segunda-feira, 12 de outubro de 2009

MUDANÇA II

Por que somos tão ariscos às mudanças? Geralmente explicamos isso dizendo que a tendência é nos acomodarmos em uma tal zona de conforto (que diabos é isso?). Explicar dessa forma é cair no comum. Ou seja, todos têm a mesma explicação para esse fenômeno: a zona de conforto que no acomoda ou o medo que sucinta em cada um de nós por situações novas (que nos seduzem e ao mesmo tempo nos amedronta - será que por isso nos seduzem?) das quais não temos o controle. Mas, retomando à pergunta inicial, por que isso? Estava lendo a Super Interessante de maio desse ano, uma matéria sobre humor, explicando o motivo de darmos risadas nas piadas, algo aparentemente não tem nada a ver com o que estou falando, mas explico.
Nosso cérebro trabalha de forma a deixar todas as informações organizadas, assim somos condicionados a seguir um determinado padrão de comportamento. Isso facilita e facilitou muito a vida de nossos ancestrais, desde o tempo das cavernas. Tenho até um exemplo prático para esse negócio de padrão e de que quando saímos dele nos perdemos, uma vez que muitas das coisas que fazemos são mecânicas: dia desses cheguei em casa e geralmente desligo o carro, tiro a chave da ignição e fecho o carro. Porém, como era um sábado, fui praticar meu exercício de atleta de final de semana, que é correr no lago Igapó. Por isso, além de pegar as chaves, teria que pegar o mp4 para me distrair um pouco durante o percurso. À noite, quando fui procurar as chaves para sair, não encontrei de jeito nenhum. Cansado e já extressado, desci e qual não foi minha surpresa de encontrar o carro aberto e a chave na ignição! Ao fugir do padrão de apenas pegar a chave, não fiz o mais corriqueiro!
O padrão cerebral foi mantido por nossos ancestrais por milênios para a sobrevivência da nossa espécie. Em suma, o processo de seleção natural nos fez desenvolver e reforçar essa habilidade cerebral de organizar e padronizar as informações. Essa forma de funcionamento do cérebro facilitou a vida dos nossos ancestrais (e nos ajuda ainda nos dias de hoje) para encontrar comida, abrigo e companhia agradável. Os padrões permitem observarmos e prevermos as coisas que acontecem ao nosso redor.
E, finalmente, isso remonta ao que comecei escrevendo nesse texto: somos avessos às mudanças porque as coisas novas prejudicam nosso 'poder' de prever o que teremos pela frente. Consequentemente, somos tão resistentes às mudanças porque temos receio do obscuro, daquilo que não podemos controlar, de perder o frágil controle das variáveis que nos cercam. E, como a sabedoria popular versa, temos medo do desconhecido.

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