sábado, 24 de setembro de 2011

LUIZ ALBERTO SILVEIRA


Ontem meu tio morreu. Bem, na realidade não foi ontem, foi na segunda feira dia 12 de setembro. Mas quando comecei a escrever mentalmente esse post, estupefato no caminho de da Uel para casa, no dia que soube de sua morte, na gélida (é um adjetivo que combina muito com a morte) terça feira dia 13, depois de sair da aula, quando encontrei meu irmão, Fábio. Foi um grande choque, porque eu nem sabia que ele estava doente, fiquei sabendo de todo o seu calvário até a morte, da depressão, da pneumonia, da pouca luta que demandou para se salvar, da entrega que teve nesse finalzinho de vida à morte.

Internado desde o dia 30 de agosto, devido a uma pneumonia, ele foi transferido para o Hospital Universitário de Florianópolis, onde ficou sedado todos esses dias, inconsciente. A tia Noemi e o Guga (meu primo) indo todos os dias visitá-lo, pegando 70 km de estrada diariamente, para ver como a quantas o tio ía.

Tio Luiz, irmão do Flamarion, meu pai, foi o que mais perto chegou de pai em mim. Convivi muito com ele na década de 80, quando ele morava na Fabiano Alves, na Vila Prudente em São Paulo. A partir de 1991, quando fui para Assis estudar Psicologia, criamos um hiato de quase 20 anos sem nos vermos, com contato apenas através do telefone ou pela internet. Era um cara duro e rígido com os filhos, mas sempre foi uma excelente pessoa, alegre, brincalhona, de quem estes se orgulham. Um cara inteligente e sempre de bem com a vida, um sábio, como muitas histórias para contar. Essa dele ter desisitido da vida me pegou de surpresa. Por dois motivos: um porque na minha mente guardo a imagem de um cara que sempre me encontrava proferindo o bordão "eu quero ouvir, eu quero ouvir, eu quero ouvir" de 1979, que, ao escutar o relato de minha mãe relatando como contou a história do relacionamento dela com meu pai a um vizinho nosso; eu, que já ouvira a história, queria ouvir o relato de algo que para eu, com meus 7 anos, não acreditava na veracidade. Curioso e incrédulo, precisava ouvir novamente, mas eles me tiraram a força da sala... foi quando repeti seguidas vezes, contrariado o "eu quero ouvir!"; segundo porque a impressão que tive na última vez que o encontrei na páscoa de 2010, quando o visitei em Porto Belo SC, não era de uma pessoa cansada da vida, muito pelo contrário, mas de um cara forte e saudável no alto dos seus 73 anos. O Tety e o Gui, que não o conheceram pessoalmente nesta oportunidade, adoraram o tio avô.


No verão de 2011 fomos para as paradisíacas praias de SC e infelizmente não conseguimos passar na casa dele, o que estamos programando para o próximo verão, mas não o encontraremos em matéria e sim em espírito.

No primeiro post que escrevi desse blog, o entrance foi um post em que o citei, sobre as mudanças que fiz ao longo da vida e que ele conseguiu esclarecer um pouco sobre esse ímpeto nosso, dos Silveiras, de mudar tanto (é uma constante entre todos, desde o velho Laudelino, meu avô, passando pelos filhos, netos e bisnetos).

Fiquei baqueado a semana inteira. Sonhei com ele na noite que soube de sua morte. Acho que ele veio me visitar e se despedir de vez; sei que isso é delírio, mas é uma forma de amenizar a dor da perda e conforta pra caramba acreditar nisso. Também foi o mais perto que cheguei da morte, um ente querido meu. Anteriormente só tinha vivido a morte, experienciado-a morte, através de familiares da Juliana. Agora foi a minha vez. A sensação de que nunca mais o verei ou conversarei com ele é desoladora.

Esse clichê de que ele não morreu, vive na nossa lembrança, nos dias que convivemos, nas sábias palavras que nos proferia, nos ensinamentos nos faz ter forças para continuar seguindo o caminho da vida, é mais um artifício utilizado para confortar...

Nunca mais vou ouvir "eu quero ouvir, eu quero ouvir, eu quero ouvir".

Não chorei! Não externamente. Mas minha alma se derreteu em prantos. No sonho que citei acima, chorei copiosamente. Nosso último encontro antes de sua partida definitiva. O céu fica mais alegre e inteligente com a sua chegada.

P.S.: na foto com o velho Laudelino, ele é o primeiro da esquerda e meu pai, o Laudelino Flamarion, é o guri menor.

3 comentários:

  1. Oi, Marcio, é o maninho, teu primo, lembras? estou de visita à Silvinha,tua prima,Lembras? Irmã
    do Rogerio teu outro primo,lembras?Foi muito legal e emocionante de tua parte escrever e guardar na memoria tamanha admiração por uma pessoa tão marcante e importante nas nossas vidas,sem duvidas ele está se regosijando no local que quer esteja.Abraços pra tí e a tua linda familia que constituiste,Saude e Alegri a todos.Maninho!

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  2. Oi Mano, como vão as coisas? Claro que lembro de ti, imagina só... ainda ontem estava comentando de ti com a Juliana... veja só, estava chegando em casa e ela me perguntou quem era mesmo o carinha que nos levava para passear de carro nos anos 80. Lembrei que era o 'Amauli', como o Koti dizia, rsrrs. Daí falei de ti, que o Amauri era teu amigo e que tu gostavas de uma guria e nem tinha prestado atenção em outra, que gostava de ti e tu nem sabias... daí quando descobriu, casou com ela, rsrsrs. Acho que isso não é delírio da minha cabeça, é? Muito bom receber notícias tuas. O tio Luiz é um cara ímpar, quem conviveu com ele jamais o esquecerá. Grande abraço, mande notícias. Meu e-mail é marcio2903@gmail.com

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    1. Oi Primo aquele gurizinho que dizia isso cresceu, e fiquei muito emocionado ao ler suas palavras, realmente quem conheceu meu pai teve a oportunidade de estar presente de uma grande pessoa. mas hoje to trabalhando na marinha mercante e estou em a 200 milhas da costa do Rio de Janeiro nesse momento, meu email é kotyback@hotmail.com. Abraços, e manda lembranças minhas pra sua família que é linda. Fica com Deus!

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