domingo, 11 de novembro de 2012

QUARENTENÁRIO VI

Mais uma da dupla Johnny/ Márcio, uma espécie de Lennon/ McCartney, Morrissey/ Marr que acabou não sendo tão produtiva, apesar de toda a capacidade dos dois. Assim como o Mayday, também tivemos nossos sonhos artísticos abortados cedo pela realidade da vida. Mas tínhamos tudo para reviver uma dessas duplas clássicas que trouxeram tantas pérolas para a música mundial.

O ano era de 1987. Naquela época buscávamos todos por uma liberdade que nunca viria, uma liberdade utópica que todo adolescente acredita que possamos ter, mas que a dura realidade da vida adulta demonstra que isso não passa de sonho da idade e da própria imaturidade. Então queríamos ler o que dava na telha, assistir o que tínhamos vontade, fazer o que nossos desejos pulsavam e odíavamos ter que ler algo por obrigação. E numa dessas obrigações da vida acadêmica o Zé Renato (Johnny Alienado) foi obrigado a ler Lucíola, obra de José de Alencar e, claro, ficou revoltado, mas acabou lendo.

Não sei qual era a fase de leituras do Zé Renato. Eu estava numa fase muito romance policial, Agatha Christie e John Le Carré eram os meus prediletos. Havia passado pela fase bolsilivro das histórias do Mac Bolan e da deliciosa Brigite Montifort e da coleção ZZ7. Também já tinha passado pelos Westerns. Mas a minha 'idade avançada' indicava que essas leituras juvenis deveriam ficar para trás, precisava ler algo mais 'adulto', compatível com meus 15 anos.

Naquela época tudo virava motivo para aguçar nossa criatividade artística; uma das primeiras canções que escrevi, com uns 12 anos, foi Alessandra, nome de uma guria por quem me apaixonara; Andre Doria, canção do disco Dois, da Legião Urbana, era uma personagem de um livro que escrevi em 1986 (e não conclui). E Lucíola, como não poderia deixar de ser, virou uma letra revoltada de Johnny Alienado, que musiquei logo que ele me mostrou e se transformou em uma bela canção do Mayday. Dias atrás recitei a letra para o Victor e para o Gui. O primeiro disse que lembrava Jupiter Maçã, Cascavelletes; não sei descrever o que esse comentário fez sentir. Ser comparado com o Man é algo impensado e impossível de ser descrito. 

Abaixo a poesia de Johnny Alienado:

Lucíola

Lucíola era uma puta
Gostosa prá caralho,
se prostituia, pra comprar cocaína

Ela não prestava, 
ela não valia nada, 
mas fazia a alegria da molecada

Lucíola lá lá lá
Luciola lá lá lá
Lucíola lá lá lá lá lá 


Um comentário:

  1. Massa! Não sabia destas tuas virtudes artísticas!!!
    Tivesse estourado, "Luciola" seria um clássico do Punk nacional!!!

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