quarta-feira, 11 de agosto de 2010

COMPLEMENTOS


Só para complementar alguns posts anteriores, seguem informações que devem ser consideradas:

A banda Columbia é originária do Rio de Janeiro, composta por uma galera que se conheceu no na cena independente carioca, no início dos anos 2000. E tem a seguinte formação:

Fernanda Marques - vocais
Bruno Andrade - Guitarra
Fred Mendes - Bateria
Filipi Cavalcanti - Baixo

Discografia:

2005 "A Soma das Horas" - EP
2006 "Amanhã (não pode ser igual)" - single
2007/2008 "O que você não quis dizer" - CD
2009 "Mais Cedo" - single
2010 "Um quarto escuro" - CD

Inocentes, como escrevi, foi formada no início dos anos 80, uma das principais bandas de Punk Rock paulista, através da junção das bandas Restos de Nada e Condutores de Cadáveres. Formada pelos seguintes integrantes:

Clemente: Guitarra e Vocais
Ronaldo dos Passos: Guitarra
Anselmo: Baixo
Nonô: Bateria

Evidentemente que ao longo desses 30 anos a banda passou por divesas formações, sempre sendo encabeçado por Clemente.

Discografia:

Pânico em SP - 1986
Adeus CArne - 1987
Miséria e Fome - 1988
Inocentes - 1989
Estilhaços - 1992
Subterrâneos - 1994
Ruas - 1997
Embalado à Vácuo - 1999
Garotos do Subúrbio - 1999
OBarulho dos Inocentes - 2000
Labirinto - 2004

Por falta de tempo, coloco as informações da Sex Noise em outra oportunidade.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

REVISTA FODA-SE

Uma revista com esse nome já seria o suficiente para chamar a atenção e a curiosidade do leitor. Pois bem, além do nome excêntrico, tem algumas coisas muito interessantes que vale à pena um click, como o conto que transcrevo abaixo, que me deliciei ao ler:

MARISTELA E O BALDE


Cabelos louros e cacheados, corpo descompensado e torneado, Maristela fora apelidada de “Empadinha” pelos meninos da rua antes mesmo de completar a maioridade. Era de fato uma obra inclemente da natureza, daquelas em que a ausência de beleza não é indenizada com inteligência ou simpatia. Pelo contrário: Maristela exibia sua animosidade com a maior impudência e tinha como passatempo favorito submeter os gatinhos da vizinhança a crueldades impensáveis. Portanto, caro leitor, convém eliminar agora mesmo qualquer indício de compaixão que porventura esteja brotando de sua alma caridosa. O que aconteceu no quintal daquela casa suburbana pode até ser chocante, mas não é digno de pena.

A única paixão de Maristela chamava-se Jonathan, personagem de uma radionovela que era transmitida de segunda à sexta-feira, às nove da noite, numa estação de rádio AM. Naquele derradeiro episódio, Jonathan ameaçara abreviar a própria vida após uma dolorosa descoberta de traição. Ao tomar conhecimento da tragédia iminente, a Empadinha adentrou num grave estado de alteração: agarrou o rádio de pilha com a mão direita e arremessou o aparelho contra a parede do quintal com toda força. Não teve tempo de descobrir que a ameaça de suicídio de Jonathan tratava-se na verdade de um blefe, e que o destino do personagem seria a reconciliação com a mulher amada antes do final da novela. O blefe, aliás, era patente para qualquer ouvinte atento, mas não para Maristela. Na cabeça dela, Jonathan era completamente incapaz de mentir. Blefar, ela nem sabia o que era.

Para aliviar sua indignação, Maristela resolveu torturar um gato vadio. Capturou um malhado que dormia no muro da padaria e trouxe-o para o quintal de casa. Ali, cortou com um alicate de unha todos os pelos do bigode do felino e ficou a observar a agonia cambaleante do animal. Ela descobrira que, sem os pelos da frente, os gatos ficam totalmente desorientados, como se perdessem o seu radar. E com o malhado não foi diferente. Mas a verdade é que a maldade aprontada pela moça não funcionou como remédio para atenuar a dor que o suicídio não-consumado de Jonathan lhe causava. Decidiu então que era ela mesma quem deveria se matar.

