sábado, 7 de agosto de 2010

COLUMBIA - O TEMPO TODO

A trilha sonora do sábado foi a banda Columbia, específicamente o segundo disco, intitulado Um Quarto Escuro, que ainda não encontrei para fazer download. Mas é possível escutar o disco inteiro no site da oi novo som. A música que não quer sair da cabeça é a que abre o disco, "O Tempo Todo". Abaixo o clipe para nossa diversão.

Diferente da tvtrama, que dá um panorama geral da banda tocando, a Oi novo som preferiu dar detalhes de cada um, mas com cortes rápidos, meio em ritmo de video clipe, o que perde muito em qualidade no sentido em que não dá para ver o todo. Mas música vale à pena.





O TEMPO TODO

Eu espero você rir,
pra chuva terminar
e acalmar as horas
mas as coisas por aqui,
não mudam sem doer,
não passam sem ferir
não deixam de me rever, lembrar
deixar os dias mais contados,
calados, gelados entre as mãos

Eu esqueço de pedir,
pro tempo se rebelar,
prolongo a sua espera,
mas as pessoas por aqui,
não querem se apressar,
não podem se arrepender,
sem ter que imaginar
porque chorar, mentir um pouco,
o tempo todo, o tempo todo
mentir um pouco, o tempo todo...

Sobre suas mãos,
o medo encontra solidão
e o vento espera pra soprar o risco de se levantar
e viver mais do que palavras
e histórias mal contadas
e desculpas repetidas
engolidas pelo tempo todo
mentir um pouco, o tempo todo...

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

RADIOHEAD THINKING ABOUT YOU



PENSANDO EM VOCÊ

Tenho pensado em você, seus discos estão aqui,
Seus olhos estão em minha parede, seus dentes por todo lugar
Mas eu ainda não sou nada, e você agora é uma estrela,
E o que te importa?

Tenho pensado em você, e não há descanso,
Merda, eu ainda te amo, continuo te vendo na cama.
Mas eu estou jogando comigo mesmo, e o que importa pra você
Quando os outros homens são muito, muito melhores

Tudo que você tem
Tudo que você precisa
Quem te comprou cigarros?
E quem subornou a companhia para te ver, querida?

Eu tenho pensado em você, como você pode dormir?
Essas pessoas não são suas amigas, elas são pagas para beijar seus pés.
Elas não sabem o que eu sei, e por que você deveria se importar
Se eu não estou ali?

Tenho pensado em você, e não tem descanso,
Eu devo continuar te amando? ainda te vejo na cama.
Mas eu estou jogando comigo, e por que você se importaria,
Quando eu não estiver lá?

Todas as coisas que você tem
Ela nunca precisará
Todas as coisas que você tem
Eu sangro e sangrei pra agradar você

Tenho pensado em você.

CANÇOES (DE) VIOL(ÕES)ENTAS


O velho power trio (baixo, guitarra e bateria) são a alma do rock. Sex Psitols, Ramones, Joy Division, The Smiths, Jesus And Mary Chain (embora em algumas canções as bandas tenham lançado mão dos teclados) e tantas outras na história do roquenroll são exemplos dos estragos que esses três instrumentos podem fazer.

Mas ouvindo incessantemente Pablo Honey, 1º disco da maravilhosa banda inglesa Radiohead, encabeçada pelo cara mais esquisito da cena rock mundial do momento - Thom Yorke, me trouxe uma questão a qual resolvi colocar aqui no papel: a beleza das canções embaladas apenas por voz e violão (com alguns teclados e violinos dando o clima).

Escutando a belíssima canção intitulada Thinking About You, com sua letra romanticamente ensandecida, é um exemplo do quão pode ser bela uma canção que tem como base uma bela harmonia de cordas. Vale á pena escutar até furar o disco. Um violão também pode fazer um grande estrago.

MAIS DIABRURAS

Lembrei de uma dessas diabruras malucas. Foi na 4ª série, eu estudava no Cleóbulo, em Santos, um ano em que diziam que o Dino Bueno fecharia e fomos todos transferidos automáticamente para essa escola. Dentre tantas outras que, como minha mãe diz, aprontei, talvez essa tenha sido a maior de todas, ao menos a maior se levarmos em consideração a onda do politicamente correto (que veio para ficar).


Eu e um amigo, o Ricardo, não lembro o sobrenome, para variar, que já havia estudado comigo na 3ª e agora repetia a dupla bagunceira na 4ª série, sempre observávamos no recreio um gatinho, muito bem tratado por todos. Aquilo, não sei porque, nos afrontava e incomodava a tal ponto de começarmos a maquinarmos uma sacanagem com aquele gato. Durante dias, talvez semanas, bolamos um plano, de ao sair da aula, ao invés de irmos para fora, voltarmos para o pátio e pegarmos aquele gato de jeito.

O que será que passava pela cabeça daquelas duas dóceis crianças? Bah, jamais saberei, a não ser que em algum dia o destino nos coloque novamente frente a frente, porque desde a 4ª série nunca mais encontrei o Ricardo e nem ao menos sei o que foi feito dele. Deve ser um advogado em Santos, sei lá. Mas então, nesse fatídico dia, plano passado e repassado, o crime perfeito (o que duas crianças de 10 anos poderiam planejar sem deixar pistas?).

