domingo, 15 de abril de 2012

QUARENTENÁRIO

No dia 29 de março exatamente às 15 horas completei 4 décadas de vida. Na adolescência achava que estaria velho com 30 anos. Se passaram 10 anos desde os 30 e me sinto bem; nesses quarenta anos de vida escutei muita música, obviamente. E cada música, quando escuto, lembro de uma parte da minha vida, de um momento específico. Poderia contar minha vida através da música. Por exemplo quando ainda em Porto Alegre escutava muito Beatles, em um toca fitas que nem caixinha de som tinha. Lembro do início dos anos 1980, ainda criança, quando a Blitz estourou com Você Não Soube Amar e escutava em todo canto, como uma febre.

Engraçado como o mundo foi se cafonando, mudando os valores e a música brega foi ganhando espaço. Se os anos 1980 foram os anos de ouro do rock brazuka, não se pode falar o mesmo das décadas posteriores, principalmente depois que a rede globo lançou em uma novela das oito (hoje das nove) a moda sertaneja. E daí, como tudo que aparece em novela, virou febre e desde então nunca mais fomos os mesmos. Foi o começo do fim do mundo e não estou me referindo ao festival punk que aconteceu em São Paulo alguns anos antes. Me refiro a breganização da música, das pessoas. Antigamente era vergonhoso o cara roqueiro dizer que escutava Roberto Carlos, por exemplo, ou que gostava de Wando e outros que agora não me recordo. Pois hoje em dia tem bandinha que até grava música com dupla sertaneja, numa promiscuidade sem fim, vergonhosa.

Os valores mudaram, ou melhor, hoje não existem valores. Tudo se mistura. O mesmo cara que vai numa balada alternativa pode ser encontrado no meio de um bailão sertanejo. A minha leitura dos fatos é de que o que importa hoje é ter grana, andar de carro do ano, de preferência um carrão e não importa o que o cara faça, basta ter uma carteira recheada e ninguém se importará com quem tu és, qual a tua essência, quais os teus gostos...

Feito esse parênteses, volto ao tema, das canções da minha vida. Sempre escutei música de qualidade e uma certa tarde meu irmão Rogério, nosso mentor musical, chegou com seu saco da Marinha do Brasil, recheado de discos. Um disco me chamou a atenção e coloquei na vitrola aquela música que mudaria a minha vida. O disco era a coletânea dos Smiths The World Won't Listen, algo como O Mundo Não Ouvirá. Sarcasmo morrisseyniano, claro, porque é uma das coletâneas de singles mais lindas que já existiram. Todo cara que se intitula alternativo já ouviu/ tem esse disco. E a primeira canção por qual me apaixonei foi a bela e alegrinha Ask. E, como falei, depois disso, me encontrei como roqueiro. Foi a banda de rock alternativo mais importante da década, mas para eu, a banda mais importante da minha vida, da minha formação musical.

Dito isso, o que eu queria exprimir, resumidamente, no meu quarentenário, que como já disse, começou no dia 29 de março, às 15 horas, era que muitas músicas representam o que sou. Mas existe uma canção que talvez seja a mais importante da minha vida, por mais que isso possa soar exagerado, mas é uma canção que fala da minha alma... porque existem tantas bandas que são afudê, poderia listar Os Cascavelletes, TNT, Replicantes, Beatles, Stones, Doors, Led, Pink Floyd, Sex Pistols, Joy Division, porra, poderia listar tantas outras e ainda assim ser injusto com muitas, muitas bandas, o punk americano, o punk inglês, o pós punk... mas não quero ser prolixo, quero ser objetivo e muito, muito resumido. E escolher a canção da minha vida. E a canção é claro, é dos Smiths, The Boy With The Torn In His Side, uma canção que fala sobre os amores que não são compreendidos, mesmo que Morrissey tenha feito uma poesia sobre o amor homossexual, ela cabe em qualquer amor. Como o meu com a Juliana, que era proibido naquele início dos anos 1990.

Os acordes dedilhados na Rickenbacker de Johnny Marr, o baixo marcante de Andy Rouke em sintonia com a bateria de Mike Joyce e claro, a poesia sensível de Morrissey, assim com a sua voz, são um delírio, parece um casamento perfeito.

Já postei anteriormente essa canção, mas nesse quarentenário novamente coloco aqui para nosso deleite. E para quem ainda não ouviu Smiths ainda, podem começar por essa maravilhosa coletânea, que demonstra tudo o que Morrissy, Marr, Rourke e Joyce têm de melhor.

Boa semana!


2 comentários:

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