, São Paulo, que amanhece trabalhando (cresci escutando isso, morava em Santos e meu tio Luiz morava em Sampa, cuja cidade visitei com muita frequência, principalmente quando comecei a namorar a Ana, que morava em São Paulo, no Morumbi) e foi cutucado por uma carinha negro que começou a tirar sarro dele, falar mal do GRÊMIO; vendo que a brincadeira descambaria para uma reação violenta do capitão caverna, do bicho do mato Beto, Ronaldo se apresentou:

- sou eu, o Ronaldo, não lembra de mim?

Somente então meu irmão mostrou um semblante mais tranquilo. Essa deve ser uma reação comum em São Paulo, pela desconfiança daqueles que os cercam na selva de pedra. Por aqui no interior, no norte do Paraná, as pessoas são mais amenas, talvez mais amigas ou mesmo menos desconfiadas, extressadas. Mas enfim, partiram para uma conversa tranquila e trocaram telefones e contatos.

O número do celular do Ronaldo veio parar dias depois do encontro relatado acima em minhas mãos por intermédio do Renato, outro dos meus 4 irmãos por parte de pai e mãe. O Renato há décadas joga futebol na praia do Gonzaga em Santos no mesmo local, com a mesma galera. Essa galera deve ter mais de 3 gerações nesse bate bola. Eu mesmo joguei com eles em meados dos anos 80, mas parei quando sai de Santos. Acho que nem sei mais jogar futebol de praia. Bem, o Ronaldo, que mora em Sampa, ligou para o Renato e combinou de passar no bate bola. O Renato chamou o Zé Renato, que era um dos guitarristas da Mayday e grande amigo de longa data, e mesmo tendo combinado acabou furando. O Renato me passou o telefone do Ronaldo, que foi ao encontro combinado e eu liguei para o fdp. 

Na primeira conversa, passamos horas a fio ao telefone. O papo fluiu com facilidade, muito e muito assunto para pôr em dia e não é que o fdp me instigou a escrever sobre a nossa adolescência lá na rua São Paulo, em Santos? Pois é, aquela galera maluca dos anos 80, que sentava em cima do muro da rua São Paulo esquina com a Joaquim Távora e ficava na 'nóia' por horas e horas e horas e finalmente mais algumas horas, ao longo dos dias da semana e dos sábados e domingos. Por anos...

Resolvi encarar o desafio. Na verdade só precisava de um assunto para voltar a escrever algo que prestasse... quer dizer, tentar... e o Ronaldo me deu o assunto. Acontece que coloquei minha cabeça e memória para funcionar e comecei a lembrar de algumas passagens muito engraçadas daquela época. O primeiro capitulo está em efervescência. Ja escrevi alguns bons pares de páginas. Comecei há alguns dias e vou enxertando informações. No final, o capitulo 1, que está por vir o seu fim, deve ficar extenso. Mais uma ou duas semanas, dezenas de mudanças, cortes, reflexões, releituras, acréscimos a cada passada a limpo e acho que termino.

E eu escrevi todo esse preâmbulo para dizer que o que aconteceu quase sem querer foi a MTV estar passando um especial da Legião Urbana, banda que todos amávamos naquela época. Eu deitei no quarto para tirar um cochilo e fui apagando ao som de Legião e acordei aos poucos ainda escutando Legião. E me senti em pleno anos 80, vivendo na memória aquelas histórias hilárias dos meninos da rua São Paulo. Devo ter retornado no tempo durante meu sono. Por algum tempo revivi adormecido a década de 80 do século passado. Bons sonhos, dos quais não lembro nenhum, mas acordei revigorado.

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