Hoje é um dia especial. Deixei
propositalmente o post, que sai todo sábado, para o domingo; pensei em escrever
após a final do Campeonato Paranaense, mas não teria graça. Daqui a poucas
horas estaremos no Willie Davids, para assistir a uma peleia que pegará fogo.
Se o Tubarão, apelido dado ao Londrina nos anos 70, em alusão ao filme de
Spielberg, uma vez que no Campeonato Brasileiro de 1977, se não me engano, o
time passou por todos os adversários e chegou às semifinais. Foi passando um a um
seus adversários. E pelo que consta da memória dos torcedores mais antigos,
foram contra adversários de peso como Flamengo, Vasco, Corinthians e Santos, obtendo
vitórias e mais vitórias, vencer hoje, será a maior glória desse século para o
time e para os jogadores (já sondados por times de primeira grandeza do nosso
futebol) que vestem o manto alviceleste.
Mas não foi nessa época dos anos
de 1970 e bola que tive contato com Londrina ou que me interessei pelo Tubarão.
Era pequeno demais e nesse mesmo ano estava mais preocupado com o jejum de
títulos do Grêmio (que venceria o Gauchão com gol de André Catimba que depois
deu o famoso mortal), time de Telê Santana. Anos mais tarde, 1994, foi quando
aportei na bela Rodoviária de Londrina, para estudar Psicologia na Uel. Vinha
de mala e cuia, eu, Juliana e o Victor, ainda nenê, com 3 meses. Era o dia 28
de fevereiro de 1994.
Logo tomei pé do time da cidade,
onde jogava (à época o saudoso VGD de tantas batalhas e glórias), sua história
e passei a acompanhar esse time que acabara de ser Campeão Estadual (1992).
Um desses dias de 1994 fui na
minha primeira partida. Não tinha grana para ir muito ao estádio, bolso de estudante
é foda, a grana é curta e ainda com família, imagina só. Mas meu irmão Renato
estava em casa e queria assistir ao clássico Londrina e Curitiba. Time da
capital, conhecido nacionalmente, Campeão Brasileiro de 1985.
Fomos ao VGD, que achamos
acanhado demais, mas um caldeirão (termo que ainda era utilizado para designar
estádios onde a torcida fica muito perto do campo). Ficamos no final da arquibancada,
do lado direito de quem vê da Maternidade Lucilla Ballalai, lado oposto às
cabines de imprensa. Para os mais antigos, no lugar onde ficava a Sangue Azul.
Pois foi lá que vimos pela
primeira vez a força do Tubarão do Norte do Paraná, que despachou o time da
capital por 4 a 0, uma lavada que me fez virar torcedor. Finalmente havia
conhecido um time da cidade onde estava morando que simpatizei e poderia
torcer. Isso porque vinha de Santos, cidade portuária do litoral Paulista, cujo
time sempre odiei e me recusava a torcer para o Peixe. Se não gostava do Peixe,
do Tubarão seria diferente. E o sofrimento seria grande ano após ano.
Vi o Londrina quase (eu disse
quase) subir para a primeira divisão do brasileiro; vi o Londrina quase campeão
estadual em 1994 e vi a decadência do Tubarão, cair para a Série C, D, ser
rebaixado do paranaense; no final do
anos 1990, início de 2000, quando comecei a acompanhar mais de perto o Tubarão
e ir frequentemente ao estádio, com meu amigo Ricardo Sales, íamos às segundas
à noite, às quartas, quintas, domingos; dia de jogo do Tubarão lá estava o
Márcio e o Ricardo no VGD, não importava o adversário. Ficávamos na Sangue
Azul; O Victor, pequeno, ia conosco. E vi um tal de Sorec de Cascavel. Nunca
esqueci esse time, porque achava isso o ápice do amadorismo do Campeonato
Parananense, com todo respeito ao pessoal de Cascavel. Acredito que nem exista
mais esse time.
Outro momento marcante da minha
história com o Tubarão (puxe pela memória aí galera) foi um jogo em que o
Londrina ganhou de 8 a 0 e acabaram as plaquetas de números do placar do VGD e
este parou no 6. Não tinha 7 e nem 8.
Mas vi também o Londrina ser
Campeão. Do desprestigiado torneio Copa Paraná. Foi legal gritar “é campeão”.