Lá fomos nós, colocarmos em prática. Nunca gostei de tocar em animais, talvez fruto de algumas experiências traumáticas da primeira infância ainda em Porto Algre, quando um filho da puta de um gato me mordeu, e em outra ocasião um cachorro, claro que o encapetado que vos escreve deve ter perturbado os animaizinhos de estimação até estes perderem a paciência. Então a culpa será deles? Fomos então para o pátio e chamamos com todo carinho o gatinho, sem muito esforço ganhamos a confiança do pequeno animal, já que estava acostumado a todos lhe agradarem. Como falei, tinha receio de ficar pegando o gato, então eu dei cobertura para o Ricardo fazer o trabalho sujo. Quando o gato se aproximou, ele simplesmente o pegou pelo rabo e começou a girar em si mesmo, com o gato pela rabo, que por sua vez gritava desesperado.

A cena foi cômica e permanece cômica na minha memória. Lá estavam os dois, vítima e algoz, este girando em si, em uma velocidade que não o impedia de parecer um robô; o pobre gatinho gritando ensandecidamente, sem entender o que acontecia. E eu, olhando para ver se ninguém chegava, com a mochila do Ricardo em mãos (na verdade era uma pasta, tipo essas que hoje se utiliza para levar notebook).

Mas em uma distração minha, lá veio a inspetora de alunos, gritando conosco, e pegando o Ricardo pelas mãos e levando para a diretoria. Fui até a porta da sala, deixei a mala dele no chão e dei no pé. Essa foi a maior vergonha da minha vida. Era para nós dois nos ferrarmos juntos, porque estávamos juntos, éramos uma equipe. Porém, eu , na minha covardia infantil dei no pé. Resultado: suspensão para ele (acho que 3 dias) e um remorso remoído por anos da minha parte.

Anos mais tarde, já no colegial, quando íamos embora juntos para casa (eu, Carlinhos e Ricardo Karatê Kid - outro Ricardo), como sempre fazíamos, e o Carlinhos sendo seguido por um bando de carinhas que queriam bater nele, fiquei para apanhar junto e o Ricardo, que como disse não era o mesmo, simplesmente nos deixou covardemente. Não apanhamos, porque consegui persuadir a turma a não bater no Carlinhos, pois seria covardia. Se fosse hoje, talvez fôssemos parar no hospital. Mas ao menos aprendi a nunca mais deixar meus amigos em apuros, se for para morrer, que morramos abraçados.

Eu e o Ricardo da 4ª série permanecemos amigos até quando sai da escola, pouco depois, quando passei uma temporada em São Paulo e estudei no André Dreyfus, mantendo a pareceria das bagunças, embora logo após o episódio tenha esfriado nossa amizade. O gatinho nunca mais chegamos perto e passamos a ocupar nosso recreio com outra diversão. Deste também nada se sabe, mas deve ter vivido o resto de seus dias em paz.

A CARTOMANTE


Vem de longe a estória da traição e do melhor amigo bondoso traído e que enlouquece. Traído duas vezes, pela mulher e amigo amados. A humanidade dificilmente superará esse ato, por mais que evolua. Mas mais do traição, A Cartomante, de Machado de Assis tem em sua temática a crença e o que ela pode fazer para cada um de nós. Quando perdemos nosso chão e buscamos algo para nos levantar, nos equilibrar para seguirmos nosso destino. E o quão essa ilusão da luz no fim do túnel nos faz erguer a cabeça e pode nos derrubar de uma vez, porque nos sentimos tão poderosos que nos desarmamos para o que vem pela frente. É assim que conseguimos manter nossa sanidade, muitas vezes sem nos preparar, confiando piamente naquilo que nos ilude. É a velha batalha entre acreditar ou não em um deus que nos guia e nos protege.

Além disso podemos analisar o conto por outro ângulo: a de que em determinados momentos, movidos não sei porque cargas d'água, nos deparamos com algum imprevisto que nos suscita o medo, e superestimamos a situação, achando exageradamente que aquilo é o fim do mundo e o resultado nem chega a ser tão horrível, ou ao contrário, subestimamos o caso e aí sim o mundo cai.

Isso me faz lembrar de minha infância/ pré adolescência. Eu era um cara encapetado, sempre fui a ovelha negra da família, o pior filho, aquele que só dava trabalho; uma vez levei um tapa na cara da vizinha, porque xinguei a filha dela; não lembro com detalhes esse caso, mas foi na frente de toda a galera; devo ter falado algo muito grave para tirar a vizinha do sério. Para se ter uma idéia o seu nome era Silvana e o apelido, Silvana Baiana (adivinha quem alcunhou?). Em Santos, ser baiano é a pior coisa do mundo. E não reflete o estado que a pessoa nasceu, basta ser nordestino que é baiano ou fazer coisas consideradas erradas para fazer baianada.

