Com certo pesar hoje a tarde (na verdade ontem, pois o relógio acabou de transpor a barreira da zero hora) fiquei sabendo da morte de José Wilker, um dos maiores artistas desse país.
Dentre tantos filmes que participou e dezenas de novelas, uma participação
jamais esquecerei.
Em meados dos anos 1980 uma das
atrações de Rede Record era o programa “Sala Especial”, passava às sextas
feiras perto da meia noite. As atrações eram filmes brasileiros e todos os adolescentes
onanistas de plantão (me incluo nesse rol) esperavam ardentemente por uma cena
mais caliente de sexo implícito, pares de seio, nudismo parcial ou frontal
feminino. Para nosso deleite, sempre apareciam essas cenas. Hoje soaria
inocente demais perto do que passa em alguns canais de TV paga ou no Esporte
Interativo depois da meia noite. Mas era o que tínhamos na era pré internet.
Um dos filmes clássicos que
assisti e que nunca esqueci, baseado na obra de Nelson Rodrigues, tinha como
protagonista Lucélia Santos (a bonitinha mas ordinária do título do filme) e
José Wilker, um personagem humilde mas ambicioso. Edgar, a personagem de Wilker, recebeu a proposta de se casar com a filha do milionário dono da empresa onde ele trabalha. ela havia sido currada por 5 negões e perdera a virgindade, que para a época era um escândalo e dificilmente a adolescente conseguiria algum pretendente depois dessa violência. A cena que lembro até hoje e
que marcou foi uma em que o pai da personagem de Lucélia Santos começa a
humilhar a personagem Edgar, chamando-o de contínuo, ex-contínuo, por
várias vezes gritando, praticamente um bullying. Percebendo o incômodo de Edgar, seu futuro sogro o humilha. Até que Edgar, levanta enfurecido gritando: "posso ser um ex-continuo, mas você é um filho da puta!" vocifera
com a boca cheia e depois sai furiosamente da sala. Uma interpretação que beira a perfeição.
Uma cena inesquecível pela
interpretação do ator. E é isso que guardarei para o resto da vida do grande
ator que se foi esta manhã.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Opine, comente, reclame, grite! Aqui: