sábado, 6 de outubro de 2012

JE NE SAIS PAS


Acompanhar a Juliana no salão de beleza se não é a melhor coisa do mundo (longe de ser) torna-se agradável pela preparação técnica e psiquica que faço antes de seguir essa empreitada. Hoje, por exemplo, peguei um cartão de memória, gravei tudo que eu tinha do Joy Division, deixando-a impaciente pelo adiantado da hora, coloquei na mochila "Era Meu Esse Rosto" da filósofa gaúcha Márcia Tiburi e, todos a postos, rumamos para o shopping Royal, no centro de Londrina, onde ficava nosso destino.

Movimento constante de mulheres em busca da beleza perfeita, indo e vindo, as poucas pessoas do sexo masculino que têm uma opção sexual diferente, enfim, gente correndo para lá e para cá, se esforçando para agradar os clientes, o vai e vem destes, um ambiente alegre de preparação para o sábado à noite. 

Fiquei sentado em uma poltrona muito confortável na recepção, aguaradando a Ju, fones de ouvido preparados, saquei o livro escolhido e os primeiros acordes de Atrocity Exhibition soaram nervosamente e familiarmente nos meus ouvidos.

Sentado confortavelmente lendo o livro, leitura monótona até esquentar (como na corrida, a leitura precisa de um aquecimento), música após música, de repente inicia Passover. Meus olhos e concentração continuam nas páginas do livro, mas meus pensamentoa aos poucos iniciam uma longa viagem sem volta, ora nos trechos que leio, ora em devaneios ensandecidos. 

"- O rock nos faz pensar e agir como adolescentes. É a volta do espirito rebelde, inconsequente e irresponsável da adolescência." - penso enquanto Passover segue seu ritmo compassado,quase monótono, mas vibrante (um paradoxo), numa atmosfera pesada, sombria. 

Eureka! É isso! O rock rejuvenesce a cada acorde. Os roqueiros não envelhecem por isso. A máxima de Pete Townshend e seu Who no clássico My Generation (espero morrer antes de ficar velho) é quase um mantra. É a síndrome roqueira do complexo de Peter Pan.

As canções do disco Closer vão passando, uma a uma; A Means To An End começa e vejo que Maçã da Volantes recebeu forte influência dessa canção; Ainda É Cedo da Legião também, ainda que tenha aquela guitarra The Edgeana.

Imagens passam pela minha cabeça. Joy Division tocando no salão, ao vivo, como seria isso? Enquanto o movimento frenético acontece, as mulheres se embelezam, a porrada sonora come solta. Esdrúxulo, pensamento insano, sem nexo... mas interessante. Rock and Roll! 

O disco não acabou de rolar. Mas a Ju vem em minha direção. Mais bela do que quando chegou. Hora de ir embora. Até a próxima semana, com outra trilha sonora e outros devaneios.

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