A ideia não era nova: por diversas vezes, a Empadinha havia planejado a própria morte. Numa delas, pensou em se enforcar com uma corda, mas lembrou que seu pescoço praticamente inexistia. A cabeça era quase que diretamente colada ao tronco, o que poderia dificultar a colocação da corda em torno do pescoço, imaginava. Em outra ocasião, tomara uma overdose de laxantes acreditando ingerir um remédio para insônia que, segundo a Revista da TV, provocara a morte de um ator famoso. Aquilo lhe rendeu semanas de diarreia e um constrangimento inolvidável.
Agora, aqui estava Maristela, andando de um lado para o outro no chão do quintal e pensando numa maneira de suicidar-se sem que houvesse sangue derramado. Tinha pavor de sangue. Foi então que avistou o balde de metal jogado num canto do quintal. Aquele balde enferrujado estava largado ali havia muito tempo. Pertencia ao seu irmão e era utilizado nas tardes de domingo, quando ele limpava o automóvel que o havia levado para bem longe. Por conta das sujeiras do carro, o balde tinha uma crosta negra entranhada no fundo e Maristela tratou de lavá-lo com Bombril e detergente porque, apesar de estar premeditando um suicídio, temia contrair doenças no momento em que enchesse o balde sujo com água e enfiasse a cabeça ali dentro.
Balde limpo, a tentativa de suicídio quase foi frustrada pela falta d’água. Maristela girava as torneiras da casa e as poucas gotas que caíam serviam apenas para umedecer as palmas gordas de sua mão. Enquanto testava a última torneira, lembrou-se do estoque de suco concentrado de groselha que sua tia havia deixado guardado na garagem para a produção dos sacolés do próximo verão. Não teve dúvida: morreria afogada na groselha.

Quem contemplasse a cena do alto, talvez não compreendesse bem o que sucedia no quintal de Maristela. No chão, o balde cheio de líquido avermelhado. De cócoras, em frente ao balde, aquela moça loura e parruda que olhava para o céu com os braços estendidos e um sorriso torto no canto da boca. Ela repetia, bem baixinho: “Jonathan! Jonathan!”.
Quando finalmente enfiou a cabeça no balde, a cena tornou-se ainda mais esquisita. Isto porque o vento levantava a saia de Maristela – que agora tinha as mãos e os joelhos apoiados no chão – e deixava seu ânus respirando livremente o ar da madrugada (Maristela raramente usava calcinha). O espetáculo estapafúrdio, entretanto, durou pouco: a suicida não conseguia prender a respiração por mais de dez segundos e o suco de groselha penetrava por suas narinas durante a tentativa de afogamento.
Ofegante e irritada, a moça arrancou um pregador de roupas do varal e aplicou o objeto nas narinas para evitar a inalação do suco. Acontece que o pregador tapou parcialmente a sua visão e ela não notou a presença do gato malhado, que circulava desorientado à sua frente. Por isso, tropeçou no balde e derramou o concentrado de suco pelo chão. O escorregão foi inevitável, e a queda, violenta. Maristela, desacordada, passou alguns minutos estirada no chão do quintal com o crânio fissurado enquanto o gato lambia a groselha que se esparramara ao redor de seu corpo.
Mesmo machucada e enfraquecida, ela ainda conseguiu reunir forças para encher novamente o balde e mergulhar nele a sua cabeça. Desta vez, o afogamento foi um sucesso. Antes de morrer, a Empadinha balbuciou, lá no fundo do balde, entre bolhas de groselha: “Jonathan! Jonathan!”.

Zé McGill

FRANZINO COSTELA II

Abaixo o clipe da música Franzino Costela, com a letra memorável. Muito bom, não é uma banda muito conhecida do grande público, por isso acho que mantém a qualidade e a honestidade com seus princípios.




FRANZINO COSTELA

Meu pai me batia com vara de vergalhão
Vara de araçá e cabo de vassoura
Meu pai me batia com vara de vergalhão
Vara de araçá e cabo de vassoura
Eu apanhava todo dia
Eu apanhava todo dia
Eu apanhava todo dia
Todo dia

Minha mãe me batia com vara de vergalhão
Vara de araçá e cabo de vassoura
Minha mãe me batia com vara de vergalhão
Vara de araçá e cabo de vassoura
Eu apanhava todo dia
Eu apanhava todo dia
Eu apanhava todo dia
Todo dia