Mas não tem o peso de uma vitória no Campeonato Estadual.
Ano passado bateu na trave. Não
fosse um roubo descarado aqui em Londrina no primeiro turno (maior público
daquele paranaense) contra o Coritiba e teríamos vencido e ido para a final.
Mas quis aquele desgraçado daquele juiz sem vergonha, filho da puta, vir aqui
em Londrina e dar a vitória para nossos adversários. E isso não é rancor de
torcedor, mas esse árbitro foi tão tendencioso e parcial para o lado do
Coritiba que até o Globo Esporte (cujas imagens e o programa é gerado da
capital para todo o estado) do dia seguinte teve que noticiar sobre os erros
(intencionais) grotescos daquela arbitragem.
Depois de uma campanha
irretocável, ficamos com o título do interior. Um consolo, pois nos deu direito
à Série D do Brasileiro e consequentemente um calendário para o time no segundo
semestre. Também deu direito à participação na Copa do Brasil desse ano (em que
o Tubarão fez bonito e já despachou o Criciuma, time que disputará a Séria A do
Brasileiro, passando para a próxima fase).
Esse ano foi diferente. Após uma
campanha irregular em que quase ficou no torneio da morte, subiu de produção
justamente quando pegou o mesmo Coritiba (desta feita sem ajuda da arbitragem)
e venceu por 2 a 0 no Café. Dali para a frente o Tubarão engrenou e foi
passando por seus adversários, sem dó, como em 1977. Na semifinal, após perder
por 3 a 1 do Atlético e estar perdendo por 1 a 0 no Café, virou
inacreditavelmente (até para o mais fanático torcedor) para 4 a 1 e se
classificou para a final sem precisar dos pênaltis.
Na outra chave estavam o velho (e
odiado) Coxa e o Maringá, time da vizinha cidade, que voltou a ter futebol
profissional de qualidade depois de muitos anos. E o Maringá não tomou
conhecimento da força do Coxa e venceu em casa para depois empatar e se
classificar em pleno Couto Pereira. Sem a ajuda da arbitragem o Coxa é bem
menos poderoso, perde força.
Final do interior. Final do Norte
do Paraná. Da velha rivalidade do Café. No primeiro jogo, Estádio do Café
cheio, com mais de 30 mil espectadores (embora oficialmente com pouco mais de
26 mil pagantes), mais uma vez maior público do paranaense, maior que a final
no Maracanã entre Vasco e Flamengo. Foi tudo igual, em 2 a 2, embora o Maringá
tenha jogado ligeiramente melhor, demonstrando maior preparo físico.
Hoje é a finalíssima. E daqui
algumas horas estaremos na estrada para Maringá, 90 km e 90 minutos nos separam
da glória de ver o Londrina no ápice; e assim, depois de tanta carne de
pescoço, acompanharmos de perto o Tubarão, na certeza da vitória. E será o jogo
da vida, tanto do Londrina como do Maringá.
Sendo assim, os jogadores devem entrar
com o coração na ponta da chuteira e a vida dentro da camisa alviceleste. É o
mínimo que esperamos. Não só os torcedores, mas a cidade inteira. Porque a
cidade toda, mesmo os que não acompanham ou que torcem, estão de olho nessa
final. A ponto da minha sogra, moradora de Maringá, domingo passado, perguntar
para a Juliana se ela estava assistindo ao jogo na TV, pois ela estava
empolgadíssima com a partida. Claro, torcendo pela sua cidade.
Pois hoje estarei no Willie
Davids. Preparando o gogó para finalmente vociferar é campeão. Cabe ao torcedor
fazer sua parte e empurrar o time a cada minuto dos 90 que nos separam da
glória de sermos mais uma vez Campeões do Paraná. Dá-lhe Tuba! Regaça Tubarão!
Vamo pra cima Tubarão!
E como em toda partida deve ser,
não que vença o melhor, mas que vença o time do meu coração, o meu Tubarão!
P.S.: escrevi esse post hoje cedo e ficamos sem luz e até quando sai para a invasão de Maringá ainda não tinha voltado, por isso posto isso agora, depois de voltar da Cidade Canção, onde fomos campeões. Abaixo imagens da tarde de hoje no Willie Davids.
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