sábado, 11 de fevereiro de 2012

A CHAVE DE SARAH

1942, a França colaboracionista com o 3º Reich faz um arrastão na cidade de Paris e prende todos os franceses judeus de Paris para deportarem para os campos de concentração nazistas. A família de Sarah, como todas as demais famílias judias francesas, é surpreendida com tal atitude das autoridades militares do país, que passa a prender também crianças e mulheres; em um fatídico dia de julho de 1942 são surpreendidos com batidas violentas na porta no início da noite; Sarah (Mélusine Mayance em excelente e elogiadíssima atuação) e o pequeno Michel estão brincando na cama antes de dormir, a mãe, na sala, se assusta; o pai está fugido, pois os rumores são grandes de que estão prendendo e deportantdo homens judeus. Diante do susto, a pequena Sarah tem um insight e prende o irmão no armário e o informa que é uma brincadeira, para ele não sair de forma alguma, apenas quando voltar para buscá-lo, raciocinando no seu pequeno mundo infantil que logo estará de volta. Presos, são separados e Sarah segue sua saga para liberar o irmão do armário e guarda consigo a chave de onde ele ficou escondido (daí o nome do filme).

A Chave de Sarah é um lindo filme, emocionante, sensível, feito para chorar, para emocionar o espectador, baseado no Best-Seller de Tatiana Rosnay. Ao longo da película de 111 minutos (que passam voando, tal o interesse que o desenrolar prende) o espectador se pergunta como é que o ser humano pode chegar ao ponto que chegou e agir tão violentamente contra crianças que invariavelmente não sabem o que está acontecendo, que passam fome e diversas privações, inclusive emocionais.

O diretor Gilles Paquet-Brenner desenrola o filme em dois momentos, em 1942 e 2002, quando uma jornalista resolve escrever sobre o tabu dos franceses colaboracionistas com os nazistas e descobre coisas da família do marido que de alguma forma os envolve ao episódio de julho de 1942. E o filme belíssimo ora narrando o drama de Sarah, ora narrando os conflitos de Julia (Kristin Scott Thomas - de O Garoto de Liverpoo, em mais uma excelente interpretação) segue emocionando, amarrando as duas histórias de uma forma inteligente.

A questão do nazismo mexe mesmo com os sentimentos de todos. Os filmes sobre o assunto, mesmo depois de quase 70 anos do fim da segunda Guerra Mundial são emocionantes sem serem piegas ou clichês. A Chave de Sarah é um belo exemplo, mesmo tratando de um tema batido já foi contado de diversas maneiras e formas, não soa repetitivo. Serve para refletirmos o quão ignorantes e cruéis podemos chegar quando nossa psiquê doente nos diminui a tal ponto de termos que comprovar antes de tudo a nós mesmos que não somos tão insignificantes e pequenos quanto nos julgamos com a mente perturbada. E para isso, o indivíduo pode chegar a uma barbárie como foi o ideal nazista de achar que uma raça é melhor ou superior que a outra, brincando de Deus.

Por tocar em um assunto tão catártico é que filmes como esses emocionam. Muito interessante tentar entender o por quê! Imperdível, o melhor filme do ano até aqui (dos que assisti esse ano). Tente não chorar.



A Chave de Sarah (Elle s'apelait Sarah) - 111 min
França - 2010
Direção: Gilles Paquet-Brenner
Roteiro: Gilles Paquet-Brenner, Serge Joncour, Tatiana De Rosnay
Elenco: Krinstin Scott Thomas, Mélusine Mayance, Niels Arestrup, Frédéric Pierrot, Aidan Quinn, James Gerard.

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