domingo, 23 de fevereiro de 2014

QUARENTENÁRIO - PAUSA PARA ESCLARECIMENTO E OTRAS COSITAS MAIS


Engraçado o destino. O Gui diria que não é engraçado, porque não nos faz dar risada, “o que é engraçado, qual a graça?” – diria. Mas o destino é engraçado; engraçado no sentido de que as coisas acontecem sem querer, ou quase sem querer,

“... tenho andado distraído, impaciente e indeciso...”

sem estarem estabelecidas. Ao menos aparentemente. Não adianta querer planejar algo se o destino não se interessar pelo plano. E o acaso junta as coisas que não esperamos e quando menos esperamos.

Destino e acaso unidos para dar sentido à vida, mesmo que não tenha nenhum sentido aparente ou não faça sentido para nossa razão, nosso lado racional. Quando estava no Segundo Grau, hoje Ensino Médio, tinha aula de Física com a Mércia, uma professora magra, alta, com uma voz levemente esganiçada (dá para ser esganiçada em tom leve? Sempre me perguntei isso quando tentava descrever as características de sua voz.) pouco atraente, mas bonita, dizia que podia não existir um Deus, mas que alguma energia, alguma matéria com uma fonte de energia existia, uma energia superior que influenciava no destino, em nossas vidas. E que essa energia ela chamava de Deus. Os poucos ateus da sala deveriam pestanejar; eu guardei essas palavras, essa idéia para o resto dos meus dias, ao menos até aqui.

O fato é que comecei a ler a biografia do Nasi, que comprei ontem. A Ira de Nasi. A vida do Nasi, que conheci pessoalmente meses atrás, no embarque de Congonhas para Londrina, voltando de Santos, quando trocamos olhares e como dois velhos conhecidos que não se encontram há tempos, apertamos as mãos e trocamos saudações. Um cara simples, extremamente simpático e carismático. Isso foi o que senti. Fiquei em êxtase, queria abraçá-lo, conversar, tirar foto, dizer o quanto ele e sua banda foram importantes na minha vida e tal, enfim, tietar idiotamente; coração taquicárdio, adrenalina, suor e cerotonina pelo corpo. Estupefato e paralisado pela emoção grande, acabei não fazendo nada, apenas mandando uma mensagem para meus contatos sobre o ocorrido e o seguindo com os olhos, torcendo para que viesse para Londrina. Mensagem esta enviada, cheio de orgulho e tentando fazer meus amigos morrerem de inveja do ocorrido.

Mas, dizia, a vida de Nasi se confunde com a do Ira! e com a de seus companheiros de banda, como Edgard Scandurra. Ler a biografia de Marcos Valadão, o Nasi, que recebeu esse apelido na escola, segundo grau, por ser bom de briga e entrar em confusões, inicialmente apelidado de Nazista e logo depois sendo abreviado, tendo mudado a grafia, trocado o “z” pelo “s” quando começou a ter bandas, é ler a história do Ira!, é conhecer um pouco da vida do Scandurra, do André Jung e do Gaspa.

Após esse longo preâmbulo, ao assunto. Ontem, animado e até mesmo inspirado, escrevi mais uma parte da história da minha vida, o que tenho chamado de Quarentenário, uma vez que comecei a escrever após completar os meus 40 anos, as 4 décadas; e contei que havia uma rixa entre os punks da cidade e os do subúrbio, da periferia. Lendo o início do livro já citado aqui, encontro uma explicação plausível para essa divisão: diferente dos ingleses e do resto do mundo, que se uniam contra o stablishment, o estabelecido, o status quo, o sistema, os punks da cidade de São Paulo e da periferia (as cidades que formam a região conhecida como Grande São Paulo, cidades periféricas à que dá nome a região metropolitana) não se misturavam e brigavam entre si. Aí um esclarecimento que completa o post anterior, quando apanhamos dos carecas do subúrbio por sermos punks da cidade, ou da city e não da periferia ou do subúrbio. Justifico assim essa pausa para esclarecimento.

Ler sempre foi sinônimo de cultura. Fonte de conhecimento e esclarecimento. É isso que faz o hábito da leitura um prazer quase que orgástico! Lendo e aprendendo! Vivendo e aprendendo. Quando fiz 15 anos queria colocar a canção XV Anos (Vivendo e Não Aprendendo) na vitrola exatamente às 15 horas, que foi a hora do meu nascimento. Estava escutando o Vivendo e Não Aprendendo do Ira! e programei tudo para o momento. Meu irmão Beto não deixou, pois estava escutando outra música desse mesmo disco. Frustração momentânea. Escutei uma das melhores canções do Ira! depois das 15 horas, minutos ou horas mais tarde. Hoje não faz diferença, mas o ritual da passagem para os 15 anos ficou inacabado.


E sempre que me sinto assim, volto a ter 15 anos.

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