sábado, 11 de abril de 2015

DE PROFUNDIS - REFLEXÕES SOBRE O CAOS


“Às vezes acho que te amo, às vezes acho que é só sexo...”

Pensamentos contraditórios, confusão mental, frases confusas, soltas no ar, ao próprio gosto ou desgosto, sem sentido...

“Às vezes nada parece ter sentido,
Escuto choro aos cantos,
Me sinto perdido...”

Perdido ao leu, tudo confuso e sem sentido. Confusão mental. Palavras soltas no ar, pensamentos contraditórios e palavras sem sentido.

 “Às vezes acho que te amo, às vezes acho que é só sexo...”

Os dias estão cada vez mais loucos e contraditórios. A temperatura oscila entre 17º no inicio da manhã e 30º durante o dia e volta a baixar no final da noite. Vento e frio. Calor e sol. Tudo no mesmo dia. Caótico, contraditório, confuso. Confusão na natureza. Apenas característica da estação e da época do ano.

Frases perdidas, soltas no ar, desconexas. Não é assim no inconsciente? Tudo ao mesmo tempo e aparentemente sem uma lógica? Mas juntando os ‘cacos’ o caótico se torna bem compreensível e com bastante sentido.

A loucura não seria apenas a desordem do caos que saiu do controle? Dejours, quando estudou a organização do trabalho achava que encontraria um monte de malucos babando e rasgando notas de R$ 100,00. Reais não, Euros! Ou a moeda da França naquela época. Qual a moeda da França? Mas enfim, ele se assustou ao se deparar com trabalhadores aparentemente normais, em situação de penúria psíquica. Não seria esse o ‘normal’, ou seja, o louco, o desajustado social que deveria ser considerado dentro da normalidade? Sim, porque nessa sociedade sem valores, ou melhor, com valores monetários, em que as pessoas quase vendem a própria mãe, o normal seria surto psicológico ou psiquiátrico coletivo?

Mas pensemos e reflitamos um pouco: não estamos vivendo esse surto psicológico coletivo? As pessoas não estão saindo e matando sem nenhum motivo? Não vemos nas manchetes de jornal quase que diariamente pessoas matando a seus pares sem aparente motivo, por causas banais? Banalizando a violência?

“Às vezes, nada parece ter sentido
Escuto gritos, me sinto perdido
E vejo as pessoas perdidas, sofridas, sentidas...”

Palavras ao vento... frases soltas no ar... o caos!

Será que algum dia as coisas não serão mais tão confusas? Por que não posso ter o que quero ter? Por que não posso ter tudo ao mesmo tempo? Por que tem que ser assim? Toda essa confusão mental, todas essas dúvidas sobre tudo, sobretudo essas dúvidas.

“Às vezes acho que te amo, às vezes acho que é só sexo...
Violência e paixão!”

Palavras contraditórias, sentimentos contraditórios. Contraditorios? O caos. Continuidade. Uma coisa é uma coisa... e a outra coisa? Pode ser a mesma coisa, depende do ponto de vista. Depende?

“Você não tem forças para fugir da minha loucura!”

Ninguém parecer ter mais forças para fugir da loucura do mundo. As pessoas do bem são as pessoas mais filhas da puta que existem. Só o fato de se rotularem do bem já significa que não são porra nenhuma. Contradições. Ações contraditórias. Idéias contraditórias. Querer ser alguém sem o ser ou pregar uma coisa e fazer exatamente o contrario não seria uma característica dessa loucura social, uma conseqüência da doença social instaurada na pós modernidade? O que não é a pós modernidade senão essa contradição de idéias, sentimentos, valores? Essa loucura social?

Por que não posso ter o que eu quero ter?

“... eu quero quem eu não posso ter
E isso esta me deixando louco,
Está estampado na minha cara!”

A ordem do caos. Estampada na minha cara. E lanço defesas para manter a minha sanidade ou a minha loucura controlada. Piro a cada dia mais, mas meu remédio de tarja preta mantém meu equilíbrio. Que remédio? Lembro que não tomo remédios. Sou completamente contra as drogas, esse câncer social. Não! Não, não, não! O câncer social é a exigência de ser feliz completamente, 100%. A completude da vida. Viver uma vida procurando algo que te complete. Te vendem a idéia de que ter isso ou aquilo te trará a felicidade completa, te encherá todos os vazios da tua vida. Podem encher os vazios de qualquer vida consumista. Preenchem a alma? Oh meu Deus, não, isso podem prometer que não cumprirão.

Mas não

“... é assim que eles fazem e fazem muito bem?
Estranha coisa pra se dizer antes de
Vender mais mercadoria...”

A droga promete isso. Felicidade completa. O tempo todo. Mentira! Mentem um pouco... o tempo todo. A droga e a fuga da vida e não traz felicidade. Sensação de bem estar pode ser, mas felicidade? Quem é feliz em viver aprisionado num mundo que poderia ter o livre arbítrio?

“Mentir um pouco, o tempo todo...”

Idéias desencontradas, contraditórias. Sentimentos perdidos, sentimentos confusos. E o sono pesando nas pálbebras. O sono  rondando e embaçando a vista já cansada pelos dias, pela semana, meses e principalmente pelos anos a fio. A vista cansada, o corpo padecendo os excessos da vida, o presente cobrando o passado de excessos.

“Ofegando, morrendo, mas de alguma forma ainda vivo
Essa é a última resistência de tudo o que sou
Por favor, lembre-se de mim...”

Existe alguma ordem no caos? Não acredito. E na rotina? Na fuga da rotina? A fuga da rotina não seria uma rotina? O caos organizado. O caos instituído. O caos... nada mais caótico que o caos. Caos regrado e constante. O caos pode ser rotina. E se é rotina, existe uma constância e essa constância gera alguma ordem. Na estatística tudo e uma constante. E na ciência, que não explica muita coisa a não ser uma constância. Testes psicológicos são baseados em estatísticas e na constância de pessoas que respondem de determinada maneira e têm a tendência a terem um determinado comportamento. Ora, se a subjetividade pode ser matemática, então o que não será controlado por uma variável?

Aprendi que na vida tudo está relacionado a uma variável e a uma constância. A matemática da subjetividade e dos comportamentos. A matemática dos sentimentos. A ordem no caos. Como pode ser isso?

Freud explica. O caótico coelho caolho. A questão está posta na mesa. Desligue a TV, desligue o PC, se afaste do celular, do whatsapp e viva intensamente. Sonhe e realize o que seu desejo lhe permitir. Viva o caos dos sentimentos perdidos pelo tempo porque esse e implacável, curto e não volta jamais.

“Às vezes, nada parece ter sentido
Escuto gritos, me sinto perdido
E vejo as pessoas perdidas, sofridas, sentidas

Quando a vida se torna algo previsível
Onde fica a sensibilidade? Como posso ser sensível
Se sou tratado como mais um numero?
Sem sentido, perdido

Escuto choro aos cantos, sofrido
Gemidos sofridos, repetidos
Ordem no caos que se torna constante
Caos constante, ordem deprimente, sorrisos escassos

Abraços escassos, sorrisos escassos
Passos silenciosos ao longo
O silêncio dos gritos sofridos
O silêncio do caos instituído

Às vezes nada parece ter sentido,
Escuto choro aos cantos,
Me sinto perdido, sofrido, traído.”


Eu quero ter aquilo que eu não posso ter. 

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