Um dia fiquei cansado de tudo
Fui pra casa da minha vó
E ela me batia com vara de vergalhão
Vara de araçá e cabo de vassoura
Ela me bateu com vara de vergalhão
Vara de araçá e cabo de vassoura
Eu apanhei a vida inteira
Eu apanhei a vida inteira
Eu apanhei a vida inteira
Eu apanhei

Um dia fiquei cansado de tudo
Resolvi cair na vida
E a vida me bateu com vara de vergalhão
Vara de araçá e cabo de vassoura
E a vida me bateu com vara de vergalhão
Vara de araçá e cabo de vassoura
Eu apanhava todo dia
Eu apanhava todo dia
Eu apanhava todo dia
Todo dia

FRANZINO COSTELA



Alguns posts atrás citei o refrão da música que dá nome a esse post. Como na música, ao menos no refrão, eu apanhava todo dia. Eu era terrível mesmo, um guri franzino, magrelinho, pequeninho; a Solange, inspetora de alunos do Dino Bueno, me apelidou de miniatura. Minha mãe me batia, mas eu merecia, e muito. Mas não apanhava de vara de marmelo, no máximo um galho de árvore nas pernas ou umas chineladas na bunda.

A música foi regravada pela banda Inocentes, um ícone do Punk Rock dos anos 80. Aliás, Clemente e companhia foram os primeiros a serem chamados de traidores do movimento, uma vez que gravaram um disco por uma gravadora multinacional (WEA). Para os punks, isso era se vender para o sistema. Aliás, esse primeiro disco era um primor, com músicas como Pânico em SP, El Salvador e a melhor de todas, Expresso Oriente, entre outras. Faltou Garotos do Subúrbio, um hino para nós, adolescentes punks daquela época. No segundo disco, ainda por essa grande gravadora, o hino nacional brasileiro, Pátria Amada, com Clemente inspiradíssimo na pena.

Pânico em SP me parece a mesma história de Blecaute, o livro de Marcelo Rubens Paiva, que fez sucesso com o seu Feliz Ano Velho, lido por 10 entre 10 adolescentes antenados dos anos 80. Assim como a música, o livro mostra a cobra mas não conta o santo, se é que estou conseguindo ser claro. O que quero dizer é que o livro fala sobre um blecaute na cidade, mas não entra em detalhes sobre esse, assim como a música fala do pânico na cidade de São Paulo, mas não explica o que está acontecendo. Na época, extremamente frustante para um guri curioso como eu.

A banda Inocentes foi formada a partir da junção de duas bandas: Restos de Nada e Condutores de Cadáveres.


Porém, a música original é da banda Sex Noise, uma banda punk do Rio de Janeiro, que diferentemente do punk paulista, mais engajado politicamente, na cidade maravilhosa as letras eram mais voltadas ao sarcasmo, atingindo assim a mesma crítica social, mas por outros caminhos.

Em meados dos anos 90 a banda fez um grande barulho no underground. Um fato curioso e triste foi que um dos maiores incentivadores da banda, o vocalista do Planet Hemp, Skunk, que morreu em decorrência da Aids em 1994, morreu ouvindo a fita demo Pultanovinzona, em seu walkman (o bisavô dos mp3).

domingo, 8 de agosto de 2010

FESTIVAL DE INVERNO LONDRINA


Uma rádio de Londrina em parceria com a Prefeitura Municipal teve a infeliz idéia de promover um Festival de Inverno esse final de semana aqui no aterro do Lago Igapó 2. Desde sexta feira a movimentação é intensa.

Para o tal festival foram instalados um pequeno parque de diversões e algumas barracas com uma diversidade de guloseimas. Mas, além disso, a infeliz idéia de uma programação musical de extremo mal gosto, diria de péssimo gosto. E isso não é tudo. Na sexta feira foi até à meia noite e ontem, sábado, varou a madrugada, com as atrações sertanejas desconhecidas. Se fossem conhecidas já seriam ruins, imagina então os ilustres desconhecidos.

Nesse momento em que escrevo, mesmo com todas as janelas descerradas, o fone de ouvido (aí sim rolando um som de qualidade), ainda escuto a barulheira ensandecida de alguma dupla sertaneja tocando no palco, a poucas centenas de metros daqui de casa. Uma tremenda perturbação. Fora a sujeira, que será enorme em volta do lago no início de semana.

Ficam os meus protestos. Espero que escolham um lugar mais adequado para os próximos eventos de mal gosto e que perturbam o descanso do final de semana.

