domingo, 5 de maio de 2013

SOMOS TÃO JOVENS - A HISTÓRIA DE RENATO RUSSO



De novo. Estou novamente escrevendo sobre o filme que conta a adolescência do Renato Russo e suas esquisitices. Na verdade o filme pega leve e não explora a dependência alcoólica do roqueiro e nem o abuso das drogas. Mas é um filme visceral. Porque mostra a obra de Renato no final dos 70 e início dos 80. Em entrevista, o diretor Antônio Fontoura já sinalizou com uma continuação, inclusive com a anuência da família de Renato. Podem ter certeza, escrevam isso, terá uma continuação, sem dúvida. Isso porque o filme acaba quando a Legião viaja para o Rio no primeiro show no Circo Voador. E deixa um gostinho de quero mais.

Primeiramente, quero deixar claro que não estou escutando Legião ou Aborto Elétrico enquanto escrevo esse post. Seria muito óbvio e não gosto de soar previsível. Nem estou escutando os heróis de Renato e da 'tchurma' (e nossos) como Joy Division, Stif Litlle Fingers ou Sex Pistols. Como escrevi, seria óbvio. Estou curtindo o último disco do Ludov, Caligrafia, enquanto aguardo o novo, depois deles terem lançado 3 EP's seguidos.

Mas, ao filme!

Ele é visceral porque mostra o Aborto e o início da Legião em sua essência totalmente roquenroll, baixo, bateria e guitarra, três acordes e letras engajadas, gritadas (mas não desafinadas); para os fãs de rock é imperdível. Para os fãs da Legião, nem se conta. Para quem Renato foi um dos maiores letristas do rock brazuka então, deve assistir mais de uma vez. Porém, para quem não curte e tá pouco se lixando, quer apenas assistir a um bom filme, convido a passar longe das salas de cinema que estão reproduzindo o filme. Isso porque ele deixa a desejar.

O filme inicia com uns diálogos fracos e parece forçado, soando falso, de Renato com aqueles com quem se relaciona: os pais, o pessoal da Colina, Aninha, uma personagem fictícia. O filme tenta demonstrar que Renato criava em cima de tudo o que ocorria ao seu redor, por exemplo Ainda É Cedo, Faroeste Caboclo, fruto da amizade colorida com Carlinhos, que o leva para Taguatinga, uma das cidades satélites de Brasília. Mostra Renato revoltado contra a ditadura militar, coisa que os jovens de hoje não entenderiam, frente à liberdade de expressão que têm, a obsessão dele em montar uma banda de rock e de se tornar um rock star. Muito das entrevistas e dos livros que foram escrito sobre ele estão no filme. Mas em pouco mais de uma hora de filme não dá para ser muito aprofundado. Estão lá quando Renato planejou sua vida dos 20 aos 40 rock star, dos 40 aos 60, quando ele informa a mãe que prefere meninos à meninas e outras passagens da vida dele. 

Em algumas passagens dá vontade de levantar e sair cantando. A telona e o som empolgam a platéia. Há um desfile de canções punks de Brasília, umas da Legião e outras do Capital Inicial, como Fátima, Veraneio Vascaína, Música Urbana, Geração Coca Cola, O Reggae, Ainda é Cedo, Faroeste Caboclo, Eduardo e Mônica, dentre outras. Curiosamente, a canção que tem os versos que dão nome ao filme, Tempo Perdido, não toca.

Me identifiquei muito em algumas passagens do filme, quando ele vai nas festas com o visual punk rocker e levava fita de bandas punks para escutar e causava não só o desconforto, como a curiosidade dos outros; isso acontecia comigo e com meus amigos punks na Baixada Santista, quando íamos às festas todos rasgados e esquisitos, com nossos discos preferidos a tiracolo para colocar na primeira oportunidade e podermos nos divertir um pouco. 

Aos desavisados, dá a falsa ideia de que o punk nasceu na Inglaterra, o que na verdade não ocorreu. O embrião do punk nasceu na Nova York do final dos 60, início dos 70, com diversas bandas como New York Dolls, Ramones, The Stooges, Television, The Dead Boys. Só que na Inglaterra o punk se 'popularizou' e invadiu o mundo, quando Malcoln McLaren levou a ideia que viu nos EUA e criou os Sex Pistols.

No final, uma surpresa bem legal, que não vou estragar. Vá ao cinema e veja com seus próprios olhos e ouvidos. E se divirta!

2 comentários:

  1. Eu sou fã da Legião, acho o Renato Russo o maior interprete e compositor de todos os tempos e por isso achei o filme foda!!!
    hahahaha
    Não gostei das referências a músicas tipo "festa estranha, gente esquisita" em uma das festas que ele colocou a fita punk dele pra tocar...
    E quanto à música que dá título ao filme, "Tempo Perdido", é a primeira a ser tocada, ainda quando estão aparecendo os créditos!
    A voz do rapaz ficou muito parecida com a do Renato, e isso foi fantástico, fazendo-o superar o Daniel de Oliveira como Cazuza, neste quesito!
    Massa! Grande análise!
    E que venha o próximo!!!
    Antes tem Faroeste Caboclo, no fim deste mês, hein!

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  2. o legal do filme foi que os caras mesmo tocavam, vi entrevistas com o diretor que disse que Dado e Bonfás fizeram questão de que fosse assim. Foi de bom tom, sem fanatismo. O filme é legal.Como já li muitas coisas sobre a Legião e sobre o Renato, achei que poderia ter mais algumas horas de filme, rsrs. Só da fase pré Legião... depois dá para fazer mais uns dois ou três filmes.

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