segunda-feira, 5 de março de 2012

PAIS E FILHOS

Pais e Filhos é uma canção da Legião Urbana do disco As Quatro Estações, o quarto disco da banda. Engraçado que eu nunca curti muito a canção, mas depois que o Tety nasceu que eu me dei conta de que eu não era mais apenas um cara que ralava na vida em busca de dias melhores e sim alguém que precisava cuidar e criar um serzinho que eu via no berço nanando e por vezes com o cabelinho (loirinho, loirinho) suadinho e o rosto avermelhado por alguma bagunça que fazíamos pela casa. Lembro de algumas passagens nos primeiros anos de vida do Tety, como em jogos do GRÊMIO na casa lá da Paranaguá 2233. Nós delirávamos, aquele GRÊMIO da década de 90, com Jardel, Paulo Nunes, Dinho, Arce, Rivarola, Danrlei e principalmente Felipão, era demais; também brincávamos de carrinho, pelo chão da sala, eu de um lado, ele de outro, empurrando os carrinhos para se baterem de frente. Eu fazia fricção e ele idem, mas eu costumava abrir as portas e o Tety ficava muito doido, reclamava e chegava até a chorar por vezes, tendo como pano de fundo a Juliana na cozinha, fazendo alguma coisa gostosa para comermos; e de lá vinham os gritos para que eu parasse de provocar o menino: - não deixa o menino nervoso! E lá mandava eu o meu carrinho com as portas abertas - opa, esqueci, bah, que mancada! O Tety - póta abéta não! PÓTA ABÉTA NAAAAAAAAAOOOOOO! Eu achava tão bonitinho ele falar assim que fazia de propósito só para ouvir a pronúncia dele, tão bonitinha. E também eu gostava de zoar com ele.


Então ele cresceu mais um pouquinho e com uns 3 anos começou a escutar Legião. E a música que ele mais gostava era Pais e Filhos. E eu passei então a gostar também. Porque éramos nós dois, pai e filho. E nossa relação sempre foi maravilhosa. Ele com aquela roupinha do GRÊMIO que o tio Fábio fazia questão de presenteá-lo todos os anos, oficial, o conjuntinho inteiro, camisa, shorts, meião; e o Tety com o cabelinho loirinho, loirinho, rosto branquinho avermelhado por correr atrás da bola dentro de casa. Lembro que sempre pensava que quando criança a D. Sirley não nos deixava jogar bola dentro de casa. O tio Fábio sempre fazia esse comentário. Daí o Tety fez 3 anos. E eu queria que ele deixasse de chupar chupeta. Então compramos uma bola do GRÊMIO, número 3, e quando dei o presente disse: - Agora que tens 3 anos, ganhou uma bola do GRÊMIO, então não precisa mais chupar chupeta, já está ficando grande. Ele me deu a chupeta e nunca mais pediu. Esse guri sempre foi demais!

E como ele era lindo. Como ele é lindo! Mas quando bebê, era o verdadeiro bebê Johnson. Cabelinho loirinho, loirinho, pele clarinha, branquinha, olhos de um azul da cor do céu... e todos ficavam encantados e nós dois, eu e a Juliana, pais corujas, ficávamos extremamente envaidecidos; e tio Fábio também; o tio Renato idem; a vovó Sirley então... e além de lindo, sempre foi muito inteligente. Era como queríamos nosso bebê: lindo como a mãe e inteligente como o pai. E Deus nos presenteou com um filho exatamente como desejamos.

Por isso e por muito mais, passei a gostar de Pais e Filhos. Foi a partir da minha experiência como pai, em 1993, com 21 anos, ainda em Santos, na Primavera santista... novembro. 3 de novembro. Eu não queria saber o sexo do bebê; a Juliana também não queria; somente quando internou para ele nascer que o médico falou o sexo. E então soubemos que o Victor Hugo nasceria dali a algumas horas. Estávamos em dúvida se seria a Paula Beatriz ou o Victor Hugo. Paula Beatriz seria a junção de dois nomes que adoro, além de ser uma homenagem à avó paterna (Sirley Beatriz, a Alves como o Flamarion - o avô paterno a chama), que a vida inteira desejou ter uma filha e não teve; e desejou (continua desejando) ter uma neta, mas não teve (ainda! Mas não será minha); acho que não terá! São 5 filhos e 5 netos, todos machos; Victor Hugo homenagem ao autor de Os Miseráveis. Paula Beatriz é o nome para a filha que sempre quis ter, desde os 10 anos tinha esse nome em mente. Mas o primeiro filho eu queria que fosse o Victor Hugo. E foi o primeiro neto da Alves.


Ser pai foi uma das emoções mais maravilhosas que tive. Indecritível! Em 2010, conversando com meu tio Luiz, que foi dessa para melhor no final do ano passado, disse que faltava eu escrever um livro para completar minha vida; conversávamos sobre a experiência maravilhosa e única da paternidade. Algumas pessoas passarão por essa vida sem essa experiência. É como passar em branco.

Nesses 40 anos de vida, tem várias experiências e histórias para serem contadas. Vou tentar colocar algumas das mais interessantes ao longo desse mês. E no dia 29, quem sabe, um texto para fechar com chave de ouro. Abaixo a versão de Pais e Filhos que mais gosto, está no disco póstumo da banda: As Quatro Estações Ao Vivo. Eu tinha essa versão gravada de uma rádio de Tupã - SP, que gravei em uma fita quando morava em Assis, no início dos anos 90. E era uma versão toda cheia de chiados, uma vez que escutar uma rádio de outra cidade sempre dava esses problemas.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Opine, comente, reclame, grite! Aqui: