sábado, 10 de março de 2012

REMEMBRANÇAS DOS 40

Em 1984 eu estava na 4ª série e foi um ano diferente, cheio de coisas não habituais ou fora do comum. Primeiro que 1984 é uma obra clássica de George Orwel, onde ele mostra uma sociedade controladora e onipresente, fruto de sua imaginação de como os estados totalitários seriam décadas à frente. Foi daí que foi tirado o tema Big Brother, pois na concepção de Orwel o futuro seria um lugar onde todos os seus passos seriam controlados e seguidos pelo Grande Irmão. Hoje é quase assim, mais por nossa opção do que por controle do Estado, uma vez que nos expomos cada vez mais em redes sociais. Mas isso é um assunto para outro post, uma vez que pode ser aprofundado e melhor discutido.

Mas voltando ao ano de 1984 e deixando de lado o livro homônimo, estava na 4ª série e fui estudar no Cleóbulo Amazonas Duarte. Foi o único ano que não estudei no Dino Bueno, no meu 1º grau (o que hoje corresponde ao Ensino Fundamental); da 1ª até a 3ª série o Dino Bueno era uma Escola Estadual. Mas no final da 3ª série nos transferiram automaticamente para o Cleóbulo, pois diziam que o Dino fecharia. Porém, no ano seguinte o Dino reabriu como Escola Municipal. Não fiz pré escola, apenas o Jardim de Infância, ainda em Porto Alegre, cuja minha professora chamava Darci Veríssimo, parente do maior escritor brasileiro de todos os tempos, Érico Veríssimo.


A escola era o Grupo Escolar Ceará, que visitei recentemente na minha última passagem por Porto Alegre. Minha impressão infantil, de 6 anos de idade, é que tinha que atravessar a cidade para chegar em casa. Mas quando vi, ano passado, que bastava andar pouco menos de duas quadras, percebi o quanto vemos o mundo grande quando somos pequenos e que a medida que vamos crescendo ele parece diminuir. Lembro claramente de ter que atravessar a avenida Teresópolis, passar em frente de um supermercado (hoje o Supermercado Nacional), virar à direita e uma quadra à frente, quase de esquina, chegar em casa, no 1073 (líamos dez setenta e três) da Clemente Pinto. Ou seja, não mais do que 500 metros. Mas a impressão de um guri de 6 anos é bem diferente de um guri de (quase) 40. Ainda bem!


Ainda no Grupo Escolar Ceará, lembro de um guri muito amalucado, esses pestinhas da sala, que ninguém continha e todos temiam. E não é que eu sempre ficava esperando minha mãe buscar, ela sempre se atrasava e por coincidência ele também esperava a mãe, que também demorava para buscá-lo? E ficávamos sempre os dois sozinhos; eu morrendo de medo dele fazer alguma coisa contra eu, ele fazendo suas traquinagens, que nem sequer lembro quais eram.

Mas voltando à 4ª série lá fui eu para o Cleóbulo. Lá tinha uma amigo, Ricardo, cuja história já devo ter contato aqui no blog. Nós odiávamos um gato que ficava ronronando pelo pátio da escola. Isso nos incomodava. Bolamos inúmeros planos para maltratar o gato que tanto nos demandava aquele sentimento negativo. Até que um dia colocamos em prática um dos planos diabólicos: no final da aula fomos para o pátio, atraímos o gato e Ricardo o pegou pelo rabo e girou o corpo com os braços abertos e o gato seguro pelo rabo; depois de alguns giros soltou o gato, saiu como um louco. Os grunhidos do gato foram ouvidos na diretoria e fomos parar lá. Resultado: Ricardo suspensão e eu uma covardia e uma vergonha que carrego pela vida toda, pois deixei o Ricardo sozinho e fugi. Na época não sabia nem como encará-lo na sua volta às aulas, depois do castigo. Sentia que deveria ter sido punido também, mas me impus uma punição que me persegue pela vida. Mas pelo menos o gato sumiu, ao menos é que minha fraca memória me conta nesse momento.

Minha professora dessa época era um pessoa autoritária, antipática e muito braba; enfim, uma megera. E por isso aconteceu o que relatarei aqui, que é cômico e também faz parte das lembranças vergonhosas da minha vida... tínhamos voltado do recreio e eu estava apertado, não gostava de ir no banheiro para fazer cocô na escola. Uma que nunca tinha papel higiênico e outra que era muito sujo. Então resolvi segurar até chegar em casa. Entretanto, ao voltar para a sala de aula percebi que meu intento seria difícil, praticamente impossível. Fiquei relevando, relevando, segurando, com medo de pedir para a professora para ir ao banheiro e ouvir um sonoro não até que não aguentei e ... sim, resolvi que faria cocô nas calças (kkk). Que idéia idiota. O cheiro logo se espalhou pela sala e o mesmo Ricardo aí de cima me questionou se eu tinha pisado em cocô, porque o cheiro exalava. Lembro de ainda olhar na sola do sapato para mostrar que não havia pisado. Sorte minha que na sala de aula ficou por isso mesmo, sem mais desconfianças ou comentários. Acho que ninguém percebeu o trágico ocorrido.

No caminho da escola para casa, do canal 3 para o 2 (morava no 123 da Espírito Santo) - quem conhece Santos entenderá que era uma boa caminhada, sentia que o cocô ía descendo pelas pernas. Eu, na minha idiotice, ao invés de passar no banheiro no final da aula, para limpar, tirar o cocô, dar um jeito na merda (literalmente) que havia feito, tomei mais uma decisão desastrosa de me limpar em casa. Quando cheguei perto de casa, já todo cagado pelas pernas (kkkkk será que terei coragem de publicar essa porra?) encontrei uma guria amiga no caminho. E não é que a desgraçada resolveu puxar conversa? E eu lá, todo cagado. Foi umas das piores experiências da minha vida. Mas consegui superar. E hoje é motivo de risos e piadas em família. O Tety e o Gui vivem me zoando por causa disso.

No meio desse ano, por problemas financeiros e de estrutura, fui passar uma temporada na casa do tio Luiz, em São Paulo, na Fabiano Alves (não lembro o número) na Vila Prudente, perto da Mooca. Anos mais tarde fui saber que lá tinha a maior favela da cidade. Mas nunca vi nenhuma favela. Terminei a 4ª série no André Dreyfus. E no ano seguinte, na volta a Santos, voltei para o Dino, onde comecei o ginásio e fui até a 8ª série. Mas no meu histórico do 1º grau está todo no Dino Bueno. Depois fiz o segundo grau no Primo Ferreira. Mas isso é outra história e ficamos por aqui, com algumas remembranças desses 40 anos de vida, as 4 décadas da vida de um cara que ri das desgraças e sorri para as dificuldades.

Bem, só uma correção: na verdade o ano era de 1982. Mas resolvi deixar o erro do início, porque perderia todo o primeiro parágrafo e parte do segundo, uma vez que teria que suprimir o que escrevi sobre a obra prima de George Orwel.

Hasta lá vista, baby!

2 comentários:

  1. kkkkkkkkkkk, preto fedido, seu cagão.

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  2. A forma como tu narraste o "feito" com o gato, acho de uma falta de compaixão para com os animais, talvez fosse "divertido" enquanto criança, mas no contexto desta história, é de um puro sarcasmo. Não creio que este tipo de conduta deva ser elevada a um tom de divertimento, nem tão pouco achar isso 'normal' para a idade, enfim , maltratar animais hoje em dia, finalmente é crime. Não o julgo, mas, pense melhor antes de contar algo terrível, como rodar o pobre animal, imagine a dor que ele sentiu, não acho e nunca achei maltrar animais, 'divertido". de qualquer forma, na época do Ceará, houve muitos bons educadores, Professor Nelson( história),profa. Marlene(matemática), profa. Vera(Artes), profa. Helena(ciências biológicas)... tenho boas lembranças desta escola. Fim das carroças, fim da vivissecação, fim das gaiolas, dado o recado!

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