O MUNDO IMAGINÁRIO DO DR. PARNASSUS


Acabei de voltar do cinema. Sempre penso que o cara que faz um tipo de roteiro como esses só pode estar totalmente tomado pelo ácido. De onde ele pode tirar tanta fantasia? Ou então é um cara que consegue atingir o inconsciente com uma habilidade incrível. Ou as duas coisas.

Uma curiosidade é que o ator escolhido para o papel de Tony foi o australiano Heath Ledger, que no meio das filmagens foi encontrado morto em seu apartamento. Causa mortis: overdose de remédios. Em seu lugar, entraram três atores: Johnny Depp, Judy Law e Collin Farrel. Interessante que eles ofereceram seus cachês para a filha de Heath, Matilda.

Quando li a crítica, achei que fosse mais um Alice no País das Maravilhas. E estava certo, pois o tal mundo imaginário ocorre na passagem pelo espelho e lá todas as nossas imaginações e fantasias tornam-se realidade. É um autêntico mergulho no inconsciente. Na verdade o mundo imaginário não é do dr. Parnassus, mas de quem entra pelo espelho, embora o dr. tenha que estar em transe para que tudo dê certo.

A história é permeada pelo dr. Parnassus (Christopher Plummer) e suas apostas com o diabo, sr. Nick (Tom Waits). O primeiro havia ganho a vida eterna após negociar com o diabo que assim que tivesse um filho, este pertenceria ao diabo, quando completasse 16 anos, o que estava para acontecer com sua filha Valentina (Lily Cole). A partir disso, o desenlace do filme.

O intrigante, além de um roteiro extremamente fantástico, é o espelho como algo que nos leva ao (des)conhecido, aquilo que está no mais íntimo do nosso âmago, se é que isso não é cair em redundância. O espelho que esconde nossas fantasias e que nos mostra apenas aquilo que queremos ver. Ou nos mostra tudo e desviamos nosso olhar para não ver.

Enfim, um filme que vale à pena não só assistir, porque além de diversão, é pura reflexão.

sábado, 7 de agosto de 2010

NUM QUARTO ESCURO



O disco da Columbia intitulado Um Quarto Escuro me trouxe à memória uma música que fiz, na fase pós Mayday, com meus 16, 17 anos; e pré Alquimia a banda que formei em 1993, última banda que tive na vida. Quem sabe um dia não monto uma cover do Cascavelletes.

Certo dia, tarde de sábado findando e a noite chegando, depois de ter ido jogar bola com a galera do bate bola de sábado, solitário, sem pódio de chegada ou beijo de namorada (a Ana morava em São Paulo e nem todos os finais de semana nos encontrávamos) e me tranquei no quarto, com violão em punho, luz apagada. A noite chegando e o escuro aumentando. Então comecei a rabiscar algumas palavras no caderno, no escuro mesmo, sem iluminação.

"Vago, Solto, Nu
A Brisa me traz teu perfume

Caminho, sozinho

Sob o asfalto quente, Absorto em pensamentos..."

não lembro mais a letra, mas o fato de escrever no quarto à luz da lua, gerou o nome dessa música, que também dá nome a esse post. Era uma bela canção, como tantas outras que fiz e que se perderam pelo tempo. Infelizmente não tive a oportunidade de gravá-las e os escritos se perderam com os anos que se passaram. Por muito tempo guardei essa papelada, que fiz uma apostila de folhas de sulfite batido à máquina (lettera 22, portátil), mas como já disse, as mudanças da vida fizeram com que eu perdesse essas coisas. Qualquer dia, que estiver com tempo e com bastante paciência, vou procurar e postar aqui algumas preciosidades dessas. Se encontrar, claro.

Naquela época eu compunha com o violão em punho e um pedaço de papel na mão e uma caneta. Era office boy, vivia batendo perna pelas ruas de Santos e entre um ônibus e tantas passadas , me inspirava com o quotidiano das pessoas. Depois que entrei na faculdade aos 18 anos, nunca mais sentei para escrever uma linha de uma canção. Lembro que quando li o livro Guerrilha Psíquica, já em Londrina, rabisquei algumas coisas na agenda que me acompanhava diariamente. Mas nunca levei a sério isso. Não como eu levava na adolescência, quando eu realmente acreditava nos meus dotes artísticos.