sábado, 20 de dezembro de 2014

AS CANÇÕES DA MINHA VIDA - IRA! - TOLICES

Nos idos de 1986, meu irmão Rogério chega de viagem, uns dias de descanso da Marinha, para passar uns dias em casa. Na mala, na verdade era um saco azul que os marinheiros carregavam, que não lembro como chamavam, um punhado de roupas e principalmente discos e livros. Uma caralhada de discos! De todos os gostos, mas todos eram rock and roll, of course. Um deles era o The World Wont Listen, dos Smiths; outro era Quadro Vivo, do Kiko Zambianchi, com aquela capa inspiradora; e entre tantos, um deles que me chamou muito a atenção: Mudança de Comportamento, do Ira! 

Já conhecia a banda pelo Vivendo e Não Aprendendo, que era maravilhoso. Naquela época estava começando a ser contaminado pelo vírus do Punk Rock, mas ainda não estava completamente cego pelo vírus. Então me permitia escutar outras coisas que não a ditadura ideológica do punk. Foi assim que me apaixonei por Smiths. Foi assim que me apaixonei pelo Ira!

Nesse disco tem a canção mais famosa da banda, Núcleo Base, um hino ao jovem que não queria servir às forças armadas, esse o pavor de 10 entre 10 adolescentes dos anos da ditadura militar; além de Núcleo Base, mais algumas canções que fizeram (e fazem) a cabeça de muita gente. Uma fábrica de canções boas, que me fizeram por muito tempo eleger esse como o melhor disco de rock nacional. E quando falo em rock nacional estou apenas falando do mainstream, não estou falando da amplidão que significa esse rótulo, do que não tocava nas rádios e que pouco aparecia na mídia. E também é necessário entender que estávamos nos anos 1980, não tinha a facilidade de encontrar tudo na internet, estávamos em uma província que era Santos e não chegava tudo às nossas mãos, como as bandas undergrounds de São Paulo, de Porto Alegre e de todo o Brasil. Eram dias limitados... limitadíssimos eu diria.

Hoje eu classifico esse disco como um dos melhores discos de todos os tempos do rock nacional, talvez no top 10; em se tratando do rock dos anos 1980, o melhor.

Nesse disco tem uma bela canção, que pelo lembro, ficou esquecida pelas rádios (ao menos as comerciais), apesar do apelo pop da mesma e que a própria banda ignorava em seus shows, talvez por ser uma daquelas baladas arrasadoras, esquecida pela mídia em geral. mas que não passou desapercebida por um adolescente romântico, cheio de espinhas e sonhos.

A letra parecia resumir tudo o que eu vivia/ sentia. As tolices que eu pensava na vida, as tolices que eu sonhava com alguém que nem conhecia. Andava pelas ruas sonhando acordado com alguma guria que me tiraria daquela solidão que parecia sem fim, Ela simplesmente sintetizava a minha existência:

"... um olá talvez, mas pra mim de nada vale,
isso estragaria o meu faz de conta..."

Sim, essa canção é Tolices. Se a memória não me trai (e como tem me traído ao longo da vida) é a primeira canção que posto nesse quadro sobre as canções da minha vida. Fiquei em dúvida entre Tolices e Núcleo Base, esta uma canção bem mais conhecida e obrigatória em qualquer show do Ira!, do Nazi ou do Scandurra. Mas pelo que representa para a minha vida, fiquei com a primeira. 

Curtam! E como dizia os discos que comprava naqueles anos, Ouça no volume máximo. É uma boa maneira de sentir a essência da canção, de sentir a alma.


Tolices - Ira!

São tolices
Que penso sobre você
Você não pensa em mim
Por que andamos na mesma rua?
Vivo sonhando
Imaginando você
Imagino pegadas
E as vou seguindo

É tolice eu sei
Você não sente os meus passos
Mas eu imagino
Mas eu imagino

São tolices
O que penso sobre você
Você não pensa em mim
Por que andamos na mesma rua?
Vivo sonhando
Imaginando você
Imagino pegadas
E as vou seguindo

Um olá talvez
Mas para mim de nada vale
Isso estragaria
O meu "faz de conta"

É tolice eu sei
Você não sente os meus passos
Mas eu imagino
Mas eu imagino

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