Em outra passagem, fiquei de castigo, quando passava férias na casa do meu tio Luiz, em São Paulo (tinha meus 10, 11 anos) e uma guria, prima de uma de nossas amigas (da Mena) e surgiu algum comentário do tipo que era de ficar com os carinhas. Não era bem esse termo, mas algo parecido e utilizado na época, e então a chamei de galinha e minha tia Noemi escutou. Bastou isso para eu me ferrar.
Outra das minhas diabruras me vêm à tona agora, essa junto com meu primo pico, meu companheiro de traquinagens nessa época de final de infância, quando colocamos fogo na árvore que ficava no quintal da casa do tio Luiz. Era para matar as formigas. Quando vimos que a coisa estava quase fora de controle, resolvemos limpar tudo e tentamos esconder aquilo que nos incriminava. Só que quando minha tia chegou, logo percebeu que havíamos aprontado uma das nossas. Mais uma vez castigo. Fora apanhar, claro. Quando nos pegaram fumando cigarros escondidos, tínhamos até menos idade, foi mais uma sova.

Porém, nenhum desses episódios eu queria citar. De qualquer forma serviu para ilustrar minhas peripécias infanto juvenis. Embora fosse encapetado, sempre tive juízo e era um guri estudioso, sabia das minhas responsabilidades. Minha mãe ía nas reuniões de pais, mas a reclamação da minha pessoa sempre era em relação ao meu comportamento, que era terrível, por exemplo na 6ª série no segundo dia de aula lá estava eu, virado para a parede, em frente à diretoria, depois de ter levado aquele sermão. Ou de quando, na 8ª série, hormônios em polvorosa, ao puxar um caderno, eu sentado em frente à professora (de Língua Portuguesa, infelizmente o tempo fez minha memória em frangalhos - se alguém aí lembrar, por favor, faça um comentário, uma vez que esqueci o seu nome) cair uma revista pornográfica, aos pés da professora, revista essa que já havia rodado pela sala. Lá fomos, eu e o Zé Renato para a diretoria, e mais uma vez aquele sermão. Puta que o pariu, não consigo lembrar o nome da diretora. Ajuda aí pessoal!

Mas o que eu queria dizer, depois desse longo parênteses, é que já na pré adolescência, eu e o meu irmão Renato, depois de termos feito alguma das nossas travessuras (eu levava ele para o mal caminho) e ficarmos a tarde de sábado até o começo da noite escondidos na rua, para não apanharmos da mãe e ao voltarmos para casa, aflitos com o castigo, este não passou de uma bronca. Mas quando menos esperávamos que fosse algo corriqueiro e que merecia apenas uma bronca, lá vinha a surra. Como na música do Inocentes: "eu apanhava todo dia". Nem por isso me tornei uma má pessoa (dependendo do ponto de vista, claro!). É possível analisar A Cartomante também sob esse ângulo, dos castigos que esperamos que não se confirmam, sejam brandos ou não.

Para reler ou ler o conto, acesse aqui.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

CONCURSO DE MICROCONTOS DA ABLETRAS



A Academia Brasileira de Letras divulgou o resultado do Concurso de Microcontos. Na verdade já faz algum tempo que foi divulgado, porém somente agora estou postando.

"Toda terça ia ao dentista e voltava ensolarada. Contaram ao marido sem a menor anestesia. Foi achada numa quarta, sumariamente anoitecida".

O microconto acima, de Bibiana Silveira da Pieve, do Rio de Janeiro, foi o vencedor.

Em segundo lugar ficou Carla Ceres Oliveira Capeleti, de Piracicaba, interior paulista com o seguinte microconto:

"Joguei. Perdi outra vez! Joguei e perdi por meses, mas posso apostar: os dados é que estavam viciados. Somente eles, não eu".

Finalmente em terceiro lugar, o conto abaixo, ficou com Eryck Gustavo de Magalhães de Guaratinguetá, também interior paulista.

"Não sabia ao certo onde tecer sua teia. Escolheu um cantinho de parede da cozinha. Acertou na mosca".

O concurso teve um grande números de microcontos inscritos, em torno de 2000. A repercussão foi tão grande que a ABL está promovendo mais um concurso cultura, intitulado Conte o conto sem aumentar um ponto. A idéia é fazer um final diferente para a obra A Cartomante, de Machado de Assis utilizando o mesmo número de caracteres, ou inferior, que o autor concluiu seu trabalho, ou seja, 1778 caracteres.

domingo, 1 de agosto de 2010

COLUMBIA - AMANHÃ

AUMENTE O VOLUME!




AMANHÃ

Não mude o tom da voz
Não se descontrole
Eu também não sei o que fazer

Não quero mais falar
Já conheço os efeitos
De não ter ninguém pra confiar

Aumente o volume
É melhor pra nós dois
Se não há mais o que dizer
Não tente negar depois

Solte as suas mãos das minhas e procure viver mais do que palavras
Amanhã não pode ser igual, tem que ser mais
Muito mais do que promessas falsas sob luzes apagadas
E um bilhete no bolso esquerdo do seu paletó
Adeus

Sei que nada vai mudar
Além do seu sorriso
Mas não fique mudo ao me olhar

Assim pode ser mais fácil
Pode ser mais leve
Fechar os olhos e se controlar